terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Procurando o SAC do roteirista

Ou: Porque eu tenho certeza que sou uma personagem de um filme de comédia romântica

Outro dia estávamos eu e minha fiel parceira para teorias desnecessárias confabulando sobre nossas histórias de vida. Não temos material o suficiente para sairmos lançando biografias aos 20, é claro. Mas já temos uma quantidade interessantíssima de dados que nos permite concluir que certamente estamos envolvidas em algum roteiro (esperamos que clichê) de comédia romântica. Lembrem das que vocês já assistiram na vida. Com certeza algum dos elementos estará incluído:

A personagem é desastrada/atrapalhada ao extremo. Vive atrasada ou lutando contra os deadlines. Geralmente ela é jornalista, design, ou alguma outra coisa envolvida com o âmbito de comunicação e artes. Ela leu demais sobre contos de fadas e vive sonhando com um final feliz. Ela tem um melhor amigo gay. Ela ama se aprontar para a balada em cima de um salto 15, e depois de meia hora de festa já está chorando o fato de ter insistido no erro ao invés de assumir de vez que rasteirinhas e sapatilhas são amor purinho. Ela morre pela boca, porque vive não se contendo e falando umas besteiras. Ela insira aqui mais algum elemento que eu tenha deixado passar.

Gente, prestaram atenção no parágrafo anterior? É basicamente a descrição da minha vida. Suponhamos que o ~céu~ seja um elenco de alminhas esperando para reencarnar em roteirinhos pré estabelecidos. Eu devo ter ficado 2 horas de joelho tesando a paciência de um roteirista de comédias românticas, com toda a certeza desse mundo. Ele, então, pensou: Você quer tanto? Então vai, nega. Eis que aqui estou. Lutando bravamente para sobreviver com todas essas características erradas enquanto ele tira umas boas com a minha cara e eu fico pedindo a ele, novamente de joelhos, que não demore muito para o desfecho da história me entregar uma cena assim:


E que não seja no final, porque vamos combinar, ser mocinho de 99% das histórias de ficção desse mundo é uma sacanagem absoluta: Ficar se dando mal o roteiro inteiro para ficar feliz por 10 minutos e levar um THE END na cara deveria ser proibido.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ricardo,

você já tem 10 meses! 
Você já tem 5 dentes, você já ama a galinha pintadinha, você já sabe sentar, você já sabe rolar, você já sabe se arrastar, você quase sabe engatinhar. 
O que você ainda não sabe: Como a minha vida é bem melhor desde que você chegou.
Ontem eu vinha andando à pé do trabalho e pensando que como era bom esse meu novo horário de trabalho, porque agora eu chego mais cedo em casa, a tempo de te pegar acordado, veja só! 
E eu andei todo aquele caminho de mais ou menos 20 minutos pensando em você. Pensando que eu ia chegar e não ia nem passar em casa: ia direto te dar uns beijos. E aí eu apressava o passo.
Eu amo te dar uns beijos. Isso você já sabe. E é por isso que mal fica no meu colo e já começa a reclamar: "Tirem essa maluca de perto de mim, ela me amassa demais". Justo, meu amor, que você reclame. Mas se olhe no espelho para ver se me entende um pouquinho. Você é gostoso demais, é praticamente impossível não querer te amassar e te encher de beijos. E isso tudo enche um pouco o saco, mas (infelizmente) você ainda vai descobrir que tem coisas muito mais chatas que avalanche de amor, tá bom?
Ah, você ainda não sabe o quanto ser adulto cansa. Tentar ser adulto cansa mais ainda. A vida cansa um pouco também, mas nunca deixe ela te cansar muito. Se a gente aprende a renovar ela, ela renova a gente também. É sempre uma via de mão dupla, tá bom? Ah, chegar em casa e poder dar uns beijos em você renova muito a minha vida. 
Agora vou te falar uma coisa que eu tenho certeza que você já sabe muito bem, apesar de ter (só) 10 meses:
Eu te amo.
Da sua dinda.



Inspirado nesse blog aqui, que é tão lindo e recheado de amor que me deixou com vontade escrever cartas também. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Não é recalque

Aliás, tocando nesse assunto do recalque, preciso deixar registrado que fico deveras incomodada em lembrar do fato de que desde que essa palavra virou moda ninguém nunca mais pode desgostar de outrém. Virou uma lei. É tipo assim: “Ai, não gosto dessa cantora, acho desafinada” e aparece alguém pra gritar “RECALQUE!” ou então “Nossa, que atriz horrível” e logo então “RECALQUE!”. Acho tudo isso um saco e acho que a patrulha do recalque devia sossegar um pouco a chatice e entender que temos o direito de não gostar das pessoas deliberadamente, e não apenas porque não tivemos a sorte (??) de sê-las e ocupar seus lugares.

