quinta-feira, 31 de julho de 2014

Gente que inspira a gente

Fico impressionada em notar como tem gente criativa nesse mundo. Amo quando estou vagando pela internet e encontro algo sensacional, sem esperar. Já falei em algum momento que meu blog não tem uma linha editorial definida: eu posto o que me vem na cabeça. Por essas e outras, aqui já apareceram contos, resenhas, homenagens, cartas, listas e enfim. Mesmo acreditando que eu não conseguiria me ater a um projeto editorial definido por mim mesma, vivo um sonho americano onde isso seria possível quando encontro alguém que consegue. 

Logo que conheci o blog do Pedro Fonseca, fiquei completamente encantada e pensei em porque diabos não tinha tido a ideia de fazer um blog só de cartas. Tudo bem que ele escreve cartas para os filhos e eu (ainda) não tenho filhos mas, ai, eu podia ter dito a ideia de escrever cartas para pessoas variadas! Um amigo, um primo, um colega, talvez até um desconhecido! Teria sido sensacional. Mas Pedro teve essa ideia antes e então meu blog continua aqui, cheio de cartinhas perdidas entre os arquivos.

Essa semana descobri outra sacada genial: 1001 pessoas que conheci antes do fim do mundo, da Aline Vieira. A proposta é escrever um texto para cada uma dessas 1001 pessoas que ela vai conhecendo na vida. Eu li os 81 textos que ela já postou em DUAS sentadas e só não posso dizer que foi em uma porque quando faltavam só 8 eu precisei sair do computador momentaneamente. Nesses textos ela inclui gente que ela só viu uma vez, gente com quem ela só trocou um ou dois diálogos, e até gente com quem ela teve uma relação maior, como uma amiga de infância, por exemplo. Isso me fez pensar que ela mantém as pessoas que passam por ela tão bem registradas e que eu provavelmente esqueço várias! Porque não tive esse ideia? Poderia deixar registrada cada uma das minhas crushs de ônibus, ou cada um dos papos aleatórios que a gente tem no elevador. 

Não sou o Pedro Fonseca, mas tenho cartas perdidas pelo meu blog. Não sou Tatiana Feltrin, mas tenho resenhas perdidas pelo meu blog. E por isso, pensando em conjunto com minha parceira de crimes e demais ciladas Anna, concluímos que não somos Aline Vieira, mas que seria uma ideia bacana criar uma série dentro de nossos blogs só para registrar pessoas que conhecemos por aí nessa vida. É possível que dure, é possível que não, e ainda nem conseguimos combinar uma frequência. Mas o fato é que é bem provável que logo mais vocês comecem a ler, entre outros milhões de temas que passam por aqui, histórias de pessoas que, por acaso ou não, em algum momento cruzaram suas linhas de vida com as minhas. Todas terão em cima o link do blog da Aline, claro, para todos poderem conferir as falas de quem sabe fazer isso bem melhor do que eu. Adoro gente que tem ideias legais. 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Maratona literária – Eu sobrevivi

Sem muito a dizer por escrito porque prometi que ia gravar um vídeo para falar sobre o assunto e aqui está ele! Só adianto que, apesar de ter sido reticente para embarcar na brincadeira, curti bastante e pretendo entrar em próximas. 3 das 4 leituras foram bem apaixonantes, e isso está tudo tagarelado no vídeo aí em baixo.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre correr atrás dos sonhos

Eu estou lendo um livro que é mais interessante do que eu imaginava. O nome é A Lista de Brett e eu comprei totalmente despretensiosa, só porque curti o mote. Estou lendo para a Maratona Literária, e pretendo gravar um vídeo sobre as quatro leituras escolhidas, por isso não vou me estender muito ao falar dele. Direi somente que a história é sobre uma moça que, ao perder a mãe, descobre que só poderá receber a herança se realizar os 20 sonhos que ela (a moça) havia deixado registrados em uma lista quando era adolescente.

Ainda estou no começo do livro, mas ele me deixou matutando um tanto sobre meus sonhos de adolescência e sobre as reais influências que eles tenham ou não sobre mim. Na verdade, eu tentei fingir até agora que esse post era algo de cunho emocional e filosófico, mas não é. Eu só quis postar porque escritor tem mania de viver as situações já pensando em como elas podem virar um texto, e eu acabei de viver uma cena dessas que podia facilmente estar encaixadinha em algum filme.

