segunda-feira, 30 de abril de 2012

Daqueles de aquecer o coração

Sábado amanheceu com chuvinha e frio. Saí pra almoçar, fui a uma reunião, cheguei em casa e cacei direto o rumo do chuveiro, de onde saí quente, com meia e moletom, e obviamente, fui direto para debaixo do edredom. Devia ser umas 16h. Eu não sou cinéfila, você sabem, mas começou a me dar vontade de ver uma porção de filmes, que eu nem sabia quais eram. Aí me deu vontade de me enfiar numa locadora e ficar namorando as estantes de DVDS decidindo o que eu ia levar. Pra isso eu precisaria levantar da cama, mudar de roupa, sair no frio (e talvez na chuva)e descer as 4 ou 5 quadras que me separam da locadora. Muito empenho.

Achei que minha irmã não ia topar, então resolvi chamar ela pra ir comigo. Ela obviamente não iria topar, então eu teria a minha desculpa para não ceder aos meus impulsos: Não teria companhia. Acontece que ela topou. Então só me restou levantar da cama, calçar o tênis, pegar guarda-chuva, celular, cartão do papai dinheiro, e descer. Sim, desisti de trocar de roupa, e fui de moletom mesmo.

Me senti ‘a cinéfila do pedaço’, entrando na locadora de moletom em um sábado a noite. Ta, agora, escrevendo, me senti uma forever alone, mas na hora me senti feliz. A locadora estava lotada. Tinha tudo o quanto era tipo de gente e agrupamentos. Fui caçar um filme ali, outro aqui, acabei conhecendo um atendente fofinho e tímido, que mal olhava no meu olho, mas que saiu me indicando uma porção de dramas. Quase trouxe os dramas e ele, pra assistir junto comigo.

No fim das contas, minha “criteriosa” seleção estava cheia de filmes fofinhos e pouco dramáticos. Saímos da locadora e fomos pro supermercado comprar bala, pipoca, e leite condensado. Olha o naipe da programação para o feriado.

Minha amiga veio aqui pra casa, e acabou-se que eu, Helena e ela, depois de comermos pizza até explodir (eu, principalmente) nos jogamos no sofá com edredom e pacotes de bala. O saldo da madrugada foi Amélie Poulain, 500 dias com ela e Diário de uma paixão. Domingo de tarde assistimos Sexo sem compromisso.

Não tenho muita paciência pra Nicolas Sparks, e confesso que dei umas cochiladas no Diário de uma paixão. Mas o post todo era pra falar sobre Amélie e Nino, Summer e Tom, Emma e Adam. Porque gente, foi muito açúcar pro meu coração em um final de semana só. E eu nem estou falando das balas.

Comecei com Amélie, que eu já tinha visto. Me derreti como se fosse a primeira vez, e estou ouvindo a música até agora. O filme tem todo aquele jeitinho doce de ser, que parece ser devagar quase parando, mas as coisas acontecem sem que a gente nem perceba, e de repente, lá estão Amélie e Nino com os ouvidinhos colados um de cada lado da porta. Me arrepio todinha. Quando ele entra, e então, os dois, sem falar uma palavra, se amam tão lindamente que meu coração só falta pular do peito e entrar na tela daquela televisão. Pra mim, esse filme é dono da “cena de sexo” mais pura da história do cinema. Nino deitado no peito de Amélie, com os olhinhos fechados e o semblante sereno, enquanto ela acaricia seu cabelo e sorri de forma tão leve me colocam no rosto um sorriso de orelha a orelha. Mais acolhedor e doce impossível.

Então vieram Summer e Tom, que, podem arremessar pedras e dizer que de doce não tem nada, mas pra mim, tem. Dá um pouco de dó do Tom, mas ainda assim, eu acho que uma relação não tem que ser eterna para dar certo. E eu acho sim que os dois foram lindos enquanto duraram, sendo cada um do seu jeitinho. Não consigo resistir a sorrir com toda a alegria de Summer, que parece não conseguir parar de se mexer um segundo. Acho lindo ela ter encontrado em um homem aquilo que nunca tinha procurado, mesmo esse homem não sendo o Tom. Eu acho a Summer verdadeira com si mesma como poucas pessoas que vemos por aí. E sempre vou me encantar quando ela disser, com toda a sinceridade do mundo e aquele sorriso de olhos e lábios, que o que acontece com os namoros que deram errado é a mesma coisa que sempre acontece: A vida.

Hoje chegaram Emma e Adam, esses sim, no meu caso, inéditos. Me apaixonei como nunca pelo Ashton, e achei o filme uma graça. A relação dos 2 me apontava a de Summer e Tom em grande parte do tempo, só que, de forma diferente, esses me davam calafrios no sofá enquanto eu via o filme e tinha a certeza de que se eles não terminassem juntos eu ia me revoltar. Porque ela diz que não sabe se relacionar, mas ama. Ama e resiste. E dá pra ver aquilo nos olhos dela enquanto ele faz de tudo pra encantá-la, entregando um buquê de cenouras só porque ela não queria flores de jeito nenhum. Passei nervoso com as idas e vindas, o choro veio quente na minha garganta quando ela chega na casa dele e fica escondida atrás do arbusto vendo ele entrar com outra, mas meu coração ficou acalentado como se eu tivesse derrubado uma xícara de chocolate quente nele a hora que eles se dão as mãos e o filme acaba. DOCE.

E assim eu estou agora, ainda curtindo um moletom, um edredom, uma musiquinha de Amélie Poulain, e, claro, sonhando acordada, né, gente, porque eu sou praticamente a última das românticas e ainda acredito que posso esbarrar com meu Nino/Tom/Adam pelas esquinas dessa vida. Ao contrário do que diz aquela quote mais famosa do filme, para mim…

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… times are NEVER hard for dreamers.

sábado, 28 de abril de 2012

“Mas nem negros nem azuis…

E se eu disser que a viagem dos meus sonhos seriam seus olhos? Porque seriam, você sabe. Ah, sabe. Sabe que me aninha naqueles abraços, que me irrita profundamente quando fala aquelas bobeiras, que me deixa meio fora do eixo e que me põe sentada sozinha só pra poder pensar em você em paz.