Dada a introdução, eu me cubro com um escudo que me livrará das pedradas quando eu declarar o que vim declarar hoje: Eu tenho preguiça da Marina Ruy Barbosa.

marina

Oi?

Agora vou imitar o início do post da Anna Vitória sobre a Jennifer Lawrence: Eu não odeio a Marina Ruy Barbosa. Na verdade eu nem desgosto da Marina Ruy Barbosa. Na verdade, eu até acho a Marina Ruy Barbosa uma atriz bem competente. Mas eu não faço a menor ideia de porquê metade dos holofotes brasileiros aponta para essa criatura e a ama com tanto fervor.

Ok, gente, ela tem um cabelo maravilhoso, tem um rosto bonito também, traballha bem, e… e só. Pronto. Milhares de outros trabalham muito bem, são bem bonitas, muito mais legais e nunca tiveram holofotes (Nathália Dill, sua musa: Te amo e nunca entendi porque você não é tão citada e homenageada). Por que Marina Ruy Barbosa? E é exatamente esse o motivo da minha preguiça: Eu não consigo entender.

Tudo bem que ela tem carinha de meiga e fofa, mas pelo pouco que vi dela como Marina mesmo na televisão, não tem nem carisma pra segurar essa adoração toda. E ando achando até que os diretores das novelas concordam comigo. Observem: Ela é boa atriz, é amada pela galera, vai dar ibope e… vai funcionar perfeitamente no papel da personagem mais chata da novela. Porque sério, ou eu apaguei da minha cabeça os papéis de pessoas aceitáveis que essa menina já fez, ou ela sempre pega o papel da chata. Ou ela é mimada e coloca dreads no cabelo só pra irritar a mãe, ou ela é a estagiária prodígio que trabalha na empresa do papai mas é ótima o suficiente para se destacar pelas próprias pernas criando e gerenciando o projeto de um documentário praticamente sozinha, ou ela é a Nicole (precisa de explicação para não ter paciência nenhuma com a Nicole?).

Fica registrada aqui, aliás, minha torcida para que Marina pegue um personagem que não me faça revirar os olhos de tédio quando ela aparecer na tela. Assim talvez, quem sabe, um dia eu venha a entender o porquê de tanto amor. Até porque, adoro amar e idolatrar junto com a galera: A vida no twitter fica muito mais divertida quando a gente ama ou odeia alguém em grupo. Não curto nem um pouco ter preguiça de Marina: sempre fico sem cúmplices.

Esse post é uma invenção mafiosa da Anna, que postou sobre a Jennifer e desafiou cada uma de nós a postar algo sobre “uma celebridade que todo mundo curte… menos você”.

domingo, 12 de janeiro de 2014

O que completa e o que transborda

O ser humano é um mistério. Quando tratamos de questões mais biológicas e práticas, como, sei lá, moléculas, hormônios e órgãos, a coisa já sai do controle. Ao se falar de sentimentos então, é um completo desvario.

Estava pensando nisso dia desses quando lembrava da frase de John Green (sempre ele), dessa vez dita em O teorema Katherine, que diz que É possível amar muito alguém, mas o tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela.

Reza por aí a lenda de que o próprio John Green não concorda com a frase, e pode ser que para muita gente ela não faça sentido. Mas no meu caso ela é latente, e no de muitas pessoas também. Como ele mesmo já disse em A Culpa é das estrelas, o problema da dor é que ela precisa ser sentida. E, céus, como ela é sentida.

Não sei se é uma tendência do ser humano dar mais importância à própria dor do que à própria alegria, mas a minha sensação é a de que os sentimentos bons nos completam. Os doloridos nos transbordam. Não porque queremos que seja assim, mas é porque rola aquela questão de que alegria nunca vai ser demais, então por mais que seja enorme, não é excesso e não transborda. Já a dor, essa é sempre um excesso. Não queremos sentí-la, queremos nos livrar dela, e cada pontinho já é um excesso, já é transbordante. Nos dói mais ainda o fato de saber que precisamos sentí-la, e então a consciência da dor causa uma dor ainda maior.

