quinta-feira, 27 de junho de 2013

Lágrimas em notas

Desde que a Tary fez esse post, onde organizou uma mixtape de músicas para se ouvir após levar um pé na bunda, que eu, inconscientemente, enquanto lia, pensei em todas as que eu colocaria numa mixtape minha com o mesmo tema. Afinal de contas, tudo mundo tem sua lista de músicas fossa, mesmo que escondida a sete chaves.

Sendo assim, sentei e listei a minha, que, dramático-literária que sou, tão logo nomeei de “Lágrimas em notas”. Mas depois achei que isso estava pomposo demais pra sofrimento, e resolvi apelidá-la de algo que me cabe mais: MIMIMIXTAPE. Infame como só ela soa, casa bem com meu jeitinho de fazer drama mesmo tendo, no fundo do peito, uma certezinha tímida de que tudo vai passar no dia seguinte. E se não for no seguinte, no outro. O fato é que um dia passa, o que também casa com a filosofia da minha mixtape, que vocês vão descobrir jajá.

mimimixcapa

mimimixcontracapa

Mimimixtape

Eu pensei que um pé na bunda nos traz várias constatações doloridas no meio da fossa, sabe. E escolhi uma música que me gritasse cada uma delas. Que ok, esquece, eu vou achar alguém como você, e também que, poxa, quem você pensa que é correndo por aí, formando cicatrizes e colecionando uma jarra de corações? Passei pelos momentos de aposto que ela é bonita, essa garota sobre a qual você fala, e ela tem tudo o que eu tenho que viver sem e também pelo momento de e agora o que fazer, se o sonho de amar você se foi? Isso sem falar na constatação dolorida de que eu achei que nós chegamos tão perto, mas agora com certeza eu enxergo que no fim eu amei por nós dois, e também na parte de sentir saudades doloridas no peito e se perguntar aonde está você agora além de aqui dentro de mim? Deitei no travesseiro, olhei pro teto e chorei na certeza de que depois de você os outros são os outros e só, e então, sentei na beira da janela de noite, escutei o vento e tive certeza de que a noite seria longa e que estaria frio sem seus braços. Ainda afirmei pra mim mesma que, puxa, pra que tentar ficarmos amigos sem rancor? E, no mesmo ritmo, não resisti e implorei solitariamente pra você não desperdiçar meu mel devagarzinho, flor em flor.

Já fiz tudo isso e já chorei cada uma das notas e lágrimas dessas músicas. Já curti um mimimi e sei que vou curtir muitas outras vezes. E por isso mesmo sei que, no fim das contas, quando eu te ver fechar a porta eu vou pensar em me atirar pela janela do oitavo andar, mas vou dar meia volta e comer uma torta inteira de amora no jantar.

Porque parafraseando uma amiga minha, juro que ainda não vi ninguém morrer de amor, e não espero ser a primeira. Reiterando como já bem dizia nosso querido Quintana: bom mesmo é morrer de amor e continuar vivendo.

domingo, 23 de junho de 2013

Não sei o que eu vim escrever

Só sei que já é fim de domingo e que eu estou incomodada olhando pra essa página em branco e que preciso preenchê-la com alguma coisa. Não sei se tenho mais alguma coisa pra comentar sobre as manifestações, visto que as coisas mudam tão rápido de uma bela e emocionada comoção nacional para confusões totalmente alarmantes. Não sei se tenho algo pra dizer sobre a estreia do musical no sábado, visto que meu coração tá num misto surtado de ansiedade com saudade antecipada.  Quem sabe dê pra falar das duas coisas juntas.

Existem prioridades emocionais na minha vida, eu tenho as minhas, e no momento todas elas são “a estreia do meu musical” e tudo o que gira em torno dele. Todo mundo tá girando em torno de manifestações e roendo as unhas embaixo de mesas com medo de golpe militar e eu tenho medo de dar uma desafinada no palco, ou de que passe rápido demais. Ainda tem muita coisa pra fazer. Listagens de tarefas que deixamos pra última hora, isso sem falar na busca pela resolução das crises existenciais de personagens.

Mas hoje eu estava lá pintando cenário, e estava um vento frio, sabe. E geralmente a gente pinta cenário cantando, falando besteira… Hoje estava quieto. Eu pintei as janelas de preto pensando, redundantemente, em como o tempo passa. E em como aquilo ali era, pelo menos teoricamente, a última vez que fazíamos aquilo juntos. Vamos nos formar.

