quarta-feira, 4 de maio de 2016

Uma pincelada sobre os perigos da insegurança, a síndrome do impostor e a fragmentação

A pessoa aparece depois de mais de 1 mês sem dar as caras e já começa de um jeito horrível: abordando que ficou um tempão sem dar as caras. Não estava pensando em tocar nesse assunto, mas acho que me tornei algo que sempre achei curioso: uma blogueira ocasional. Eu já percebi que "trabalho" com rotina e que se eu deixo com que algo pare de fazer parte do dia-a-dia e, consequentemente, pare de me fazer falta, as coisas saem do prumo. Isso foi uma parte do que aconteceu com o blog.

As outras partes tem a ver com esse título enorme que eu joguei ali em cima: estou longe de estar na minha melhor fase em relação à escrita. Esse negócio de ter virado alguém que escreve mais ocasionalmente que rotineiramente só tem me feito implicar cada vez mais com o que escrevo. "É só mais do mesmo", "como foi que me disseram que eu sabia fazer isso e eu quis acreditar" e outras coisas do gênero. Não é desejo de confete, é insegurança e descrença mesmo - e se vocês conhecem o sentimento de de repente ter certeza que não faz a menor ideia de como fazer algo que sempre acreditou que conseguia fazer bem vocês imaginam como eu ando me sentindo. 

Basta uma pitada de insegurança e uma boa dose de síndrome do impostor para a gente ter certeza que nunca mereceu o lugar onde esteve. Penso em textos bons que já escrevi e ao mesmo tempo que penso que nunca mais conseguirei escrever outro daquele penso que é melhor nem ir lá relê-lo, já que o risco é grande de que, no fim das contas, NEM ELE seja bom. É complicado.

Junto com tudo isso vem a fragmentação. Paloma comentou sobre isso no blog dela dia desses e caiu feito uma bomba no meu colo: se eu resolvi falar do cotidiano na newsletter, fazer reflexões literárias na Pólen e guardar os temas mais complexos para mim mesma já que acho que não estou conseguindo escrever direito sobre eles... bem, o que sobra para o blog? As teias de aranha? Espero que não. A questão deve ser tentar se reinventar, de certo. Ou reinventar isso aqui. Ou tentar inserir de novo na rotina. Ou voltar a acreditar minimamente que eu sei o que eu estou fazendo. Ou tudo isso junto. 

É engraçado como a gente cospe para o alto e deixa cair no meio da testa: uma coisa que eu sempre detestei em blogueiros ocasionais era essa mania de aparecer uma vez por mês no blog e... falar do sumiço. Falar que vai voltar. Falar que está tentando. Pois sinto que é isso que estou fazendo aqui desde outubro do ano passado, com alguns intervalos de drops interessantes. A maré tá horrível, mas eu sei fazer melhor que isso. Ainda tem alguém aí?

domingo, 13 de março de 2016

Desculpa (por existir e por me desculpar tanto)

Eu não sou uma pessoa rancorosa. Eu carrego esse anti-rótulo (?) comigo mesma há muito tempo, acho que desde um dia, lá na época do colégio ainda, quando eu aprendi que eu nunca queria ficar brigada com as pessoas e que não tinha problema nenhum em pedir desculpas - mesmo que a culpa não fosse minha - só para acabar com a briga de uma vez. Sempre tive pra mim que isso era muito nobre, inclusive, pedir logo desculpas, independente do que estivesse acontecendo, para cessar a briga de uma vez e aproveitar a vida, "que é muito curta para ficar brigada com alguém", outra dessas verdades de botequim que eu sempre entoei na minha cabeça e na dos outros.

Estava pensando nisso tudo esses dias, mais uma vez, após conversar com a minha amiga e conseguir elencar para ela tudo aquilo que eu devia conseguir elencar sozinha: às vezes, também, é muito importante ter pra gente mesmo que NÃO, nem tudo é nossa culpa e que NÃO, às vezes não é legal assumir qualquer frustração do outro e/ou desentendimento superficial ou sério somente para que tudo pareça mais tranquilo, a conversa se resolva logo e a gente ainda saia feliz por ter sido o "maduro" da situação - ou chateado por acreditar piamente que a culpa é toda sua.

Refletindo sobre esse ato, o de se desculpar, lembrei de algumas passagens:
  • De uma vez que fiquei muito brava quando um amigo meu me disse, depois de anos de amizade, que 90% das vezes que brigamos foi claramente culpa dele e eu sempre tinha sido a pessoa a pedir desculpas. Quando ele disse isso, rindo, eu me senti tão ridícula que não tive resposta para dar. 
  • De uma vez que um outro amigo ficou brigado comigo por meses a fio, sem sequer me dizer o motivo, enquanto eu, insistentemente, pedia desculpas TODOS OS DIAS sem nem saber o que eu tinha feito. Até hoje ele nunca me contou o que aconteceu, mas um dia, do nada, voltou a falar comigo, disse que a raiva tinha passado e, de quebra, me contou que o fato de eu ter ficado todos os dias pedindo desculpas sem nem saber porquê conseguiu irritá-lo mais do que o tal do motivo da briga: "Se você me pedia desculpas tão tranquilamente sem nem saber se realmente se sentia culpada pelo acontecimento, quer dizer que não se importa tanto, que pedir desculpas para você é banal". Mais uma vez fiquei sem palavras.
  • De um texto que eu li sobre como é errada essa mania de impor às crianças, feito robôs, que elas devem olhar para o amiguinho e pedir desculpas imediatamente após tê-lo machucado. A situação deve ser conduzida de outra forma, e não de uma forma que induza uma criança a pedir desculpas sem que ela esteja se sentindo culpada, porque assim parece que um pedido de desculpas, ainda que fajuto, será sempre capaz de resolver tudo - ou, ao menos, de botar panos quentes.
Isso tudo me faz pensar que tem palavras que a gente diz demais e que acabam perdendo o sentido no meio do caminho. Me faz pensar que a gente, talvez, não tenha que pedir desculpas quando não se sente culpado só para dar um jeito nas coisas: por mais que a intenção seja, a princípio, nobre, não é bacana (principalmente) consigo mesmo aceitar estar numa relação onde você tem sempre que se assumir culpado para ficar tudo bem. Uma hora a bomba acaba estourando, de um jeito ou de outro, e você ainda pode ser obrigado a ouvir, de alguém dando gargalhadas, que você pedia desculpa até quando a culpa não era sua. Me faz pensar no quão errado é tornar automático o pedido de desculpas quando você simplesmente não se sente culpado ou nem sequer sabe o que fez. E last but not least, me faz pensar no quão perigoso e pouco saudável é a ideia de se culpar o tempo todo.


São dois caminhos porque, no meio dessa análise toda, consegui compreender dois lados distintos da questão: o de pedir desculpas toda hora sem se sentir culpado e o de pedir desculpas toda hora por se sentir culpado sempre. Tem algum pedidor de desculpas lendo esse texto maluco? Então vamos frisar junto/as: nem sempre somos culpados. Na grande maioria das vezes nem existe um culpado em uma situação ou discussão. É só a vida e as frustrações que ela inevitavelmente gera, e se a gente se culpa o tempo todo pelas frustrações do outro isso não vai levar ninguém a lugar nenhum: nem o outro e nem a gente.

