segunda-feira, 29 de abril de 2013

Todas as coisas são lidáveis

Minha amiga pegou meu “A Culpa é das Estrelas” emprestado, e me devolveu, brilhantemente, cheio de tags coloridas para indicar as páginas onde ela tinha deixado pequenos bilhetes com trechos que a fizeram parar de respirar.

Quando eu terminei de ler esse livro, eu não sabia o que fazer com tanto sentimento dentro do meu peito. Dei uma mordida na beirada do livro, e depois fiquei abraçada com ele em posição fetal pensando que minha vida jamais seria a mesma depois de Hazel Grace, Augustus Waters e tudo o mais que circunda suas existências. Tive certeza de que sentiria saudades desse livro para sempre, e amarguei o fato de que nunca mais poderia lê-lo novamente pela primeira vez.

Sinto saudades dele desde aquele momento, mesmo tendo-o em minha estante. E tive até medo de relê-lo e não sentir a mesma coisa. Heresia. Hoje quando abri o livro com as anotações da Éri, tive certeza de que já passa da hora de devorá-lo outra vez. Porque ele sempre vai fazer todo o sentido do mundo, e eu só vou conseguir abraçá-lo e dizer “OKAY”.

Mas na realidade eu não vim falar sobre isso. Eu vim falar sobre o que está no título. Porque uma das páginas que minha amiga tinha separado tinha justamente um trecho que fez meu coração parar por alguns instantes, tamanha sua sinceridade: “Eu fiquei pensando no verbo lidar e em todas as coisas não lidáveis com que se tem que lidar”.

E eu fechei o livro, abracei, e pensei de novo em como isso tudo aí é uma verdade dolorida. A gente passa por muita coisa nessa vida. A gente lida com muita coisa nessa vida. A gente assiste gente que a gente ama lidando com coisas com as quais a gente tem certeza de que não conseguiria lidar.

Que atire a primeira pedra quem nunca disse: “Fulano foi muito forte. Eu no lugar dele não aguentaria”. Eu já disse inúmeras vezes. E quer saber? Não acho de verdade que seja bem assim. Não é bem aquela história de que “Deus dá o frio conforme o cobertor”, mas acredito que seja algo que tenha mais ou menos a ver com isso. Na verdade acho que a gente aprende a aumentar o cobertor conforme o tamanho do frio que a gente sente.

O fato é que coisas, impreterivelmente, acontecem. E a gente não tem outra escolha senão lidar com elas. Eu tive que me mudar aos 7 anos de cidade. E tinha certeza de que aquilo era extremamente não-lidável. Quando eu pensava, aos 17, que estava muito feliz com minha vida em São Paulo e que jamais me mudaria de novo, meu pai chega em casa e diz que a gente vai se mudar. Agora sim, isso não era lidável. O mesmo raio não deveria cair duas vezes no mesmo lugar. Mas caiu, e eu fui obrigada a lidar com aquilo. Quando eu tinha meus 14 anos e via as pessoas desesperadas falando de vestibular eu pensava que não queria chegar naquela idade, porque eu não conseguiria lidar com aquilo. Lidei.

O fato é que, infelizmente ou não, todas as coisas são lidáveis. E não porque sejamos exatamente fortes ou estejamos preparados para elas, mas simplesmente porque a gente precisa lidar com elas. A gente tem que engolí-las guela abaixo e arrumar forças, às vezes de um lugar que nem sabíamos que existia.

Para finalizar, vou ser obrigada a parafrasear John Green em Hazel Grace de novo, pra dizer que isso tudo é apenas um efeito colateral de se estar vivendo, e que tudo é, na verdade, um efeito colateral de se estar vivendo.

factory

Unfortunately

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um dia muito especial

Anna Beatriz,
juro que não sei por onde começar, e nem o que eu vou falar pra você nesse dia em que você completa 4 aninhos de vida. Posso tentar começar falando que parece que foi ontem que você nasceu, e que, ao mesmo tempo, não parece que tem só 4 anos. Não consigo admitir que há cinco anos atrás você não existia, porque tem tempo que não consigo conceber um mundo onde você não exista.