Saímos pra comprar figurino com as mãos sujas de tinta a óleo. Desfilei de moletom e tênis na Zara carregando uma calça fashion na mão. Demos risadas e comentamos sobre “why on earth” deixamos tudo pra última hora. E aí a Airen ligou pra dizer que estava chegado no shopping, e a gente achou que ela queria ferver junto, ou mesmo colocar seu olhar e crivo de diretora nas nossas compras figurinísticas, mas nem era isso. Ela foi buscar “suas filhotas” no shopping porque a manifestação estava descendo e haviam ameaças de confusão pelos arredores. “Comentaram que estavam fechando postos e eu pensei que vocês estariam alegres e felizes saindo do shopping com sacolas na mão e que era melhor não”, ela disse. E então voltamos. Com algumas coisinhas compradas, as sacolas dentro das bolsas, e a mãe escoltando na calçada. E, puxa, que coisa.

Espero que o Brasil se acalme um bocado. Não por resiliência, não por acomodação, mas por necessidade. Já deu pra ver que não é bem por aí, correto? Há que se dosar a quantidade de mentos na Coca Cola, e sempre tem gente que coloca mais que o necessário.

Quanto ao musical, eu tenho uma certeza quente no coração de que sábado vai estar tudo acontecendo encaixadamente de forma mágica, mesmo que pareça infinita a lista de tudo o que tem que estar pronto em 5 dias para que isso aconteça.

E era isso tudo o que eu não precisava escrever nesse fim de domingo, pra botar palavras na folha em branco e soltar um pouco da miscelânea manifesto-musical que não para de acontecer toda ao mesmo tempo agora na minha cabeça.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Vem pra rua que a luta é sua

Eu não sou um ser muito politizado, e não, não me orgulho disso. Sou dessas que voto pra deputado e esqueço pra quem votei, e aprendi ouvindo os meus pais que “Graças a Deus não dependemos de políticos”. Realmente, eu tive sorte nessa vida. Nunca precisei contar com sistema de saúde público, nem com escola pública, com o transporte sim porque uma hora os pais cansam de levar a gente de carro pra tudo quanto é lado, mas isso não vem ao caso.

Sempre ouvi dos mais velhos que minha geração não fazia nada. Viva a coca-cola e a pipoca na frente da televisão! Já lutaram antes pra resolver nossa vida. Afastaram o cale-se, tiraram o Collor, agora tá tudo bem. Só que não está.

Não está e eu também escuto isso há muito tempo. Só que nunca adianta fazer nada, né? Meu Deus, é um absurdo essa corrupção, ninguém nunca vai acabar com isso? Meu Deus, olha  o estado da educação nesse país! Ninguém faz nada? Mas será possível!

E já falei muitas dessas frases sentada no sofá, e depois disso, larguei de mão e fui ler um livro. Só que um belo dia a minha geração resolveu levantar a bunda do sofá e fazer alguma coisa. E podem vir falar pra mim que isso é mais bagunça que qualquer outra coisa, que minha geração gosta de uma curtição (!) e que vai pras ruas com a cara pintada pra zoar. Podem falar que não adianta nada manifestar, aliás, que falem o que quiserem. Porque eu estou acreditando.

Fiquei emocionada com essa comoção, com a galera indo às ruas pra gritar pelo que interessa. Se vai mudar alguma coisa lá em cima? Não sei. Mas já tá mudando a gente. Tá mudando porque até ontem eu fui dormir pensando que “bacana esses manifestos”, mas hoje eu tomei vergonha na cara e pensei que eu não posso olhar, daqui há 15 anos, na cara de um filho meu e dizer que em 2013 a minha geração tomou juízo e eu estava na aula de Artes Circenses fingindo que não era comigo. É claro que é comigo.  É com você também.

