quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Qué te importa que te ame?

E daí que de uns tempos pra cá eu invoquei que eu não poderia morrer sem aprender a dançar tango. Porque tango é lindo. Porque no meu casamento eu vou emendar a valsa em um tango. E porque eu acho completamente chique e elegante. Eu decidi que eu precisava dançar tango na minha vida, e que deveria ser logo. Já andou dizendo Anna Vitória em seu último (e ótimo) texto: “Cuidado com o que você deseja. Pode se tornar realidade”.

Sem tempo nenhum para me matricular seriamente em uma aula de dança de salão, eu ficava suspirando por aí com vídeos e pensando no dia em que eu conseguiria milagrosamente fazer igual. Convenhamos que esse dia precisará de muito suor para se tornar realidade, visto que essa que vos fala, enquanto dançarina, é uma excelente blogueira.

100% dos genes de dança da minha família foram cuidadosamente depositados em cima da cabeça da minha irmã, que samba feito um neguinho do morro. Pra mim não sobrou nada. Até pra fazer a dança do Siri eu me perco, e precisei de muita atenção e análise de movimento alheio no meio de festas para finalmente aprender as coreografias de YMCA e Macarena. Até hoje me perco dançando Ragatanga. Essa sou eu.

Só que eu continuava lá, ignorando esses dados trágicos e sonhando com o dia em que eu dançaria tango. E esse dia “chegou”. Meu professor/diretor desse semestre falou desde o começo que queria um tango no meio da peça. E hoje, a 7 dignos e corridíssimos dias da estreia, a professora de dança apareceu para coreografar. Assim, graças a Deus que foi ela, porque ela nos deu as aulas de dança do semestre e já sabia bem com quem estaria lidando quando chegasse a hora de coreografar os meus passos.

Um adendo para comentar sobre as aulas de dança: Era hilário, gente. Eu ria da minha própria cara. Bruna e Amanda aprendiam os passos da primeira vez que a professora fazia, enquanto eu suava frio e conseguia acertar o primeiro passo ensinado apenas na hora em que ela já tinha marcado o fim da coreografia. Enfim.

Enfim que hoje ela foi marcar o tango. E eu estou inocentemente feliz, porque vou dançar tango! Vou dançar tango com uma moldura de espelho como par, já que interpreto a Vaidade, que se basta e não precisa de ninguém pra nada. Então eu danço com uma moldura vazada de espelho, enfiando e tirando a minha cabeça de dentro dela durante os passos. Eu danço tango abraçada com uma moldura de espelho, com uma saia que passa dos meus pés no cumprimento, e com salto alto. Já mencionei que a peça será montada na plateia, e não no palco? O que significa que dançaremos em desníveis, ou seja, terei o espaço de um degrau (largo, mas ainda assim, um degrau), para fazer meus passos. De saia cumprida, salto, com uma moldura vazada & pesada nos braços. Amanda, Bruna, Elo, Fabi e Murilo fazem passos altamente complexos. E pegaram rapidinho, os danados, enquanto a pobre da professora ria e sofria para me fazer pegar o básico do básico: “Ana, presta atenção, vou te mostrar de novo. Põe o peso na perna esquerda e cruza com a direita em 2 tempos! Respira e vai!”, ela dizia, toda fofa. Enquanto eu respirava confiante, começava, e errava o cruzamento das pernas. Entre trancos e barrancos, decorei a minha participação nesse evento nessa coreografia e não errei nas últimas 5 passagens.

Estou com medo. Mas estou feliz da vida, porque eu não tenho juízo, e só consigo pensar que cara, eu finalmente vou dançar tango! Não é demais? Na próxima encarnação serei argentina, me chamarei Conchita, e darei shows homéricos com direito a rosa no cabelo e cabo de flor na boca. Quem viver verá.

ztango

E tenho dito.

domingo, 25 de novembro de 2012

Minha sensacional

IMG_7021

É que tem gente que nasce pra fazer o nosso mundo brilhar. Assim, inexplicavelmente. Tem gente que te abraça com bracinhos gordinhos e cura qualquer tristeza. Tem gente que pula em cima de você dando milhões de gargalhadas e faz tudo ficar feliz pra sempre. A Anna Beatriz é assim.

Não contente em ser a criança mais deliciosa do mundo e em me deixar apaixonada por ela desde a primeira foto, ela é apaixonada por mim. E tem coisa mais incrível e gostosa que amor recíproco? Não, não tem.