Você é minha maior alegria. Minha melhor amiga. Meu melhor abraço. Você é meu sorriso, é meu doce de coco, é minha pequena notável. Minha tagarelinha, que fala tanto quanto eu. Que rabisca as portas do meu armário, que desenha corações pra mim, que diz que me ama e salva qualquer dia ruim.

Eu queria te dizer que você é a luz da minha vida! É o furacão do meu quarto, é a molhadeira na hora do banho, é o pé de bisnaguinha que eu nunca canso de morder. Você é a minha pessoa favorita no mundo inteiro, é a dona do meu coração, e eu passo horas falando pras pessoas o quanto você é especial.

Eu te amo tanto, minha menininha, que toda vez que eu estou com você, ou morrendo de saudade de você, eu fecho os olhos e agradeço silenciosamente por ter vindo parar em Curitiba. Não era possível continuar vivendo uma vida cotidiana lá em São Paulo vendo você apenas duas vezes por ano, sabe? Não era possível.

Hoje é seu aniversário e a única coisa que eu te desejo apenas hoje é "Feliz aniversário", porque o resto eu te desejo em todos os minutos de todos os dias. Muita saúde, muito amor, muita felicidade, muita aventura, muita cor, muita paz, muita, muita vida, e claro, que você continue me amando desse jeito que você me ama mesmo crescendo e descobrindo que eu não sou tão incrível quanto você imagina. Eu não sou a mulher maravilha, mas o que eu puder fazer pra realizar todos os seus sonhos, eu juro, eu farei! 

Se eu pudesse eu te dava o mundo inteiro, mas como eu não posso, te aviso mais uma vez que te dei o meu mundo. Meu coração tem seu nome escrito nele todinho.


Te amo até a lua. Ida, volta, ida, volta...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Os livros que eu salvaria

Sempre vi em blogs por aí fora alguns memes do tipo "Se sua casa pegasse fogo, quais 10 objetos você salvaria?" e nunca me atrevi a brincar disso. Porque, gente, eu sou do tipo apavorada que sairia correndo ao menor sinal de fumaça, carregando a cachorrinha num braço, meu celular no bolso, tentaria catar o computador e a minha câmera e depois eu pensava em como viveria sem as minhas roupas, sabe assim? Eu jamais conseguiria escolher 10, porque se eu tivesse tempo pra escolher 10, isso significa que eu poderia pegar mais que 10, e enfim.

Só que hoje é o dia Mundial do Livro, e como, injustamente, não é feriado e eu não pude passar o dia lendo, resolvi homenagear essa data deliciosa respondendo o meme que achei no blog da Thay, que se chama Save The Book e que consiste basicamente em você enumerar os 10 livros que você salvaria primeiro no caso de uma catástrofe. Percebam que eu, sabiamente, excluí a quantidade definida do título, porque eu obviamente vou roubar. Prossigamos.

Pra começo de conversa eu já vou apelar horrores, colocar os 7 Harry Potters embaixo do braço e fazer de conta que eles são um livro só. Porque os 7 juntos é que formam a grande história, porque foi por causa de J. K. Rowling que eu me tornei a leitora (e a pessoa) que sou, e porque eles são meu tesouro. Logo em seguida içaria meu Orgulho e Preconceito do andar de cima da estante, porque muito mais do que um clássico, aquele exemplar é uma parte de mim. Seguindo a mesma lógica, passaria logo a mão em Para sempre teu, Caio F, a biografia linda e pink escrita pela melhor amiga dele, que faz parte do mesmo pedaço de mim onde está gravado Orgulho e Preconceito. Depois disso, pegaria logo o meu A Culpa é das Estrelas porque meu amor por esse livro é tão físico que eu pego ele pra abraçar de vez em quando. Bem pertinho dele em minha estante fica Capitães da Areia, o meu livro preferido da literatura brasileira, e eu com certeza lutaria por ele. No andar de baixo, cataria logo os dois Pollyannas, porque foi minha avó que me deu e porque eu ia precisar de muito jogo do contente pra superar todo o resto da estante que teria sido perdida. Então, pegaria Todo Garoto tem, o meu Meg Cabot favorito, e Extraordinário, uma das minhas mais recentes paixões, perfeito por ser levemente pesado na medida certa (ou seria pesadamente leve?). Falando em algo levemente pesado e pesadamente leve, pegaria Meu pé de laranja lima e só de pegar nele já sentiria aquele arrepio que ele traz. Por último, mas jamais por ser menos importante, caminharia até a minha cabeceira onde ficam eles, que nunca saem dali: Meus dois volumes que contém a poesia completa da Florbela Espanca, porque não dá pra viver sem Flor.