E é por isso que eu concordo absolutamente com essa frase. O amor é a parte boa de um conjunto de sentimentos que pode doer bastante. E o amor, ele é grande. Mas ele nunca vai ser maior do que a saudade, do que a dor que a falta da pessoa nos causa. O coração, realmente, tem razões que a própria razão desconhece.

sábado, 11 de janeiro de 2014

A problemática do banho mais gostoso do mundo

Oi, eu sou a Analu, eu tenho quase 22 e minhas amigas acham que eu sou digna de observação. Na verdade eu estou enrolando porque nem sei direito o que escrever nesse post, porque acho que o tema absolutamente não rende, mas a Anna me encomendou esse post a 1 hora atrás, quando eu pedi uma pausa em nossa conversa para ir banhar. O que não seria passível de nenhuma observação extra, não fosse o fato dela achar extremamente divertido o fato de que toda vez que estamos conversando de madrugada eu pedir uma pausa para tomar um banho. A Dedê, maranhense que toma 10 banhos por dia e me chama de PIG por aí, até duvida que eu os tome, vejam bem. E é esse o motivo desse post: “Analu, por favor, faça um post para explicar esses seus horários de banho nada ortodoxos”.

Eu tomo banho de madrugada, gente. Mas não é todo dia, porque não dá. É nos fins de semana, nas férias e nos feriados. Eu adoro dormir de banho recém tomado, sabe. Mas não é só isso não. Acho que tudo é culpa da lei da procrastinação inércia. Porque eu não planejo estrategicamente os meus banhos para que eles aconteçam de madrugada. Eu simplesmente estou fazendo outras coisas e vou empurrando o banho para depois, porque, meu Deus, preciso tomar banho mas também preciso responder aquele e-mail e puxa, agora eu ia entrar no banho mas esse capítulo do livro está deveras interessante e minha nossa, hora do banho, mas justo agora que o papo está bombando e… assim segue a vida até que de repente são 2 horas da manhã e eu ainda não levantei para tomar meu banho.

Acontece que depois que minhas amigas começaram a reparar minhas interrupções de conversas madrugueiras para tomar banho e discutir sobre o assunto, eu comecei a reparar e achar tudo muito interessante também. Sendo assim, agora que eu reparo nesse fato, descobri que é a coisa certa a se fazer, porque gente, esse banho da madrugada é simplesmente incrível.

Pra começar não tem alma viva competindo o chuveiro com você ou prestando atenção na demora. Além disso, meu banheiro tem uma luz azul que entrega ao meu banho um ar brilhantemente dúbio: Balada E Relaxamento. Isso de madrugada, gente, é um oásis de infinito particular depois de um dia cheio, sabe assim? Só faltava uma musiquinha pra complementar, mas aí seria demais pra cabeça do resto dos moradores da casa E dos vizinhos, e eis o fato triste que as minhas amigas não sabem sobre meus banhos de madrugada: Uma Analu incomoda muita gente.

Elas me amam porque convivem comigo mais pela internet do que pela vida real, porque pelo teclado eu não faço tanto barulho. Eu sou desastrada. Eu sempre me bato nos móveis e derrubo coisas. Me imaginem tomando um banho de madrugada, sob a luz azul e calculem todo o fim do evento. Eu juro que não é de propósito. Mas eu bato a porta de vidro do box, eu deixo cair o shampoo, eu dou cotovelada na saboneteira, eu tropeço no tapete e bato a porta das gavetas. Tudo isso tentando não fazer barulho, observem. Mas eu não consigo. Eu derrubo o banheiro inteiro. E claro, eu lavo o cabelo, porque pra mim, banho sem cabelo lavado não é banho.

Mencionei algo sobre mães absolutamente recriminarem banhos de madrugada, que incluam barulho e cabelo molhado? Claro que a minha é exatamente desse grupo. E isso, então, geralmente é comentado em algum momento do dia seguinte, é claro. Eu já nem ligo mais. Estou cansada de ouvir: ANA LUÍSA, POSSO SABER QUE HISTÓRIA FOI ESSA DE BANHO ÀS 3H DA MANHÃ? QUASE QUEBROU O BANHEIRO, DEVE TER ACORDADO O PRÉDIO INTEIRO E AINDA POR CIMA DORMIU DE CABELO MOLHADO, APOSTO. Já estou resignada, e ela também, na verdade. Então eu só balanço a cabeça afirmativamente enquanto penso: Mas é claro que dormi de cabelo molhado, pelo menos do barulho do secador ninguém pode registrar reclamações.

ariell

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A agenda de 2014

Estou de férias e não tinha nada melhor pra fazer tive a ideia de agitar a Máfia para gravarmos vídeos mostrando nossas agendas desse ano novo! O vídeo diz por si só, então divirtam-se com meus devaneios agendísticos.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A primeira pipoca do ano

Aproveitei a primeira semana do ano e a companhia da Rafinha para resolver duas pendências cinematográficas. A primeira delas, muito mais séria, que rendia caras embasbacadas das minhas amigas com a minha negativa eterna em tê-lo visto. Deixo registrado ao mundo então que eu não sou mais o único ser humano do sexo feminino e da minha geração que nunca assistiu De repente 30.

