sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 3)

Vocês talvez tenham se perguntado ok, provavelmente não, mas vou dizer mesmo assim como foi que eu acertei de cara quem era nosso Marcelinho sendo que ele estava de camisa preta e quem procurávamos, teoricamente, estava de camisa cinza. Acreditei que homens eram daltônicos,  e foi por isso que acertei o menino. Mas o problema da coloração nem estava com ele, coitado. Milena que entendeu errado. Na verdade ele usava uma BERMUDA cinza. Enfim,  importante é que achamos, e enquanto ele fazia o reconhecimento das duas doidas que devia levar para sua própria casa, nós continuávamos nos apoiando uma na outra de tanto que ríamos.

Sorte que, pessoa do bem que é, Marcelinho não só percebeu (thanks God!) que não era da cara dele que tanto ríamos, como achou que nós éramos divertidas e quis entrar na nossa onda. Quem olhasse pra nós 3 depois dos primeiros 10 minutos, certamente acreditava que tínhamos sido os 3 desde sempre, tamanha a desenvoltura da conversa. Andamos todo aquele mundo de espaço até o ônibus, e depois andamos todo o trajeto de ônibus mais uma vez na vibe sardinha enlatada, e tudo isso deve ter durado bem 1 hora. 1 hora essa que aproveitamos para ~colocar em dia o papo que nunca havíamos tido~ com Marcelinho, e acertar os ponteiros em relação ao que pensávamos dele e o que ele realmente era.

Um diálogo interessante foi enquanto estávamos sentados no ponto de ônibus esperando o Santo tio Marcelo nos buscar. O ponto de ônibus fica na frente do finado parque “Terra Encantada”, e tudo o que sobrou dele foi a montanha russa branca, há anos desativada. Montanha russa branca esta, pelo visto, extremamente conhecida dos meus companheiros cariocas, que rapidamente se puseram a falar dela, até que Mimi falou que nunca tinha andado nela porque tinha medo, ao que Marcelinho rebateu que tinha andado várias vezes. Um segundo de silêncio introspectivo dos dois lados (e eu no meio), até que Milena rebate, surpresíssima: “Como assim você andou na Monte Makaya? Quantos anos você tem?”, e ele foi obrigado a alegar novamente os seus 18 anos, frente aos tão maiores 19 de Milena. Tudo isso porque ela ainda tinha na cabeça a ideia de que, por ser o “irmãozinho da Paloma", Marcelinho devia estar, obrigatoriamente, zanzando por volta dos 12. O que me intriga até agora é o que ela tinha na cabeça para pensar que um menino de 12 anos iria sem acompanhamento de maiores ao Rock in Rio e ainda por cima estaria levando suas marmanjas pra casa.

Tio Marcelo chegou mais ou menos ao fim do diálogo, entramos tagarelando e rindo ainda mais, e devia ser bem quase umas 4h da madrugada quando chegamos “em casa”.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Finding Marcelinho

Ao fim de Halo ainda rolou um pequeno espetáculo de fogos de artifício ao som daquela musiquinha do Rock in Rio que eu e Milena amamos cantar (tem até vídeo, vocês tinha que ver, só que não). Mas enquanto isso acontecia, já estávamos de costas para o palco caçando um lugar mais vazio para podermos resolver nosso “fim de show”, que significava conseguir chegar até em casa em tranquilidade. Isso envolvia, em primeiro lugar, encontrar Marcelinho, o irmão da Palo, que também estava no show e que, portanto, seria nosso guia de volta. Encontrem alguém dentro da Cidade do Rock lotada. Encontre alguém que vocês nunca viram na vida dentro da Cidade do Rock lotada. Chalenge Accepted! Go!

E lá fomos nós. O primeiro passo foi o contato telefônico. Milena conversava com ele enquanto eu chorava de rir do lado. Após a ligação, ela encostava em mim e era sua vez de rir. Juro que não entendemos até agora porque diabos estávamos rindo tanto. Ou era a vibe do lugar, ou era resquício da galera que ficou praticamente o show todo fumando uma do nosso lado, ou somos nós que somos retardadas mesmo. Eu sei que olhávamos uma pra cara da outra e ríamos como se a situação toda fosse realmente muito engraçada.