Quando ela tinha 3 meses, ela dormia no meu colo. Quando tinha 7, sorria quando eu chegava. Quando tinha 10 meses começou a me chamar de Lu. Quando tinha 2 aninhos, eu abracei e disse: “Te amo tanto, Anna”, e então  ela me abraçou ainda mais apertado e disse: “Te amo tanto, Lu”. Com quase 3 ela disse: “Lu, eu te amo tanto que eu acho uma pena a gente não morar na mesma casa.” E assim ela consegue me deixar cada dia mais encantada por ela.

Mas eu vivo correndo. Tem a faculdade, o estágio, o teatro, e eu fico dias sem ver a baixinha. Eu morro de saudades, e ela sente falta também. E eu vivo achando que ela vai me esquecer. Hoje eu fui na casa do meu tio, e ela estava lá. Quando eu liguei pra avisar que estava indo, rolou o seguinte diálogo:

Bianca: Anninha, sabe quem tá vindo te ver?
Anninha: O GU! (priminho)
Bianca: Não, outra pessoa!
Anninha: O ÍKE! (outro priminho)
Bianca: Não…
Anninha: Ah, então não sei.
Bianca: Pensa quem de mais sensacional poderia vir te ver!
Anninha: A LU!

Ela não me esquece. Ela acha que eu sou quem de mais sensacional poderia ir vê-la. Ela me dá um abraço apertado, diz que estava com saudades, e que vai brincar SÓ COMIGO a noite toda. Corre toda sorridente pra buscar um desenho e diz que desenhou a PRINCESA LU, e que escreveu meu nome em cima. E aí eu te digo: A vida vale bem a pena.

desenho anninha

Meu raio de sol. Minha sensacional.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eu espero que o mundo dure mais de 1 mês

Tem uns boatos correndo aí de que o mundo acaba dia 21 de dezembro. Eu acredito em Deus, e na Bíblia diz que só Ele sabe a hora certa. Isso me conforta. O fim do mundo deve ser mesmo algo muito grandioso pra ter data marcada e pras pessoas saberem tanto a respeito a ponto de irem anunciando. Só que não vou negar que esse é um assunto que me dá calafrio na espinha em pensar sobre.

Eu espero que o mundo dure mais de 1 mês porque eu ainda tenho muita coisa pra fazer nessa vida. Eu tenho que passar na prova do Detran, me formar na faculdade e curtir meu baile, me formar no teatro apresentando o musical, tenho mais milhões de livros pra ler, tenho que rever Friends e terminar de assistir Grey’s Anatomy. Eu tenho que pegar meu afilhado novo no colo. Tenho que entrar vestida de branco na igreja pra encontrar o amor da minha vida me esperando no altar, tenho que olhar pra trás e ver a Nina entrando com as alianças. Tenho que passar a mão na barriga, sentir um bebê chutando, e depois aninhar aquela criaturinha no meu colo sem acreditar que saiu de mim. Ah, também tenho que plantar uma árvore!

Eu espero que o mundo dure mais de 1 mês porque eu ainda acredito nele. Eu acredito nas pessoas, eu acredito no amor, e eu acredito no sol ali brilhando todos os dias. Eu acredito na luz das auroras, que aparece em todos os fins de madrugadas, pra mostrar que todo dia é um novo começo de tudo.

E nessa altura do campeonato, depois de um ano cansativo desses, eu realmente espero que o mundo dure mais de 1 mês porque é inconcebível o mundo acabar dia 21 de dezembro sendo que eu só entrarei definitivamente de férias no dia 20, quando eu chegar na casa da minha avó, comer pão com manteiga e deitar no chão embaixo do ventilador pra conversar asneiras com as minhas primas. É muito chato pensar que toda a parte difícil do ano já foi e que ele pode simplesmente explodir antes de eu curtir as minhas férias. Só isso que eu tenho pra declarar, mundo. Se você resolver acabar, que seja em fevereiro. Porque aí eu vou morrer descansada. Mentira, vai. Não acaba não. Eu tenho o musical pra fazer. E tenho a faculdade pra terminar. E ainda não plantei as árvores! Nem li 1984! E nem tirei carteira pra poder dirigir meu carro novo Mr. Darcy, nem casei, nem….

sábado, 17 de novembro de 2012

5 minutos de fama

Tinha um tempinho que a Máfia não inventava moda né. Aí a Rafaela inventou a “Entrevista Mafiosa”, cujas regras eram se cadastrar no site do amigo secreto e esperar para ver quem você tirava no sorteio, e então, entrevistar secretamente a pessoa e postar o resultado disso no blog.