Se culpando toda hora a gente tira do outro a carga que ele tem que aprender a carregar quando é a vez dele - e coloca nos nossos próprios ombros. E como é fácil colocar nos nossos próprios ombros, não é não? Às vezes também, como eu disse ali em cima, nem é culpa do outro. Não precisa ser culpa de ninguém. Coisas acontecem (e não acontecem), a vida acontece (e não acontece também). Neil Gaiman disse uma vez que um dos grandes problemas das pessoas é que a gente vira e mexe se esforça para ser gentil com os outros e esquece de ser gentil com a gente mesmo. Preciso começar urgentemente a aplicar esse exercício: antes de me sentir a pior das criaturas por algo que não é my shit, melhor relembrar que também tenho ser gentil comigo para poder ser melhor com os outros.

Agora se o âmbito for o outro caminho, o de pedir desculpas sem estar culpado, acho que o exercício é diferente. Elaborando mentalmente o que o amigo do segundo tópico disse, percebi que é realmente mais fácil pedir desculpas quando a gente não se sente culpado at all. Era muito fácil pedir desculpas para a minha amiga quando ela se estressava atoa, ficava de joelhos na carteira da escola e começava a gritar comigo - se eu pedisse desculpas logo ela ficaria sem graça, eu ficaria de boas, a gente ia voltar a conversar normalmente e tudo acabaria bem, era só isso, eu não tinha culpa. 


O buraco é mais embaixo quando a gente tem (ou não tem, mas sente) culpa de verdade: o dia que eu gritei com a minha tia e pensei que precisava pedir desculpas fiquei mais ou menos 1h inteira batendo os talheres no almoço pensando na treta que era levantar a cabeça e pedir desculpas de uma vez. Posso estar errada,  mas acho que na maioria das vezes esse é um bom parâmetro: se pedir desculpas não é nem um pouquinho incômodo é porque, nem que seja lá no fundo, a gente não está sentido a culpa (ou a vergonha, que seja) pelo que fez.

Se dá para piorar a situação e os questionamentos, ainda consigo pensar rapidamente se o ato de pedir desculpas de uma vez não acaba tornando tudo muito confortável:::: a gente se acostuma tanto a pedir desculpas mesmo sem estar culpado que, de repente, para se autoavaliar e acredita que está pedindo desculpas sem estar culpado ATÉ quando está culpado - e quando a gente é culpado de verdade é importante sim aceitar as cargas da culpa, PELO MENOS com o intuito educativo, afinal de contas tem coisas que a gente precisa errar e internalizar para aprender com propriedade. ENFIM, muita água e muita margem para apenas um cérebro problematizador, alguém tá afim de debater?

Esse texto não tem conclusão. Vocês sabem que minhas filosofias de botequim (ou seriam sociologias de pia de cheia de louça?) nunca terminam concluídas porque não passam de uma agitadíssima auto-reflexão que eu prefiro, ao menos, deixar registrada antes de simplesmente deixar passar. Parafraseando Caio F., escrevendo eu me escuto pra caralho - e vai que, de quebra, ainda não acaba servindo para alguém? 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Leituras de janeiro e fevereiro

Eu disse para mim mesma (e para vocês) que eu queria sair da inércia e levei isso tão a sério que levantei a bunda da cadeira e gravei um vídeo! Tudo isso porque recentemente eu me viciei no youtube e passar a tarde vendo vídeo de pessoas tagarelando me dá muita vontade de tagarelar também - e também porque esse ano eu invoquei numa proposta de vídeos bimestrais sobre leituras ao invés de acumular tudo e fazer um vídeo de 50 minutos no final do ano que só as BFF tem paciência de assistir. Vamos ver se funciona.

(Aproveito para convidar todos a fingirem comigo que o título do vídeo cortado na miniatura foi proposital & cool e não uma falha no tamanho da imagem que eu só descobri quando fiz o update no youtube e fiquei com preguiça de consertar)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Sobre a inércia

Eu nunca gostei de física, mas se tem algo que tirei de todas as aulas desta nada distinta disciplina que fui obrigada a suportar da 7ª série até o 3º ano do ensino médio é que VM é igual a delta S sobre delta T e que a inércia é uma lei que prega que todo corpo que está parado tende a continuar parado.

Acho que comecei a entender mais ou menos o que isso queria dizer quando estava no olho do furacão do meu segundo ano de faculdade. Se alguém me perguntar como sobrevivi a 2011 eu não saberei dizer. É claro que eu sei que muita gente se vira nos 30 porque tem que fazer milhões de coisas todos os dias mas o câncer do vizinho não cura o meu resfriado e long story short, a verdade é que nesse longínquo ano de 2011 (parece que foi ontem) eu ia para a faculdade de manhã, para o estágio à tarde e para a aula de teatro à noite, o que fazia com que eu basicamente saía de casa às 6h40 e voltava para ela às 22h20, com um rápido intervalo no horário do almoço. Se você pensa que eu chegava e morria você está tremendamente enganado, porque os momentos relaxantes do dia devem ser aproveitados, dizem, de modo que eu chegava, tomava banho, jantava, e só então ia "viver", o que significava que era basicamente perto da meia noite que eu sentava no computador para assistir coisinhas, pegava um livro, pensava na vida, essas coisas. Eu passei 2011 inteiro dormindo uma média de 3 horas por noite - e eu não consigo lembrar de um ano em que eu tenha sido tão produtiva e tenha tido tanta energia, à parte do sono.

A verdade é que eu passava o dia bocejando e aproveitando cada trechinho de locomoção para cochilar e preferia almoçar em 10 minutos para dormir os outros 40 disponíveis, mas fico admirada de lembrar que mesmo bocejando eu tinha muita vontade de fazer um monte de coisa o tempo todo e me envolver em tudo quanto é projeto e invenção errada era possível. É por isso que o gráfico é tão desesperador, me acompanhem.

Lembro de alguém ter dito uma vez que quando você quer pedir alguma tarefa urgente a alguém, deve pedir a alguém que já está bastante atarefado. A ideia é que quem tem muito o que fazer sempre arranja uma brechinha para ter mais o que fazer, enquanto quem não anda fazendo muita coisa... precisa sempre de mais tempo ainda para não fazer nada. É triste constatar que isso é a mais pura verdade.

Como já falei por aqui em linhas tortas algumas vezes, em agosto do ano passado eu fui demitida. Cumpri o aviso prévio até o início de setembro e desde então entrei nas estatísticas. Lembro tão nitidamente da minha primeira madrugada como demitida porque eu chorava copiosamente e dizia que no dia seguinte iria procurar outro emprego. Quando a adrenalina baixou, fiz uma porção de contas e decidi que conseguiria "ficar de férias" até o final do ano. Seria um presente para mim mesma, concluí, porque desde o 2º ano de faculdade eu tinha começado a trabalhar, emendado um emprego no outro e nunca tinha nem parado para pensar no que eu queria fazer. 