Sei que no primeiro telefonema, Marcelinho disse que estava nos esperando na frente do stand da Coca-Cola. Chegamos até lá e, aparentemente, 192839183 pessoas marcaram encontro no mesmo lugar que nós, e quando Milena ligou pra ele novamente pedindo pra que levantasse a mão eu só consegui sentar no chão e rir de novo, porque tinha, no mínimo, umas 30 pessoas de mãos levantadas, e umas 15 fazendo telefonemas mandando seus procurados levantarem as mãos. Ela então resolveu pedir para Marcelinho descrever sua roupa, e entendeu “Camisa cinza e tênis branco”. Ela pergunta isso, confirma, desliga o telefone e de repente surge um sujeito na nossa frente, de camisa cinza, tênis branco, e um bigodinho muito do esquisito. Claro que sua ideia foi segurar no braço do moço e dizer: “MARCELINHO”! Enquanto eu me contorcia de rir e dizia que era impossível aquele ser o Marcelinho, porque ele continuava no telefone e nós já tínhamos desligado. Não contente com meus argumentos e com a negativa do moço em ser o nosso procurado, Milena insistiu que era ele e já estava quase mandando o moço sentar para analisar seus transtornos de personalidade, de tanto ele insistir em negar ser quem procurávamos. Quando o cara resolveu sair de perto da gente, eu consegui convencer Milena de que não era ele e após mais uma ligação descobrimos que havia outro stand da Coca-Cola e é claro que estávamos no errado.

PAUSA: Que fique registrado para os organizadores do Rock in Rio: UM stand de cada empresa, por favor. Isso facilitaria os pontos de encontro. DESPAUSA.

Andamos até o outro stand correto, que ficava no olho da Rock Street, enquanto Milena confabulava: “Como assim o Marcelinho está na Rock Street? Ele não estava vendo o show, então? Vou ligar pra Paloma e falar que não sabemos o que o irmão dela passou o dia fazendo, mas definitivamente não era o show e...” como se em todo esse tempo que passamos aprontando no stand errado o menino não tivesse conseguido andar até a Rock Street. E, claro, como se fosse de nossa conta ele não ter estado afim de assistir Beyoncé.

Devaneios a parte, chegamos ao stand novo e pescoçamos em busca de alguém de camisa cinza que, em nossas expectativas, estaria com uma garrafa de cerveja na mão reclamando com os amigos que sua irmã só arrumava encrenca mandando ele encontrar suas amigas perdidas e piradas. Obviamente não foi nessa situação que encontramos Marcelinho, que estava sentado no chão, encostado na parede do stand feito um baby, com a maior cara de desolado do universo e o braço levantado desde a hora que Milena pediu que ele levantasse, a alguns parágrafos atrás. O único porém era: Aquele menininho com cara de baby encostado na parede estava de camisa preta. E Milena negou até o fim dos tempos que aquele pudesse ser nosso Marcelinho, enquanto eu media o menino de cima em baixo e tinha certeza absoluta de que era ele quem estávamos procurando. É claro que era ele, e é claro que ficamos rodando em volta feito duas baratas tontas sem coragem de perguntar alguma coisa. Sorte que ele tem atitude, levantou e falou: “Vocês são as amigas da Paloma, né? Prazer.” It was him all the time, and I knew it.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aventuras na Cidade do Rock (parte 2)

Descobri apenas na prática que as coisas no Rock in Rio são assim: De supetão. Não gosto dessa palavra, aliás, mas foi a única que me veio na cabeça pra definir que eles não avisam nem anunciam nada. Eu sei, vivo em outro mundo, mas realmente achava que, sei lá, 2 minutinhos antes do show escutaríamos uma chamada, no estilo: “Ivete Sangalo no Palco Mundo em 2 minutos”, mas não, isso não acontece. O que acontece é que você fica ali, deitada bem de boa olhando as estrelas e de repente escuta a batida do início do show, o que acaba sendo engraçado, porque você pula do chão e recolhe seu acampamento já cantando a primeira música e vendo a multidão se aproximar voando.

Assim foi o show da Ivete. Nunca tinha ido a um. Pulei horrores e descobri que, no fim das contas, Milena, que bradava odiar Ivete e achar inaceitável axé no Rock in Rio, sabia mais músicas que eu. Até o “grito de guerra” dos fãs pedindo mais Ivetinha a danada da menina sabia. E eu ali, boiando. Ou melhor: boiando, boiando, bobobororoboiando. (Os fortes entenderam).

Quando Ivete acabou, deitamos novamente e tantas histórias foram contadas ali naquela canga que um dos fotógrafos do evento não resistiu a registrar nossa vibe. Gente, cangas. Estrelas. Caras de cansaço misturadas com felicidade. Aposto que a foto saiu linda, quem sabe um dia eu descubra em que site eles postavam todas. Enfim, após esse intervalo, levamos outro susto com a batida que iniciava o show do Guetta, nos divertimos mais um tanto e gritamos com toda a garganta que tínhamos ao som de Titanium. Difícil conter a emoção com uma cidade do Rock inteirinha gritando: Pode mandar o fogo, nós somos a prova de balas. Só de escrever eu arrepio inteirinha.