Eu acho que teve muita marmelada nesse sorteio porque eu tinha tanta gente pra tirar e tirei… minha colega de faculdade & amiga que vejo todos os dias!! Precisei me segurar pra não sentar de óculos e lápis na orelha pra entrevistar a menina pessoalmente, com gravador e tudo, e sambar na cara da sociedade respondendo esse meme em podcast. Humpff.

Como eu não fiz isso, vamos lá às respostas da entrevistada Rhaíssa Sizenando da Silva, cujo blog você encontra aqui!

zrhai

- Ei, tira essa câmera daí, esse não é o melhor momento.

1. Qual é seu nome?
Rhaíssa Sizenando da Silva
2. Idade?
20 anos
3. Onde nasceu?
Curitiba/Pr
4. Onde mora?
Curitiba/Pr
5. O que faz da vida?
Faço Jornalismo no período da manhã, na PUCPR e trabalho na Expressa Comunicação - Assessoria de Imprensa - no período da tarde.
6. Se você pudesse realizar só mais um sonho na vida, qual seria?
Realizar só mais um sonho? Virge. Acho que eu pediria mais tempo, só para realizar mais sonhos. Acho muito difícil pensar em apenas um.
7. Qual é seu maior medo?
Meu maior medo é ficar sem as pessoas que eu mais amo nesse mundo. Muito medo mesmo, que chega até me deixar mal quando escrevo sobre isso.
8. Tem vontade de morar em outro país?
Tenho vontade de morar na França ou na Inglaterra.
9. Qual é a sua citação favorita?
”Tudo acontece na hora certa. Tudo acontece, exatamente quando deve acontecer”. Albert Einstein
10. Qual é o seu dom? O que você faz para desenvolvê-lo?
Eu não sei se tenho 'dom'. HAHAHA Bom, minha amiga diz que eu tenho o dom de ajudar as pessoas, tranquilizá-las. Não sei como desenvolvo, acho que, às vezes, tenho meus anjinhos da guarda ao meu lado que me ajudam! :)

Foi com esse sorrisinho que a Rhai terminou de responder a minha micro-entrevista! Espero que ela tenha gostado das perguntas, eu acho ser entrevistada algo super divertido. Aliás, pra quem quiser ver as perguntas que a Gab fez pra mim, é só entrar aqui! Thats all folks!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Aquele depois do Ross dizer Rachel

Sim. Eu resolvi assistir Friends inteiro de novo, e cá estou eu, sentada na frente da TV, rindo, gritando e sentindo dores no peito como se fosse a primeira vez. E como eu nunca consigo escapar ilesa de assistir sem tocar no assunto, eu vou ser obrigada a filosofar. Até porque, já é madrugada, e eu adoro filosofar nesse horário.

A questão é que mais uma vez eu passei a segunda metade da quarta temporada gastando todo o âmago da minha existência para odiar a Emily. Lógico. Eu sou total Ross & Rachel, odeio facilmente todas as namoradas do Ross. E eu sempre dei pulinhos de contentamento quando ele dizia o nome certo errado no altar. Ok, eu dei pulinhos hoje também, mas agradeci silenciosamente o fato de ser apenas uma ficção.

therachel

Sabe, alguns minutos antes, no meio do mesmo episódio, Emily quis cancelar o casamento porque o local escolhido estava sendo demolido, e que nessas condições ela não conseguiria ter o casamento de seus sonhos. Ross ficou puto da cara e disse que não ia adiar porcaria nenhuma, e assim ele foi, se sentindo o dono da razão, conversar com a Monica. E foi nessa conversa que rolou o seguinte diálogo:
- Ross, há quanto tempo você planeja esse casamento?
- Sei lá, há mais ou menos 1 mês.
- Pois é. A Emily o planeja desde que ela tinha 5 anos
e colocava a fronha na cabeça para brincar. Desde que era pequena
ela sonha com o lugar perfeito e com o bolo de 4 andares com as
pessoinhas em cima. Porque é isso que nós fazemos. Nós sonhamos.

E eu acho que nunca tinha prestado atenção quando ela dizia isso aí. E não deixei de me emocionar, porque é verdade. Eu que o diga. E por isso, mesmo no meio de meus pulinhos de contentamento, meu lado sensato E romântico despejou algumas lagriminhas internas quando ele disse o nome da Rachel no altar.