Eu assisti, gente. Podem soltar os fogos. Minha maior ansiedade se concentrava nos gritos que todas elas davam ao mencionar Mark Ruffalo. Achei bem amor, mas prefiro o moço em E se fosse verdade. Divagações a parte, não senti aquele amor de torcer o coração que senti por Sexo sem compromisso, por exemplo. É um filme fofo, e me derreti absurdos com “A casa dos sonhos de Jenna” que Matt construiu e que aparece em tamanho real no fim do filme. E claro, todo aquele drama da identificação com a personagem que, aos 13 anos, chorava pra crescer e, aos 30, chorava para voltar a ser adolescente. Sou dessas que sempre acha que está na fase errada da vida. Sempre querendo adiantar ou voltar e sei como isso é errado. Divagações a parte novamente, o importante é que assisti, gente. Assisti De Repente 30 mas cochilei durante uns 15 minutos, do meio para o final.

jenna

A segunda pendência é extremamente mais recente, mas não menos importante, afinal de contas, nunca perco um lançamento da Disney para o verão. Mesmo assim, ainda não aprendi que a Disney consegue fazer milagre em cima de quase qualquer tema. Ano passado entrei ressabiadíssima na sala de cinema para assistir Detona Ralph e obviamente cheguei em casa viciada no jogo do Fix-it Felix. Esse ano, entrei na sala ressabiadíssima novamente porque tenho uma enorme preguiça de cenários congelantes. Odeio inverno, deve ser isso. Acontece que Frozen é uma delicinha de filme, gente.

Para começo de conversa uma das protagonistas chama Ana. Ganhei uma princesa com meu nome e sou retardada o suficiente para ficar encantada com esse fato, beijos. Em segundo lugar, a história tem um final clichê um pouco menos clichê que o normal, e eu quase levantei para bater palmas quando /início do spoiler/ o “ato de amor verdadeiro” que salvou a princesa de ser congelada não foi o beijo do príncipe e nem o beijo de ninguém: foi o abraço apertado de sua irmã /fim do spoiler/.

Achei a história uma graça, os personagens são carismáticos e bem construídos (tirando o príncipe Hans, que achei totalmente raso) e não tem como não se apaixonar totalmente por Olaf, o boneco de neve que adora abraços quentinhos e que sonha em viver um verão. Apenas amor.

anaeelsa

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O que passou pela minha cabeceira

Fiquei com preguiça de gravar vídeo dessa vez, mas não pode faltar uma retrospectiva de toda a literatura que rolou no meu ano. Então vou recorrer ao clássico meme que a Tary inventou no fim de 2010 e que é sempre uma mão na roda na hora de fazer esse balanço na estante!

Os livros que li em 2013

A vida como ela é; Quem é você, Alasca?; Fiquei com seu número; A última carta de amor; Questões do coração; 1984; O sol é para todos; Clarice na cabeceira (jornalismo); O teorema Katherine; Extraordinário; O lado bom da vida; The Bell Jar; Anna e o beijo francês; Lola e o garoto da casa ao lado; A lista negra; O apanhador no campo de centeio; The wonderful wizard of Oz; Olhai os lírios do campo; Meio intelectual, meio de esquerda; Morte Súbita; O Grande Gatsby; Como eu era antes de você; Técnica para o ator; Marina; O diário de Anne Frank; Toda Poesia; Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo; O Segredo de Emma Corrigan; Coisas que ninguém sabe; O oceano no fim do caminho; Turma da Mônica Laços; O Azarão; Alta fidelidade; Cidades de papel; Extremamente alto e incrivelmente perto; Os contos de Beedle, o bardo; Quadribol através dos séculos; Risíveis amores; Flores raras e banalíssimas; O silêncio das montanhas; Esperando por você; Conte sua história de São Paulo; Todo dia; Nu, de botas; Nada; Marilyn; O beijo das sombras; Branca como o leite, vermelha como o sangue; O Chamado do Cuco; A teoria de tudo; A lua de mel; Deixe a neve cair; Álbum de Casamento.