E por isso eu ignorei a aula, coloquei uma blusa branca, levantei um cartaz e fui pra rua com meus amigos. E a gente apitou, corneteou, gritou pelos direitos da população e cantou o Hino Nacional Brasileiro no meio de Curitiba. A gente andou pela cidade cantando que era brasileiro com muito orgulho e com muito amor, e como foi bom gritar isso fora de Copa do Mundo. Se eu vou gritar na Copa? Claro que vou, não sou hipócrita. Mas gritei ali, do lado de outras 10 mil pessoas. E ali naquele momento eu acreditei que as coisas podem mudar, porque devolveram a nossa coragem, acordamos pra vida, e resolvemos começar a bradar pelo que queremos.

pátria

A humanidade é desumana, mas ainda temos chance.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sobre as aspas que os outros tem de nós

Ultimamente eu vivo pensando que é engraçado como cada ser humano é um universo, e em como cada pessoa que conhecemos conhece apenas uma parte disso. Algumas pessoas uma parte bem maior, claro, mas mesmo assim, uma parte. E outras pessoas, tão pouquinho.

Lembrei da Rafinha falando que tudo na vida é uma questão de aspas. Tudo é uma fase, tudo é uma citação. E pensei que é isso que as pessoas tem de nós. Citações do texto inteiro que somos.

Lembrei que no dia que tiramos foto para o convite de formatura eu fui toda maquiada trabalhar, num “Diva Way of Life” que eu não carrego nos meus genes. Como já estava maquiada, aumentei os brincos, escolhi cuidadosamente a roupa e resolvi tirar o dia para sambar na cara da sociedade. Todas as pessoas que já me conhecem perguntavam que diabos era aquilo, e no fim do dia já estava até chato responder. Mas o engraçado é que tive uma reunião de trabalho aquele dia com uma pessoa de fora, e de vez em quando paro pra pensar na faceta de mim que aquela moça conheceu.

Se ela é como eu, que analisa as pessoas e se lembra delas por um bom tempo, ela, que estava de calça jeans, tênis, e sem uma gota de maquiagem no rosto, deve ter pensado coisas engraçadas. Ou que sou exagerada, ou que sou uma diva, ou coisas do gênero, que é o que eu geralmente penso das pessoas super arrumadas. Mas com certeza ela não sabe que sou exatamente que nem ela, louvo os all stars só passei a abrir mão das jeans de cada dia quando descobri que as leggins (ainda menos estilosas) são muito mais confortáveis.

Lembrei também da senhorinha que trabalha na floricultura do cemitério pelo qual passo todos os dias indo para o trabalho. Na época de Vamos Falar de Amor, minha personagem brincava com margaridas, e eu passei algumas vezes na lojinha dela para comprar vasos de margaridas. Ela devia pensar que eu amava as flores. Um dia ela não tinha troco, e me deu uma rosa de presente. E eu amei. Mas calhou que aquela foi a última vez que precisei comprar o vaso. Então, eu continuo passando por ali todos os dias, mas nunca mais comprei as margaridas. E eu fico pensando se ela não pensa que fiquei brava por ela ter me dado uma rosa em vez do troco.

Hoje eu estava andando com pressa na rua e ignorei uma mulher que distribuía panfletos de dentista. Geralmente eu pego, penso que não custa. Mas hoje nem olhei na cara da moça e fingi que não era comigo. Fiquei com 10 segundos de peso na consciência pela grosseria desnecessária, e fiquei pensando que pelos mesmos 10 segundos ela pode ter ficado pensando que eu era muito metida, e que não custava pegar o papel que ela estava entregando a trabalho.

E sabe, nós somos um texto muito grande. E tudo o que os outros conhecem pelo caminho são meras citações. Algumas são mais legais do que o texto todo, algumas bem mais chatas. Mas são citações.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Eu passarinho (ao menos tento)

Foi no começo de 2012 que li um texto no antigo blog da Isadora, cujo título era “2012 passarinho”. E eu já achei o título divertidíssimo e leve, porque, gente, PASSARINHO é uma palavra genial. Chega fazer cosquinhas na boca, ao mesmo tempo que dá aquela acalentada. Passarinho. Nem pássaro, nem passarão, nem passará. Passarinho.

Ao ler o texto, me apaixonei ainda mais pela história, porque ela falava de seu desejo de um ano leve, bem passarinho, e ao fim do post, colocou um trecho famoso e belíssimo de Quintana, que até então eu (desinformada) desconhecia. E esse trecho diz:

“Todos estes que aí estão
atravancando meu caminho.
Eles passarão. Eu passarinho!”