No alto de minha egoística paixão por esse casal, é óbvio que eu sempre vou torcer para ele dizer Rachel e ficar com ela em todos os finais, começos e meios possíveis. Mas dói, gente. Dói. Porque se fosse vida real, eles se amariam! E eu ainda torceria para que ele ficasse com ela no final, mas não precisava ser nessas circunstâncias. Inventou de casar e descobriu na hora que gosta de outra? Case. Ou desista uns dias antes. Ou Case. Case e, sei lá, se separe 1 mês depois, que seja. Mas no casamento, não.

Ele não deveria dizer o nome de outra no casamento. Por motivos de dói demais. Por motivos de a gente sonha tanto com esse dia que se alguma coisa do tipo acontecesse no dia do meu eu passaria o resto dos meus dias chorando em posição fetal pedindo pra vida esquecer que eu existi. Ok, nem sei se a gente pensa isso,  mas eu penso. Porque eu sempre fui das menininhas que colocava a fronha na cabeça pra fingir que era um véu.

E é pelo mesmo motivo que, por mais que eu ame a música “Speak Now” da Taylor Swift, ela também me dá um pouquinho de nervoso na boca do estômago. Porque eu encafifei de olhar o outro lado. Rachel e Taylor podem ser os verdadeiros amores da vida dos noivos, mas o fato é que eles estavam se casando com outra, que sonhou com aquele momento tanto quanto elas estariam vivendo um pesadelo. Nomes errados no altar, declarações de amor na hora do SIM alheio… Gente, não. Isso pode ser muito romântico, poético e bonito nos filmes, onde o outro lado só sofre de mentirinha. Se fosse vida real, eu acho que não sobraria pra contar história. Se a gente realmente morre várias vezes antes de morrer, o fim trágico pro sonho da menininha de 5 anos seria certamente uma das minhas mortes mais fatais.


I’m not So glad you were arround when they said Speak Now

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Coisas que eu aprendi com você

O povo adora dizer que irmão mais velho é exemplo. É mais uma daquelas balelas que a família inventa pra você não querer arremessar uma escova de cabelo de tanto ciúme na cabeça daquele recém-nascido esquisitinho e vermelho que entrou na sua casa no colo da sua mãe. “Ela é pequenininha, vai adorar você e imitar tudo o que você faz, portanto, seja uma boa menina”. Conforme o recém-nascido cresce, enquanto berra nos seus ouvidos, você vai tendo que escutar muito mais coisas, do tipo: “Vamos ter que dar embora todos os seus bichinhos de pelúcia, porque o bebê tem alergia” ou “Pare de pular no sofá que sua irmã vai querer fazer igual e vai cair”. Lembro do dia que eu ensinei pra uma Helena de 3 anos que, se você colocasse o dedo na garganta, ficaria com ânsia. Acontece que ela vomitou de fato e eu apanhei. Fiquei indignada. Quer dizer que as coisas “divertidas” eu não poderia ensinar. (~Le irmã mais velha toda trabalhada no espírito de porco)

Irmão mais velho aprende tudo antes. Aprende, por sinal, sozinho, porque não tinha com quem aprender. E aí, depois de aprender, somos obrigados a carregar o fardo de ensinar pro mais novo. Eu aprendi sozinha a baixar músicas. E tive que ensinar à Helena. Eu aprendi sozinha a colocar música no IPod. E tive que ensinar pra Helena. Eu aprendi sozinha o quanto eu amava aquela menina desde antes dela nascer. E isso eu não tive que ensinar, porque eu acho que ela já nasceu sabendo.

A Helena me ensinou, entre outras coisas, a ouvir música de gostos duvidosos. Se eu me pego cantando “Humilde Residência” pelos corredores, a culpa certamente é dela. Ela me ensinou a ser sociável, porque eu só queria saber do colo da minha mãe, e quando ela nasceu, aprendi que ia ter que conquistar meus tios à força, ou ela ia tomar todo mundo de mim. Ela me ensinou que não há nada tão fraterno quanto se reunir pra falar mal da mamãe. Ela me ensinou que dói demais ver um irmão mais novo sofrer, porque eu chorei quando ela teve que operar duas vezes, e chorei quando ela foi andar de patins e caiu de cabeça no chão. Ela me ensinou que irmãos mais novos crescem, mas isso eu ainda não consigo assimilar, porque pra mim ela ainda tem 14 anos. Ela me ensinou que um dia os irmãos mais novos não serão mais aquele recém-nascido chorão, e que um dia, de repente, eles nem vão mais precisar que você ensine as coisas pra eles. Um dia eles caminham com as próprias pernas, baixam as próprias músicas, atualizam o próprio IPod e ainda desdenham de você quando baixam um aplicativo legal do qual você nunca tinha ouvido falar.