Essa lista deu 20 livros, mas eu fui cara-de-pau e dividi bem bonita entre 10 categorias, e deixei tanta coisa de fora que só me resta ajoelhar e comemorar o fato de isso aí não ser real. Que Deus me livre das catástrofes, e mantenha meus filhotes livros bem longe delas também! Amém.

dolivro

Feliz dia do livro!

domingo, 21 de abril de 2013

Que cocê foi fazer no mato?

Me esconder, certamente, depois de postar esse texto, que fará minha dignidade despencar internet abaixo. Mentira, vai. Estou exagerando. O fato é que todo mundo tem sua fase musical de qualidade duvidosa. E tem aquela que deixa resquícios em você e que não passa nunca. E eu vim aqui para, por ideia da Anna Vitória, que fará a mesma coisa em seu blog, elencar minhas dez músicas preferidas de…. SANDY & JÚNIOR!

E aí eu preciso negar tudo o que eu disse sobre falta de dignidade no parágrafo acima e dizer que eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que Sandy & Júnior, pra mim, foi um amor que ficou. Porque eu era alucinadamente apaixonada por eles na minha primeira infância. Eu tinha uns 4 anos, não sabia quem eu era, mas sabia quem era a Sandy. E se eu escutasse alguém falando “Júnior” na televisão, eu saía correndo de onde eu tivesse esperando ver algo sobre Sandy & Júnior, e morria frustrada, porque geralmente era do Fábio Júnior que se estavam falando.

Tenho os CDS em casa até hoje, e não sei porque cargas d’água, só umas três músicas deles no IPod. Mas Sandy & Júnior é amor antigo, e foi uma devoção verdadeira e inocente da minha criança de 4 anos. Fui em dois Shows, um aos 7 e um aos 11, e não tenho como dizer, hoje, que eles são dois bostas, porque meu coração jamais vai concordar com isso. Findada a declaração de amor, vamos às tais dez músicas.

1. Maria Chiquinha – Escolhida diretamente dos tempos mais remotos da minha infância, como não elencar essa música, a dona de minhas milhões de cantorias infantis no karaokê, e eu tirava tanto notão cantando ela que a mãe de uma amiguinha minha me FILMOU cantando isso no aniversário da menina e chamou a família inteira dela pra assistir. Pena que não tenho essa filmagem e não vejo a menina desde os meus 9 anos. Voltando ao assunto, Maria Chiquinha é um clássico, e dizer que ama Sandy & Júnior sem elencar Maria Chiquinha no TOP 10 é se assumir Poser. (Apenas aguardando pela lista da Anna) O resto, pode deixar que eu aproveito!

2. Abra a porta, Mariquinha – Também oriunda do fundo do baú, essa não podia faltar, porque eu montava coreografias mentais com ela, usando um rolo de macarrão e tudo, e porque, gente, Mariquinha eu tô ficando nervoso, e quando eu fico nervoso, meia dúzia pra mim é seis.

3. Não ter – Porque eu acho sinceramente cruel a letra dessa música. Porque ela me deixa amargando a dor das coisas que você ama na pessoa e que vão embora com o fim da relação, sem ir embora de fato. Essa música diz que é duro não ter o perfume que não se esquece, e gente, é muito, muito duro não ter tudo aquilo que a gente simplesmente não consegue esquecer. Não ter minha vida é viver de você.

4. Quando você passa – Aquela que todo mundo conhece como Turu Turu, e que, confesso, precisei recorrer ao google pra lembrar que o nome não era de fato este. Morro de vergonha de cantar esse trecho em voz alta, porque, gente TURU TURU é demais pra mim, mas sou apaixonada pelo resto da letra da música, e as pessoas julgar-me-ão por isso, porque ela é um absurdo de stalkeamento, observem: Se eu pudesse te entender, dominar seus sentimentos, controlar seus passos, ler sua agenda e pensamento. OI? Pois é. Mas eu canto alegre em voz alta e achando lindo. E meu trecho favorito, igualmente exagerado e obsessivo, sempre será Se é amor sei lá, só sei que sem você parei de respirar.