Depois de Guetta, mais canga+conversas+estrelas e de repente a batida que iniciou o show da Beyoncé. Esse foi o susto mais divertido, porque eu juro que achava que a atração principal atrasava horrores, e que ficaríamos bem umas 2h deitadas ali no chão, e de repente BUM, e levantamos num pulo enfiando cangas dentro da bolsa. E a diva já entrou no palco pegando pesado, iniciando o show ao som de “Who run the World”, que é praticamente a música tema da Máfia. Gritamos HORRORES.

Infelizmente, depois dessa entrada triunfal, tenho que dizer que dei uma miada. Porque queria pular e cantar, e Beyoncé trocou 8 vezes de roupa, colocando filminhos enquanto fazia isso. Fora que ela mudou o ritmo de “If I were a boy”, e eu não conseguia cantar mesmo tentando muito. Sei que entre um intervalo pra troca de roupas e outro, eu e Milena já estávamos cantando Diamonds e chorando de saudades da Rihanna. Até que a dona moça voltou pro palco e cantou Whitney Houston e aquele dia de show inteiro valeu a pena só pelo fato de termos vivido a sensação de estar no meio de um mundo de pessoas cantando “I will always love you”. E então, como se a emoção já não fosse o suficiente, ela emendou com Halo e, gente, que fim de noite!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aventuras na Cidade do Rock (parte 1)

Saímos “de casa” por volta das 15h, acredito eu. Tio Marcelo nos deixou no ponto do ônibus “Cidade do Rock”, e logo entramos em um. Andamos todo o trajeto na maior vibe Sardinha Enlatada, é claro. E tinha trânsito, é claro. A maior parte desse trânsito, logicamente, composta apenas por ônibus da Cidade do Rock, que ficavam apostando corrida. Após muito conversar (e ouvir muita conversa alheia), chegamos ao ponto final e andamos um enorme tanto até chegarmos à bilheteria, onde a Mi finalmente resgatou seu ingresso, e então, mais um enorme tanto até a entrada. Depois da entrada, ainda se anda um tanto até chegar ao local em si, mas essas andadas todas nem cansam muito, porque na ida, é claro, toda a empolgação ajuda. Parei incontáveis vezes no meio do caminho para tirar fotos da Roda Gigante, da Roda Gigante 1cm mais perto, da Roda Gigante 10cm mais perto, das pessoas andando, da gente sorrindo, da gente sorrindo em preto e branco, e coisas do tipo.

Chegamos. Chegamos e olhamos em volta. Milena com aquele olhar de gente que mata as saudades e eu com aquele olhar de “prazer em conhecer”. Mal respiramos lá dentro e já resolvemos encarar a fila da Roda Gigante. Nas 2h30 que passamos na fila o sol se pôs, conversamos com a mulher que estava em nossa frente na fila, descobrimos que, aparentemente, roda gigante é um desporto, descobrimos que se tudo der errado e o brinquedo despencar a culpa é nossa e não do Rock in Rio, passamos raiva com adolescentes que furaram a fila, arrasamos no gogó cantando Elis e, quando faltavam umas 4 voltas da roda para finalmente entrarmos no brinquedo, saímos correndo da fila ao som de “Exagerado”, porque o tributo ao Cazuza havia começado e estávamos ali por este motivo.

Corremos o trajeto Roda Gigante-Palco Mundo como se não houvesse amanhã, enquanto cantávamos Cazuzinha a todo pulmão e ouvíamos o som ficar cada vez mais alto. Fomos nos enfiando lindamente no meio da multidão e conseguimos chegar no meio da pista. E foi bem ali que curtimos o show. Gritando no meio da galera, com gente empurrando toda hora, tentando pular na ponta dos pés para enxergar alguma coisa, mas com muito amor e catarse no coração. Foi ali que ouvi Ney Matogrosso cantando Codinome Beija Flor, foi ali que vi fogos de artifício ao fim de Para o dia nascer feliz, e foi ali também que vi Bebel Gilberto bem louca, mas cantando ao vivo minha tão amada Preciso dizer que te amo. Foi ali. E foi muito bom, mas um show no meio da muvuca era demais pra nós, e por isso, ao fim dos fogos, tratamos de caçar um lugar mais tranquilo para organizar nossa vida.