E se eu disser que o melhor dos meios de transporte seriam seus braços? Ah, como seriam. Um na cintura, um no cabelo. Minha cintura, meu cabelo, só pra deixar claro. O encosto de cabeça poderia ser seu ombro. Mas eu sou miúda, então acho que serve o peito mesmo. Encaixar nos seus braços, deitar no teu peito, isso seria descansar de pé, sonhar acordada. E aí, aí chega o destino.

O destino é quando seus braços me puxam pra cima. Nós dois sorrimos com os olhos, que se encontram feito mágica! É! O melhor destino do mundo seriam seus olhos. De preferência, fechados. Com os cílios se misturando nos meus. Céus, quem consegue sonhar com Paris frente a um destino destes?

Vamos deixar os olhos fechados por mais tempo, quem sabe assim os cílios se entrelaçam e não se soltam nunca mais? Segundo a Phoebe, é isso que as lagostas fazem. Você tinha tudo pra ser ‘o meu lagosta’ mesmo assim. Sabe, as lagostas? Elas se apaixonam e não se soltam nunca mais! Passam o resto da vida de garrinhas entrelaçadas.

Mas seus cílios não quiseram se enrolar nos meus. Eu abro o olho, e puft, os seus desapareceram! Era sonho, de novo. Acordada, de novo. Quer saber de uma coisa? Nos meus sonhos seu olhos sorriem mais e brilham mais. Porque pelo menos quando eu sonho, eles brilham pra mim. Nos meus sonhos, você segue direitinho o script das cenas que eu imaginei pra nós dois e nossos olhos. Nos meus sonhos, os meus sonhos não seriam apenas sonhos. E seus olhos não precisariam ser castanhos, nem verdes, nem azuis. Seriam meus. E só.

… são teus olhos, meu amor.
Seriam da cor da mágoa.
Se mágoa tivesse cor.”

Florbela Espanca

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Uma piada de muito mau gosto.

Porque a gente acha que está acostumado, né? Com a morte? A gente sabe que todo mundo um dia morre. Aí a gente senta pra esperar o tempo passar e fica se imaginando lá, velhinho, deitado em uma cama, fechando os olhos para nunca mais abrir. Sereno, pronto para voar. Não que dessa forma morrer deixaria de ser ruim para ser lindo. Mas seria poético. E talvez parecesse mais justo.

Mas não é assim. Bial disse uma vez, e eu sou obrigada a concordar. A morte é uma piada de péssimo gosto, que em pelo menos 98% das vezes não aparece quando você tem 120 anos e está deitadinho esperando o céu te abraçar. Ela acontece de repente, no meio de uma semana em que você já marcou cabelereiro, cinema e passeio no parque. Eu sei disso. Todo mundo sabe disso. Vive acontecendo por aí, e a gente respira, agradece por não ter sido a gente, e continua vivendo, o que podemos fazer? Só que aí ela acontece relativamente perto da gente. E a gente toma um susto tão grande que te coloca com a cabeça parada no travesseiro, os olhos arregalados, e a cabeça Deus sabe onde.

Porque eu estava em um dia nada mais que normal. Acordei morrendo de sono, reclamando do frio, fui pra faculdade, fiz prova, voltei, cochilei, até sonhei que estava no dia do casamento da minha prima, e eu, que sou madrinha, ainda não tinha arrumado vestido. Levantei pra almoçar, peguei o prato e resolvi abrir o facebook do celular antes da primeira garfada, e foi aí que eu perdi o apetite. Porque, graças a Deus, o meu dia estava normal demais, e foi duro perceber que o de muita gente não estava assim tão trivial.

Morreu uma menina que estudou comigo no prézinho. Uma menina que fez 20 anos apenas dois dias depois de mim. Uma menina nova, bonita, festeira, cheia de amigos, que eu vi pouquíssimas vezes depois que paramos de estudar juntas, e ainda assim, por uma coincidência. Não éramos amigas, mas isso pouco importa. Ela era uma menina de 20 anos que estudou comigo no prézinho, e agora eu não consigo parar de lembrar da cena dela me emprestando a boneca dela, um dia, lá no parquinho da escola. Porque é muito bizarro pensar que um dia desses a gente estava com 6 anos no parquinho da escola, cheias de sonhos e futuro pela frente, e, de repente, ainda tão no começo da festa, ela se foi.

É susto demais, gente. Susto demais pra família, susto demais pros amigos, susto demais pra mim, que pouco tenho a ver com isso, mas que quase virei da cadeira quando descobri. É aquele susto que a gente é obrigado a levar quando nos jogam na cara a fragilidade da vida, enquanto a gente está simplesmente morrendo de sono e reclamando do frio. É aquele momento em que a gente para pra pensar, agradece um milhão de vezes por estar vivo, e implora pra não nos levarem também embora tão no comecinho da festa.

Ana Carolina, que você esteja com Deus, menina. E que esteja bem.

domingo, 22 de abril de 2012

Agora eu tenho a minha história.

Eu tinha por volta dos meus 5 anos quando o mundo parou pra falar de Titanic. O famoso navio naufragado que tinha virado filme. Todo mundo despencava para ir ao cinema, e eu brincava de bonecas. Como essa febre durou. Saiu do cinema, lançaram o VHS, e meus pais compraram, super animados. Eu nunca tinha visto, obviamente. Ouvi a música e me apaixonei. No alto dos meus 6/7 anos, ficava ouvindo a música no Repeat, abraçada na caixa do VHS, sem nunca ter visto o filme. Só achava mágica aquela capa, daquele navio, com Jack de um lado, Rose do outro.

Por volta dos 8 anos, eu brincava de desenhar um navio em alto mar. O nome dele sempre seria Titanic. E eu passei a vida ouvindo a música e achando poética aquela capa com Jack, Rose, e o navio no meio. Mas nunca tinha visto o filme.