O tempo passou e eu confesso que não procurei emprego ativamente até agora - já estamos em março. Tenho algumas coisas em mente, vou começar uma pós, alguns planos foram feitos incluindo uma viagem no fim de abril com o boy para "se despedir" do meu futuro 1 ano sem tirar férias, já que um emprego novo vem com isso na bagagem. Noves Fora (nunca entendi essa expressão) tudo o que eu queria era dar mais uma explicação barata pelo meu sumiço do blog: confesso que não ando fazendo muita coisa, e é impressionante como simplesmente sentar para escrever se torna complicado quando você não tem quase nada competindo a atenção com isso.

Quando a gente tem muito tempo livre parece que tudo pode ser feito daqui a cinco minutos. Tem dias que penso que preciso sentar e pelo menos pensar em algum texto - e nada. E nada. E nada. É um looping. E aí, depois de ter postado só duas vezes em fevereiro, eu lembro que em agosto eu segurei um BEDA inteirinho, trabalhando e vivendo normalmente. Onde foi parar tudo isso? No âmago do tempo em que eu tinha menos tempo sobrando e vontade de gastar minha energia com coisas interessantes que vão além de assistir seriado ou, sei lá, ficar parada olhando para o teto.


A inércia é um conceito muito verdadeiramente bizarro. Ou seria bizarramente verdadeiro? O fato é que, eu digo, já parece meio ridículo procrastinar postagens no blog, imaginem procrastinar pegar o celular, abrir o whatsapp e ver o que está acontecendo nos grupos. Ou ainda: parabenizar logo o amigo pela peça de teatro de ontem. Ou ainda: dar parabéns para a amiga que está fazendo aniversário. TUDO, absolutamente TUDO parece extremamente passível de ser feito daqui a pouco, ou daqui a muito, ou OPS, nunca? Posso me arrepender depois de ter dito isso, mas olha, que saudade de estar ocupada e produtiva e feliz de estar fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Não sou do time que prega que a gente tem que estar SEMPRE ocupado para ter orgulho de si mesmo. Prezo totalmente os meus dias de descanso, mas já deu muito tempo de aprender que eles são bem mais preciosos quando a gente passa, pelo menos, os cinco dias da semana esperando por eles - ou o mês inteiro esperando pelo feriado.  

Esse blog tem 7 anos com 6 anos e meio completamente assíduos. Peço perdão pelo semestre esquisito e vazio, ainda não consigo prometer que VOU VOLTAR e ser melhor, mas posso prometer que existe essa intenção, serve? Vocês ainda vão me ver, de novo, descabelada e postadeira e apaixonada, porque dessa novidade eu nunca mais vou me desocupar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

TAG das 20 músicas

Esses dias estourou no youtube brasileiro a TAG das 20 músicas, traduzida pela Karol Pinheiro, e aí minha amiga Rafinha me convidou para responder. Como o YT é meu novo vício, fiquei dias pensando seriamente em responder em vídeo. Acontece que ainda não baixei um editor bom e quero deixar o amadorismo de lado - de forma que óbvio que resolvi procrastinar mais ao invés de tomar uma atitude decente e aqui estou eu, respondendo em texto mesmo. O que também não é uma má ideia já que o blog está capengando, coitadinho. Vamos lá.


1. Música Favorita
O bom dessa TAG é que ela já começa mostrando a que veio, né? Então. Eu sou uma pessoa que fica muito nervosa quando alguém me pergunta meus favoritos porque levo a sério demais e sempre acho que vou responder errado e me arrepender disso o resto da vida (?) mas vamos lá que quem não sabe brincar não desce pro play. Eu acho que a minha música favorita é A Thousand Years, da Cristina Perri. Nada a ver com Crepúsculo, mas é que acho essa letra maravilhosa, acho a minha cara, acho o ritmo lindo e nunca vou conseguir passar se ela de repente começar a tocar no aleatório do meu IPod.


2. Música que mais odeia
Lazy Song, do Bruno Mars. Gente, eu nunca superei minha birra com essa música. Só de imaginar aqueles assobiozinhos eu já me estresso. E o pior é que eu sei que, como castigo por eu estar dizendo isso, dentre todas essas 20 possibilidades será ESTA que ficará ecoando na minha cabeça o dia inteiro após eu terminar de responder a TAG.

3. Música que te deixa triste
Essa vai ser minha resposta mais aleatória da vida porque na verdade minha tristeza não tem a ver com a música em si, mas sim porque lembro de ter ficado ouvindo a coitada no repeat enquanto viajava para o velório da minha avó em 2007. Não sei nem dizer se estava viciada de verdade nela na época ou se foram momentos de insanidade mesmo, só sei que toda vez que a coitada me surpreende tocando no aleatório do IPod eu lembro do dia que minha avó morreu e meu coração aperta. Estou falando de Things I'll never say, da Avril Lavigne.


4. Música que te lembra alguém
Eu poderia cantar Último Romance inteirinha para o meu namorado sem ressalva nenhuma porque essa letra foi escrita para nós dois e para todos os outros casais do mundo. Acontece que como eu sou poser de Los Hermanos e ele é fã de verdade, quem "cantou" para mim foi ele, mandando a letra no whatsapp mesmo, no meio de uma conversa (e eu nem sabia de que música ele estava falando), menos de uma semana depois que a gente se conheceu. Fui pesquisar e descobri que, olha que coisa, é dela aquela famosa frase que eu tanto amava: até quem me vê lendo jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei. Foi essa quote, inclusive, que usei de legenda para postar nossa primeira foto #instagrammer


5. Música que te deixa feliz


Não consigo disfarçar um sorriso quando escuto essa música. Acho a letra e o ritmo de Quase sem querer, do Legião Urbana, maravilhosos. Toda vez que ela toca eu fico pensando nas conexões que eu tenho com as pessoas legais que apareceram na minha e que fazem toda a diferença porque vêem o mesmo que eu. Não é o máximo lembrar disso?

6. Música que te lembra de um momento específico


Olha, eu não sei vocês, mas eu sou totalmente o tipo de pessoa que escuta música romântica e pensa nas amigas e Sparks Fly sempre vai me lembrar A Gente, vivendo, pulando, gritando, rindo e cantando, mas especialmente dA Gente fazendo tudo isso no casamento da Couth, Tudo o que girou em torno dessa cerimônia teve brilho demais e... faíscas de felicidade voando. 

7. Música que você sabe a letra inteira


Deus sabe a doença que 1989 foi na minha vida durante o fim de 2014 e grande parte de 2015. Foi o primeiro álbum inteiro pelo qual eu me apaixonei de verdade desde que começamos a baixar músicas aleatórias ao invés de precisar comprar o conjunto da obra, sabe? Mas se tinha uma música, dentre todas, que eu absolutamente não conseguia parar de ouvir e colocava para tocar em toda e qualquer situação possível essa música foi Blank Space. Eu poderia ser paga para dublar esta maravilha porque sei de cor cada segundo e cada trejeito dela. Minha mãe não se conforma que até os estalinhos da boca eu faço.