Minha sala, no trabalho, tem 3 mesas. Teoricamente, trabalhamos em 3 pessoas nessa sala, mas ela vive cheia de gente transitando. Nesse momento, por exemplo, estávamos em 6. 6 pessoas com assuntos paralelos e 3 computadores ligados. Cada um prestando atenção no seu mundo. Eu mesma não sei exatamente dizer o que se passava com a pessoa do lado, porque nem piscava olhando para tela enquanto tentava fazer meu e-mail funcionar. Acontece que de repente, no meio do barulho das 6 pessoas E da secretaria, que fica logo na frente, escutamos, ao longe: É o carro dos sonhos! O carro dos sonhos!

Reza a lenda que esse tal carro dos sonhos passa sempre por aqui, mas eu nunca tive disposição para levantar da cadeira, acenar para o carro e comprar o tal do sonho. Só que meus colegas são animados. Na hora que esse alto falante soou, um deles gritou: MEU DEUS, O CARRO DOS SONHOS! O outro levantou se atropelando e começou a contar moedas, enquanto eu corria até o armário para pegar a carteira e minha outra colega abria sua bolsinha. Saímos jogando dinheiro no colo do primeiro a levantar, e eu corri animadíssima até a porta no maior estilo PAREM ESSE CARRO. Tá legal que minha atuação foi super desvalorizada, porque Rodrigo apenas me olhou como quem dizia "sua amadora" e disse: - Não precisa correr que o carro fica parado um tempinho. 


Lá foi ele, então, plácido e tranquilo, com todo o nosso dinheiro comprar sonhos. Não mais do que 2 minutos depois ele retornou com sacolinhas e saiu distribuindo: - Goiabada para a Eliane, Creme pra você, Doce de leite para mim, o Humberto não quis?

Fiquei pensando no conteúdo metafórico de todo esse movimento e concluí que, ai, quem dera os nossos sonhos custassem só 2 reais e viessem no sabor desejado. No entanto, o outro lado da história também apitou na minha cabeça: tenho 22 anos e nunca vi alguém levantar com tanta urgência de uma cadeira e sair correndo para realizar um sonho de verdade. Caso a se pensar.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Bring on all the pretenders, I'm not afraid

 Esse post faz parte da Blogagem Coletiva de Julho do Rotaroots

A ideia da postagem coletiva desse mês era falar sobre a primeira vez que a gente ouviu nossa banda favorita. Logo descartei: acho muito complicada essa história de banda favorita e acho que não tenho. Mas vi um monte de gente por aí fazendo de cantor favorito e resolvi que então talvez eu podia brincar sim.

Continuo achando delicadíssimo escolher um favorito porque provavelmente daqui a 1 ano (e sendo otimista ao chutar tudo isso de tempo!) vou ler esse post e rir saudosamente dessa época, como faço ao pensar que minhas cantoras favoritas já foram Sandy, Avril e Colbie. Mesmo assim, acho que vale a pena falar sobre o assunto, porque tudo que é favorito alguma vez na vida, permanece quentinho no coração. Pelo menos é o que eu acho. Enfim.

Eu devia ter uns 16 ou 17 anos e minha irmã não parava de ouvir uma música insuportável no quarto dela E quando estávamos no carro, para o mal dos pecados. A tal da música falava alguma coisa sobre Romeu e Julieta e eu achava um saco do nível "tapando os ouvidos quando ela toca". Acho tão divertido cuspir pra cima e cair na testa porque lembro nitidamente de estar descendo o cacete nessa música e falando para a minha irmã caçar algo melhor pra ouvir e, no entanto, Helena já superou Taylor Swift ao mesmo tempo enquanto eu devo ter, no mínimo umas 40 músicas da menina no meu IPod.

Amo Taylor Swift. Amo. Não a pessoa, dizem por aí que ela é entojadinha e não sou ninguém pra discordar porque não pesquiso muito sobre o assunto. Me contento em sentir e gritar as músicas a plenos pulmões, principalmente quando tô sozinha no quarto. Que atire a primeira pedra a fã de TS que NUNCA, com portas fechadas, encenou o clipe de You belong with me, de joelhos em cima da cama e usando uma escova de cabelos como microfone. Ok, exagerei nos detalhes, vamos fingir que isso não aconteceu.