O melhor casal literário

Margherita e Giulio, de Coisas que Ninguém sabe.  A ousadia e a pureza que caminham lado a lado no romance desses adolescentes em meio à literatura impecável de Alessandro D’Avenia me deixaram encantada.

Virei a noite lendo

Todo dia, do David Levithan. Extremamente polêmico, esse foi um livro que eu terminei sem fazer ideia do que tinha achado. Demorei a estrelá-lo no skoob e no fim das contas dei 4 estrelas. Digo que gosto bastante, mas sua fragilidade é clara em alguns aspectos. Mesmo terminando-o sem ter ideia se tinha amado ou se ele iria me passar batido, li em menos de 24h porque não conseguia fechar.

Soco no estômago

1984, de George Orwell. Uma pendência literária das antigas que eu finalmente quitei em 2013. Não foi a maravilha de narrativa que eu esperava, mas isso é questão de gosto e obviamente não tira os louros da obra. Achei que fica morno durante muito tempo, muito provavelmente poderia ser um livro menor. Mas a última página, certamente, que me pegou desprevenidíssima, vale pelo livro inteiro e me deixou com um respeito eterno pelo autor e com o estômago embrulhado.
Menção honrosa para Nada, de Jane Teller, que não me causou exatamente um soco no estômago, mas me trouxe reações físicas. Eu suei frio e fiquei com ânsia enquanto lia.

O livro mais triste que li

Pensei em 4 livros para essa categoria, mas acho que fico com Marina, de Carlos Ruiz Zafón, que envolve toda uma fantasia misteriosa te distanciando da parte mais emocional e pesada da história que surge como um rompante nas últimas páginas e, mais uma vez, me pegou desprevenida e me fez encher o olho de água dentro do ônibus.
Menção honrosa para O diário de Anne Frank, because of the reason, O silêncio das Montanhas e quem já leu Khaled Hosseini vai me entender e Como eu era antes de você cuja autora ganhou meu respeito pela coragem que teve.

A maior decepção do ano

Flores raras e banalíssimas, de Carmem L. Oliveira, em cujas páginas foi baseado o filme Flores Raras, que fala da história de amor de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop. Para falar a verdade eu nem sabia da existência do livro, mas achei o filme tão bom que fui seca até a livraria e… cai do cavalo. Em uma das raras vezes em que o  filme é muito melhor que o livro, Carmem me enfiou pela guela uma narrativa lenta e chata, chata, chata, que não ia para frente e atrasou toda a minha vida, porque eu não consigo abandonar livro, mas também não conseguia ler essa íngua. Ruim, gente. Ruim.

O mais chato

Então, né. Acho que o tópico anterior diz tudo, mas como não quero repetir e tenho outra chatice na manga, vou de Marilyn, do Norman Meiller. A maioria das pessoas amou, mas eu achei um saco. Já li outra biografia da Marilyn que amei, mas essa não desceu. Demorei horrores também, chegava ao ponto de me forçar a sentar para ler, para ver se acabava aquilo logo e me lia livre. Norman é pretensioso, metido, acha que sabe tudo sobre a vida de qualquer pessoa, e palpita muito além da cota permitida. Comprei esse livro porque amei a capa e concluí que ele realmente funciona brilhantemente como objeto de ornamentação.

Quase morri de tanto rir

Vou dar esse troféu para a autora ao invés de dar para o livro, porque O Segredo de Emma Corrigan e Fiquei com seu número são pau a pau nas gargalhadas e me fizeram rir alto dentro de sala de aula, clandestinamente, enquanto o professor falava. É bom, gente. Sophie Kinsella chega a ser genial de tão engraçada. E a moça tem doutorado em narrar situações de vergonha alheia, porque ela mete as personagens em cada enrascada que me deixaram com a bochecha vermelha só de ler.
Menção honrosa para Antônio Prata, que me fez rir alto com suas memórias de infância brilhantemente contadas em Nu, de Botas.

Aventura, fantasia ou infanto-juvenil

The Wonderful Wizard of Oz, que eu nem pensava em comprar, mas que achei na versão original por 10 reais, em uma edição tão lindinha que dava vontade comer o livro. Obviamente já conhecia a história de outros natais, mas ler foi encantador e Now I know I have a heart, because it’s broken define.