8. Música que te faz dançar
Vamos combinar que até que eu demorei a entrar em Taylor Swift numa TAG de música, né? Mas agora foram 3 respostas seguidas mesmo, nem peço perdão. A música que me faz dançar é Shake it off. Não consigo escutar essa beleza e ficar parada - e além disso ela também me lembra de um momento sensacional. Os outros convidados do casamento da Couth sabem muito bem o que aconteceu quando essa música começou a tocar repentinamente na pista de dança. 


9. Música que te ajuda a dormir
Na verdade não é uma música específica (também demorei a começar a roubar, né?) mas um álbum inteiro. Quando eu fico horas rolando na cama e o sono não vem, geralmente é Clarice Falcão que resolve com as delicinhas de seu Monomania. E eu disse geralmente porque se eu estiver agitada de verdade o que vai acontecer é que eu vou sentar na cama e começar a cantara as músicas e aí já era.


10. Música que você gosta em segredo
Desde que internalizei que essa história de Guilty Pleasure estava errada e que eu não devia ter vergonha das coisas que eu gosto eu, de fato, parei de gostar das coisas "em segredo". Só que aí agora eu acabei lembrando de uma música inusitadíssima que é 1) infantil 2) da Xuxa. Deixa eu contar para vocês que nem quando pequena eu gostava da Xuxa. Sempre fui team Eliana. Mas teve uma vez que fui passar férias na casa da minha tia e os filhos dela tinham o DVD (ou era VHS ainda) de um dos Xuxa só para Baixinhos. Tá bem, vai, eu sei que era o Xuxa Só Para Baixinhos 3 (agora que já estou passando vergonha mesmo não vou economizar e fingir que não sei dos detalhes) e eu infernizei a vida dos meus primos porque pedia para assistir O TEMPO TODO. Eu devia ter, sei lá, bem uns 13 anos e nenhuma vergonha na cara porque viciei num CD da Xuxa. E essa música aqui, aka O sapinho saiu pra passear é, até hoje, minha ruína. Não consigo pensar na história dos sapinhos e não cantarolar. Acontece.


O sapinho saiu pra namorar e com a sapinha quis casar AHAM AHAM AHAM

11. Música com a qual você se identifica
Todos os caminhos nos trazem de volta para Taylor Swift em 90% dos casos e I don't know about you but I'm feeling 22. Olha, eu fiquei feliz da vida que a moça lançou esta maravilha de música um tempinho antes de eu fazer 22 anos, porque aí pude ansiar por esse momento E comemorar bastante com ela. Acontece que eu já estou com quase 24 e continuo me identificando horrores. No fim, acho que os 22 anos viraram um estado de espírito, e estar happy, free, confused and lonely at the same time AND in the best way é a minha cara.


12. Música que você cantava e agora odeia
Viciar numa música e escutá-la inesgotavelmente ao ponto de, de fato, me esgotar, é a minha cara. Isso aconteceu com One last cry, da Marina Elali, tema que embalava o romance furado de Nanda e Léo, em Páginas da Vida. Eu era capaz de ouvir essa música no repeat por HORAS. Resultado: me saturei dela de uma maneira que quando ela toca do nada me dá até um azedinho. Que música CHATA.

13. Música do seu disco preferido
Acho uma sacanagem escolher um disco preferido. Depois que eu viciei em 1989 achei interessante essa ideia de voltar a conferir "o conjunto da obra" em alguns casos e não consigo decidir nem qual é o meu álbum preferido da própria Taylor. Tem dia que tenho certeza que é Speak Now, para então voltar para 1989 ou achar que é RED mesmo. Por hora vou de 1989 mesmo para ter a chance de usar Style nesta TAG.


PS: Ia colocar só um gif para não encher o post de vídeos MAS esse clipe é uma obra de arte e eu não resisti.

14. Música que sabe tocar em algum instrumento
HAHAHAHAHAHAH, do-ré-mi-fá no pianinho infantil conta?

15. Música que gostaria de cantar em público
Achei que nada poderia queimar mais o meu filme que a história da música do Sapinho, mas acontece que talvez isso seja pior ainda: minha vontade secreta de cantar Folhetim, do Chico Buarque. A versão que eu escuto é na voz da Luiza Possi e é tão bela, mas tão bela, e tão "suavemente sexy" que eu morro de vontade aprender essa jogada para cantar com plateia. Coitada de mim.

16. Música que gosta de ouvir dirigindo
Eu não tenho carteira porque eu ficava nervosa na prova a reprovei 3 vezes na baliza, essa é minha história de vida. Acontece que ENQUANTO eu fazia auto-escola e sofria porque meu instrutor era um ogro, um dia eu peguei uma rua movimentadíssima e estava tocando Part of me da Katy Perry. Eu nem gosto tanto dessa música, mas esse momento me marcou. Eu provavelmente estava a 35km por hora, mas no meu imaginário eu estava correndo magnífica com um conversível vermelho e cabelos ao vento falando que tudo aquilo era parte de mim. ´


17. Música da sua infância
Todas de Sandy & Júnior, mas como eu tenho que escolher uma vou de Maria Chiquinha, música com a qual eu brilhava muito no karaokê. O melhor era que eu imaginava todo o cenário da música acontecendo e só anos depois fui entender o que, de fato, Maria Chiquinha tinha ido fazer no mato. Não preciso nem dizer o quão assombrada fiquei quando me toquei de como Genaro, meu bem, iria aproveitar "o resto".

18. Música que ninguém imagina que você goste
Acho que depois do Sapinho vocês não duvidam de mais nada, né? Ainda assim eu tenho uma na manga porque todo mundo se surpreende quando eu, casualmente, coloco para tocar Do I wanna know do Arctic Monkeys. Não conheço mais nada da banda, mas adoro essa música?


19. Música que quer que toque no seu casamento
Desde que All of me, do John Legends, tocou como música ambiente no casamento da Couth (é a terceira vez que este casamento é citado nesta TAG) que eu não consegui superar e fico pensando que QUERO QUERO E QUERO. A versão que eu escuto começa com um solinho de violino tão mas TÃO maravilhoso que eu fico com altas ideias malucas de mixá-lo no início da marcha nupcial quando eu for casar.

20. Música que quer que toque no seu funeral
Posso ser dramática e querer que as pessoas estejam chorando de saudade de mim? Então. Aí eu ia querer que tocasse Vento no Litoral, do Legião Urbana, porque acho essa música lindamente melancólica - e não consigo perder a chance de imaginar as pessoas sentindo minha falta enquanto escutam aonde está você agora além de aqui dentro de mim. Sei que eu sou abusada.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Todo mundo adora uma história de amor (5 e além)

Parte 5: O mundo desfocou e só se via a gente

Bem, depois que eu decidi que "ficar num bar no Rio de Janeiro com um desconhecido" era uma ideia muito mais razoável do que eu tinha acreditado a vida toda que seria, a vida ficou bem mais fácil. Paloma foi embora, eu disse pro mocinho que tinha que voltar pra casa às 23h30 mas de repente era 1h da manhã e a gente não tinha visto passar.