Em 2008 ou 2009, sei lá, meus pais compraram o DVD. E eu fui acabar com a lenda que girava em torno da menina que nunca tinha assistido Titanic. Eu não tenho paciência pra filmes grandes. Sentei no sofá, e tudo bem. Achei o filme bonito, mas as longas horas me deram faniquito, eu lembro que estava mais preocupada em levantar do sofá pra ir fazer qualquer outra coisa do que em ver o filme. Terminei dizendo que era bem bonito, mas que não veria de novo nos próximos 10 anos. Precisaria de pique.

Só que aí inventaram de lançar o 3D, e eu vi o cartaz e me animei sutilmente com a possibilidade. Mas bem sutilmente mesmo, do tipo: “Se por acaso eu não tiver mais nada pra fazer, eu vou.” Só que a dona Mayra aqui se animou de verdade, e quis mover o mundo pra irmos assistir o filme. Combinamos, inicialmente, de ir assistir em 7 pessoas. No fim das contas fomos eu, ela, e minha irmã.

Compramos uma quantidade absurda de pipoca, e depois de bons 30 minutos paradas na fila, entramos na sala, e colocamos os óculos. Quando a tela se iluminou, me preparei para um mundo de trailers, mas de repente, apareceu um navio gigante em tons sépia, com pessoas abanando seus chapeuzinhos, e… sem preliminares, bebê. Não tem trailer. E eu nem tinha me preparado psicologicamente.

Sei que, se daquela vez, no sofá de casa, tudo o que eu queria era que o filme não acabasse, dessa vez eu torcia para que ele demorasse anos para acabar. Me apaixonei por cada minuto. Me emocionei toda vez que surgia ao fundo o instrumental daquela música. Gargalhei de verdade com cada minuto descontraído do filme, me arrepiei com cada vento no cabelo, me aninhei na cadeira em cada desespero. Eu senti. Senti tanto o filme que precisei tirar o celular da bolsa pra tirar uma foto da tela do cinema naquela cena. Só pra eu poder ver a foto de novo e lembrar de como eu estava me sentindo naquele momento. Porque eu estava sentindo. Sentindo a emoção daquela criança de 5 anos que nem sabia o que era isso. A emoção daquela criança de 7 anos que, sem saber direito o que era, se arrepiava abraçada na capa de um VHS que ela nunca tinha assistido. A emoção da coincidência do navio ter afundado na data do meu aniversário, exatos 80 anos antes de eu nascer. Sentindo raiva da menina que teve faniquito pra levantar do sofá quando assistiu o filme pela primeira vez.

Saí do cinema cantando junto com Celine Dion, sem medo de passar vergonha. Aquele era o meu momento. Eu finalmente estava ouvindo a música, enquanto os créditos subiam, na sala de cinema. Eu. Assisti. Titanic. No. Cinema. Exatos 100 anos e 7 dias depois do naufrágio. Aos meus 20 anos e 7 dias. Agora eu tenho a minha história.

MSDTITA EC070

You jump, I jump. Remember?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

E agora o meu dia-a-dia é no meio da gataria.

Tudo começou no dia que eu quis ser amor e encher meu blog de flores. Ah, vai, ficou lindo. A Tary foi lá, de madrugada, teve todo o trabalho e carinho do mundo fazendo o topo, que ficou digno, com direito a sapatilhas brilhando e margaridinhas. Aí lá fui eu, toda animada, escolher o background. Lê-se: O fundinho, aquele que fica aqui em volta, cheio de florezinhas cor-de-rosa com folhinhas.

Eu baixei uns 500, testei e re-testei todos eles um trilhão de vezes até finalmente decidir que ia ficar com as flores. E aí decidi tão bem decidido, e achei que meu blog estava perfeitamente amor com essas florezinhas cor-de-rosa ali no fundo. Passei 1 mês namorando o bichinho. Abria o blog à toa, só pra ver o template de novo. Coisa de gente maluca, eu sei, mas ah, me deixem! E foi assim. Observava o template por minutos à fio, e suspirava de tanto amor. Meu blog é o mais lindinho do mundo.

Até que um dia, um singelo dia, estava eu, no laboratório de comunicação, com minha amiga no computador do lado. Fixei o olho em uma das florezinhas. Comecei a observar, observar, cutuquei minha amiga e bradei: – Amiga, venha ver se essa florzinha aqui não parece um gato!

Ela: Parece sim, Aninha, haha. Pensando bem, essa aqui do lado também parece. E essa outra aqui também, e mais essa e… Aninha, SÃO TODOS GATOS.

Tem horas na vida que NADA resolve, a não ser um palavrão muito do cuidadosamente pronunciado, e foi o que eu fiz. Gatos, gente. Gatos cor-de-rosa, sorrindo, com caule e folhinhas. GATOS. Minhas flores adoradas são GATOS. Com orelhinha e tudo.

Eu estou contrariadíssima com a vida até agora. Caramba, GATOS. Não que eu tenha alguma coisa específica contra os bichanos, mas não são meu bicho preferido nem de longe. A pobre da Kimmy vai me odiar pra sempre. E eu tinha certeza, gente, que eram flores.

Desde então, eu, que me recuso a trocar meu template e fico desfocando o olho do fundo para ele voltar a parecer recheado de florezinhas, xingo mentalmente o criador do background TODA HORA que entro nesse blog. Não é justo, gente, minhas flores cor-de-rosa serem gatos. Não é justo.

Eu fiquei dias decidindo se ia fazer esse post ou não, porque queria que as pessoas continuassem a amar olhar o fundo amável do meu blog e fantasiar um milhão de flores cor-de-rosa. Mas quer saber? Tá na chuva é pra se molhar. Se eu tenho que dar de cara com esses gatos enfolhados e sorridentes toda hora que abro esse blog, sejam bem vindos, leitores, ao meu novo mundo. O da gataria.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Por toda a minha vida.

Não sei como começar e nem como terminar esse texto, porque não tenho a menor ideia do que eu vou escrever. Mas sabe quando a gente precisa escrever? Então. Talvez eu devesse falar que é impressionante como existem coisas que parecem simples, mas tocam no fundo da alma. Conversas, assuntos, abraços, pessoas, músicas, tudo isso junto ao mesmo tempo agora…

Sei que às vezes é duro a gente sentir que o mundo está errado, mas tem certas formas que as pessoas usam pra balançar sua cabeça e te fazer acordar que saem melhor que a encomenda. Quando é numa conversa de 3h que podia estar acontecendo até agora, num ambiente enorme, mas fechado, com pouquíssimas pessoas dentro, que ficam sentadas perto uma da outra, no mesmo nível, e até, porque não, no mesmo coração.

