terça-feira, 17 de abril de 2012

Por toda a minha vida.

Não sei como começar e nem como terminar esse texto, porque não tenho a menor ideia do que eu vou escrever. Mas sabe quando a gente precisa escrever? Então. Talvez eu devesse falar que é impressionante como existem coisas que parecem simples, mas tocam no fundo da alma. Conversas, assuntos, abraços, pessoas, músicas, tudo isso junto ao mesmo tempo agora…

Sei que às vezes é duro a gente sentir que o mundo está errado, mas tem certas formas que as pessoas usam pra balançar sua cabeça e te fazer acordar que saem melhor que a encomenda. Quando é numa conversa de 3h que podia estar acontecendo até agora, num ambiente enorme, mas fechado, com pouquíssimas pessoas dentro, que ficam sentadas perto uma da outra, no mesmo nível, e até, porque não, no mesmo coração.

Rola um pouco de conversa ali, umas lágrimas caem aqui, um sorrisos são dados de lá, e aí quando as pessoas resolvem se levantar pra descontrair a gente canta mal e perde a moral com os pobres ouvidos da professora, mas se diverte junto. A gente faz parada de mãos na parede, de calça jeans e bota. A gente sobe e desce de escada, muda de ideia a cada 5 minutos sobre o que vamos cantar, enquanto a professora põe a mão na testa e da uma cotovelada espontânea nas teclas do piano. A gente faz a professora descer do piano pra cantar mais perto da gente, porque senão, a gente vai subir, e definitivamente não cabe tanta gente perto do piano. Aí ela faz de conta que preferia estar em casa vendo novela, mas a gente sabe que é mentira. Olhos nunca mentem.

Depois da cantoria a gente acalma os ânimos, e senta de novo. Juntinho e no mesmo nível. Pra terminar as horas de conversa com um peso de despedida em cima dos ombros, e a professora cantando “Eu sei que vou te amar”, enquanto a gente tentava acompanhar, não sei se sorrindo, se chorando, se ficando inteiramente arrepiados, acho que tudo junto.

Aí a aula acaba. A gente apaga as luzes, sai devagar da sala, cantando na cabeça. A professora tranca a porta, e deixa tudo guardado lá dentro. Eu deixo guardado no coração. Fico pensando no carro, pensando em casa, pensando a manhã toda, com a música na cabeça, ainda meio arrepiada, torcendo pra ainda ter muito disso na vida. A colega pergunta: “Ei Ana, teve aula de que hoje?”, e eu não tenho dúvidas: “Tive aula de Vida”. Ela ri e rebate: “Sério, era professora de que?” E eu: “Se eu responder ‘de voz’, juro, não vai bastar”. Ela se dá por satisfeita com a resposta enquanto eu continuo pensando: “Pessoas LUZ. Que bom que elas existem!”

7 comentários:

  1. Esse seu texto hoje me lavou a alma, Analu - nem eu sei bem porque, só sei que fez dar um sorriso canto de boca e um suspiro no fim :)

    Beijão.

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  2. Ai que lindo! Estou ansiosa pra ter aula com a Dani por sua causa! É maravilhoso ter professores que ensinam vida. Maravilhoso. Bom te ver feliz, satisfeita, reflexiva, emocionada e um pouco louca!
    Te amo!
    Beijos, abraços e apertos de mão!

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  3. Que lindo! Eu já passei por isso, fiz aulas de teatro por muito tempo e era assim mesmo que a magia nos encontrava, numa sala antes cinza que terminava toda colorida. São umas das minhas mais belas lembranças, e você deve concordar comigo, todo mundo deveria ter oportunidade de viver coisas como essas.

    Beijo,
    Monique

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  4. Ai, que texto amor! Era por essa aula que você estava esperando ontem cedo, amiga? Quando tu disse que nenhuma aula de comparava a ela, não fez muito sentido, só agora. Que bom que existem pessoas assim, que mudam nosso dia, nossa semana, com coisas tão simples...

    Beijos!

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  5. Você emite tanta luz falando da luz dos outros! Sério. Na minha listinha de pessoas que não têm preço, você tem um lugar especial (soou brega as hell, mas é verdade).
    Essa música em especial me lembra meu pai :´)
    Beijo!

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  6. Ah, amiga, acho tão bonita a sua relação com suas professoras. Fiquei super emocionada com essa coisa de "aula de vida" e imaginei direitinho o seu sorriso enquanto ela cantava, toda encantada, com os olhos brilhando.
    Ainda bem que pessoas luz existem pra iluminar nossos dias, né? Porque a sua luz sempre aparece nos meus!

    Beijos!

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  7. (Escrevi um comentário fofo, mas a droga da internet me fez perder :( )

    Tem professores que ensinam pra gente muito mais que as disciplinas que eles lecionam. Também tem "aulas perdidas" que não poderiam ter sido mais ganhar. A vida é assim mesmo, e é deles que a gente vai lembrar quando a vida bater na nossa porta.

    Beijos, Nalu!

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