Assim como tínhamos feito no whatsapp, conversamos por horas sobre o tudo e sobre o nada, dessa vez com muitos sorrisos, abraços e beijos no meio. Lá pelas tantas um bêbado parou na cerca do bar, bem do lado na nossa mesa, e desejou uma boa noite "para o senhor e a sua esposa". Mocinho olhou pra mim e disse que o bêbado era muito audaz porque tinha acabado de prever o futuro. Rimos. Nos beijamos de novo.

Fomos à pé para a casa de Paloma, onde ele me deixou, e logo começamos a conversar de novo no whatsapp. Ele que começou, 2 minutos depois de me deixar na portaria, dizendo "Foi incrível". E realmente tinha sido. No dia seguinte eu era uma pessoa de ponta cabeça na cama, rolando de um lado para o outro, enquanto falava no telefone com a melhor amiga que tinha conhecido o amor da minha vida, que era incrível, e que eu estava totalmente enchanted to meet him - e que tinha dito isso para ele.
  
O vídeo é ridículo e não oficial mas a música que conta

Saímos de novo dois dias depois - e de novo, dois dias depois. Cada intervalo de dois dias desses parecia um inverno inteiro. Eu virei o tipo de pessoa que queria levar o celular para debaixo do chuveiro; que ficava o tempo todo esperando a tela acender. Para a minha sorte ela nunca deixou de acender até hoje.

Depois desses três encontros chegou a hora de eu voltar para Curitiba e tudo o que eu sabia até então é que eu tinha deixado um livro emprestado com ele e que a gente ia se ver de novo. Além disso, tudo era um grande ponto de interrogação. Cheguei em casa numa segunda e continuamos nos falando sem parar, até que no início da madrugada de sexta para sábado, de 2 para 3 de outubro, ele me disse, sem preparação nenhuma e no meio de um assunto qualquer que ele estava completamente apaixonado. Eu disse que também estava. Foi ali que decidimos (ou entendemos) que estávamos, sim, falando de amor.

Eternos 26 dias depois ele chegou no aeroporto de Curitiba, por volta das 17h, enquanto eu paria (junto com ela) alces, dromedários, ovinos e eventuais galináceos de tanta ansiedade. Afora todos os dias de conversas ininterruptas no whatsapp, algumas madrugadas viradas e uns 3 skypes, não tínhamos olhado de fato na cara um do outro depois do grande momento. Mas foi tudo como se sempre tivesse sido. Ele foi lá pra casa e em 10 minutos a minha mãe também estava apaixonada.

Entre idas e vindas (agora a gente praticamente vive no aeroporto), antes do final de dezembro ele já tinha conquistado metade da minha família - e eu finalmente estou conhecendo quase todo o grupo de amigos dele. Dia 29 de janeiro fizemos 3 meses da data de pedido de namoro oficial. Eu sei que a vida não é um conto de fadas, mas de vez em quando ela faz de tudo para parecer.

E além

Namorar é uma loucura. Às vezes eu penso que ter "esperado demais" acabou me deixando mais despreparada, às vezes eu acho exatamente o contrário. Desconfio severamente que a Analu de 16 anos, que tanto queria conhecer um príncipe encantado, não saberia lidar com isso. É muito diferente de todas as outras relações que já construí na vida. Minha família jamais "terminaria" comigo do nada e nunca coloquei um ponto final numa amizade, mas namoros, aparentemente, são assim. Alguns são para sempre, outros não, e dentro desses outros existe aquela pequena possibilidade de um relacionamento terminar com os 2 não querendo mais e em paz. Mas é uma pequena possibilidade. Existe toda a outra porcentagem, onde um só desiste e o outro tem que aprender a se virar - e de repente passa a ser muito esquisita a sensação de estar com alguém que você ama e que pode ligar para você num sábado a tarde e dizer que não está mais afim.

Durante esses 3 primeiros meses a gente não teve nenhuma briga, mas mais conversas sérias do que eu imaginava, muito por causa da distância e do aprendizado de reparar as arestas que toda nova relação deve exigir. Aprender os limites de um e de outro, dar aquela requebrada nos estilos de vida quando eles não andam tão juntos. Tudo até agora resolvido na base de muito diálogo e muita tranquilidade dele enquanto eu chorava do outro lado. Eu sempre fui uma pessoa que chora, falar de coisa séria balança todos os meus ânimos, mas até agora a nossa boa vontade para conversar e para ser sincero tem feito tudo se desenrolar da melhor forma possível. Minhas amigas disseram que um namoro com premissa de sinceridade e diálogo tem tudo para dar muito certo. Amém. E além.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Todo mundo adora uma história de amor (3 e 4)

Parte 3: O dia em que eu fui pedida em casamento pelo Tinder

Com o match do meu (até então futuro) mocinho em mãos (e mais uns dois ou três sem importância), eu e as meninas acabamos desencanando do momento e largando o aplicativo para foliar de outras maneiras. Fomos comer hambúrguer, falamos da vida e depois continuamos comendo jujuba e rolando de rir no chão do quarto. Dormimos.

Quando eu acordei, um dos outros matchs tinha me dado bom dia. Respondi e, confesso, acabamos papeando por uma boa parte do dia. Era um papo normal com aquelas dosezinhas de paquera perdida de um lado para o outro. Passarinha estava no trabalho, sendo atualizada de cada passo. O engraçado era que ela sabia desde antes de mim que não era ali a graça, porque insistia em repetir: - Tá bom amiga, tá legalzinho esse papo mas vai falar com o outro, vai. Ele é de humanas. 

Eu, que com nem um pouco de orgulho assumo que não sou do time das que tomam atitude, só respondia para ela que não ia falar com ninguém, que se o cara de humanas quisesse ele viria falar comigo. Eram mais ou menos 17h quando, do nada, a janelinha do aplicativo piscou de novo. Era o cara de humanas e ele dizia: - Não tira o batom vermelho.

Fiquei tão nervosa quando ele falou comigo que não sabia nem o que fazer. Quem me conhece sabe que eu mal consigo lidar com a ideia de flertar com UMA pessoa, imagina com duas ao mesmo tempo. Respirei fundo, aproveitei que a deixa da conversa tinha sido engraçada (e de humanas!) e respondi, dando risada, que nem de batom vermelho eu estava, que homem não entendia mesmo de cor. Ele disse que eu estava sim, eu disse que não, não lembro o que mais falamos, a conversa parou.

Paloma chegou do trabalho e resolvemos que era interessante sentar no colchão de ar que estava no chão do quarto e tirar metade dos livros da estante para conversar sobre eles. No meio disso eu comentei que o primeiro garoto tinha ido cochilar e que o garoto de humanas de que ela tanto tinha gostado tinha vindo falar comigo, mas a conversa não tinha rendido. Que sorte que ele é insistente.

