Porque a gente acha que está acostumado, né? Com a morte? A gente sabe que todo mundo um dia morre. Aí a gente senta pra esperar o tempo passar e fica se imaginando lá, velhinho, deitado em uma cama, fechando os olhos para nunca mais abrir. Sereno, pronto para voar. Não que dessa forma morrer deixaria de ser ruim para ser lindo. Mas seria poético. E talvez parecesse mais justo.
Mas não é assim. Bial disse uma vez, e eu sou obrigada a concordar. A morte é uma piada de péssimo gosto, que em pelo menos 98% das vezes não aparece quando você tem 120 anos e está deitadinho esperando o céu te abraçar. Ela acontece de repente, no meio de uma semana em que você já marcou cabelereiro, cinema e passeio no parque. Eu sei disso. Todo mundo sabe disso. Vive acontecendo por aí, e a gente respira, agradece por não ter sido a gente, e continua vivendo, o que podemos fazer? Só que aí ela acontece relativamente perto da gente. E a gente toma um susto tão grande que te coloca com a cabeça parada no travesseiro, os olhos arregalados, e a cabeça Deus sabe onde.
Porque eu estava em um dia nada mais que normal. Acordei morrendo de sono, reclamando do frio, fui pra faculdade, fiz prova, voltei, cochilei, até sonhei que estava no dia do casamento da minha prima, e eu, que sou madrinha, ainda não tinha arrumado vestido. Levantei pra almoçar, peguei o prato e resolvi abrir o facebook do celular antes da primeira garfada, e foi aí que eu perdi o apetite. Porque, graças a Deus, o meu dia estava normal demais, e foi duro perceber que o de muita gente não estava assim tão trivial.
Morreu uma menina que estudou comigo no prézinho. Uma menina que fez 20 anos apenas dois dias depois de mim. Uma menina nova, bonita, festeira, cheia de amigos, que eu vi pouquíssimas vezes depois que paramos de estudar juntas, e ainda assim, por uma coincidência. Não éramos amigas, mas isso pouco importa. Ela era uma menina de 20 anos que estudou comigo no prézinho, e agora eu não consigo parar de lembrar da cena dela me emprestando a boneca dela, um dia, lá no parquinho da escola. Porque é muito bizarro pensar que um dia desses a gente estava com 6 anos no parquinho da escola, cheias de sonhos e futuro pela frente, e, de repente, ainda tão no começo da festa, ela se foi.
É susto demais, gente. Susto demais pra família, susto demais pros amigos, susto demais pra mim, que pouco tenho a ver com isso, mas que quase virei da cadeira quando descobri. É aquele susto que a gente é obrigado a levar quando nos jogam na cara a fragilidade da vida, enquanto a gente está simplesmente morrendo de sono e reclamando do frio. É aquele momento em que a gente para pra pensar, agradece um milhão de vezes por estar vivo, e implora pra não nos levarem também embora tão no comecinho da festa.
Ana Carolina, que você esteja com Deus, menina. E que esteja bem.
Entendo como você se sente, Aninha. Em 2010, morreu uma menina da minha escola. Ela era do meu ano, tava se formando também. Tinha 18 anos e, apesar de eu não ser amiga dela, lembrava dela dos corredores. E o sorriso dela era tão marcante e tão constante, que eu fiquei mal por um bom tempo.
ResponderExcluirA morte não me desce, não consigo entender ou aceitar.
Que ela esteja bem.
Beijo! <3
Ai gente... morte sem ser de velhice é muito tenso mesmo. Tensíssimo. Nunca me esqueço da menina que se matou na minha escola, a tinha visto umas três vezes e passei um ano lembrando dessas vezes o tempo todo. Foi terrível. Nunca falei com ela, mas foi tão bizarra a sensação, assustadora, esquisita que parecia que a conhecia desde sempre. Mas a vida é assim, como você disse, temos que continuar com a nossa torcendo pra que não acabe no próximo suspiro...
ResponderExcluirVocê vai morrer só com 120 anos, tenho certeza!
Abraços!
É difícil. Tenho muita dificuldade de lidar com a morte por já ter visto de perto na minha família. Em 2009, uma colega de trabalho que eu falava todos os dias, morreu inesperadamente e até hoje não sei ao certo como. Fiquei sabendo que ela foi fazer uma cirurgia e morreu. E gente, como assim? "Tava falando com ela ontem", eu dizia.
ResponderExcluirA morte é injusta demais. É uma coisa horrível. Nunca vou me acostumar com isso, capaz até de levar para o túmulo. Acho mesmo que vou morrer inconformada...
Esse assunto me da muito o que falar.
Mas enfim, que ela esteja bem e em paz..
Beijo!
Nossa, Aninha! Eu acho que eu nunca passei por isso com alguém próximo. Que eu me lembre, só em 2009, que o pai de uma menina que estudava comigo faleceu. Isso foi o suficiente pra eu ficar chateada por dias.
ResponderExcluirEu acho que eu prefiro morrer a perder meus pais tão cedo.
Ana Carolina deve estar em um lugar melhor agora...
Beijo! <3
Me deixou com vontade de chorar, esse seu texto... E as vezes eu penso nisso, sabe? Em quantas pessoas podem estar sofrendo horrores enquanto eu to jogada no sofá de casa,irritada por não ter uma coisa que preste pra assistir na tv a cabo, ou que tem alguem passando fome e frio enquanto eu to reclamando do sinal da internet.