Olhamos para o Bob’s, que olhou pra nossa fome, e resolvemos abrir o piquenique. Cangas no chão e lanches em mão, sentamos, comemos, e a fome era tanta que até hoje lembro do gosto maravilhoso daquele hambúrguer, que nem deve ser de fato bom. Terminamos de lanchar e arriscamos tentar encarar a fila da tirolesa que... era de 5h. Com muita mágoa no coração, tornamos a deitar e ali ficamos, falando bobagens e cantando Elis Regina até a hora que Ivete subiu no susto no palco enquanto ainda pensávamos que o segundo show seria o do David Guetta.

domingo, 22 de setembro de 2013

Os Engelke Muniz

Não sei desde quando leio o blog da mocinha Paloma Khoury Engelke, mas sei que ela me cativou pra sempre quando gravou um vídeo para a Máfia de pijamas e óculos escuros. Nem preciso dizer que essa relíquia vocês não vão assistir, porque é interno, mas gente, é impagável. Então, Paloma. A mocinha dos pijamas, dos óculos escuros, da voz tranquilinha e dona de uma calopsita que, de todos os nomes enormes e malucos que poderia ter, tem a graça de se chamar “Po”. Algo que eu acho genialmente genial. Mas “Po”, a pequena passarinha cheia de crises existenciais é somente mais um membro da família deliciosa que conheci nessa minha saga carioca.

E o primeiro contato que tive pessoalmente com todo esse clã nem foi com a própria Palo, porque ela estava trabalhando enquanto turistávamos.  Quem nos recebeu quando eu e Milena chegamos esbaforidas à “casa 20” foi o patriarca Muniz. Mais conhecido como tio Marcelo, que não só carregou minha mala até o segundo andar, como disse para ficarmos à vontade pelo quarto da Paloma, e no fim das contas, ainda fez questão de nos levar ao ponto de ônibus da Cidade do Rock, além de emprestar seu Rio Card E passar o seu celular caso entrássemos em apuros. Não sabíamos se nos sentíamos mais agradecidas ou envergonhadas com tamanha gentileza. E tio Marcelo, não só zoou com a nossa cara quando era imprescindível e deu dicas para nossa locomoção, como ainda acabou nos resgatando na noite de sábado, quando findamos o dia meio perdidas. Mas isso é história pra outro post.

Continuando a falar dos Engelke, hora de passar o bastão pra tia Lara, que foi o último membro da família que eu conheci.  Não basta parecer uma fadinha, de tão meiga e pequenininha. Tia Lara provou ser, de fato, uma fada. Me emprestou seu Rio Card sem nem me conhecer, aceitou receber um monte de malucas na sua casa, planejou um churrasco, deu risada de nossas histórias e apareceu com um prato de mistos quentes e refrigerantes no quarto enquanto eu e Milena tentávamos convencer nosso estômago de que a fome só poderia gritar quando o show da Florence acabasse. Além disso, no meio do churrasco, tia Lara fez uma observação incrível: “Meu Deus, elas são todas iguais à Paloma”, se referindo a uma característica engraçadíssima de nossa enorme amizade mafiosa: Podemos até ter algumas características singulares, mas somos, realmente, muito parecidas.

A Srta. Pijamas & Óculos Escuros eu conheci… de pijamas! Claro, porque esse encontro só se deu por volta das 3h da manhã, quando chegamos do Rock in Rio cansadas-mas-ligadas-no-220, e cheias de histórias pra contar. Paloma nos esperava com Mayra, as duas com as carinhas cheias de sono, mas super afim de entrarem na nossa pilha, claro. Aproveitei para apresentar Paloma aos meus abraços que mais parecem apertões, perceber que ela tem todo o jeitinho meigo da Audrey Hepburn, de quem é fã, ouvir pessoalmente aquela voz tranquila e ter certeza de que eu encontro amizades muito certas pra minha vida.

Não obstante a minha amiga ser uma fofura e os pais dela serem legais como são, ainda existe Marcelinho. O irmão mais novo, todo Baby Brother, que usa um shampoo super singular (que eu fiz questão de experimentar quando tomei meu banho, porque sou folgada) e é um ser humano tão querido que nem consigo descrever. Acho que posso adiantar que vocês vão dar boas risadas quando eu narrar, num dos próximos posts, a forma única de como eu e Milena conhecemos Marcelinho. Por hora, só digo que ele virou membro honorário da máfia, que é fã do Hércules, e que também fez uma descrição única da gente: “essas meninas são completamente doidas. Mas são legais".

No meio dessa gente fofa toda, é claro que devia existir uma avó! Vovó Lili. Que nos ensinou onde ficava o filtro de água, fez brigadeiros deliciosos para nos receber, aguentou nossa barulhada toda e, segundo a Mayra, fez batatas fritas incríveis pra ela, o que nos deixou amargando de recalque de termos chegado um dia depois.