Rola um pouco de conversa ali, umas lágrimas caem aqui, um sorrisos são dados de lá, e aí quando as pessoas resolvem se levantar pra descontrair a gente canta mal e perde a moral com os pobres ouvidos da professora, mas se diverte junto. A gente faz parada de mãos na parede, de calça jeans e bota. A gente sobe e desce de escada, muda de ideia a cada 5 minutos sobre o que vamos cantar, enquanto a professora põe a mão na testa e da uma cotovelada espontânea nas teclas do piano. A gente faz a professora descer do piano pra cantar mais perto da gente, porque senão, a gente vai subir, e definitivamente não cabe tanta gente perto do piano. Aí ela faz de conta que preferia estar em casa vendo novela, mas a gente sabe que é mentira. Olhos nunca mentem.

Depois da cantoria a gente acalma os ânimos, e senta de novo. Juntinho e no mesmo nível. Pra terminar as horas de conversa com um peso de despedida em cima dos ombros, e a professora cantando “Eu sei que vou te amar”, enquanto a gente tentava acompanhar, não sei se sorrindo, se chorando, se ficando inteiramente arrepiados, acho que tudo junto.

Aí a aula acaba. A gente apaga as luzes, sai devagar da sala, cantando na cabeça. A professora tranca a porta, e deixa tudo guardado lá dentro. Eu deixo guardado no coração. Fico pensando no carro, pensando em casa, pensando a manhã toda, com a música na cabeça, ainda meio arrepiada, torcendo pra ainda ter muito disso na vida. A colega pergunta: “Ei Ana, teve aula de que hoje?”, e eu não tenho dúvidas: “Tive aula de Vida”. Ela ri e rebate: “Sério, era professora de que?” E eu: “Se eu responder ‘de voz’, juro, não vai bastar”. Ela se dá por satisfeita com a resposta enquanto eu continuo pensando: “Pessoas LUZ. Que bom que elas existem!”

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O nome mais feminino do mundo.

Esse é um post nada imparcial. Porque eu passei anos da infância puta da vida porque tinha nome composto, e odiava ter que me apresentar. Era muita coisa pra falar. Depois, mais crescida, eu passei a amar meu nome. Ana Luísa, o primor da nomenclatura humana da face da Terra. Depois eu cansei de amar meu nome e comecei a achar simplesmente OK.

Sempre me irritei com o Luísa que meus pais inventaram. Acho lindo. Bem mais bonito que com Z, que me desculpem as Luizas. Mas prefiro o S. Acontece que a humanidade decidiu que Luiza é com Z, e todo mundo escreve assim. Quando eu sei que as pessoas vão ter que escrever meu nome, eu já me apresento assim: Ana Luísa com S. (Sim, porque do pobre agudo em cima do I eu já desisti).

Mas acontece que, de uns anos pra cá, eu cansei dessa brincadeira toda de falar Ana Luísa pra todo mundo. Quando é coisa simples, eu sou Ana. Quando a conversa passa um pouco do tempo, cedo ou tarde a pessoa descobre sozinha o Luísa. O importante mesmo é o Ana.

Ana. 3 letrinhas. Começa com A, termina com A, e tem um N sutil no meio. Ana. Pequeninho e doce, pode ir na frente de quase todos os outros nomes. Ana. Na minha humilde e totalmente parcial opinião, o nome mais feminino do mundo. Ana é forte. É leve. É flutuante e é pesado. É simpático e arisco. E quando é pra ser mais carinhoso, pode virar Aninha, o apelido feminino mais delicioso de se ouvir desse mundo. Quer me ver saltitar de felicidade interna, me chame de Aninha. É tão delícia!

É por essa e por outras que eu brinco de parafrasear Vinícius, dizendo que me perdoem as outras, mas ser Ana é fundamental!

domingo, 15 de abril de 2012

Dígito dois.

Ano passado meu aniversário caiu numa quinta-feira, e foi um dia bem gostosinho. E eu fiquei reclamando mentalmente durante o ano todo, porque 2012 seria bissexto, e ao invés de meu aniversário cair numa sexta, cairia no sábado. Sábado é fim de semana. A gente não vê as pessoas que costuma ver durante a semana. Não ia ser bom.

Não foi bom não. Foi ótimo. Foi ótimo porque aniversário a gente começa a fazer à meia-noite, né. E a sexta-feira 13 acabou deliciosamente num barzinho com excelente companhia, fervo, músicas dedicadas e gargalhadas, entrando em um sábado 14 cheio de carinho, mimos, abraços, e tudo aquilo que faz a gente se sentir a última bolacha do pacote. E no dia do aniversário a gente pode.

Cheguei quase 3h da manhã, tinha bexigas em cima da minha cama, e uma camiseta fabulosa do “Perry, o ornitorrinco”, que minha irmã finalmente resolveu me dar. Me enfiei de cabeça no chuveiro, fofoquei com a amiga que tinha vindo junto, e apaguei às quase 4h. 9h da manhã começou o segundo round.

Acordei com direito a livro da Mafalda, calça jeans, jogos vorazes e Kimmy passeando em cima do edredom. Depois do café fui pro Cena Hum, e fiquei sentada no chão em baixo do sol, assistindo bucolicamente ao recreio das turmas das crianças. Pensei que era engraçado como eu acho que um dia desses eu tinha o tamanico delas. E pior que foi uma dia desses mesmo. 12h30 partimos pro shopping, com um almoço de aniversário delicinha de tudo, com duas amigas e duas professoras muito amigas. Na volta, teve mistura de chuva e sol, e eu curti o primeiro banhico de chuva dos meus 20 anos, passeando com cabelo solto e lacinho azul.