E pronto. Nunca mais eu esquecerei disso na minha vida. Porque, gente! Eles passarão, eu passarinho! Não existe filosofia de vida melhor que essa, veja bem. As adversidades estão pesadas? Seja leve. Não há nada melhor pra lutar contra o peso do que a própria leveza. Sendo assim, tudo passará, mesmo que grande. Enquanto eu, passarinharei, leve e pequenina, por cima de tudo isso batendo minhas asas.

“Vamos ser leves, vamos passarinhar”! É lindo na teoria, mas chega a ser hipocrisia eu sair disseminando uma ideia dessas. Porque, vejam bem, ao contrário do que muitos imaginam, eu sou um ser pesado. Eu passo bem a ideia de leveza, porque eu vivo saltitando ao invés de andar, e adoro sorrir e falar com voz doce. Só que o peso que eu vivo cismando em inserir na minha própria cabeça, meus queridos, não está no gibi. Eu já até ousei contrariar Sartre nesse blog, dizendo que o inferno não eram os outros, e sim eu mesma, porque o que eu faço com  a minha cabeça ninguém mais é capaz de fazer. Eu insisto em colocar um peso bem errado dentro de mim mesma.

Por isso tudo, quando a Tary disse que estava afim de mudar o layout dela (e o meu, por tabela, que sou abusada e sempre ganho um quando ela muda o dela), eu logo pedi: “Faça o meu com passarinhos”. Porque quero entrar aqui todo dia e dar de cara com a leveza. Vou passarinhar um pouco no layout pra ver se aprendo de uma vez a levar pra vida. Com Mr. Darcy e Lizzie Bennet pra completar a paisagem, vamos torcer para que haja muita leveza e aquela dose extremamente correta de romantismo!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Queria te dizer que

A gente vive cotidianamente demais. Correndo pra lá, correndo pra cá, respirando e achando que tem tempo, quando no fundo, sabe que nem tem mais tanto tempo assim. A gente não assiste os anos passarem, porque não se preocupa com eles, até que de repente vê que eles já passaram.

Na verdade, em muitos de nossos dias, a gente simplesmente existe, e se contenta com isso. Até que alguma coisa no meio disso tudo faz você lembrar de viver mais e existir menos, nem que seja só um pouquinho. O sorriso do meu afilhado sempre me faz lembrar de viver, mesmo que ele chore no meu colo, na maioria das vezes. O abraço da Anninha me lembra de viver. Um livro muito bom, carinhos inesperados. Eu gosto de viver, e por isso, muitos detalhes me fazem lembrar disso, no meio do cotidiano. Mas mesmo assim, eu ando existindo demais, e por isso eu queria te dizer que.

Queria te dizer que de repente você apareceu, e isso não indica nada demais, e que isso não faz sentido, mas o fato é que você apareceu, do nada. Antes era só alguém citado em conversas, mas que de repente, era de carne e osso e estava parado na minha frente com um par de olhos azuis, barba por fazer, uma voz linda e um sorriso que humilharia o brilho de qualquer estrela. É brega. É clichê. Eu sei, e quer saber? E daí? Eu só queria te dizer que.

Te dizer que seu sorriso é tão bonito e que eu passei tempo o suficiente tão vidrada nele que demorei a reparar que tinha um anel prateado no seu dedo anelar da mão direita. Claro que tinha. Eu não podia ser a primeira pessoa do mundo a me encantar por aquele sorriso, e essa é a minha sina. Eu sempre chego depois. E tem nada não. Eu só olho mesmo, não faz mal pra ninguém. Nem pra mim.

Não faz mal pra mim porque por enquanto tá bom passar um tempo olhando pro seu sorriso e desviando o rosto quando seu par de olhos azuis encontra os meus sem querer. Tá bom pra mim porque você abre a boca e me ilumina sem saber. E não precisa mesmo saber. Porque é provável que daqui a menos de 1 mês meu tempo com você acabe sem que nada tenha sido trocado além de meias palavras, e por enquanto, está tudo bem. Porque olhar pra você me lembra que só existir é sem graça. E que a dona da outra aliança deve ser muito, muito feliz.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Eu ganhei Cactos de presente

Uma vez, no meu aniversário de 8 anos eu ganhei uma rosa do meu vizinho e colega de classe. Foi bonitinho, poético, e obviamente coisa dos pais dele, que eram amigos dos meus, que também obviamente, acharam aquilo tudo muito mais fofo do que eu, que sorri, entreguei a flor pra minha mãe que a colocou em um vaso e não muito tempo depois ela morreu.