Eu apenas gostei de Taylor Swift por muito tempo, sem perceber que o caso era sério. Descobrir o amor mesmo acho que só descobri quando baixei o RED inteirinho e, minha gente, baixar CD na íntegra, nos dias de hoje, é descobrir que o amor é verdadeiro. São poucos os cantores/bandas nessa vidinha que me fazem optar por uma lista non-shuffle quando quero rolar na cama ao som de algo, e TS consegue fazer isso. Simplesmente porque tem dias que eu não quero ouvir nada que não seja uma dorzinha de cotovelo adolescente pelo amor mal resolvido cantado no agudo dessa moça que eu tento E tento e não consigo imitar. 

Meu clipe favorito dela é Mine, mas eu já linkei ele aqui uma vez e não quero repetir. Tentei ir de All too well, mas apesar de eu ter o clipe inteirinho desenhado na cabeça (me deixem) eles não gravaram clipe. Vou ficar então com Everything has changed, que tem o fofo do Ed Sheeran envolvido e umas frases maravilhosas. Divirtam-se!

Come back and tell me why I'm feeling like I've missed you all this time

domingo, 20 de julho de 2014

Minha primeira maratona literária

Eu leio muito E leio rápido. Mesmo assim, toda vez que minhas amigas inventavam de participar de alguma das tais “maratonas literárias” eu era a primeira a negar. Tinha absoluto pavor de me imaginar correndo contra o tempo e lendo páginas previstas para terminar livro rápido só por terminar. Depois de inúmeras negativas anteriores, aceitei me render e participar dessa porque ninguém é de ferro e eu sou ciumenta demais pra ver a maioria das minhas amigas pulando abraçadas e lendo freneticamente juntas e eu estar de fora.

Não faço ideia se você conseguir ou não, porque definitivamente não vou atropelar livros e nem ler por obrigação só para dar conta dos 4 que escolhi para a semana. Mesmo assim, vamos ver no que dá. Os escolhidos foram:

bllv

Perdoem a montagem tosca feita no paint, porque eu como designer sou uma excelente jornalista. Mas o fato é que são esses quatro, sendo que se você me acompanha no Instagram sentiu falta do livro da Sophie na foto e isso é porque os livros da Becky Bloom eu baixei por motivos de: a coleção é enorme e eu não queria gastar dinheiro com ela.

No fim da semana eu volto para contar o que rolou. Boa maratona e boa leitura para todos!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pessoas

A vida e as relações interpessoais são muito engraçadas. Na maioria das vezes parece complicado: teria sido mais fácil se as pessoas viessem com manual de instruções. No entanto, quem sabe se tudo viesse pronto não seria tão interessante. Tudo bem que as pessoas, todas elas, insistem, desde que o mundo é mundo, em mudar todas as perguntas quando a gente pensa que achou a resposta mas, mesmo assim, as tentativas são divertidas.

Acho engraçada aquela frase que diz que "o ódio une mais que o amor". Chega a ser feia, aliás, mas é impossível descartá-la completamente, afinal de contas, o ódio pode até não consolidar relação nenhuma, mas que pode unir momentaneamente, ah isso pode. Minha sala da faculdade sempre foi uma desunião sem fim, mas tivemos um professor tão insuportável que era só alguém falar sobre ele para aquelas 30 cabeças tão diferentes parecerem se amar pelo período em que podíamos passar, sei lá, 10 minutos que fosse, malhando o Judas cara.

Eu e minha amiga de ensino fundamental e médio vivíamos brigando. Eram uns arranca rabos engraçados: começava com alguma coisa besta e de repente estávamos as duas gritando no meio da sala de aula. Acaba sempre do mesmo modo: ela espumando de raiva e eu chorando. Demorávamos 1 dia ou 2 para fazer as pazes. Acontece que 10 minutos depois de uma de nossas brigas, as meninas de quem não gostávamos aprontaram alguma coisa. Era claro que nós precisávamos conversar sobre o assunto. Cutuquei ela e perguntei: "Mari, trégua na briga pra fofocar?" Claro. 1 minuto depois já nem lembrávamos porque tínhamos brigado.

E eu fiquei pensando que as pessoas são curiosas porque tem um menino no meu trabalho que sempre chega atrasado. Sempre. Ele é legal e trabalha direitinho, mas tem um problema seríssimo com o relógio. Entre umas bufadas nossas e outras quando, em momento de caos, o moço ainda não chegou, uma amiga teve uma ideia brilhante: apostar com ele uma caixa de bombons. Claro que ele perdeu e eu aproveitei para roubar a ideia. Para este último sábado, imaginando um movimento alucinante na escola, apostei: Matheus, chegue 8h30. Se você chegar 8h31 quero uma caixa de bombons. Ele chegou 8h37, rindo e anotando na lista que me devia uma caixa de bombons. Decidi que como o atraso foi pequeno, ele podia me dar um bombom só, mas a questão não é essa. A questão é que broncas pelos atrasos não funcionaram. Mas apostar chocolate foi uma sacada sensacional.