É esse mundo todo de pessoas legais que existe atrás da porta da “Casa 20”. Além de “Po”, claro, a passarinha, que vai muito bem, e vive dando gritinhos e voando rapidamente dentro da gaiola quando a gente começa a conversar e esquece de sua existência no recinto. Findo este apêndice tão necessário quanto prolixo, nos encontramos no próximo post, que deve, finalmente, falar de nossas aventuras já dentro da Cidade do Rock.

sábado, 21 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 2)

E então eu cheguei no aeroporto e achei incrível que mal tinha pisado no Rio e já conseguia enxergar o Pão de Açúcar e o Cristo. Primeiramente pensei que era uma jogada de marketing incrível colocaram um aeroporto em um ponto tão estratégico. Depois reparei que o Rio é meio mágico, e de quase qualquer lugar que você esteja você consegue enxergar o Pão de Açúcar e o Cristo. A gente rodava rodava e rodava de ônibus e de repente eu olhava pela janela e… Olha lá o Pão de Açúcar e o Cristo! Chega a ser perturbador. Mas enfim, continuemos.

Como a dona Milena é um ser bagunçado, atrasou 1h pra me resgatar no aeroporto. Enquanto ela não chegava, ficamos trocando mensagens, e é claro que eu ri alto do lado de desconhecidos. Ameacei ficar com vergonha e… o desconhecido olhou pra mim e sorriu. Claro, estava no Rio! Qualquer curitibano me reprovaria com o olhar, mas eu estava no Rio e tudo ali podia, e as pessoas sorriam umas para as outras. Me encantei com uma criança de uns 2 aninhos que chegou ao aeroporto vestida de Branca de Neve, fiquei olhando o sol que batia lá fora, e lendo um pouco de John Green até que Milena me mandou uma mensagem perguntando onde eu estava. “Na frente do café Boulevard” respondi. “E você?” complementei. E ela respondeu: “Procurando o café Boulevard!” e logo em seguida dei de cara com ela chegando esbaforida, e gente, como não amar, né?

Aprontamos mais algumas no aeroporto procurando caixa de banco e uma lan house pra ela imprimir o comprovante do ingresso dela, e depois disso saímos do aeroporto e passamos por cima do Aterro do Flamengo, que fiquei muito orgulhosa de mim quando reconheci só porque tinha assistido Flores Raras há mais ou menos uma semana. Dali fomos até o Leblon, enquanto Milena se enchia para falar de sua cidade pela janela e eu criticava os prédios. Tirando as construções imperiosas, like "Theatro Municipal” (é tão chique esse H, gente!) e a Biblioteca Nacional, não gosto de construções antigas. E o Rio é muito velho. Aqueles prediozinhos pequenos, com portõezinhos e pastilhinhas caindo, e eu só pensava que derrubaria tudo e construiria prédios enormes com janelões de vidro. Milena me chamou de herege, é claro, e insistia em elogiar os prédios, até que eu falei: “Pelo amor de Deus, amiga. Olha a cor daquela janela”, apontando uma janela imunda. Ela riu tanto que resolveu me deixar reclamar em paz.

Chegamos ao Leblon, andamos mais um tanto, e pegamos outro ônibus para ir até a Barra. Dentro do ônibus, conhecemos uma menina que estava sozinha na cidade e não fazia ideia de como chegar à cidade do Rock. Acabou que ela foi almoçar com a gente e Milena ensinou pra ela como chegar lá, enquanto demos mais uma volta no shopping, compramos minha escova de dentes (he!), entramos na livraria só pra respirar o ar dos livros, e finalmente pegamos o ônibus que, depois de rodar por horas em ruas cheias de paralelepípedos, nos deixou praticamente na porta da casa de Paloma. E a família Engelke Muniz é uma entidade tão particular e incrível que merecerá um apêndice post só para eles.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 1)

Eis que a tal da melhor sexta-feira 13 do mundo chegou. Eu fui dormir já eram mais de 2h da manhã, depois de finalmente arrumar a mala e bater horas de papo com dona Tagareline no Skype. Antes de dormir, obviamente, fui fazendo a lista mental de coisas que não poderia esquecer e claro que lembrei do Rock in Rio Card, que estava, desde que eu comprei, guardado na caixinha vermelha na estante da minha cabeceira. Ia ser supimpa esquecer o ingresso em Curitiba. Coloquei na carteira e deitei de novo, até que lembrei que meu cartão de crédito estava em outra bolsa, fora da carteira. Levantei, peguei o cartão, guardei, e fiquei pensando no quão errado tudo poderia dar se eu esquecesse a entrada do show E a fonte de renda. Quase chegando no sono, lembrei que podia levar meu caderninho mafioso pra Paloma assinar, já que eu finalmente iria conhecê-la. Mas decidi que poderia fazer isso quando acordasse, bem como escovar os dentes e lembrar de guardar a escova.