Devia ser por volta das 19h30 quando, em meio a todos os livros que eu e Palo tínhamos espalhado pelo chão, o Tinder piscou de novo - e era ele, de novo, dessa vez perguntando algo como "mas e aí, como foi seu dia?". Desde então eu não sei direito o que aconteceu, mas em questão de vinte minutos eu tinha sido pedida em casamento E aceitado. Pouco tempo depois disso já tinhamos combinado morar na Austrália, ter uma tartaruga chamada Jaime e três filhos. Era o jogo de flerte menos assustador e mais engraçado que eu já tinha visto na vida. Passamos rapidinho para o whatsapp e de lá só saímos as 4h da manhã (juro) com um encontro marcado e absolutamente nenhuma ideia do que estava acontecendo. Falamos de tudo e de nada, ao mesmo tempo, por horas seguidas. Foi o melhor primeiro encontro da minha vida - e a gente nem tinha se encontrado ainda. Deixamos o encontro marcado para sexta-feira (e ainda era segunda), mas eu brinco até hoje que foi ali no quarto de Paloma, na Rua de Matacavalos, onde tudo aconteceu.

Um oferecimento de Machado de Assis

Parte 4: Ali naquela quarta-feira de setembro

Bom, agora preciso dar uma acelerada e dizer de uma vez que tudo o que aconteceu dali em diante foi ladeira acima. Adiantamos o encontro para quarta-feira porque não estávamos dando conta da situação. Eu tinha vontade de falar com aquele garoto o dia inteiro - e ele comigo. Pratos na mesa, nova data definida e lá fui eu acordar na quarta-feira com um iceberg dentro do estômago. Dado o meu histórico, o primeiro pensamento que deveria ter vindo na minha cabeça era a desistência - o que foi muito engraçado, porque apesar de todo o pânico (EU IA SAIR NO RIO DE JANEIRO COM UM "CARA DESCONHECIDO") eu nem cogitei cancelar os planos. Passei horas pendurada na orelha de Paloma (coitada) dizendo que ela tinha que ir junto de qualquer forma, enquanto ela reclamava que não queria empatar o coitado do garoto. No fim das contas, ficou combinado que ele levaria um amigo.

Durante o dia eu tentei viver normalmente e fazer a fina. Passei boa parte da tarde com Couthinha, terminei de ler um livro, visitei exposições, fiquei horas no jardim da Biblioteca Parque. Depois de tentar empurrar todos os receios para debaixo do tapete, de noite eu estava uma pilha de nervos. Lembro que tomei banho e me maquiei rapidinho depois ouvindo Ed Sheeran. Aí então eu e Palo saímos a pé e fomos caminhando pela Lapa até encontrar o tal do bar onde o date tinha sido marcado.

Eu podia dar uma enfeitada na história mas a verdade é que O BAR era um boteco de esquina MINÚSCULO com luzes apagadas e mesas de plástico pelo calçadão IGUALMENTE apagado. Perguntei onde ele estava e ele disse "preso no trânsito". Quando peguei o cardápio e vi que só tinha cerveja e dose de pinga para beber, olhei para a cara da Paloma em desespero. Ela disse que aquilo era um programa bem carioca, eu disse que então eu não era carioca o suficiente. Ela indicou outro lugar, passei a mudança de planos para ele no whats e seguimos a pé.

Com mais 5 minutinhos de caminhada chegamos ao novo bar, agora sim, um bar enorme e todo iluminado, com mesinhas de madeira e muitas outras coisas para beber. Achamos que tínhamos chegado primeiro e sentamos na primeira mesa - foi quando olhei o celular e ele disse que já estava numa mesa do outro lado do estabelecimento. Levantamos e nos encontramos no meio do caminho. Mais uma vez eu vou perder a chance de ser romântica para falar a verdade, e a verdade é que na hora eu estava TÃO nervosa que eu só consegui reparar que ele não tinha trazido amigo nenhum e que a Paloma não ia querer ficar. Tive mais ou menos 10 segundos para decidir se eu ficaria sem ela ou não (com um desconhecido (?)! no Rio de Janeiro!). Aí (agora brace yourselves porque serei romântica mesmo) eu olhei direito, finalmente, para o tal mocinho de humanas do Tinder e consegui falar para a Paloma, sem medo nenhum, que ela podia ir embora. Estava tudo bem.

E foi assim que eu vi que a vida colocou ele pra mim

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Todo mundo adora uma história de amor (2)

Parte 2: o império contra-ataca (?)

Já estávamos quase em outubro. Com "quase em outubro" vocês podem entender que é quase a época do ano em que eu, psicologicamente, jogo de vez a toalha: se as coisas não aconteceram até agora, não vão mais acontecer, vamos esperar janeiro e começar a ter esperança na vida de novo. Esse pensamento foi só mais um dos cuspes que eu dei no teto e caíram bem no meio da minha testa.

Pois então, estávamos quase em outubro e eu estava ~de férias~ na casa de menina Passarinha. Viajei para lá num sábado, e se vocês vissem o meu astral na sexta-feira de noite arrumando as malas diriam que era melhor não voar daquele jeito: as bad vibes poderiam pesar no avião. Não que eu não estivesse animada para ouvir Riri no RiR e amassar minhas amigas, mas aquela famosa penetra da vida alheia conhecida por aí como Darkness, the old friend tinha pintado na área e com força. Meu emocional estava tão derrubado que eu falei um dia antes com minha anfitriã pelo whatsapp combinando de passarmos a noite de sábado todinha em casa, comendo pizza em cima do tapete, chorando nossas mágoas juntas e ouvindo Sandy. Ela prontamente concordou.

Acabou que depois que eu cheguei e encontrei com a amiga e com um sol maravilhoso minhas energias já deram uma renovada. Quando foi de noite, estávamos direitinho cumprindo nossos planos: tinha Sandy e tinha a gente jogadas no tapete. Acontece na frente do prédio dela tem um boteco e neste boteco eles fritam batata frita o dia inteiro, de modo que na décima vez que aquele cheiro de fritura com óleo duvidoso entrou pela janela bem na nossa cara eu decidi que estava vencida: - Amiga eu sei que os planos eram passar a noite toda chorando em casa mas pelo amor de Deus podemos levantar rapidão e ir comer batata frita? Fomos.

Clima de suspense

Sinto decepcionar a esperança (?) de vocês com essa fábula do "não-queria-sair-mas-acabei-saindo-e-encontrei-o-amor-da-minha-vida-neste-dia" porque não foi ali não. Ali a gente só sentou, papeou e comeu muita batata-frita mesmo. O que rolou é que a essa altura eu já nem lembrava direito da darkness e estava quase bem. Essa história aí em cima foi só pra explicar que estava tudo meio torto mas que depois de um dia mais felizinho em terras cariocas eu resolvi que talvez desse sim para voltar a rebolar minha bunda (?) na cara da sociedade; que talvez o império pudesse, de fato, contra-atacar*

No dia seguinte os planos eram acordar num horário razoável, tomar café da manhã no Forte de Copacabana, passar a tarde na praia e terminar o dia, tão carioca, passeando na escadaria Selarón. E foi exatamente tudo isso aí que nós fizemos, acabando, sei lá, às quase 19h, rolando de rir no chão de casa, de biquini, até a hora que eu, sem nada na cabeça, proclamei que a bad tinha passado e que eu tinha visto cariocas belos demais para não tentar apagar fogueira com álcool: - Amiga, vou baixar o Tinder, não tenho nada a perder mesmo.

