quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sobre pessoas tridimensionais

Que eu adoro um debate existencialista (mesmo que ele seja travado apenas comigo mesma) não é novidade pra ninguém. Que eu sou tiete de John Green, logicamente também não é novidade, porque as duas coisas se entrelaçam lindamente. E dessa vez eu não vou falar de A Culpa é das Estrelas. Eu vou falar de Cidades de Papel.

Mas não vim fazer uma resenha, nem vim explicar o porque de ter dado 3 estrelas pra esse livro, porque nem eu me lembro mais desse porquê. Também não vim falar que odiei a Margo porque achei a mocinha deveras hipócrita. Eu só vim dramatizar existencialmente mais uma vez.

Isso porque a fórmula geral da questão existencial de Green nesse livro consiste, basicamente, em decretar que as pessoas não são de papel, e que  insistimos em enxergá-las como se o fossem. Mas não são. Enxergamos pessoas planas, e elas são tridimensionais. É quase aquela coisa sobre a qual já tentei confabular aqui: O que vemos são citações das pessoas; parte delas; a cobertura do bolo.

E enxergamos só a cobertura porque as pessoas tem recheio demais. E eu andei pensando muito sobre tudo isso depois de ouvir uma amiga falando que muitos de nossos outros amigos tinham uma conclusão sobre uma outra pessoa X. Conclusão essa com a qual não sei se concordo. E fiquei pensando que era uma conclusão meio séria a ser tomada sobre uma pessoa, sendo que só ela mesma pode afirmar algo desse nível sobre sua psique. Não martelei sobre o assunto. Apenas pensei.

Não muitos dias depois, uma outra pessoa soltou numa mesa de aniversário uma conclusão sobre mim, sobre a qual fiquei queimando miolos durante mais algumas horas. Nada sério, mas algo que me fez pensar que é engraçado. Porque as pessoas tentam desvendar nosso alfabeto, leem, sei lá, até D, e saem concluindo E, F e G. E na frente dos outros.

Não que tenhamos que nos preocupar e viver se baseando no que os outros pensam da gente. E longe de mim ser hipócrita o suficiente para dizer que não concluo superficialmente dados sobre as outras pessoas. Mas é que andei pensando nisso. E andei pensando que isso é bem pouco ortodoxo, e inclusive beira o cômico. No fim das contas, não somos ninguém para concluir as mil dimensões presentes no âmago de outro ser humano. Mal conseguimos desvendar todas as dimensões cravadas em nós mesmos, acho eu, se querem saber.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cinco livros que eu gostaria de viver

Tem mais ou menos meio século que a Anna Vitória que formal me intimou a responder um meme que eu fui esquecendo sumariamente só porque invoquei que era difícil de responder. Hoje ela ameaçou jogar tamancos na minha cabeça se eu continuasse enrolando, então resolvi que era melhor dar logo um jeito na vida, e acabou que não demorei muito pra conseguir as respostas. Ah sim, o título foi bem claro, eu devo elencar cinco livros nos quais eu gostaria de viver. Vamos lá.

1.  Harry Potter (J. K. Rowling)

hogwarts

Podem me chamar de clichê que eu nem ligo. Querer morar em Hogwarts é absolutamente mainstream, e se não fosse mainstream não seria eu. Apesar de saber que eu ia ter crises de pânico dentro de um castelo cheio de fantasmas e aranhas no meio da noite, sonho em pisar nesse lugar e viver essa magia. Sonho em saber fazer magia, em assistir Quadribol no estádio, em jantar no salão principal. Sonho em fazer parte desse mundo tão incrível que infelizmente me foi negado. Quem sabe na próxima vida eu não nasço bruxa? Aí podia aproveitar e nascer com mais coragem também. Quem sabe eu pudesse ser a Hermione! Que os anjos digam amém.

2. Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

orgulho

Não seria irrecuperavelmente clichê se não citasse Orgulho e Preconceito após Harry Potter, e não tem graça se não for irrecuperavelmente clichê, então aqui estou falando de Jane Austen, e que atire a primeira pedra que romântica incurável nunca sonhou em ser a mocinha de Mr. Darcy. Homem esse que, aliás, estragou a minha vida, aumentando minha expectativa em relação aos homens do mundo real que jamais serão como ele. Problem? Quero os vestidos e os bailes do século XIX, o ar bucólico, o cavalheirismo e o amor. Mas só se ele for um amor muito ardentemente sentido.

3.  Anna e o beijo francês (Stephanie Perkins)

annab

Anna concorda comigo deixando bem claro que casa não é um lugar, e sim uma pessoa. Qualquer lugar é o melhor do mundo quando se está com a única companhia que você deseja ter pelo resto de sua vida. O clima desse livro é tão delicioso que eu, que nunca tive reais aspirações de passar algum dos meus anos de ensino médio em um colégio interno em outro país quase morri de arrependimento. Quero um colégio interno em Paris, com amigos legais e um homem confuso e deliciosamente apaixonante como Etiénne St. Clair, por favor.

4. Cidades de Papel (John Green)

treacherous

Nunca foi rebelde, nem nunca fugiria para fazer uma viagem duvidosa com meus amigos, ainda por cima furando a colação de grau. Pra quem não sabe, eu adoro um evento significativo e não perderia minha própria formatura por nada. Acontece que a road trip narrada por John Green é tão deliciosa e tão digna. Amigos que se juntam para buscar sua amiga desaparecida, transformam o carro em sua casa e acabam se transformando numa família linda. Amo Quentin, Ben, Radar, Lacey, e amo as pessoas em quem eles se transformaram ao longo do livro e ao longo da viagem. Amo suas filosofias, conclusões, e amo o tanto que elas me fizeram pensar. Nessa viagem eu adoraria me envolver.

5. Todo garoto tem (Meg Cabot)

italia

Itália: Nunca fui, sempre amei. Deve ser a descendência que grita, ou o fato de eu achar que o italiano é uma língua maravilhosa, ou o fato de eu ter certeza que lá eu me sentiria absolutamente em casa porque todo mundo grita e gesticula horrores pra conversar. Se toda essa simples aura italiana já me inspira algo absolutamente encantador, imaginemos ser madrinha de um casal apaixonado que foge para ser casar na Itália, te confia esse segredo, essa honra, e ainda acaba, por ventura, te apresentando ao grande amor da sua vida. Esse livro é uma marca de tatuagem bem cravada no meio do meu coração. Devo ter lido aos 14, e suas frases nunca saíram de mim. Eu viveria por essa história e correria por essas pradarias.

Depois de sonhar acordada me imaginando nessas situações, volto chateada pra realidade que, serei sincera, não anda das mais incríveis (mas há de melhorar!) e indico para esse enrosco as minhas queridas Palo, Mimi, Rafinha, Giu e Larie!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Nosso 12 de outubro

No dia 12 de outubro de 2012 eu ganhei o melhor presente de dia das crianças da vida toda. Bia e Gui chegaram na minha casa com um pacotinho nas mãos e todos olhavam enquanto eu abria o laço sem nem desconfiar de que lá dentro estava o convite para ser madrinha do meu Ricardo. Sim, meu. Ricardo foi meu desde sempre, desde anos atrás, antes dele sonhar em existir. E isso porque eu considero minhas todas as pessoas que são donas do meu coração. E Ricardo sempre foi.

No dia 12 de outubro eu abri a porta pra minha prima, beijei a barriga e chamei de “priminho” aquele neném pela última vez. 1 minuto depois ele virou meu afilhado, e um dos maiores orgulhos da minha vida. Algum tempo depois ele nasceu, e sábado, exatamente 1 ano depois, subi no altar com ele no colo e virei oficialmente sua madrinha. E é por isso que o dia 12 de outubro agora é nosso.

O padre disse várias coisas durante a celebração, mas bateu bastante na tecla de que padrinhos não podem assumir e depois sumir. Dei um sorriso torto olhando pro meu nenezinho no meu colo e pensei que é mais capaz dele querer sumir e eu sair agarrada junto, pendurada naquelas perninhas gorduchas.