5. Inesquecível – Mais uma música meio fossa meio romântica, meio exagerada, mas que eu acho docemente linda. Ah, vai, os ritmos das músicas deles são bem gracinhas, e o dessa é lindo. Ouviria um instrumental dessa música por alguns minutos a fio numa boa! Da letra, fico com Mais que uma história pra viver, o tempo parece dizer, não, não me deixe mais.

6. Meu primeiro amor – Voltei aos 4 anos porque essa música é clássica, e eu sabia a letra dela inteirinha, e minhas primas mais velhas me exploravam. Lembro da cena delas sentadas no sofá, e eu de pé no meio da sala depois de elas me implorarem pra cantar de novo pra elas verem. Hoje, eu, coruja que sou com as minhas primas pequenas, imagino o tamanho da explosão de fofura que elas sentiam quando eu, minúscula e loirinha, aos 4 anos, cantava a música inteirinha. Se a Anna Beatriz cantasse isso no meio da minha sala, eu certamente teria um piripaque de tanto amor. E a letra dessa música é por demais de fofa. Meu primeiro amor, o meu coração bate por você, venha me fazer perder o medo! Estou te ama-an-do!

7. Splish Splash – Agora que eu coloquei essa música aqui uma voz veio do além me dizendo que isso eles regravaram de algum lugar, mas resolvi ignorar esse detalhe, porque essa foi a versão da minha vida, e, cara, agora lá em casa todo mundo vai saber que o tapa que eu dei nele fez barulho e fez doer, yeah yeah, splish splash.

8. Um segredo e um amor – Ah, alma gêmea. Saudades dessa novela que eu não assisti direito de nenhuma das duas vezes que passou, e nem tenho vontade, mas que tinha um clima super gostosinho, e que tocava essa música toda vez que Mirella, de vestidinho de época e lacinho no cabelo, chorava suas dores de amor por Felipe, o loiro bonitinho filho do Eduardo Moscóvis. Quero os vestidinhos, quero o Felipe, e quero a trilha sonora! Se eu gritasse para o mundo ouvir, até onde a voz pudesse ir…

9. Vai ter que rebolar – Porque acho extremamente divertida! Porque embora eu ache bizarro e meio Nelson Rodrigueano o fato do Júnior ficar dando em cima da Sandy a música inteira, me divirto com as ordens dela e com as tentativas de saída dele. Acho genial a linguagem coloquial na forma da música. Carinha, eu tô fora, é melhor se segurar, você não faz meu tipo, não insista que não dá, pra você me dar um beijo, ah, você vai ter que rebolar, rebolar e rebolar.

10. Number one – Que ela canta, se não me engano, com um dos Iglesias, acho que o Enrique, que eu tenho no Ipod e sempre me encolho psicologicamente em posição fetal quando escuto, de tanto que eu amo. E não tem mais o que falar sobre essa música, porque, já vi tudo acontecer, milagres tornados reais, mas nunca eu vi nada assim, quando seus olhos olham pra mim.

Sandy e JúniorSdds

domingo, 14 de abril de 2013

Sobre o réveillon de cada um

Há quem diga que se você parar pra pensar, comemorar aniversário não tem sentido nenhum. Os pessimistas dizem que não é razoável comemorar “um ano a menos de vida”. Os céticos dizem que é muito ´desnecessário ficar o dia inteiro ouvindo “parabéns” simplesmente pelo fato de você ter nascido, e que, sei lá, no fim das contas quem devia receber parabéns nesse dia era sua mãe, que teve que fazer o esforço. Enfim.

Eu gosto de aniversários. Acho que viradas, por mais que teoricamente não tenham mesmo sentido, são importantes. Não é que nesses 10 segundos que separam um ano do outro tudo vá mudar. Não é à meia noite que tudo muda. Só parece que nos dá mais chances.