Depois teve reunião, mais parabéns, mais abraços, mais presente, mais banho de chuva, e voltei pra casa pra começar o 3º round. Dessa vez com as bests da facul e a família, com direito a chapeuzinhos e minha chaveirinho-cor-de-rosa me ajudando a apagar a vela.

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E no meio de todos os rounds, teve os milhões de abraços virtuais e posts lindos que ganhei aqui, aqui e aqui!

O aniversário de sábado então foi supimpamente delicioso, e eu já estou com saudades, claro. Porque todo ariano ama ser o centro das atenções, e no dia do nosso aniversário, bebê, que atire a primeira pedra quem não achar uma delícia saltitar por aí sonhando que o mundo está realmente girando em torno de você. Tá, pode não girar inteiro, mas eu acho pessoas tão incríveis pelos caminhos dessa minha vida, que fazem isso parecer verdade.

Ano que vem cai num domingo. Ninguém merece. Aniversário do domingo, me surpreenda em 2013. Até lá, beijos, 14 de abril.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pronto, debutei.

Não, vocês não se confundiram. Eu vou fazer 20 mesmo. Já passei dos 15 há 5 anos. E colocar isso em palavras me assustou, mas tudo bem. O assunto nem é esse. É que é as blogueiras andavam com mania de fazer mixtapes e colocar nos blog, pra galera baixar e sair por aí cantarolando ou não as músicas preferidas dos momentos delas. Eu nunca consegui. Tentei começar várias vezes, mas simplesmente não saía. Até que eu, não mais que de repente…

A

É. Acordei completamente brasileira em um belo dia na minha vida, nessa mesma semana. Comecei a ouvir as músicas que já tinha incansavelmente, e baixar outras alucinadamente. Quarta-feira, no meio de uma aula muito chata, puxei uma folha do caderno e comecei a escrever trechos das músicas. E então meu deu aquele CLICK: Achei minha mixtape! Listei, pensei, repensei, desisti de algumas, adicionei outras, e o resultado foi esse aqui.

B

Download

Minha ideia inicial era não repetir banda. Mas não resisti a essas 3 do Kid Abelha, aí acabei me rendendo e coloquei 2 do Legião também. Luiza Possi cantando Chico Buarque entrou na dança para dar uma acalmada no tom, com sua voz doce e tranquila. Pato Fu e Titãs aparecem para fazer todo mundo pensar na vida. Mallu aparece nos extras porque essa música se tornou tão importante pra mim que foi parar no topo desse blog, e o Forrobodó apareceu pra fechar porque não tem nada mais brasileiro nessa vida que Lenine cantando Chiquinha Gonzaga, né não?

Agradecimentos eternamente especiais à autora da arte da capa e da contra-capa da mixtape e de todas as outras artes desse blog, Taryne Zottino.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O amor nos tempos do N.B.S.

Ah, vai, ninguém sabe o que é isso? Pelo menos em São Paulo eu sei que existia. Era por volta dos meus 12/14 anos. Orkut estava no auge do auge de sua modinha né. Naquela antiquada época onde ainda só cabiam 12 fotos no álbum, e todo mundo fazia depoimentos fofinhos um pro outro, cheio de declarações de amor. E lá no final, vinha ele. O tal do No Bom Sentido, N.B.S. para os íntimos. Porque né. Deus o livre sair amando seus amigos por aí e alguém que for ler decidir que é amor de casar.

Era um sarro. Eu lembro. Estavam lá os depoimentos, que podiam ser compridos, curtinhos, pretos, coloridos, com florezinhas ou sem, mas invariavelmente, depois do Eu te amo lá estava o N.B.S. Até nas cartinhas que eu tenho das minhas amigas o tal do N.B.S. aparece, o que é hilário, afinal de contas, as cartinhas só eu ia ler, Jesus. E eu nunca ia pensar que um Eu te amo da Mari estaria significando algo além de amizade, venhamos e convenhamos.

Minha professora meio astróloga estava falando um dia que essa história de mundo acabar em 2012 nada mais será que uma mudança na humanidade. Uma prova disso é o capitalismo, que está aí em voga há um tempão, e de repente, a Europa e os Estados Unidos estão falidos. Ela disse que a humanidade, por mais difícil que pareça de enxergar, está aprendendo a valorizar o SER. E se não está, vai aprender na marra. Não, eu não mudei de assunto. O que eu estou querendo dizer é que outro dia, filosofando de madrugada, eu percebi que a geração N.B.S. acabou, gente!

Não existem mais depoimentos de Orkut, mas hoje em dia todo mundo se ama sem precisar explicar nada! Eu amo meus amigos em todas as conversas de msn. Amo meus primos em cada um dos abraços. E não tenho medo nenhum de falar Eu te amo. Afinal de contas, né, gente, amor é amor! Não precisa significar mais nada! Os tempos do N.B.S acabaram porque, tendo isso a ver com 2012 ou não, as pessoas finalmente entenderam que não precisam frisar que estão amando no bom sentido. Simplesmente porque: Não existe mau sentido para o amor. Não é lindo?

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Adoro ser do contra

Aí que o caboclo postador baixou em mim em abril e eu passo o dia inteiro pensando no post do dia. Milagrosamente, já tinha até título do que eu queria postar hoje, mas ele vai ficar pra amanhã, porque a dona Rafinha inventou o meme das 4 coisas que todo mundo gosta menos você, e depois de 15 anos tentando decidir entre o texto no qual eu pensei o dia todo e o meme, acabei decidindo postar logo o meme.

4 coisas que todo mundo gosta. Menos eu.

1 – Comida Japonesa

Gente. Comida Japonesa, gente. Aquele amontoado de peixe cru envolto em arroz, com Shoyo junto e uma tal de raiz forte. Blargh. Ta aí uma coisa que virou modinha, que todo mundo ama, que todo mundo quer marcar de sair pra comer eu fico na escória social porque me excluo automaticamente da programação. Confesso que o Sashimi de salmão que meu primo fez uma vez eu até comi e gostei. Assim, óbvio que preferia um cachorro quente esperto, mas até que era gostosinho. Agora. SUSHI, gente. Com aquele troço preto enrolado em volta, mais parecendo uma fita isolante. Mas de jeito nenhum.