Um dia eles ensinam, às duras penas, que você não vai ser o ídolo deles pra sempre. Um dia eles tinham 1 ano e você 4, e nesse dia, você sabia ficar de ponta cabeça em cima do sofá e ele não, e por isso eles te idolatravam. Um dia eles tinham 4 anos e você 7, e você sabia ler e podia contar histórias – mas só quando estivesse de bom humor. Um dia eles tem 11 anos e você, 14, e eles te perguntam como que é dar o primeiro beijo. Mas depois eles fazem tudo isso. E aí, você tem 20, eles 17, e esses 3 anos praticamente não diferem suas vidas em nada. Um dia, eles tem permissão pra usar o fogão, e fazem brigadeiro. Coisa que você sempre teve preguiça de aprender. E isso, você aprende com o tempo, que é bom. Porque aí você pode mandar ele fazer brigadeiro pra você.

Irmãos mais novos ensinam que quando eles nascem, você ganha um pequeno escravinho. Mas eles também ensinam o quanto a sua vida vai estar sempre ligada com a deles. E isso, eu garanto, pode trazer dos sorrisos mais sinceros às lágrimas mais doloridas. Porque sempre vai ser alegre a parte onde eles te ligam da Disney pra contar o que andam fazendo por lá. Mas sempre vai dar aquela dor no coração o fato deles estarem vivendo o mundo pelas próprias perninhas, e não se encantando com tudo o que você tem pra contar.

img012

Feliz aniversário, meu amor. Não me faça repetir que você é o melhor presente que papai e mamãe podiam ter me dado na vida.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O mel das minhas lembranças

Eu já falei aqui o quanto eu considero as minhas lembranças, né. Sabe que uma vez eu li uma reportagem na Super Interessante falando sobre memória. E ela falava, basicamente, que o ser humano vive de passado. Porque o presente dura apenas 3 segundos, e sendo assim, ele nem valeria a pena se nós não conseguíssemos nos lembrar. Nós vivemos de passado. Só tem graça termos viajado se pudermos lembrar da viagem e de como nos sentimos quando estávamos lá. Eu sei que é lindo pensar em viver o presente, curtir a emoção do momento e pronto. Mas eu não seria nada sem as minhas lembranças e sem resquícios reais de que minhas lembranças existem, tipo fotos ou cacarecos.

Eu amo lembrar. Sou daquelas que mergulha em nostalgia, que chora em cima de foto de momentos bons, simplesmente por eles terem existido, e tenho dor no peito de saudade ao lembrar de momentos que tanto amei viver. Não que momentos que eu amo não continuem acontecendo. Continuam, graças a Deus. Mas tem aqueles que não voltam. E que dá muita vontade de viver de novo. Quando vi esse post da Mel pensei que seria meu prato cheio. E é o que eu vou tentar aqui. Enumerar dez lembranças. Dez lembranças cujas quais eu comecei o post sem tentar elencar. Porque quero que elas venham do nada. Se ficar meloso demais, ponha a culpa na saudade.

1. Almoçar no degrau do quintal, usando as cadeiras como mesas
Quando eu era mais nova, o quintal da minha avó era diferente. Na verdade, aquela área dos fundos + quintal já foi reformada 1028390813 de vezes. Meus tios contam histórias do quintal na época que tinha árvore e chiqueiro. Meus primos mais velhos contam outros detalhes. Minha época de criança conta que o chão era de calçada, pedra mesmo, ralava tudo se a gente caísse. Também tinha plantação de salsinha, cebolinha, e mais uma porção de coisinhas verdes. E entre o quintal e a “área” tinha um degrau bem marcado. Que era onde a gente sentava pra almoçar. Pegávamos as cadeiras da mesa e colocávamos em frente ao degrau, e então, encaixávamos nossas pernas ali em baixo das cadeiras, sentávamos no degrau, e almoçávamos com o prato em cima da cadeira. Era tão fofo, devia ser uma graça de ver um monte de criancinhas almoçando felizes da vida no chão, usando uma cadeira como mesa. Que saudade.