Nesse cenário ainda havia Letícia, uma personagem importante da história, flatmate de Paloma, que pregava aos quatro cantos que tinha conhecido o namorado pelo famigerado aplicativo e estava completamente apaixonada. Eu só ri, disse que histórias de amor eram raras demais e que se rolassem uns beijinhos com um carioca gato que eu nunca mais visse já estava bom para mim e ainda renderia um causo engraçado para contar para os netos. Baixei. Um tempinho depois, após MUITOS perfis com fotos duvidosíssimas do aparelho sexual masculino e/ou de casais propondo menáge, apareceu uma foto masculina muito interessante.

PAUSA: Alguém mais acha que os homens são prejudicadíssimos no quesito selfie? Porque assim, a gente faz folia, faz uns biquinhos, um sorrisos, ajeita o cabelinho e bate a foto, tá todo mundo acostumado com as nossas selfies. Agora, selfie masculina é um assunto muito delicado. Entre 200 a gente salva, sei lá, uma. A foto dele era tão boa que nem era uma selfie. DESPAUSA.

Então, a foto dele era bela, mas não era óbvia. Era meio conceitual, dessas intrigantes. Parecia um sorriso, mas a mão, que ele estava mexendo no momento, passava meio embaçada na frente da boca. Enfim, com base nesta descrição vocês imaginaram uma foto muito da mal montada com a intenção de parecer espontânea, mas não. É uma foto BELA. E espontânea de verdade. No fim das contas era quase tão subjetiva a ponto de não me convencer. Entrei no perfil, dei uma olhadas nas outras imagens disponíveis, passei o celular para a avaliação das coleguinhas presentes que rapidamente disseram: AMIGA DÁ LIKE, ELE É DE HUMANAS! OS INTERESSES EM COMUM ENTRE VOCÊS SÃO A CAPITOLINA E O BERLIN ART PARASITES!

Depois de uma opinião tão efusiva peguei correndo o celular de volta e foi ali que eu reparei, novamente, na foto de perfil. Além de todo o resto ele estava usando AQUELA camiseta da Chico Rei com o trecho de Capitu, a dos olhos de cigana, sabe? Então. Era um menino bonito, aparentemente de humanas, usando uma camiseta com meu trecho favorito de Dom Casmurro (eu sei que eu sou clichê). Dei o like - e na mesma hora pulou um IT'S A MATCH na minha tela.


*Vejam vocês que o mocinho dessa história é um grande fã de Star Wars, de modo que, no meu último post, ele deu a ideia de que os subtítulos fossem os nomes dos filmes da série. Achei que se algum dos textos combinasse com algum dos títulos eu poderia fazer a felicidade dele e não é que essa história de estar na bad mas resolver reviver podia calhar com um império contra-atacando? Eu sei, a metáfora é infame - mas eu fiquei orgulhosa e ele vai ficar feliz.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Todo mundo adora uma história de amor

Parte 1: long story short do que veio antes

Uma coisa importante que vocês já devem saber sobre mim é que eu passei a infância inteira assistindo filmes da Disney - e uma boa parte da adolescência dividida entre as comédias românticas e livros que descreviam belíssimas histórias de amor. Não sei o que essa avalanche de utopia faz com a cabeça das pessoas normais, mas acho que sei bem o que fez com a minha.


Foram infinitas noites em claro, das sonhadoras às desesperadas: tinha hora que eu imaginava o cenário perfeito do primeiro encontro e hora que eu tinha certeza que nada nunca aconteceria comigo e eu ia acabar morrendo seca. É, acho que também assisti novelas de época demais durante a trajetória.

Outra curiosidade aleatória é que, quando eu era pequena, tinha em mente que os 16 anos seriam um marco. Sempre que eu me imaginava no auge da minha adolescência, tendo longos cabelos lisos, unhas compridas e um namorado bonitão, isso acontecia aos 16. Pois bem, os 16 vieram, passaram, me deixaram comendo fumaça e nada de história de amor.


Ainda outra coisa que vocês podem aprender sobre mim é que eu levo tudo a sério demais. Eu não sei "ter um casinho". Se eu conhecia alguém que eu achava interessante, antes mesmo do ser humano perceber a minha presença eu já estava testando se nossos sobrenomes combinavam com os nomes que eu sempre planejei para os meus filhos. Nunca consegui experienciar isso que as pessoas chamam de se divertir com os errados. Eu ficava com alguém. Ficava uma. Ficava duas. Ficava três vezes no máximo e já estava querendo escalar o Everest só para fugir da enrascada que era insistir em ficar com um garoto que não estava fazendo a minha vida virar de ponta cabeça ou o meu coração querer sair pela boca. Eu sou assim. E passei anos achando que tinha vindo com defeito de fabricação.

Fui achando algumas amigas no meio dessa caminhada que entendiam exatamente o que eu sentia porque, pasmem, sentiam a mesma coisa. Então pelo menos eu não era a única - não que fosse legal pensar nas amigas sentindo os mesmos desesperos e a mesma vontade de fugir para as colinas. No início de 2015 acabou caindo nas minhas mãos o livro Never Have I Ever, a autobiografia de uma moça de 25 anos que nunca tinha tido um namorado, ou melhor, nunca tinha conseguido passar nem do segundo encontro. Eu ria e chorava ao mesmo tempo enquanto lia: gente, pessoas assim, elas existem.

Me conformei abraçada com Katie, a autora, logo no prólogo: tem pessoas que são farol, tem outras que são triângulos das bermudas. Na concepção dela, os faróis são aqueles seres humanos que são sempre vistos, sempre cortejados, sabem flertar e estão, curiosamente, SEMPRE namorando. Na minha cabeça essas pessoas sempre foram um mito a ser desvendado. Eu olhava para uma prima minha ou para uma das minhas amigas que sempre emendava um namoro no outro e ficava pensando: MAS COMO. Assim, se eu, em todos esses anos, estava achando tarefa impossível achar UMA pessoa, como é que elas conseguiam tantas? Fica o mistério no ar.


Pois bem, voltando à definição dela, à parte dos faróis está a categoria na qual eu me encaixo: os não tão famigerados Triângulos das Bermudas. Segundo Katie os triângulos das bermudas são os locais aos quais nenhum navegador consegue/quer chegar. Com isso, acaba que quando algum desavisado chega ali por acidente o triângulo não faz a menor ideia do que fazer com a visita inesperada, reagindo de forma inapropriada e estragando tudo. Sempre. No fim das contas ela deixa no ar uma mensagem de esperança, para ela mesma e seus possíveis leitores triangulares: um dia vai, né? Tem que ir. Tem horas que é fácil acreditar nela. Tem horas que é difícil. Até que de repente, de fato, vai, e você, quase sem fôlego, nem consegue explicar direito como as coisas aconteceram. Mas vou tentar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Maria vai com as outras

Eu já contei que eu sou facilmente impressionável e influenciável, né? Quero dizer, calma. Tudo tem limite. Minha mãe me falou a vida inteira que eu não era todo mundo quando eu pedia para fazer algo que todo mundo fazia e eu até guardei isso no íntimo do meu ser para usar em casos mais graves. Não tenho vontade de fazer tudo o que ~todo mundo faz~, mas quando a bobagem provavelmente não vai me render consequências sérias e as minhas amigas começam a entrar na onda fica meio irresistível.