Eu sou a madrinha pentelha do Ricardo. Banco a Felícia toda hora que olho pra ele. Aperto, amasso, mordo, faço cócegas, e enfio o rosto naquelas bochechas toda hora que chego perto delas. Ele chora. Não gosta de ser amassado. Sou a madrinha paparazzi do Ricardo. Nunca passei 10 minutos do lado dele sem tirar o celular do bolso e enfiar na cara dele pra bater uma foto. Meu computador já deve ter mais foto dele do que minha. Sou a madrinha babona do Ricardo. Falo dele para todo mundo, penso nele em grande parte do meu dia. Sou a madrinha certa do Ricardo: Nenhuma outra ia amar ele tanto quanto eu amo!

E se vocês querem saber, ontem, 13 de outubro, dia em que eu sou madrinha dele há (1 ano e) 1 dia, ele gargalhou pra mim e eu me senti a pessoa mais importante do mundo.

batizado3

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

52 horas na melhor companhia

Finalmente cheguei ao último post da minha saga Rock in Rio, e ele é muito mais sentimental do que prático. É só porque eu sempre acho que o que mais importa, em qualquer lugar e em qualquer aventura, é a companhia. Já destinei um post todo pra família Engelke, e não tinha como deixar ela sem um! Isso porque das 54h que passei em terras cariocas, 52 foram em sua companhia: Milena!

Milena, um nomezinho de 3 sílabas que apareceu em todos os posts sobre o Rock in Rio e em um milhão de fotos no meu Instagram. Milena que aturou meus ímpetos de turista, deu força pra eles, curtiu recalque comigo no show que não fomos, me assistiu levar um tombo enquanto corria pra pegar o ônibus, e muito mais. Milena, minha filhota, um dos melhores seres humanos que eu já conheci no mundo, que é pura poesia trabalhada nos “Ss” puxados que só um carioca legítimo sabe puxar, mas só uma amiga do coração consegue usar sem me irritar.

Milena, que hoje completa 20 aninhos! Agradeço pela companhia, pela amizade, pela paciência e por cada gargalhada. Agradeço pela saudade que agora sou obrigada a amargar todos os dias por não poder passar a vida toda perambulando com você como fizemos nas 52 intensas e inesquecíveis horas! Parabenizo pelas idade nova, desejo tudo que houver de melhor nessa vida, e principalmente paciência, pra me aguentar nos próximos 1000 anos!

anamirio

Montagem tosca cheia de “nóix” no Rio

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aquele abraço, Rio de Janeiro

Tardo mais não falho, e vim continuar meu relato sobre a viagem do Rock in Rio. O dia do show em si já foi narrado milimetricamente, mas o dia seguinte a ele também foi tão maravilhoso que merece ser citado.

A ideia do dia era acordar cedo pra ir pra praia, mas o sono não permitiu, e além disso, tio Marcelo e tia Lara fizeram um churrasco delicioso. Por essas e outras, já deviam ser bem umas duas horas quando saímos de casa rumo ao nosso ~roteiro musical~ que acabou sendo criado sem querer, isso porque eu adoro uma referência errada e não parei de cantar “Um bom lugar pra encontrar Copacabana” quando me vi pisando naquela orla. Procurei o Copacabana Palace com o olhar, fiz questão de “creiçar” tirando foto com Drummond, e comprei uma deliciosa espiga de milho.

Andamos mais um tanto e chegamos em Ipanema, e bastou essa informação para que eu mudasse a música e ficasse passeando por ali me sentindo a própria garota de Vinícius, mesmo não sendo morena, e mesmo meu rebolado sendo tão duro que pra virar poema precisa de força, sabe. Mas eu estava feliz, apreciando a paisagem, enquanto Milena falava sem parar sobre como a cidade dela era um encanto. E eu, que estou morando na minha terceira cidade, fiquei com um pouquinho de inveja de sua paixão pela terrinha. É coisa de alma e parto, sabe? Ela pode postar uma foto dela no Rio com a legenda “Born and raised”, enquanto eu sou apaixonada por São Paulo, mas não nasci lá. Não fui criada em Vitória, que é minha cidade natal, e tampouco criei laços sólidos com as frias terras curitibanas (não que não o tenha criado com as pessoas que encontrei aqui, não confundam).