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2 – Teatro Mágico

Já senti a chibatada nas costas. Eu sei. Eu sei que todo mundo ama. E eu não odeio. Eu só não gosto. Mas nem é que não gosto, é que nunca experimentei! Acho que nunca nem ouvi uma música. Morro de preguiça de experimentar. Um monte de gente já sugeriu, mas sabe aquela coisa que eu tenho preguiça? Então. Acho a proposta da banda legal, essa coisa meio música, meio circo, com Teatro no nome. Acho digno. Más além disso, só sei que “Borboleta é flor que o vento tirou pra dançar”. E apesar de achar essa frase maravilhosa, nunca nem procurei a música de onde ela saiu.

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3 – Séries

Sabe aquele domingo que você passa debaixo do edredom colocando em dia todas as milhões de séries que você assiste? Então. Eu não faço a menor ideia do que é isso. Porque, tirando Friends, que está acima de todas as coisas, eu tenho a maior preguiça de séries. Gente. Tentei assistir Glee e Gossip Girl e nenhuma das duas passou da segunda temporada. Não que eu odeie, mas eu enjoo. E aí fico com preguiça de assistir mais um episódio, até porque, são longos 45 minutos, no geral. Tenho mais o que fazer. Tipo ler ou jogar Bubble Witch Saga no facebook.

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4 – Clipes

Pronto, agora vocês vão esgotar o que restou do estoque de pedras. Não gosto. Adivinhem por que? Não tenho paciência! Viva! Eu sou ligada no 220V, gente. Quando eu era criança eu não tinha paciência de escutar música. Ficava torcendo pro CD acabar. Depois de grande eu tomei vergonha na cara, viciei em IPod e posso passar um grande tempo jogada na minha cama ouvindo 20 músicas, ou a mesma, ligada no Repeat em looping infinito. Agora. Clipes são demais pra mim. Parar tudo o que eu estiver fazendo para ASSISTIR uma música, ah, não. Ah. Não.

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terça-feira, 10 de abril de 2012

Sobre auras.

Eu acredito nelas, sabe? Nas auras? Nas auras e nas pessoas que as carregam. Acredito. Não que eu saia por aí enxergando as auras de todo mundo. Mas algumas pessoas simplesmente são envoltas pelas delas. E por isso, têm um brilho diferente. Aliás, AURA é quase AURORA, né?

Acho até que existem auras irmãs. São aquelas pessoas que te fazem bem, sem precisar de maiores explicações pra isso. Aquelas pessoas com as quais você se dá bem desde a primeira troca de palavras, e então, curiosamente, depois de poucas e incríveis conversas, você descobre que, parecendo mágica, vocês tem tanto, tanto em comum. Aquelas pessoas que, quando falam, colocam uma energia tão forte nas palavras que a gente, além de ouvir, sente. E acredita. E acima disso, você sabe que a pessoa está ali de bem, sabe assim?  Não precisa ser aquela que sorri o tempo todo. Mas é aquela que sorri com a alma. E é tão bom quando a gente consegue sentir isso. Eu sinto.

Eu esbarro em pessoas que eu tenho vontade de abraçar muito, pra poder compartilhar daquela aura brilhante. Esbarro em pessoas que tenho vontade de ter na minha vida pra sempre. De ficar uma tarde inteira sentada batendo papo sobre tudo ou sobre nada. Esbarro em pessoas que se tornam especiais logo de cara. Pessoas com uma aura tão alva e brilhante, irradiando tanta coisa boa, que eu sorrio só de vê-las por perto. Pessoas que fazem tudo ficar infinitamente mais leve.
Parafraseando Clarice Lispector, são aquelas pessoas que sabemos que são amigas. Sem nunca precisarmos chamar de nada. São pessoas LUZ. Que bom que elas existem.

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domingo, 8 de abril de 2012

De samba, pra gente sambar!

Na verdade esse texto completamente abstrato que essa que vos fala acaba de tentar começar a escrever à 1h30 da manhã de um domingo de páscoa depois de ficar em pé o sábado todo, só tem esse título porque eu achava que a letra da música era diferente.

É. Porque eu juro que eu já parei de pensar por volta das 22h, e desde então eu estou filosofando, apenas. E eu estava lembrando de como me perguntaram a minha idade e eu respondi: “Quase 20”, feliz da vida. É, eu estou feliz. E isso é engraçado, e por isso estou filosofando a respeito.

Quando a gente faz 18, a gente quer ser adulto né. 18 é uma idade meio radical. Pedi velas vermelhas, usei decote, e só não pintei as unhas de vermelhão porque elas estavam roídas. Estava me sentindo a tal, querendo tirar carteira e me meter à besta por aí. Os 18 vieram e não tiveram nada de radical, comecei a tirar carteira só agora, e poucas foram as vezes em que usei um esmalte vermelho. Mas que era uma delícia falar que eu tinha 18, ah, era. Depois eu fiz 19 e perdeu a graça. Virou comum. Mas é preciso registrar que desde antes dos 19 eu já tinha entrado na crise dos 20.

Crise dos 20. Sim, porque a pessoa vai completar 2 décadas de vida e começa a se sentir a idosa do pedaço. Eu. Eu, que escrevi até sobre o tempo nesse começo de ano, tamanho nervoso que eu andava em relação à passagem dele. Aí é que está.

Hoje, não sei se pelo cansaço, pelo horário, ou pela momentânea maturidade que me tomou conta, eu estou leve. Estou achando que enquanto os 18 ficam com a radicalidade, os 20 podem ficar com as florezinhas. Sim. Ontem foi meu último sábado aos 19, e eu estou feliz. Passou o medo. Passou o medo e agora eu estou alegre pra passar essa semana esperando os 20 chegarem. Nem pensei no vermelhão. Pintei as unhas de francesinha. E se tiver velas no bolo, ah, serão cor de rosa! Porque se na espera dos 18 a gente acha que ser adulto é radical, aos quase 20 eu já estou ciente que nunca somos completamente adultos, e que seremos mais felizes se vivermos com doçura, seja aos 5 ou aos 90.