Lidar com pessoas é complicado. Mas igualmente divertido.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Alemanha 7 x Brasil 1, eu vi isso acontecer

Uns dois dias antes de disputarmos as oitavas de final contra o Chile eu sonhei que tínhamos perdido de 6 a 1 para o Uruguai. Acordei desesperada e aliviada ao mesmo tempo: graças a Deus era só um pesadelo. Mal sabia eu que, dias depois, a realidade se revelaria ainda pior. Não foi de 6 que tomamos. Foi de 7.

Acho que a gente sente o peso da idade bater quando vive algum acontecimento marcante. Depois do jogo do Chile, enquanto voltei à pé, para a casa do meu tio, enrolada na bandeira, pensei que iria amar contar para os meus netos que eu estava lá em 2014 e vi o Brasil ganhar uma Copa nas oitavas de final, batendo (e pegando) pênaltis. Ontem eu fui obrigada a perceber que o que vou ter que contar para os meus netos é que eu estava lá em 2014, no dia que o Brasil perdeu uma semifinal de 7 a 1 e não se iludam, queridos netos, só fizemos 1 gol porque a Alemanha ficou com dó.

Desde que eu entrei em estado de choque quando a Alemanha fez 4 gols em 6 minutos (sim) que eu fiquei imaginando o que me sobraria para escrever, já que não poderia usar o texto do hexa que veio pronto na minha cabeça outro dia. 

Até agora, confesso, não descobri o que escrever. Mal dormi a noite, tive febre (sim), sonhei com futebol a madrugada inteira. Talvez meu problema tenha sido levar essa Copa a sério demais. Porque eu levei, sabe. Antes do nosso segundo jogo, minha tia disse, em um almoço em família, que a Dilma tinha comprado a nossa vitória. Eu, do alto da minha falsa maturidade, disse que era melhor perder então, porque ganhar comprado seria um absurdo. Dias depois, enquanto morria do coração no jogo contra o Chile, juro que cheguei a rezar: Dilma, se você não comprou, compre. Eu quero ganhar.

Hoje, depois de tomar de 7, apesar de estar sofrendo, retorno ao meu pensamento anterior: ganhar comprado realmente não seria justo. É duro admitir mas não estamos jogando bola e o país do futebol não merecia levantar a taça do Hexa em casa sem ter jogado bola o suficiente para isso. Quem sabe em 2018, quem sabe em 2022 ou 2026, quem sabe quando ele voltar a dar show em campo e honrar exibir a taça ele o faça de novo. Está doendo, e muito. Me senti atropelada pelos alemães ontem mas, venhamos e convenhamos, é muito mais bonito vencer na raça do que vencer na sorte. 

A Alemanha está jogando tanta bola que eu nem consigo sentir raiva dos caras. Muito pelo contrário: Agora que o Brasil não está mais brincando, torcerei pela Alemanha com toda a força que me restou. Não antes, claro, de torcer para o Brasil levar o terceiro lugar. Não que eu acredite que, depois desse atropelamento, aqueles meninos, tão desgastados emocionalmente, consigam jogar alguma coisa. Mas jogando alguma coisa ou não, torcerei. Torcerei sábado, torcerei daqui há 4 anos, torcerei sempre. "Pior do que sofrer seria não ter copeado", disse minha sábia amiga Amanda quando eu disse que não brincaria de Copa nunca mais. Não sei quem eu queria enganar. Claro que brinco. Brincarei sempre. Brincarei tanto que hoje ainda estou com a blusa do Brasil que vesti em cada um dos jogos. Brincarei tanto porque sempre aprendi que não pode descer pro play quem não sabe perder. Sei perder, por mais que doa. Sei chorar por ter tomado de 7. Nunca vou esquecer desse dia mas, trocadilhos à parte, vamos tocar a bola pra frente e lembrar que nossos avós viram o Maracanazo em 1950, antes de comemorar o tetra em 94 e o penta em 2002 e que, por isso, nunca vamos perder a esperança de comemorar um hexa e um hepta (!), mesmo depois de termos sido atropelados no Mineirão, em 2014. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Ganhamos, mas perdemos

Desde que a euforia do jogo passado passou, por volta de domingo à noite, que eu estava tentando esconder de mim mesma o medo terrível que eu estava de, pela terceira vez seguida, ser eliminada nas quartas de final.