2. Do sentimento de alegria por coisas tão simples
A gente cresce e perde tanto do deslumbramento pelas coisas simples que dá até dó. Quando eu era criança, ir ao cinema era um evento. Achava incrível quando os meus pais chegavam dizendo que nos levariam ao cinema. Eu ficava tão feliz, mas tão feliz, que sorrio sozinha de lembrar. Desde que virei “adolescente” e comecei a ir ao cinema quase todo fim de semana com minhas amigas que eu paro e penso em como aquilo ali era um êxtase pra mim quando eu era criança. Quando a gente é criança a gente sabe tão bem como ser feliz. Que saudade.

3. Comer batata frita de bacia na casa da vovó de Vitória
Minha avó que morreu fazia a melhor batata frita do mundo. Encharcada de óleo. Minha mãe tinha pavor daquilo. Deve ser coisa de nora, que nunca acha que a sogra vai “acertar” na hora de lidar com seus netos. Sei que eu adorava. Ela não me forçava a almoçar, ou comer o arroz primeiro pra depois ganhar a batata. Ela me servia uma bacia de batata frita. Na frente da televisão. E quando a batata acabava, antes de eu precisar pedir, ela vinha recarregar a bacia. Eu não lembro de um dia a batata ter acabado antes do meu limite. Pelo contrário. Eu lembro de devolver a bacia com algumas batatas dentro ainda, uma cara de realizada e uma barriga estufada que queria dizer: “Chega, vó! Não cabe mais”. Que saudade.

4. Do meu afilhado quando era pequenininho e aprendeu a me chamar
Diego falou muito cedo. Com 10 meses o bichinho falava. Quase morri do coração a primeira vez que ele me chamou. Eu sempre morei longe dele, e tinha síndrome de madrinha rejeitada. Mas ele sempre foi apaixonado por mim, tanto quanto eu por ele. E quando, com pouco mais de 1 aninho, ele estendeu os bracinhos pra mim me chamando de Dindinha Ana, mal sabe ele, eu quase morri do coração por amor em excesso. Que saudade.

5. Show das Primigas
Quando eu, minha irmã e minhas primas éramos pequenas, nós apresentávamos shows no final do ano e no meio do ano. Ficávamos dias a fio ensaiando arduamente ao invés de brincar, pensando em decoração de show, em ingressos, em figurinos e coisas do gênero. Era muito bem pensado e organizado! No fim das contas, espalhávamos cartazes e obrigávamos todo mundo a ir assistir ao show. Era ótimo. Pagávamos muito mico. Que saudade.

6. Das brincadeiras com meu pai
Mãe cuida e pai zoa, não é certo isso? Eu sempre adorei a cumplicidade que eu e Helena tínhamos com o papai para “aprontar”. Ele me deixava andar na frente do carro aos 8 anos. E as brincadeiras sempre foram menos ajuizadas. Tipo aviãozinho, ou arremessar a criança para o outro lado da piscina. Até as brincadeiras dele com a Kimmy eram mais arriscadas, tipo, levantar e girar a bichinha com apenas uma mão. Também foi papai que me ensinou a andar de bicicleta, naquela cena clássica de filme, onde eu achava que ele estava segurando na bagageira e de repente percebia que ele não estava. Que saudade.

7. Dos recreios da época de colégio
Quando você cresce você aprende porque o delicioso recreio muda de nome e vira somente intervalo. Eu só aprendi a falar intervalo na faculdade, embora muitas pessoas já falassem intervalo no ensino médio. Gente. Na faculdade aquilo é uma breve pausa de 20 minutos entre uma aula e outra, onde dá pra comer ou dar um cochilinho. Na escola aquilo era o paraíso. Parecia que 20 minutos se transformavam em 1 hora. Eu sentava com meus amigos em roda, sempre no mesmo lugar, e tantas coisas aconteciam. Tinha dia que a gente fofocava, tinha dia que inventava brincadeiras toscas, às vezes rolava uma declaração de amor pra dar aquela agitada, ou algumas DRS. Ainda tinha sempre aquele amigo que comprava balas. Que saudade.

8. Dos lanches comidos nesses recreios
Ah, nessa época era ótima também a parte de comer. Mamãe sempre mandava coisas diferentes. Assava pão de queijo, ou preparava bolachas com queijo e presunto, ou mandava um misto, uma batatinha ruffles… Era incrível. E também era ótimo quando ela me dava dinheiro pra ir na cantina: Com 3 reais dava pra comer uma pizza e tomar uma coca cola. Se bobear, com mais 2 reais dava pra comprar um Kinder Ovo. Que saudade.