Eu fico feliz nos meus aniversários. Não porque eu mereça parabéns por ter nascido, nem, talvez, mereça parabéns por ter aguentado mais 1 ano nessa terra de gente louca. Mas porque eu acho que todo mundo merece ter, ao menos 1 dia no meio desses 365, pra se sentir celebrado. Pra sentir que o mundo de todo mundo parou, ao menos por 5 segundinhos, pra pensar em você. Um dia onde a gente pode se dar ao luxo de achar que tudo gira ao nosso redor, um dia que você anda na rua pensando que o mundo de todas as outras pessoas está normal, mas o seu não, porque é seu aniversário e sua estrela está brilhando mais forte.

Aniversários são sempre iguais. As pessoas cantam aquela musiquinha bizarra, você fica roxa de vergonha, não sabe o que fazer enquanto os outros cantam, responde aos telefonemas dizendo “obrigada”, com uma sensação desconfortável, e tem certeza de que a pessoa que está falando também está achando desconfortável, mas é tudo lindo mesmo assim, porque é amor.

É amor quando suas amigas fazem fervo com você, gravam vídeos e colocam no facebook. É amor quando seus pais e sua tia te chamam na sala, te entregam sua lista de presentes na mão e mandam você ticar os itens que for encontrando nas sacolas. É amor quando sua mãe de alma te liga meia noite e dez cantando e falando as coisas lindas que só ela sabe falar. É amor quando você vê posts nos blogs das suas irmãs e filhas com o título arremetendo a um dos maiores tesouros da sua vida. É amor quando a criança-da-sua-vida chega te olhando com dois presentes que ela escolheu e fala que hoje é um dia muito especial porque é aniversário da Lu! É amor, gente.

E aniversários existem pra isso: Pra todo mundo ter a chance de se sentir a cereja do bolo durante um dia inteirinho. Pra todo mundo lembrar que é amado e especial. E pra todo mundo sentir que ganhou mais um ano inteirinho de chances de fazer a coisa dar certo.

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É que hoje é meu aniversário
E quando chega meu aniversário
Eu me sinto bem maior, bem maior, bem maior, bem maior
Do que eu era antes

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Não estou preparada pra me despedir de você

Não vou dizer que foi amor a primeira vista, mas você não demorou pra me conquistar. Foi num dia de dezembro. Fazia sol, eu estava com sono, mas me gritaram pra levantar e te encontrar. Na verdade, tinham várias outras junto. E eu não vou mentir, não foi pra você que eu olhei primeiro.

Precisei olhar pra todas, pegar cada uma na mão, analisar os detalhezinhos, provar. Provei algumas, passei, olhei no espelho, e confesso mais uma vez que mesmo quando decidi por você eu não decidi com tanta certeza. Nosso amor foi construído aos poucos.

Foi construído em momentos como a primeira vez que desfilei contigo fora de casa. Era aniversário de um amigo especial, e nossa relação ainda estava muito recente. Na verdade, precisando de alguns cuidados antes de ser colocada à mostra. Nem liguei. Dobrei os pequenos excessos em sua barra e fui te mostrar pro mundo. Novinha, linda, exibindo seus 5 botões dourados que da primeira vez que vi achei que fossem coisa de gente com gosto duvidoso. Mas ainda não foi nesse dia que praticamente nos tornamos uma só.

Fomos nos tornando uma só com o tempo. Mesmo sem fazer a barra, porque morria de preguiça de ir até a costureira, era sempre você que eu escolhia. Ficava linda com a bota, combinava com a rasteirinha, e ainda dava um tom de luxo naquele look com all star. A alegria da minha semana era ver que você já tinha sido lavada e estava de volta no meu armário. No meio de todas as outras, era a primeira que eu sempre procurava. E é injusto ter que engolir o fato de que, no meio de tantas outras relações antigas, duradouras, mas não tão importantes, foi com você que foi tudo acabou tão rápido.

Na verdade eu espero que não tenha acabado. Espero que você me perdoe a desatenção e volte pra mim. Naquela quarta-feira onde eu te troquei às 19h por uma calça de ginástica, eu só queria te proteger de rolar no chão. E eu sei, foi um absurdo ter te esquecido na sala de aula. Nem me lembro se ao menos te deixei dobradinha. Mas sei que no dia seguinte por algum acaso do destino você não estava mais lá.