Engraçado que, um pouquinho antes da bola rolar no campo, eu acalmei. Assisti ao começo de jogo limpa e leve. Quando o Brasil fez o primeiro gol eu acreditei que estava ganho, tentando apagar da mente a tal ideia do jogo só acabar quando terminar. Depois do gol da Colômbia eu confesso que ameacei perder o prumo. Por outro sufoco de prorrogação nós não merecíamos passar, pensei. Antes tivéssemos merecido.

Ganhamos. Ganhamos no tempo normal, embora o juíz tenha dado os cinco minutos de acréscimos ~mais longos da minha vida~ #copadrammaqueen.. Ganhamos e eu comemorei mesmo confessando que antes de comemorar essa vitória eu já estava chorando de medo da seminfinal contra a Alemanha. Aprendamos a aproveitar o presente. Ganhamos! Ganhamos e eu me emocionei com David Luiz, aquele maravilhoso, trocando de camisa com o Jamez. 

Consolidada a vitória, joguei futebol no corredor com meus priminhos e ganhei de 8 a 4. Decidi acabar com a bagunça antes de derrubarmos um quadro e a coisa ficar preta. Mal desconfiava eu que meu aperto no peito queria dizer que a coisa já estava preta.

"Neymar está fraturado e fora da Copa", disse minha mãe enfiando a cabeça no quarto, como quem diz que está indo na padaria porque o queijo acabou. As palavras "Neymar" "Fraturado" "Fora" e "Copa" não podiam habitar o mesmo parágrafo. Muito menos a mesma frase. Mas estão habitando e, embora eu não queria acreditar, temos que lidar com os fatos.

Vamos jogar as semifinais contra a Alemanha. Sim. Jogaremos sem Neymar e sem Thiago contra Muller e Podolski. Se perdemos a esperança? Não, não perdemos. Mas perdemos uma boa parte de nosso brilho. Acho que fico mais triste de imaginar que jogaremos uma final sem nosso craque do que qualquer outra coisa. Se espero que ganhemos? Espero. Mas espero que ele entre em campo pra levantar a taça. Ele não é nem nunca foi meu favorito (David, Thiago e Julio, confio em vocês), mas merecia estar ali. Força, Neymar. Agora a gente tem que jogar pra você. Nunca pensei que podia existir uma vitória tão amarga. 

Joga pra ele, Brasil

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Te passei Copa

Já falei nesse blog algumas vezes sobre como eu acho que a paixão é um troço sensacional. De toda essa blogosfera cheia de textos bacanas, de longe os que mais gosto de ler são aqueles apaixonados: por uma banda, por um livro, por um hobbie, por uma pessoa. O efeito que a paixão causa em quem a sente é sensacional, e por isso mesmo não deixa de ser interessante para quem lida com pessoas apaixonadas.

Uma vez eu li um texto que dizia que a gente só deve se apaixonar por uma pessoa cheia de paixões próprias, e eu achei brilhante. Cada pessoa é, realmente, um universo, e é isso que é divertido. Compartilhar paixões.

E eu pensei em escrever isso e deixar registrado nessa semana de crônicas da Copa porque eu assisti o tão falado jogo Brasil X Chile com 3 amigas e garanto-lhes que duas dentre elas, no início da Copa, mal queriam saber do assunto. Milena já tinha dito, inclusive, que Copa para ela era como os dias de chuva em Cuiabá: como ela mora no Rio, não podia se importar menos com as alterações pluviométricas do Mato Grosso e era exatamente assim que se sentia a respeito do mundial. Giu tinha ficado com estafa do assunto depois de tanta polêmica em torno dele. O fato é que nenhuma delas estava se importando com os homens correndo atrás da bola até que, no dia das oitavas de final, estavam de pé, comigo e com Paloma (que já era entusiasta do assunto desde o início, como eu), enrolada na bandeira do Brasil no meio de uma lanchonete, rezando para a bola balançar a rede.