E eu comecei contando do título do post, né. Ele só está ali porque eu estava bem feliz cantarolando a música com a letra errada. Ela diz: “O morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar”, e eu cantava: “O MUNDO foi feito de samba, de samba pra gente sambar". No que isso difere? Só no fato e que eu, pensando nessa música e na chegada dos 20 anos com tranquilidade só consegui pensar que a gente tem é que viver, ser feliz e sambar, sem se importar com o tempo ou com a idade. Afinal, o mundo foi feito de samba! E querem saber de uma coisa? Vou continuar cantando errado. Alcione que me perdoe, me dei uma licença poética!

anigif3

“O MUNDO foi feito de samba! De samba, pra gente sambar!"

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Uma quase antropologia das nights.

Que eu não nasci pra vida boêmia todo mundo já sabe. Gosto de dançar, é claro, e prefiro mil vezes as festas que as baladas. Mas de vez em quando, e com amigas animadas, elas acabam saindo bem divertidas. Se não, como costuma dizer a Anna, se tornam ao menos um objeto de estudo antropológico. É curioso.

É curioso porque logo na fila a gente encontra um monte de minissaias. Mesmo que esteja, sei lá, 5º de temperatura. Periguete Diva não sente frio, diz a lenda. E elas ficam lá, em grupinhos. As donas das minissaias, digo. Com suas saias tão coladas no corpo que poderiam entrar no útero, seus cabelos invariavelmente compridos e lisos, saltos gigantescos e fazendo caras de “atacar” para os homens. Principalmente aqueles que distribuem as entradas VIPS. Ainda na fila começa a pseudo-caçada. É onde a galera começa a estudar o tipo de gente que vai encontrar lá dentro, e possivelmente, já vai escolhendo seu alvo.

Quando a porta abre, todo mundo entra, e é hora de fazer o reconhecimento parte 2, agora já no terreno, e com luz apagada. Nessa hora, quem não fez esquenta ainda está bem sóbrio. Geralmente as meninas pegam os copinhos estilosos de bebidas, os meninos vão de cerveja, e vou de “um gole da bebida da minha amiga resolve”. Eu sei, mãe, que não devo beber no copo dos outros, mas eu juro que a Jéssica não iria colocar Boa Noite Cinderela no copo dela.

E eu começo dançar feliz da vida, até que dou de cara com algum gola polo azul marinho e me apaixono pra sempre, até que 2 minutos depois o vejo com alguma alisada de minissaia, enquanto aparece para me pentelhar algum regata branca. Porque eu já mencionei que sempre me lasco? É, eu sempre me lasco. Mas tudo bem, acaba sendo divertido passar o resto da noite dançando e dispensando as tentativas do regata branca, que chega a ajoelhar no meio da balada, te pedir em casamento, ligar pra mãe dele e dizer que encontrou a nora da vida dela. (Sim, isso aconteceu, enquanto o gola polo azul já tinha ido embora há muito tempo.)

Começa a dar 2h/3h da manhã, eu e minhas amigas ainda estamos no meio da pista, eu já comprei uma garrafa de água e estou com ela na mão, com o cabelo preso, morrendo de dor no pé por causa do salto, mas sem mais aquela empurração, obviamente. Isso porque a essa hora da madrugada as pessoas já arranjaram o que vieram procurar e estão se amassando pelas paredes, pelo banheiro, e alguns adiantadinhos já conseguiram levar as minissaias alisadas para os carros deles. Eu e minhas amigas continuamos dançando, e enquanto alguns já estão dando PT e colocando tudo pra fora nos banheiros, eu ainda estou na metade da minha garrafinha de água, dando é risada das investidas eternas do regata branca.

4h da manhã geralmente é a hora que a gente decide ir embora. Tem uns 5 gatos pingados na pista de dança, as paredes estão lotadas de recém-casais desentupindo as pias uns dos outros, e meu pé está no último estágio da dor absurda.

É no carro do pai da minha amiga, indo pra casa dela, que finalmente eu consigo tirar o salto e nós ficamos rindo horrores e conversando sobre a noite. Chegamos no prédio e eu, invariavelmente, estou morrendo de vontade de fazer xixi e fico dançando pelo corredor enquanto ela abre a porta de casa, ou, descobre que esqueceu a chave e liga pedindo pra mãe dela abrir a porta. A gente entra e se joga no quarto pra dar mais risada, e uma descansa os pés enquanto a outra toma banho. Depois, já de pijamas, a gente bebe mais água, tem ataques de riso na cozinha, sem motivo nenhum, e resolve que vai conversar antes de dormir. Acontecem uns 2 minutos de conversa, e então, a gente apaga. Pra acordar no outro dia, tipo 10h ou 11h da manhã, onde eu estou com rímel lá pela altura da bochecha, meio rouca, com os pés doendo, reclamando ou elogiando o DJ, e marcando a outra dessa pra daqui a sei lá, 1 ano.

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Manifesto pelo amor pra todo mundo.

Eu acho assim, que em um mundo ideal, perfeito e democrático, todas as pessoas esbarrariam no amor de suas vidas aos 15 anos e seriam felizes para sempre. Um mundo ideal onde ninguém tivesse que reclamar de ficar sozinho enquanto a maior parte da turma namora, onde ninguém achasse que ia acabar pra titia, onde ninguém reclamasse de cupido vesgo que acertou flecha em lugar errado mais uma vez.

Num mundo ideal, um belo dia, ainda aos 15, as meninas, mesmo as menos desastradas, tropeçariam nos primeiros degraus da escada, deixando cair todos os livros. E aí quando ela levantasse a cabeça, lá estaria o menino pegando os livros e olhando pra ela com um sorriso. Os 2 se olhariam com cara de bobos e se amariam para sempre. Lindo.