Desde então meu coração se parte toda vez que eu abro o armário. Seus botões dourados, que por alguns segundos eu achei meio bregas, não estão mais ali pra puxar os meus braços e não me deixar escolher nenhuma outra calça. Aliás, as outras agora fazem ainda menos sentido. Nada mais dentro daquele guarda-roupa faz sentido. Porque você se foi.

Eu podia dizer que espero que você faça feliz a pessoa que te levou das minhas perninhas, mas sou rancorosa e digo que não. Espero que você faça a pessoa passar muita raiva, até porque, vou sambar na cara da sociedade agora e dizer que pouca gente consegue entrar numa 34 feito você. E vou reiterar que se um dia eu ver alguém vestida em você eu darei o primeiro barraco físico da minha vida. Porque eu vou arrancar você dela a qualquer custo. Sinto sua falta.

Faz 8 dias que eu não te vejo. Me perdoa por não ter tomado conta de ti devidamente. Mas se por um acaso você se sentiu menosprezada em relação às outras, saiba que foi você que foi comigo na maternidade o dia que o Ricardo nasceu, e vestidas em você estavam as minhas pernas quando coloquei o neném sobre elas pela primeira vez.

Sonhei com você a noite passada (é sério) e te procurei até embaixo da geladeira da escola. Volta. Nunca mais te esqueço em lugar nenhum. Isso é uma promessa.

calça

Não estou preparada pra me despedir de você

Esse post é um oferecimento da minha amiga Anna Vitória, que ousou dizer que eu tinha um lado Drama Queen. Eu disse: Lados? Metade de mim é Drama Queen. E ela disse: E a outra metade quer explodir tudo porque não aceita ser uma metade só.

A vantagem dos meus dramas realmente sentidos é que eu me magoei tanto relembrando meus momentos com minha calça favorita pra escrever esse post que minha mãe entrou no quarto e me encontrou chorando na frente do computador. Num primeiro momento acho que ela quis me internar por estar chorando por causa de uma calça, mas ela pelo menos sentiu o tamanho da minha dor e não me encheu com o discurso de “você precisa aprender a tomar conta de suas coisas”.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Aquele onde ela ia festar

Pedindo uma licença poética para parafrasear Chico Buarque, que eu sou muito mais do edredom que das baladas isso todo mundo já sabe. Vivo tentando convencer a minha mãe, me utilizando, dessa vez, de Paula Pimenta, que se ele for mesmo o homem da minha vida ele não estará na balada, e sim em casa lendo, e então, não é exatamente sair festar toda sexta-feira que vai adiantar o processo dela ver netinhos correndo pela casa.

Eu gosto de festa. Eu me divirto nas baladas. Em um baile de formatura, sou daquelas que praticamente varre o salão. Mas o fato é que eu morro de preguiça de encarar uma #PartyHard sendo que do outro lado da questão existe uma cama com pernas para o alto, música, livros e internet.

Pra eu sair de casa, eu preciso estar muito inspirada. E veja bem, sexta-feira eu estava. Não saí esse ano ainda. Gente-eu-não-saí-esse-ano-ainda e estamos em abril. Então minha amiga marcar um aniversário na balada sertaneja até que foi algo providencial. Amarguei alguns dias de preguiça descomunal, mas mantinha em mente que não tinha como não ir, afinal, era aniversário da Letícia.

Convenci outra amiga a ir junto, porque odeio chegar em festas sozinha, odeio voltar sozinha, ela é uma ótima companhia e ainda por cima é a maquiadora que eu pedi a Deus, com toda a paciência do mundo para os meus chiliques de “Ai, você vai acabar pintando minha pupila com esse rímel” ou “Ai, você vai me furar com esse lápis” ou “Ai, pega água, não vá molhar o cotonete com a ponta da língua pra limpar minha sobrancelha, né”.

Acordei cedo no sábado, passei por uma manhã exaustiva, cheguei em casa e só queria dormir. Sabe aqueles cochilos bem errados, onde você deita de roupa apertada e toda torta na cama, e dorme tão pesado que sonha um milhão de aleatoriedades? Então.