Paixão é vírus, gente. Do bom. Não tem outra explicação. Só gente apaixonada consegue motivar os outros e da mesma forma que já li livros só porque alguém apaixonado me indicou e ouvi músicas só porque algum outro apaixonado me deu um toque, elas só estavam ali pulando GOL de mãos dadas porque eu passei um pouco de Copa para elas. Achei divertido. Venhamos e convenhamos, passar paixão é muito melhor que passar gripe.

torcida
Isso muda o jogo

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Se eu fosse o técnico

Na Copa de 2006 minha amiga dizia que torcia para a Inglaterra só por causa do Beckhan. Achei que torcer para outro país só porque o jogador era gato seria demais para mim, mas não deixei de querer pagar de descolada e "assistir" a Inglaterra jogar só para ficar de olho no moço. Mesmo assim, lembro de lances onde eu estava sentada no sofá, dizia que o Beckhan era lindo por 2 segundos e voltava a ler meu gibi. "Não troque de canal, estou assistindo" eu dizia. A-ham.

Para essa Copa eu achava que estava com o mesmo ânimo que para as outras: Eba, vai ter Copa, vai ter folia, vai ter Gol. Achei que ia sentar para ver os jogos do Brasil e que ia ficar tudo bem. No entanto, como vocês já perceberam, viciei nessa Copa de uma maneira que possivelmente nem Freud explique, estou assistindo tudo o que posso e, inclusive, aproveito mais os jogos que não são do Brasil. Pimenta nos olhos dos outros é refresco e possibilidade dos outros perderem e continuarmos lindos e classificados também é um refresco gigante. Tudo bem a Grécia ir para os pênaltis, tudo bem a Bélgica se virar na prorrogação. Nada bem o Brasil indo para pênaltis e meu coração entrando em colapso. Tem jogo do Brasil sexta-feira e desde segunda-feira que eu martelo esse fato na minha cabeça sem conseguir relaxar. Minha vida era feliz quando eu não era envolvida com essa brincadeira de Copa, mas tudo bem, não foi disso que eu vim falar.

Vim falar que então, eu ando assistindo muita coisa, levei meu álbum (sim) super a sério e coisa e tal. Com tudo isso, confesso, ando aproveitando horrores as beldades que o mundial anda colocando na minha televisão principalmente aquelas vestidas com uniforme da Puma. Pensando nisso, vasculhando meu álbum e lembrando que quando a Espanha foi desclassificada eu fiquei boladíssima por ter que dar adeus a Jordi Alba, decidi montar o time com meus 11 favoritos. Não dá para levar totalmente a sério uma semana inteira de posts sobre a Copa. Decidi que eu também sou filha de Deus e que posso brincar de objetificar homens por pelo menos um texto.

Para começo de conversa, quero deixar claro que não levei em conta atacantes/zagueiros/centro-avantes/volantes e posições do gênero porque ia dar trabalho demais. Tentei escolher apenas 1 goleiro entre eles mas não consegui, módique vocês podem e devem ignorar táticas de jogo e focar no fato de que o time foi montado pelo meu útero (pedreira) e não pela minha cabeça. E sim, eu sei que muita gente na internet já deve ter feito lista com os mais gatos da Copa, mas tô nem aí e quis brincar disso também. Não está em ordem nenhuma, muito menos de preferência, porque já foi difícil escolher só 11, imagina elencar. Vamos lá.