ResponderExcluirPor isso que esse ano eu comecei o 365 days of grateful, abandonei, confesso, mas todo dia eu acho uma coisa por ser grata e levo isso pra cama comigo, mesmo sem rezar, mesmo com tantas vontades não feitas acho que a gente devia agradecer por tudo...
Porque tanta gente tem tão pior, e tão pouco.
Que a menina esteja em paz.
beijos
Analu, super vi nas suas palavras! Bem, você leu minha última postagem e sabe como me senti depois da notícia do amigo do meu colega de ensino médio. Em um dia estamos aí, correndo pra cima e pra baixo e, quem sabe aonde estaremos no dia seguinte? É como eu disse lá no blog, o jeito é aprender a aproveitar todos os pequenos momentos de felicidade que temos. Pode parecer tolo tentar seguir o 'carpe diem' mas nunca antes na vida vi tanto sentido nisso.
ResponderExcluir=*
Nossa, Ana que coisa triste! Eu também me espanto com esse tipo de coisa, a morte é uma palavra feia e pra mim vem sempre acompanhada de dor (de quem fica, de quem vai). É muito triste saber que alguém foi embora, e sei exatamente como é reviver nossos momentos com aquela pessoa, ou imaginarmos como poderia ter sido caso ela ainda tivesse ficado mais um pouco.
ResponderExcluirQue ela descanse em paz, e que encontre o quanto antes e junto com os seus amigos e familiares, conforto.
Beijinhos
Minha menina!
ResponderExcluirA gente vai vivendo sem pensar muito em como é viver. Acordamos, e vamos para mais um dia. e aí, sem mais nos deparamos com a morte. Ela é certa para todos. E hoje, particularmente ela fez parte de nossas vidas, apesar de ter ocorrido com pessoas que não são familiares, ou não próximas. Mas,pessoas que cruzaram em algum momento a nossa vida, ou de alguém bem próximo a nós.
Digo isto após ler o seu texto.
Hj pela manhjã li no jornal a morte dessa jóvem. Fiquei chocada, mesmo sem saber que em algum momento ela já passou tão próxima a mim, através de vc. E também os dois rapazes que estavam desaparecidos juntamente com as garotas. Um foi aluno da Isabel, nossa prima. O outro, o pai trabalhou com a Rochely,
Tudo me faz reletir sempre na efemeridade da vida.
Fique com Deus.
Beijos da tia que a ama muito.
Nossa!
ResponderExcluiré um pena saber disso.
e esses dias também tive um suto desses, quando soube que meu professor de ingles que eu tanto amava não estava mais entre nós. faz alguns anos que terminei o fundamental, mas mesmo assim eu lembro das aulas de inglês (minha materia favorita), dos alunos, de tudo, e isso me deixou chocada...
Eu entendo esse sentimento.
Aconteceu comigo também.
ResponderExcluirÉ assustador porque, por mais que tenhamos a consciência de que morrer é uma consequência da vida, não é para a morte que nos preparamos, e não é por quem esperamos, mas sim pela quinta-feira, dia de ir ao cinema, não é mesmo? Você teve forças para escrever sobre isso, e isso é bom. Espero que você fique bem.
Nossa, é de partir o coração msm! Qnd eu tinha 15 anos, uma menina que eu via sempre, que tínhamos amigos em comum, que eu devo ter trocado 2 palavras apenas nos shows que sempre frequentávamos suicidou tb com 15 anos por um amor não correspondido. Enforcou. E foi a mãe que foi a primeira a ver.
ResponderExcluirNossa, horrível. A morte não deveria existir, n sei. N me conforto que tudo isso vai acabar. Na minha cabeça isso n existe,msm dps da minha vó ter partido ano passado. Acho que no fundo digo pra mim mesma que ela viajou e ainda n voltou. É mt indigesta essa ideia de morrer um dia.
É de assustar mesmo quando acontece assim perto. Uma vez, vi dois meninos numa moto entrarem embaixo de um caminhão. EM FRENTE A MINHA PORTA. Sabe como é você estar em casa assitindo TV e se deparar com a morte ali, na sua calçada?? É assustador, Nalu, de verdade. Por mais que a gente tenha essa ideia na cabeça de que vai morrer mais cedo ou mais tarde, e que vai acontecer com todo mundo... sempre vai me deixar de olhos arregalados. Quero só ver no dia que for comigo, haha (humor mórbido????)
ResponderExcluirUm post emocionante, Analu. Mesmo sem conhecer a menina, lamento por ter uma trajetória tão curta nesse mundo. Não consigo não ver como algo injusto quando a morte vem tão cedo. Não dá pra aceitar.
ResponderExcluirA morte em pessoas novas assim é ainda mais triste. Eu lembro de uma menina que morreu aos 15 anos, ela estudava comigo. Também não era minha amiga, mas foi um choque chegar na escola de manhã e saber que ela morreu. Nesse dia todo mundo se chocou tanto que não teve aula. Mas a vida continua, ela é assim mesmo, é o clichê mais certo. E por isso, aproveitemos cada momento.
ResponderExcluirPoxa Aninha, que barra...
ResponderExcluirEntendo a morte como uma transição, mas também considero piada de péssimo gosto. Parece tão injusto quando leva alguém tão jovem! Mas penso que, talvez, tenha chegado a hora dela e, acreditando que temos uma missão aqui na Terra, espero que a sua amiga tenha cumprido a que lhe foi merecida. E esteja em paz.
Abraços.
que barra...=/ sinto mucho lorinha, sei bem como é isso, passei por algo muito muito parecido com um colega de faculdade ano passado...
ResponderExcluirComplicado, mais agora eles com certeza estão em paz...=)
fica bem lorinhaaa
beijao