Acordei no susto com o despertador menos de 2h depois de ter dormido. Esqueci o caderninho, e escovei os dentes (!), mas larguei a escova de volta na gaveta. E assim saí de casa: Sem escova de dentes Com um visual Rock deliciosamente poser: Short jeans com preguinhas, blusa preta de um ombro só, coturno (!!) e jaqueta jeans. E não, não foi proposital. Mas eu queria muito usar meu coturninho e ele não combinou com a blusa branca que eu tinha em mente.

Sei que saí de casa me passando com todo aquele look “nada eu”, e obviamente isso precisava render algo. Minha inocente bota apitou no detector de metais do aeroporto, e seria trivial e tranquilíssimo tirá-la e passar descalça, não fosse o fato de que como eu sabia que ficaria o dia todo de pé, preferi não colocar apenas a meia calça. Uma soquete por cima dela, dentro da bota, não é nada sexy, mas fica mais confortável, e além do mais, ninguém além das minhas amigas me veria sem a bota, certo? Não, né. Quando o detector de metais apitou a moça disse para eu tirar a bota eu pensei em chorar e implorar para que ela não fizesse isso comigo, mas ela obviamente não iria me levar a sério. Então eu respirei fundo e comecei a desamarrar os cadarços enquanto todos os homens de terno que ficam do outro lado do detector me encaravam e… estava lá. Minha meia soquete branca cheia de cachorrinhos desenhados e foi-se embora todo um visual de rock cuidadosamente pensado (só que não) e a consolidada imagem da mulher decidida viajando sozinha. Todos descobriram que eu era uma adolescente, daquelas meigas retardadas, ainda por cima. E enquanto eles seguravam o riso, tudo o que eu queria era abrir um buraco e me atirar.

Passei pelo detector desfilando meus cachorrinhos, sentei, coloquei as duas botas e amarrei os cadarços de volta como se nada tivesse acontecendo e como se minhas bochechas não estivessem pegando fogo. E então, levantei novamente, peguei minha malinha e saí como se nada tivesse acontecido. Entre um capítulo de John Green e uma pescoçada na conversa alheia, embarquei. Li mais um pouco, ouvi a conversa de dois estudantes de medicina que também estavam indo pro Rio e falavam sobre os shows do dia, ao mesmo tempo que falavam de um aniversário e eu não entendi até agora se eles estavam indo pro Rock ou para a festa de uma amiga. Desisti da conversa deles e apaguei. Acordei em São Paulo. Li mais um pouco, tomei um sol pelo vidro do aeroporto, embarquei no outro avião, e logo tratei de dormir outra vez. Acordei quase no solo. Assim que pousou, saí do avião, olhei para o sol e recebi um bafo de ar quente na minha cara. Sorria! – pensei – você está na Bahia no Rio!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dos meus medos sem fundamento

Eu sou medrosa, sabe. Se me levar a sério demais durante a noite, na hora de dormir, além dos mil planos de come brócolis e tomar um copo de água em jejum todas as manhãs, vou desistir de fazer metade das coisas “duvidosas e aventureiras” que por ventura eu tenha planejado.

E claro que com essa programação maluca de Rock in Rio não seria diferente. As passagens estavam absurdas de caras, tinha ficado tudo pra última hora, eu estava com ingresso em mãos e tremendo absurdos, pensando que isso ia ser uma loucura, que ia ter manifestação no meio do show (!), iam quebrar tudo e eu ia acabar morrendo pisoteada ou de bala perdida. Essa sou eu, esse é meu time. Lembrei de um professor meu que, no primeiro ano da faculdade, disse que em toda turma tem uma que fica grávida e uma que morre. Até o presente momento, nenhuma das duas situações aconteceu, mas eu tinha certeza que eu seria a que ia morrer. Claro, me enfiando no Rio de Janeiro praticamente sozinha em época de caos, não sairia viva dessa empreitada. Mas com a passagem comprada, voltei a respirar fundo e pensei que tudo aconteceria do jeito que tivesse que acontecer, porque ninguém morre de véspera.

Ainda mais perto da data, eu ficava pensando que eu canso muito fácil de ficar em pé, e meu pé, que nunca mais foi o mesmo pós 15 dias de Disney aos meus 15 anos, começa a doer muito rápido. Fiquei pensando naquela pista de show lotada de gente suada e pulando, daquele jeito onde, se você ousar levantar o braço, não consegue abaixar nunca mais porque não tem espaço. Quem disse que “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço” certamente nunca andou de metrô em São Paulo na hora do Rush, nem tampouco encarou pista de show. Pensei que, lá pelas 2h da manhã, estaria bufando de cansaço e dor, e jurando pelas minhas próximas 10 gerações que nunca mais cairia naquela roubada, porque assistir do sofá sempre seria mais confortável.