Esse, juro, seria o mundo dos meus sonhos. Há quem vá achar que iria quebrar o encanto do imprevisível, das borboletas sem hora marcada pra chegar no estômago, do nervoso do primeiro encontro. Acho que haverá até quem diga que as madrugadas insones fazem tudo valer a pena no final, seja chorando por falta de alguém em especial, ou se revirando pela falta de uma pessoa que se torne especial. Quer saber? Eu cansei de procurar magia nisso. Cansei de achar graça em madrugadas insones com pensamentos fora de órbita. Cansei de só sonhar com as músicas que vão embalar os amores que nunca se tornam reais. Cansei de ter medo de segurar os filhos de todos os meus primos no colo e nunca conhecer o olhar dos meus. Porque, assim, aos quase 20, juro, por mais que eu ainda sonhe acordada, começa a bater um medo nervoso. Medo de dançar com o pai a valsa dos amores, na formatura. Medo de virar a amiga que é madrinha de todos os casamentos e só acha o noivo no final do filme. Medo do amor da minha vida ter aparecido pra pegar os livros de outra quando eles caíram no chão.

Não, eu não estou em depressão. Eu me divirto sozinha, tenho várias amigas, nunca vou cansar de sonhar acordada com meu casamento ou com o nome dos meus filhos. É só que é irritante. É irritante trombar com inúmeras e lindas histórias de amor e parecer que nunca vai chegar sua vez de ser protagonista de uma delas. Daqui a 9 dias se completarão 5 anos desde que eu completei meus 15 e eu ainda não tropecei na escada, e ninguém veio recolher meus livros. Não que seja insuportável, mas é que começa a ficar chato. E mais uma vez, eu só consigo pensar em sentar descascando Margaridas, sonhar com um Mr. Darcy, e entrar na de Caio F. e Clara, que gritam juntos: Preciso de você. Que eu amo tanto, e nunca encontrei.

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“Oi, eu sou a Ana.
Moro no 3º andar desse prédio,
mas nunca te encontrei na escada.”

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Primeiro de abril, galera!

Então, eu nunca fui dessas que brincava de pregar peças nos outros em primeiro de abril, então praticamente debutei no assunto. Foi complicado e divertido. Adivinhem quem eu “enganei”? Vocês! Como assim, Bial? É. O texto de ontem não fui eu que escrevi. Foi a minha amiga do amigo secreto dia da mentira. Sim, nós não temos mais o que inventar. Sei que quem escreveu aquela coisa fofa publicada ontem foi essa mocinha aqui, a dona Paloma.

Enquanto ela sonhava com um encontro mafioso para eu postar nesse blog frufru e todas as meninas babarem, eu estava falando sobre as orelhas quentes e potes de nutella vazios que a Ana Char detesta! É! Tirei essa moçoila cearense, e adorei colocar a bichinha em saia justa: Tinha tempo que ela não aparecia no blog dela, e eu fiz um post declarando: VOLTEI. Ou seja: Ou a menina volta a postar para encher os olhos de seus ávidos leitores, ou.. vai passar de mentirosa, mandei bem, falem aí! E, até onde percebi, ninguém desconfiou da minha pessoa. Todo mundo estava achando que tinha dedo da Tary no texto da Char. Mas não, gente. Dedo da Tary só tem no meu template, viu?

Então, foi isso, gente! A blogosfera mafiosa ficou tresloucada ontem, e uma saiu postando no blog da outra. O que deu muito pano pra manga, muita confusão, mas agora que acabou, confesso, está engraçado!

domingo, 1 de abril de 2012

Lembrando, só que ao contrário

Depois de muito planejamento, finalmente saiu nosso primeiro encontro nacional. Escolhemos um lugar bem no meio de todo o mundo, o que foi sem discussão a parte mais difícil de todas. Desembarquei do avião e já encontrei algumas das fofas por lá. O resto foi chegando aos poucos, cada uma com seu jeitinho único, e cada vez era uma festa nova. Era de noite e a gente não podia esperar pra se ver e se abraçar. Acabamos virando a noite conversando. Foi tão lindo ver aquilo tudo e pensar que fui eu que criei essa história que eu quase chorei. Quase. 

Já eram 6 da manhã quando a gente se dividiu pelos quartos pra dormir, e mesmo assim foi difícil pregar o olho. Às 10h, todo mundo já estava de pé, com as maiores caras de sono do mundo, mas prontas pra próxima. Começamos fazendo compras. Os vendedores nos lançavam olhares feios porque a gente fazia muito barulho. Mas também, com 39 garotas o que eles esperavam? 

Depois foi hora do programa clássico mafioso: livraria. Se os vendedores das lojas vissem a gente, com certeza esqueceriam toda a bagunça que a gente fez nas respectivas lojas. Nos espalhamos pelo chão da livraria de um jeito que fez com que ficasse impossível andar pela seção infantil sem pisar em uma de nós sentadas no caminho. Resultado? Levamos bronca de novo. Não que alguém estivesse se importando. 

Cinco da tarde foi a hora que finalmente saímos de lá para ir almoçar. Fui com toda a cara de pau do mundo falar com o garçom que precisava de uma mesa pra 39. Primeiro o cara achou que era brincadeira. Quando finalmente ficou convencido de que era verdade, fechou a cara e falou que era impossível. Propôs que a gente se dividisse. Vê se pode, ele queria dividir a máfia! Demorou outro tempão para convencer o garçom que aquilo, sim, seria impossível e que ele ia ter que dar um jeito, porque a gente estava morrendo de fome. A gente já tinha desistido e virado as costas para ir embora, quando veio o outro garçom correndo dizer que tinha dado um jeito. E lá fomos nós, felizes e saltitantes, para a nossa mesa gigante. 

Já era tarde quando saímos de lá e estava todo mundo com os ânimos abalados. Meio estufadas de comida, meio tristes que o nosso dia estava acabando. Andamos meio bêbadas (de alegria, gente) pela rua até o nosso hotel, cantando como se estivéssemos em um musical. Viramos a noite de novo, pra não perder nem um minutinho da diversão. Nos despedimos onde nos encontramos: no aeroporto, com tantos abraços e fofuras que metade do povo quase perdeu o voo. Então cada uma foi pro seu canto. 

Isso tudo ainda não aconteceu, mas um dia vai. E quando acontecer vai ser tudo ainda mais lindo e amor do que eu consegui reproduzir aqui. Porque é isso que a máfia é!