Eu acho flores bonitas. Acho lindo o gesto de quem as dá de presente e ainda espero receber algumas (querido namorado que eu não tenho, em aniversário de namoro elas são tipo obrigatórias, mas em datas não clichês é ainda mais bonito. Só não me mande um buquê na sala de aula, porque essa provavelmente será a última coisa que você fará na vida. Sou romântica.) mas preciso confessar que mantenho 5 recém-nascidos vivos e não consigo fazer as minhas flores durarem.

Ano passado eu comentei com um amigo que margaridas eram minhas flores preferidas, e não muito tempo depois saí da aula e ele me entregou um vaso delas. Embrulhadas em um laço cor-de-rosa. E não pensem besteira, foi só carinho mesmo. Aliás, só não. Porque carinho gratuito e tamanha atenção são detalhes raros nos dias de hoje. Então, meu amigo me deu um vaso de margaridas, e eu amei. E coloquei na minha cabeceira e beijei as florezinhas, e no dia seguinte minha mãe carregou o vaso pra área de serviço, onde existe sol. Mas eu esquecia de regar, e menos de 10 dias depois estava tudo preto. E fim.

Espero eu que, sem saber do trágico fim do meu vaso de margaridas, essa semana, esse mesmo amigo chegou com uma sacola da rua e disse que tinha lembrado de mim na rua e comprado um presente. E então ele tirou da sacola um vasinho com 4 micro-cactos, com florezinhas coloridas. Nossa amiga entendida de botânica logo acabou com nossa graça dizendo que são raríssimos os casos de cactos com flores, e que aquelas com certeza eram artificiais e estavam coladas ali. Tudo bem, pra mim eles tem florezinhas. E agora eu tenho um vasinho com 4 cactos na minha mesa de trabalho.

Achei interessante. Espero que ele não queira dizer, dizendo que lembrou de mim ao ver um vaso de cactos (!) que eu sou seca, dura, espinhenta e verde. Talvez ele saiba que eu não sei cuidar de plantas, e resolveu me dar uma que vai sobreviver e me deixar feliz. Talvez ele só tenha achado fofo mesmo e resolvido me dar, porque me acha fofa também. O que não é uma surpresa, visto que é isso o que as pessoas costumam achar quando nunca me viram de mau-humor.

O fato é que não importando muito o que ele pensou ao me dar aqueles cactos, eles me olham a tarde toda na minha mesa de trabalho. E sabe, andei pensando que cactos não são bonitos, mas são, sabe assim? E cara, eles são tão fortes. São a única planta que sobrevive no deserto. E eu acho que talvez olhar pra eles frequentemente seja algo bem bacana. Eles são pequeninhos, fortes e resistentes. E têm florezinhas, mesmo que elas tenham sido colocadas ali. E isso é bonito. E eu gosto de coisas bonitas.

cactus

domingo, 2 de junho de 2013

Não fossem os danos não seria eu

máscara

Se não fossem as minhas estantes cheias de livros, ou aquelas fotos nunca reveladas, não fosse o sono não seria eu. Se não fossem as meias todas dentro de um balde, ou se a parede não fosse listrada, se fosse tão fácil não seria eu.

Se o fato é que o meu café da manhã é sempre toddy, e que o meu cabelo vive desgrenhado, isso tudo é uma parte de mim. Você pode tentar por horas desatar meus laços, mas vai dar errado já que foi amando os outros que eu aprendi a ser assim.

Se não fossem os pais, e não fosse a cor, e essa mania de riscar em tudo feito um escritor. Se não fosse o pão que a vovó faz com amor, se não fosse o Harry, e as sextas-feiras, e os ursos pandas, e o fato de eu tirar foto de tudo que eu acho fofo mesmo que o Rico esteja chorando, se não fosse o palco e a minha cama, e esse diário e os longos banhos, se não fosse o rosa e a galharufa não seria eu.

(Meme que eu inventei, ao som de Capitão Gancho, da Clarice Falcão! Lerdei tanto que minhas amigas já postaram antes de mim, mas tá valendo! Agora vou querer ver o que Iralinha, Rhaíssa, a Polly e a Thay  têm a dizer sobre as coisas que fazem elas serem elas.)