Bate bola de personagens

Personagem masculino apaixonante: Leonardo, de Branca como o leite, vermelha como o sangue. Ingênuo e intenso como só um adolescente consegue ser, aprende lentamente o que é amadurecer, o que é amor, e que tudo o que a gente faz na vida tem uma consequência.
Personagem feminina admirável: Louisa Clark, de Como eu era antes de você, que me encanta pela coragem e pelo entusiasmo que aprende a ter em relação à vida para conseguir convencer outra pessoa de que viver é a melhor opção.
Personagem mais chato: Margot, de Cidades de Papel. Nem sei se chata seria o adjetivo correto. Acho que egoísta lhe cabe melhor. Terminei o livro odiando Margot, mas um dia tive uma epifania e entendi tudo o que ela pensava. Mesmo assim, se mandar do mundo e deixar todo mundo preocupado só para não ter que aturar a própria hipocrisia na frente do espelho é uma atitude que eu nunca vou perdoar. Se equipara a ela a chatice de A., de Todo dia, que força completamente o julgamento da suposta hipocrisia alheia.
Personagem mais legal: O grupo de amigos de Cidades de Papel, de John Green, que se une numa road trip deliciosamente narrada pelo autor. Eles são tão divertidos indo atrás da Margot que faz até a fuga dela valer um pouco a pena.
Personagem mais perturbador: O grupo de amigos surtados de Nada, de Jane Teller. Completamente transtornados e perturbadores. Só de lembrar meu estômago embrulha.
Personagem que mais me identifiquei: Poppy, de Fiquei com seu número. Não porque tenho um namorado gostoso, nem porque fugi vestida de noiva para trocá-lo por um namorado melhor ainda, e sim porque ela é um ser humano completamente desastrado, atrapalhado e despirocado e quem me conhece sabe que EU.

O melhor livro do ano

Mas assim, sem a menor sombra de dúvida, o troféu de melhor livro do ano e, quiçá, melhor livro que eu já li na minha vida vai para o italiano Alessandro D’Avenia e seu brilhante Coisas que ninguém sabe. Só de pensar no nome desse livro o meu olho enche de água. Meu coração nunca mais será o mesmo depois dele.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Olá, 2014

Qualquer cético pode fazer as honras de atirar a primeira pedra na tela do computador e fazer toda a força do mundo para esfregar vossa chatice na cara da sociedade comodista que adora abraçar uma ilusão e dizer que viradas de ano mudam alguma coisa. Eu sou um membro convicto dessa sociedade iludida, é claro, e serei apenas mais uma a fazer um post para falar sobre o assunto.

A mais ou menos uma hora atrás eu estava na piscina, só com a cabeça de fora, olhando a vida acontecer e escutando meu tio falar das estrelas. O cenário não era tão poético quanto o que as linhas sugerem, mas finjamos que era, porque no meio disso o meu tio falou o seguinte: “É, 2014! Pensem num ano bom, que não desapontou ninguém ainda!”

E foi aí que eu pensei que, veja então, toda a questão das viradas é basicamente isso aí! Uma pessoa nova que você conhece e que não fez nada ainda. Entrou ali, crua, singela, e tudo bem que tudo o que ela vai te dar é na verdade de acordo com a forma com que você se relacionar com ela, mas você ainda não a conhece. Ela ainda não teve tempo de te decepcionar, nem de fazer você se decepcionar consigo mesmo. É um caderno com linhas brancas nas quais você ainda não teve tempo de escrever bobagem. E aí você liga com força renovada aquele botãozinho no seu coração escrito “Fé”, que andava meio xoxo, e pensa que tem páginas novinhas em branco.

Não que elas não existam todos os dias, em todos os meses, em qualquer tempo. Mas o tempo desgasta a gente. A gente acaba dezembro com os olhos cansados, a cabeça pedindo um tempo e o coração pedindo arrego. E essa questão do fim do ano, se não tem o poder de levar embora o cansaço e a tristeza, ao menos tem o poder de levar embora a atualidade dessas questões. Como diz a minha amiga, o tempo não cura nada, mas tira muito bem o incurável do centro das atenções. E só de poder dizer que “aconteceu no ano passado” e não “está acontecendo agora” a coisa já perde um tanto de carga.

Divaguei, perdi a linha, mas deixei registrado um pouco do que eu penso. Que venha 2014, em branco, e que seja cheio de dias bons e de coisas boas às quais eu não queira esquecer e nem tirar o foco. E principalmente: Que ele seja muito mais que essa madrugada de começo de ano me prometeu. Ano, vamos lá. 14 é meu número da sorte, e eu juro que finjo que se a vida der mais certo eu faço de conta que as primeiras horas dele nem aconteceram.