9. Da estreia de Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo
Um dos melhores momentos desse meus quase 21 anos de existência. Na verdade me dói o peito lembrar do semestre todo. Cada lembrança durante os meses é tão intensa e tão boa, que juro, dói muito. Eu amo ter vivido tudo isso, e por esses momentos, entre outros, que eu digo que I wouldn’t wanna be anybody else. Mas dói. É uma das minhas lembranças mais doloridas, justamente pela vontade de entrar no túnel do tempo e viver de novo cada segundo daquilo, desde os nervosos até os abraços, desde a prévia até o dia que ganhamos a galharufa, desde o ensaio geral nervoso até a estreia mais deliciosa que eu já vivi na minha vida. Eu nunca me senti tão feliz e tão realizada em um palco, com vontade de chorar de amor. Eu nunca me esqueci das minhas falas. E nem das falas dos outros. E o brilho no meu olho quando eu falo desse assunto é o mesmo desde 2011, quando tudo aconteceu. Essa saudade é tão intensa como no dia que acabou. Nunca diminuiu. Só adormece, e depois, acorda. Que saudade.

10. Dos abraços de chegada
Eu vivo tanto pro passado que eu sofro pelo fim assim que a coisa acaba de começar. Se eu estou morrendo de saudade de uma pessoa e a re-encontro, assim que o abraço apertado termina, eu já começo a sentir saudades e pedir pra voltar ao momento da chegada. Os abraços de chegada são tão maravilhosos, acho que poucas coisas na vida superam esses primeiros momentos de re-encontros com as pessoas que a gente ama. Mesmo esses re-encontros acontecendo todos os dias. Os abraços de chegada são sempre a melhor parte. E eu sempre vou lembrar deles com carinho e aperto no peito, pela vontade de mais muitos. Que saudade.

sábado, 3 de novembro de 2012

A vida é a arte da sintonia

Já comecei parafraseando Vinícius desde o título, porque o Humberto sempre reconhece meus textos pelas citações. E isso combina. Porque eu acho que encontro, sintonia e reconhecimento andam sempre juntos.

Se a vida é a arte do encontro, todo mundo que está predestinado a se encontrar, um dia se abraça. Nós passamos pela arte de cair numa mesma sala de aula de teatro, com um professor incrível que conhece nossa outra professora incrível desde os 15 anos. Sabe o que isso é? É família.

É família porque família se estranha, se desentende, mas lava a roupa suja, chora e se abraça. É família, bem, quando passa mais de 12h respirando arte juntos e mesmo exauridos, se transbordam de criação. É família porque reclama das aranhas junto, porque filosofa junto sobre a falta de água, porque se aprende a dançar funk, porque se dança like a virgin em cima de cadeira.

Sintonia não se procura. Se encontra. E quando se está numa casa de chácara, entre o nada e o lugar nenhum e sem nenhuma chance de sinal de celular, a única coisa que resta somos nós. Somos nós, nossos corações e nossa sintonia. Somos nós e nossas vivências, nossas escolhas e nossos sonhos. Somos nós e nós. E isso, só nós entendemos.

Você chega em casa sonhando com o chuveiro e com as almofadas, e quando abre a porta de casa, vê que tudo continua exatamente do mesmo jeito que você deixou. Você é que chegou diferente e em outro contexto, depois de pouco mais de 24h que foram infinitas para cada um ali presente.

A gente chega em casa e as pessoas perguntam: “Como foi?”, e tudo o que você pode falar, com os olhos brilhando, é que foi incrível fora as aranhas. E eu vou ter que parafrasear também a minha brilhante amiga que sabe que às vezes simplesmente não dá pra falar sobre o resto.  Porque o resto, ninguém entenderia.

Porque o resto foram os abraços. O resto foi uma dupla de pais incríveis dançando lady gaga e tropeçando. O resto foi mãe que odeia aranha matar aranha a vassouradas, tentando não fazer barulho, e sem soltar a mão da filha morrendo de medo. O resto foi pai ensinando filha tonta a abrir a geladeira.  O resto é o fato de não existir vida além do amor. Simplesmente porque o amor está em tudo.

anigif

O resto é nosso. E de mais ninguém.