Foi assim que a mais ou menos 2 horas atrás eu li o post da Anna Vitória falando sobre newsletters e divulgando que tinha criado uma que deu a louca nas migas e resolvemos sair criando newsletters adoidadas. Nem sei o que eu vou falar. Nem sei qual vai ser a periodicidade. Mal estou conseguindo manter esse blog, mas aparentemente folia errada é meu nome do meio e eu não podia ficar de fora dessa.

Pra que serve uma newsletter? Do que ela se alimenta? Bem, juro que a Anna explicou melhor lá no post dela, mas vou resumir ao meu entendimento: para contar causos, problematizar e discutir sobre as aleatoriedades da vida sem a pompa de estar escrevendo em público na internet. Continua sendo público? Razoavelmente, mas a pessoa que assinar recebe a asneira bonitinha lá no e-mail dela (ainda por cima é vintage!) ao invés dela ficar piscando em neon na cara da sociedade em uma página aberta do blog que todo mundo pode acessar a hora que quiser. Pelo menos eu acho.

É quase como trocar cartinhas!

Aviso de antemão que a linha editorial será quase a mesma que a desse recanto virtual semi-abandonado: nenhuma. Vou falar sobre o que me der na telha. Inclusive, como eu sou péssima para criar títulos, fiquei mais de 40 minutos pensando em um e no fim das contas decidi, meio mal humorada, que era bacana ela ter o nome que refletisse da forma mais clichê possível o seu próprio conteúdo. Migas, migos, sejam bem vindos à Me deu na telha. Pretendo falar umas bobagens a cada quinze dias; se eu estiver inspirada vocês começam a receber notícias semana que vem. Vamos ver se o ishquema realmente funciona. Alguém aqui ainda gosta de receber e-mail?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

E esse ano que tá voando?

Parece que foi ontem que pulamos ondinhas vendo os fogos e olha aqui de repente já é fim de janeiro tô brincando. É que ainda não ouvi nenhum comentário sobre a suposta velocidade com a qual o novo ano está passando mas pouco falta né? Com carnaval logo no comecinho do ano então parece que tudo passa mais rápido e em questão de alguns minutos vai ter alguém dizendo que “já passou a páscoa meu Deus já estamos no fim do ano!!!”.

Como este blog é contra essa ideia de começar a se despedir do ano antes de, sei lá, novembro, vim contar que eu vi sim cada um desses 19 dias e meio se passarem. Alguns com mais agitação, outros com menos, mas quem foi que disse que passar a tarde assistindo seriado não é viver?


Os primeiros cinco dias passei, como de praxe, flanando na cidade natal (mais conhecida por aí como Vitória) mas segurei o boy comigo porque não sou besta. Na verdade desde antes de a gente começar a namorar oficialmente já tínhamos decidido que íamos passar o réveillon juntos (toda aquela história de que você vai passar o ano do jeito que passou a virada e blablabla queria meu bichinho pra beijar à meia noite mesmo porque sou dessas) e deu tempo até de levar o menino para conhecer os parente no interioR. Brincadeiras a parte, rolou muito sorvete, uma banho de piscina, um de mar e mais um punhado de tempo deitados na frente do ventilador assistindo seriado (e dando uma lidinha também porque eu não sou de ferro).

De 4 ele voltou pro Rio e dia 5 eu fui atrás. Foram mais sete dias muito gostosos – teve mais seriado, teve pizza, teve piscina, teve um filme ruim de Disney (O Bom Dinossauro, sugiro que evitem), teve até um domingão em Ipanema com direito a Couth e Passarinha e teve muito ninho, amor e grude. Foi tanto que deixou até ressaquinha: dia 12 de janeiro eu voltei pra casa e parecia que estava faltando um pedaço. Já seria tão ruim dormir sem a minha conchinha que o universo resolveu dificultar ainda mais e mandar um nariz entupido que eu achei que seria passageiro mas até hoje me restam resquícios.

Arraso no Paint

Como nem só de saudades sobrevive um ser humano, eu mal tinha esquentado lugar nas terras curitibanas e no dia seguinte à minha chegada estava novamente no aeroporto – dessa vez para resgatar Anna Vitória e nossos prometidos dias de emergency dance parties  de janeiro. Como ela mesma disse lá no blog dela, é muito bom quando nossos planos aleatórios acabam se tornando reais e durante esses quatro dias a gente aproveitou bastante do nosso jeitinho: teve Friends, teve livro, teve gravação de vídeo e teve jogo de Charadas. A gente até conseguiu sair pra dançar no sábado (na base do Tylenol Sinus) mas não foi o sol de domingo que vimos nascer – às vezes rola de ver o dia raiar da pista de dança, às vezes é de dentro do quarto mesmo. De sexta pra sábado a gente conversou tanto, jogou tanto e riu tanto que de repente o quarto estava claro e a gente estava ali.

Domingo ela foi embora e se vocês pensam que se despedir do namorado e da melhor amiga na mesma semana é fácil vocês estão enganados. Fiquei empurrando a vontade de chorar até de noite porque entre as 15h e o fim do dia eu ainda tinha um aniversário super especial parar ir. Foi belo, deu pra comemorar, mas era perto de 21h quando consegui sair à francesa, chegar em casa e dar uma boa chorada. Alguns fatores ajudaram porque de vez em quando acontecem coisas, mas o que importa é que tudo está bem quando acaba bem.

De domingo até hoje, confesso, só senti saudade, assisti seriado, assisti novela, assisti Big Brother , assisti o RIP da minha vida de blogueira quando ninguém comentava meu último post e terminei um bom livro. Foi um punhado de aventuras em 19 dias e meio, vai dizer?

sábado, 16 de janeiro de 2016

Aquele com o vídeo sobre Friends

Hoje já é o 16º dia de 2016 e nenhum texto foi postado nesse blog ainda mas, vejam bem, como quase tudo na vida tem solução eu resolvi aparecer em grande estilo: com uma ótima dupla e falando sobre aquele assunto eterno que vocês já devem ter captado pelo título do post. Peguem a pipoca, se aprocheguem (e eventualmente continuem o diálogo porque a gente tá carente).

Eu sei que já não adianta prometer que EU VOLTO e volto direito, com texto bom e coisas do tipo, mas quem sabe os astros não se alinham qualquer dia desses e as coisas comecem a acontecer novamente? Cruzemos os dedinhos. Enquanto isso deem um pouco de risada com a nossa falta de dignidade.