  • Miguel Veloso, Portugal. Confesso que nem tinha percebido esse ser humano enquanto figurinhas eu colava, mas foi só o bichinho dar as caras no primeiro jogo de Portugal para eu ficar abobalhada com tamanha saúde e me oferecer de coração para consolá-lo após à goleada que eles tomaram. Às vezes faz umas escolhas erradas de penteado, mas acho que podemos ignorar esse detalhe e focar na barba, no sorriso e nos braços. Eu casaria com Miguelzinho em um campo de futebol.
  • Thomas Müller, Alemanha. Se me mandassem imaginar um Alemão, eu certamente imaginaria Thomas Müller, exatamente como ele é. O moço é desengonçado, o cabelo dele fica todo desmantelado quando ele sua, ele tem um sorriso todo torto e mal diagramado e certamente passa o domingo de bermudas com meião até o joelho e um tênis esquisito. Sem ser nenhuma Brastemp, Thomas é certamente a Eletrolux que mais conquistou corações nessa Copa. Difícil ver esse homem sem seu sorriso errado no rosto ou sofrendo legitimamente por uma bola que não entra. Roubou meu coração quando, ao levar uma cabeçada do absurdo do Pepe no jogo de estreia, fez a maior cara de perdido do século, que me pareceu ter o seguinte subtexto: "Credo, que que é isso, tão me batendo, que gente ruim". Müller é todo esquisitinho. E por isso mesmo dá vontade de pegar ele no colo. 
  • Robin Van Persie, Holanda. Esse aqui certamente é unanimidade. Não encontrei uma alma feminina no twitter que, durante algum jogo da Holanda, não tivesse comentado sobre ele. O homem tem um sorriso maravilhoso, um corpão, e um cabelo rajado de grisalho que esbanja classe e seriedade. Na triste derrota do México, a única coisa que me consolou foi que eu continuaria tendo Van Persie na minha televisão por pelo menos mais 90 minutos. Morrerei de saudades de tamanha ostentação de beleza. 
  • Álvaro Rafael González, Uruguai. Fiquei profundamente decepcionada comigo mesma por só ter descoberto González no último jogo do Uruguai, quando apenas assisti ao moço voltando para casa. Foi um encontro muito rápido, o nosso, mas não deixa de ter sido marcante. Amores de Copa vem e vão, são aves de verão, já disse o sábio twitter. Além da barba e do olhar marcante, menino González contava com o advento do uniforme da Puma. Preciso dizer mais nada, né? 
  • Cláudio Marchisio, Itália. Imagino que seja outra unanimidade, porque não se ouve falar de Itália sem ouvir falar de Marchisio e olha que a Itália nos fornece infinitas possibilidades de paixonite aguda. Em uma seleção que conta com nomes como Rossi e Buffon, elejo Marchisio como meu favorito e reitero que sinto profundas saudades desse elenco que iluminou meus olhos por apenas três jogos (mesmo ficando aliviada de eles não terem a chance do Penta). 
  • JUUUUUUUliocesar, Brasil. Piadas a parte, o grito de Galvão Bueno no jogo contra o Chile é meu bordão favorito dessa Copa. Na falta de gritos de gol, nosso chato e empolgado narrador aproveitou para narrar um não-gol do Chile cantando o nome de nosso goleiro como se um aclamado gol ele fosse. Sempre confiei e amei Júlio César, mas terminei o exausto jogo de sábado ainda mais apaixonada por ele. Amo seu formato de rosto, seu olhar, sua entrega, e até o choro de garra que aconteceu enquanto ele defendia os pênaltis. Vai que é tua, Júlio!
  • Niko Krajcar, Croácia. Moço Niko fez o maior sucesso na internet após ser fotografado no banco da Croácia no primeiro jogo. No meu caso, digo que foi paixão à primeira vista ou, para formular melhor, à primeira figurinha. Desde o dia que tirei a figurinha deste ser humano do meu pacotinho que pensei que o mundo estava mais lindo com sua presença. Niko é tão bonito, mas tão bonito que eu juro que nem sei o que comentar sobre o assunto. 
  • Jordi Alba, Espanha. Quem me falou desse moço foi a dona Paloma. Enquanto todo mundo pirava com a seleção da Itália no álbum de figurinhas, essa sensata menina mandou que eu fosse prestar mais atenção na Espanha que não somente contava com Xabi Alonso e Gerard Piqué, mas com Jordi Alba. Alba me encantou, também, na primeira figurinha e vê-lo em campo só me deixou chateada por notar que a Espanha tomaria um cacete e sairia, zonza, na primeira fase. Um ano é da caça, outro do caçador, realmente. Mas Jordi bem que podia ter ficado um pouquinho mais de tempo.
  • James Rodriguez, Colômbia. Confesso que estou ansiosa para ver o moço chorar na noite de sexta-feira após perder do Brasil. Mesmo assim, não posso deixar de citar o então artilheiro da Copa que de tão novinho parece um neném e tem um dos sorrisos mais meigos dentre essa macharada toda. 
  • Sokratis Papastathopoulos, Grécia. Precisei abrir o google no mínimo 3 vezes para conferir se estava escrevendo direito esse sobrenome, mas cartórios à parte, moço Sokratis tem uma garra para jogar e um olhar tão lindo que me encantou, principalmente quando eu descobri que ele tinha marcado seu próprio casamento para o dia em que possivelmente a Grécia jogaria as quartas de final. Okay que não é nada romântico não acreditar na própria seleção, e fosse eu a noiva estaria em cólicas, mas achei isso tão lindo e atrapalhado (?) que me apaixonei. Me deixem.
  • Gonzalo Higuaín, Argentina. Óbvio que é contra os meus princípios torcer para a Argentina, mas não tinha nada escrito no contrato que me impedisse de me apaixonar por alguns deles. Para começo de conversa, os sobrenomes argentinos são bonitos demais. Eu assinaria Rojo, Aguero, Romero, Messi e Higuaín sem pensar duas vezes. Além de agregar valor ao cartório, Gonzalo ainda faz meus olhos se emocionarem com tamanha beleza. Alguma coisa no jogo da Argentina tem que valer a pena. 
  • Guillermo Ochoa, México. Outro menino de nome chique e, tudo bem que eu passaria horas tentando convencê-lo a cortar esse cabelinho desnecessário, mas o fato é que foi Ochoa que me impediu de seguir minha regra inicial de escolher um goleiro só. Não só ficou famoso por ser um verdadeiro muro dentro do gol, Ochoa encantou meu coração e sinto pena dele até agora pelo pênalti holandês que ele não conseguiu pegar. Minha torcida era toda sua, seu lindo. 
Talvez vocês não tenham percebido o lapso, mas eu pensei, pensei, pensei, achei que tinha fechado em 11, sofri por deixar o lindo goleiro Karnesis de fora e, ainda assim, depois de escrever tudo, contei e percebi que tinha escolhido 12 nomes. Deixamos o Ochoa na reserva do gol então e tá tudo certo, a gente faz de conta que ninguém percebeu o ato falho. Um beijo para vocês.