Bom, o primeiro desespero caiu por terra. Como vocês podem notar, estou viva, mais prolixa que nunca (agora que aprendi o significado correto da palavra, estou faceira), e apaixonada pelos dias que passei no Rio de Janeiro. O segundo temor... também caiu por terra! O show foi super tranquilo: Eu e Milena deitávamos em cangas nos entre-shows para bater papo olhando as estrelas. Deu pra descansar, deu pra pular, deu pra levantar e abaixar o braço, deu pra cantar, e não deu pra andar na roda gigante (conto em algum outro capítulo), mas por volta das 2h da manhã, quando acabou, conseguimos caminhar horrores até o ponto de ônibus dando risada e conversando animadamente, e não caindo pelas tabelas. O saldo foi extremamente positivo, e por isso preciso fazer a jura ao contrário: Nunca mais quero assistir somente pelo sofá.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meio ano

Sempre acho engraçado quando alguém usa expressões do tipo: “Acaba o mundo mas não acaba o expediente”;  ou “Chega o Natal mas não chega sexta-feira”. Sabe dessas? Então.  Acho a relatividade do tempo um fato meio irritante, é claro. Como pode a manhã passar tão rápido se você pode dormir, e tão devagar se você tem aula de psicologia? Divagações a parte, a tal da teoria da relatividade é realmente um fato incontestável na vivência do tempo-espaço. E hoje eu lembrei que, há mais ou menos 6 meses e 2 semanas atrás, no início de março, eu olhava para a minha prima super barriguda e dizia: “Meu Deus! Esse menino faz 6 meses, mas não nasce!”. E como isso foi real.

Rico não nascia. Os dias se arrastavam e toda noite eu pensava que, meu Deus, quando será que meu menininho ia nascer. Foram anos de espera, e eu já não aguentava mais não poder pegar meu afilhado no colo e morder seus pezinhos. Os dias do início de março se arrastaram um a um, até que, no dia 17, o bichinho resolveu sair do casulo e mostrar suas bochechas para todos os que o esperavam tão ansiosos. Não mais que de repente, hoje é dia 17 de setembro e ele está fazendo SEIS meses. Dá pra acreditar?

Consigo lembrar nitidamente da minha agonia com o não-nascimento de Ricardo. E meu Deus, como aqueles dias demoraram pra passar. Demoraram tanto que eu ainda sinto a angústia deles. Minha frase estava corretíssima: Rico não nasce, mas faz 6 meses. Eu até hoje não acredito que ele realmente chegou. E ele já está aqui, com uma porção de quilos, duas bochechas maravilhosas, um par de pezinhos indescritíveis e muito, muito amor.

Em 6 meses, Ricolino, que já tinha meu coração desde antes de sonhar em existir, tomou-o por completo. Eu daria minha vida pela dele. Vivo querendo beijá-lo, esmaga-lo, amassá-lo. Não vejo a hora dele andar e me chamar de dinda, mas, ao mesmo tempo, choro de saudades de quando peguei ele tão miudinho no colo, naquela primeira vez que nos vimos. Em 6 meses ele perdeu os cabelinhos, arregalou cada vez mais os olhões, segurou um livro do Antônio Prata junto comigo, adora babar na minha bochecha, ama assistir a Galinha Pintadinha, me troca por automóveis e... continua sendo o neném mais lindo que eu já vi na minha vida.


Feliz meio ano de vida, meu amor! O mundo é um lugar melhor depois que você chegou.

P.S.: Interrompi a programação da "Jornada Rock in Rio" por esse motivo mais do que especial. Amanhã retornamos com as "atividades normais"! 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O infinito de um fim de semana

Meu último final de semana foi incrível e pra começo de conversa ele tem muita história. Vou aproveitar que esse blog tá se divertindo em meio às teias de aranha para cansar a paciência dos leitores e narrar em várias partes, olha que genial. Não, vai. Na verdade eu quero narrar tudo detalhadamente pra poder ler daqui a 1 ano ou 2 e viver de novo cada segundo. Chega de trelelé e vamos ao início.

É preciso que fique claro que esse final de semana começou há 2 anos. Na madrugada do dia 23 pro dia 24 de setembro, primeiro dia do Rock in Rio 2011, onde eu estava sentada no sofá com notebook no colo, gritando em caps lock com minhas amigas sobre o show, e escrevi esse post aqui, jurando que no próximo eu iria.