Acordei às quatro e tanto com meu pai avisando que o interfone estava tocando. Luana chegou, subiu, comemos pizza, colocamos a fofoca em dia, assistimos um episódio de Grey’s Anatomy e graças a Deus ela apagou antes de eu pedir pra dormir mais um pouquinho. Precisamos de força para levantar às 21h e começarmos a nos arrumar. Banho daqui, banho de lá, secando cabelo e fazendo escova dali, queimando o PÉ com a chapinha de lá. Sim, só eu consigo queimar o pé com a chapinha.

Meia hora em cada maquiagem, dois quilos de delineador, arrumação das camas pra quando voltássemos, telefonemas para o taxista e já era tipo meia noite quando paramos na frente da balada marcada. Sorte que a maquininha de cartão do moço engatou, porque consegui falar no telefone com a aniversariante que, olhando o tamanho da fila da balada, desistiu da brincadeira e foi pra outra. Sem avisar a todos os convidados. Tudo bem. Respirei fundo e avisei pro taxista me levar pra outro canto. Lógico que ele desligou o taxímetro e ligou de novo, o que configurou em muitas dilmas a mais do que o planejado para a ~viagem~ de IDA até a festa.

E eu estava tão animada com a possibilidade de dançar músicas de qualidade duvidosa durante toda a madrugada que fui bem de boa para a outra balada escolhida, só pra chegar lá e encontrar mais algumas horas de fila e a aniversariante resolvendo mudar de planos de novo e ir pra casa de seus outros amigos beber com eles. Quase 1 hora da manhã e eu e Luana estávamos no meio do Batel, com roupas de balada, maquiagem carregada, e sem festa nenhuma pra ir.

Gente, é só calcular: Passei uns 5 dias tentando me animar pra ir na balada. Passei a tarde de sábado querendo-dormir-pesado, mas acordando a cada meia hora pra olhar o relógio e ver se ainda estava em tempo de eu acordar e me arrumar. Passei três horas me arrumando, e ao todo, foram gramas preciosos de maquiagem e delineador para gastar 38 reais, rodar de táxi em Curitiba e passar raiva.

Terminei a noite debaixo do edredom, lendo meu amigo desabafar no chat do Skype, comendo bombons e jogando Candy Crush Saga. Só porque eu realmente estava afim de festar. O próximo a inventar um aniversário desses vai precisar de argumentos bem fortes pra me convencer a pensar no assunto. Ponham a culpa na Letícia.

Ah, tem mais. O delineador da Lu é daqueles que dura pra sempre. Ele tem a vantagem de durar pra sempre. E a desvantagem de durar pra sempre. Já é quase terça-feira, eu tomei banhos, passei demaquilante, e as pessoas ainda olham pra minha cara e dizem: “Opa, a balada foi boa esse findi, hein?”. Pois sim.

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

O lado bom da vida

O lado bom da vida é que às vezes ela parece que anda pra frente. Muitas vezes tudo parece duro e difícil, mas há que se saber prestar atenção também naqueles sonhos que são realizados antes mesmos de pensarmos em sonhar.

O lado bom da vida é que um dia tem só 24 horas. Muitas vezes isso parece bem pouco, mas quando as coisas estão ruins, o único consolo é pensar que no fim de tudo isso vai estar tudo escuro e você vai poder chorar no chuveiro e se aninhar na cama. Os dias ruins também acabam.

O lado bom da vida é que existem abraços apertados. A gente encontra muita gente por essas esquinas. Umas vão, outras ficam, algumas te cumprimentam com falsidade, mas tudo vale a pena quando você encontra abraços onde você poderia morar.

O lado bom da vida é que existem as estantes de livros. Se não dá pra mudar a sua realidade de canal, dá pra fechar um livro e começar outro. É bom saber que pelo menos alguma realidade a gente consegue mudar.

O lado bom da vida é pensar que distância é uma coisa que existe, e dói, mas que o amor e a sintonia arrumam meios pra gente aprender que ela nunca é o fato que conta mais quando você põe as relações verdadeiras na balança.

O lado bom da vida é parar pra lembrar que a vida tem um lado bom! Porque, convenhamos, lógica ela não tem nenhuma. Se em pleno 2013 ainda existe gente ruim,  comida que não se materializa na sua frente a hora que você pensa nela, e louça pra lavar, as pessoas só continuam brincando disso porque acreditam que dá pra achar o lado bom.

O lado bom da vida é viver.

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