Filosofias geográficas à parte, foi em Ipanema que estendemos nossa canga e batemos altos papos de biquíni olhando o horizonte. Também foi onde experimentei Mate de Praia, e, contrariando todas as minhas expectativas, adorei. Fiz questão também de comprar um pacote de biscoito Globo, e me senti a própria carioca. Conversamos tanto que acabamos perdendo a hora do pôr-do-sol, e por isso chegamos atrasada à pedra do arpoador, o que, logicamente, não me impediu de mudar novamente a música, e passar o resto do dia com Cazuzinha na cabeça e pensando que a vida sempre faz parte do nosso show.

Enquanto andávamos da praia até a famosa Livraria Cultura da Cinelândia, tive que assumir algo que um coração paulistano não curte muito: O Rio é lindo sim. A aura carioca é uma delícia, e todas as pessoas parecem tranquilas, felizes e leves. Impressionane como cada cidade tem sua sintonia. A de São Paulo é o Rock, e a do Rio, a Bossa Nova! Eu, que curto muito bem um Pop, me dou ao direito de gostar um tanto de cada um dos dois lados, e lembrar mais uma vez do que Cazuza canta na música que tanto ecoava na minha cabeça: “Meio bossa nova e Rock in Roll. Faz parte do meu show”. E pensei tudo isso enquanto me deliciava com um super algodão doce. Difícil, aliás, escolher qual é a melhor de todas essas iguarias simples vendidas na orla da praia! Mais um dia ali e eu voltaria para casa rolando.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como eu leio

Está rodando por aí essa TAG de vídeo, onde você responde algumas perguntas sobre seus hábitos de leitura, e é claro que eu não ia ficar de fora. Quem me indicou foi a fofa da Dani, (e agora acabei de ver que a Larie também me indicou!) e eu passo a bola pra Rafinha, pra Couth e pra Marie.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sua janela está aberta no meu facebook

Eu resolvi dar uma pausa aleatória nos meus diários de Rock in Rio porque a sua janela está aberta aqui no meu facebook, como se você fosse resolver falar, ou como se eu fosse resolver falar, ou como se dizer oi fosse mesmo a coisa mais fácil e corriqueira do mundo.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu gosto de ver ela aberta e imaginar que vai aparecer alguma coisa ali, algo assim, sabe, que dê mais significados ao sorriso que você deu enquanto me dizia oi hoje mais cedo, como se fosse trivial o seu rosto com barba por fazer surgir assim do lado do meu sem avisar.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu acho que adoraria um ato falho de confundí-la com a janela de alguma das minhas amigas, e assim, como quem não quer nada, falar alguma bobagem na sua janela sem querer, só pra você mandar, sei lá, um ponto de interrogação que desse início a uma conversa do tipo “hahaha, janela errada, desculpa, aí que vergonha” e então receber um “hahaha, acontece, o facebook é assim mesmo, mas e aí, como você tá?” e então eu diria um “to bem e você?” e assim talvez nós percebêssemos que perdemos tempo demais durante todos esses anos em que não estávamos conversando.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu queria ser mulher o suficiente pra aparecer do nada na sua vida e perguntar “que tal um filme amanhã?” mas eu sei que não vou porque eu devo ter nascido no dia da vergonha-na-cara, ou seria no dia da falta-de-vergonha-na-cara? Qual é o crime, afinal? Falar com você ou não falar? Já não sei qual das duas opções é o principal motivo pelo qual eu deveria ajoelhar no milho. Quem sabe na dúvida eu não ajoelhe com 1 joelho só? Não sei, terei tempo pra pensar nisso quando estiver aos 50 anos mofando numa biblioteca com 30 gatos, apenas pelo fato de nunca ter tido coragem de fazer bom uso da sua janela aberta no meu facebook.