É clichê dizer que o tempo anda passando de uma maneira esdruxulamente rápida, e que esses 2 anos chegaram em 2 segundos. Nesse meio tempo, a praticamente 1 ano atrás, rolou uma venda the flash, que durou menos de 1 hora, do “Rock in Rio Card”, que equivaleria à entrada para um dia de show. Não tinha line up. Não tinha bandas confirmadas. Não existia informação nenhuma. E eu, a maria planejamento, abri o site em 10 minutos e comprei. Eu comprei no escuro, sem ter noção do que aconteceria lá. Mas comprei. Era o primeiro, singelo e impulsivo passo, para cumprir a promessa registrada a 2 anos atrás.

Depois disso muita água rolou e meu Rock in Rio Card continuava lindo na minha cabeceira, dentro de uma caixa vermelha acompanhada de livrinho e tudo. Chegou a hora de escolher o show, muito debate com as amigas e no fim das contas eu acabei sozinha com ingresso na mão e nehuma companhia, porque ninguém conseguiu comprar pro mesmo dia que eu. Cada vez mais desesperada, e, ao mesmo tempo, acomodando com a ideia ridícula de que tinha comprado lindamente meu ingresso no escuro para acabar não indo no show (porque sozinha desbravando Festival de Música no Rio de Janeiro é demais pra mim), a organização do Rock in Rio, aquela linda, manda e-mail avisando que muitos ingressos foram comprados com boleto bancário e simplesmente não foram pagos. Resumo da história: Iam abrir uma nova sessão de vendas, com prioridade pra quem já tinha ingresso. 

Milena, que já tinha comprado pro dia do John Mayer e estava tentando loucamente conseguir um ingresso para o meu dia para irmos juntas, finalmente conseguiu. 2 fins de semana antes do evento eu tinha a passagem em mãos, e no dia 13 de setembro, a melhor sexta-feira 13 da minha vida aconteceu. Era pouco mais de 6 horas da manhã quando eu entrei em um avião para o Rio de Janeiro, imaginando parcamente as mais ou menos 54 lindas e intensas horas que me aguardavam. Foram tão incríveis que se eu me dispusesse a tal maluquice, esse evento me renderia uns 50 posts. Um por hora seria um bom balanço, excluindo da brincadeira as pouquíssimas horas que passamos dormindo. Mas tudo bem, serei mais sucinta que isso. Mas não tanto. Aguardem os próximos capítulos.

Eu fui

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sim, Harry Potter de novo

Eu já desisti de tentar superar Harry Potter, sabe. Esse é um assunto de eterno looping da minha vida, uma paixão eterna, e não adianta. Além disso, eu não nego fervo online, e a Tary propôs na máfia que respondêssemos em vídeo um meme que se chama “50 dias de Harry Potter”, onde na verdade você responderia 1 pergunta por dia. Mas aqui estou eu, falando por quase 25 minutos e pagando muito mico para responder 50 questões sobre o assunto. Me aguente se quiser.

domingo, 1 de setembro de 2013

São coisas que ninguém sabe

Acho que uma coisa que ninguém sabe é falar algo de útil e coerente sobre o que ama demais. Eu pelo menos não sei fazer isso. Tento ser séria, coerente, expor argumentos, mas só consigo é falar de amor.

Coisas que ninguém sabe entrou na minha vida quando eu vi que a Tary estava lendo, e me encantei. Pela capa, pelo título, pelo nome do autor. Tenho um fraco por italianos, e acho que nunca tinha lido um livro de um italiano. Heresia, já entendi.

Não consegui devorar esse livro porque foi ele que me devorou. Demorei pra ler porque ficava exausta de tanto ter motivos pra gritar, motivos pra reler o trecho e sofrer de amor mais uma vez, motivos pra ficar estática olhando reto antes de virar a página. Terminei hoje de tarde, no meio de lágrimas e de um segundo pacote de flags vazio. Cheguei a usar 3 por página.

Portanto, não vou saber resenhar esse livro, e nem vou tentar. Só sei que uma coisa que ninguém sabe é contar até para sempre. Sei que às vezes não precisamos fazer nada errado para que as coisas não deem certo. Sei que nossas mãos às vezes falham, e sei que as vacas não sabem descer as escadas, mas sabem subí-las. Sei que o importante é ensinarmos quem a gente ama a se encontrar dentro de si mesmo. Que o amor e a paixão são coisas diferentes que as pessoas tem mania de misturar nos momentos errados. E sei também que o inferno é a terra onde os corações são gelados por preferirem se preservar do sofrimento. E afirmo que se é assim, eu vou preferir sofrer, sempre.

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