Esse post teve patrocínio de


terça-feira, 1 de julho de 2014

Só acaba quando termina,

diz meu pai desde que me conheço por gente. Acho que a lembrança mais remota que tenho dessa frase é de uma vez em que estávamos no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, assistindo algum jogo da Liga Mundial de vôlei, e eu dizia, no meio do primeiro set, que o Brasil já tinha ganhado. Lá vinha meu pai, com uma voz lenta, arrastada e bem mais sensata que a minha, repetir: Caaaaaaalma. O jogo só acaba quando termina. No caso do futebol, sei que, ao comemorar antes da hora, ainda posso contar com um sonoro: Caaaaaalma. Só acaba quando o juiz apita.

Acho que a minha memória mais impactante em relação a essa fato foi nas Olimpíadas de 2012. Não sei se vocês lembram, mas estávamos perdendo o jogo de vôlei por 2 a 1. Era só as (russas?) fecharem mais um set e pronto, levavam o ouro para casa. Elas fizeram 24 pontos, minha gente. 24. Faltava UM mísero ponto, que era só fazer sacando muito bem ou deixando o Brasil mandar uma bola para fora. UM mísero ponto que elas nunca conseguiram fazer, porque viramos o jogo, ganhamos o set e os próximos dois. Acho que foi a melhor conquista de ouro que já assisti. Oso oso oso de virada é mais gostoso. Vamos combinar que prefiro não passar pelo desespero de ter que virar um jogo, mas que é mais comemorado, isso é. 

O jogo só acaba quando termina. Foi inevitável escutar a voz do meu pai na minha mente, lenta e arrastada, quando saí para almoçar desligando México e Holanda, a 15 minutos do jogo acabar, confiando minha alma no Ochoa e feliz da vida porque alguém ia tirar a Holanda antes que fôssemos obrigados a brincar disso. Óbvio que abri o twitter enquanto estávamos no carro, para poder acompanhar o finzinho da derrota holandesa e só sei que de repente eu falei: Gente, a Holanda empatou.

Faltavam CINCO minutos para o fim do jogo. CINCO. E antes mesmo de eu me preparar psicologicamente para uma prorrogação fui obrigada a descobrir que o México tinha cometido um pênalti e que o Ochoa não tinha conseguido pegar a bola. A essas alturas, eram DOIS os minutos restantes. DOIS minutos restantes e a Holanda me ganha o jogo sem nem me dar de presente uma prorrogaçãozinha para eu ter esperança. Só de lembrar meu coração se parte em cacos.

Se merricana eu fosse, até agora eu estaria sentada na frente da televisão em estado de choque absoluto. Se merricana eu fosse, nunca mais esqueceria que o jogo só acaba quando termina, e se alguém viesse me falar essa frase eu juro que lhe daria um soco na cara. Sendo eu brasileira e já tendo sofrido mais do que devia com a súbita derrota alheia, vou focar nessa palhaçada dessa frase e só vou relaxar quando o juiz fizer o favor de apitar nossa vitória, aos 45 do segundo tempo, sem prorrogação e pênaltis, porque para dois jogos seguidos eu JURO que não tenho estrutura. E tenho menos estrutura ainda para perder um jogo aos 47 do segundo tempo. Vocês se emendem.

É disso que o meu povo gosta