quarta-feira, 30 de maio de 2012

Aqueles que arrepiam.

Porque quem é viciado em música sabe a sensação de estar ouvindo aquele trecho. Aquela parte da música onde parece que o coração vai sair pra fora do peito. Aquela frasezinha preferida, que dentre todas as outras, é a que mais faz ter vontade de gritar, chorar, cantar com toda a força da alma.

Eis que a Anna criou o meme dos sonhos, e também dos pesadelos, de qualquer gritadora de trechos, vulgo, eu! A moral da história é escolher trechinhos de músicas que mais te encantam, que mais arrepiam. É dos sonhos porque eu vou poder gritar meus trechos favoritos pro mundo. É dos pesadelos porque eu vou ter que me colocar um limite, e com certeza, deixarei muitos apaixonantes de fora. Mas vamos tentar.

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E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz!” Eduardo e Mônica – Legião Urbana

“Então me abraça forte. Me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo. Temos nosso próprio tempo.”
Tempo Perdido – Legião Urbana

“Tão correto e tão bonito, o infinito é realmente um dos deuses mais lindos”
Quase sem querer – Legião Urbana

“Ah, eu perco o sono! Lembrando em cada riso teu qualquer bandeira.. Fechando e abrindo a geladeira a noite inteira!”
Preciso dizer que te amo – Cazuza

“Prendia o choro e aguava o bom do amor".”
Codinome Beija-flor - Cazuza

“Pois já não vales nada… és página virada… Descartada do meu folhetim”
Folhetim – Chico Buarque/Luiza Possi

“É cada um por si, você por mim e mais nada.”
Como eu quero – Kid Abelha

“Eu jogo charme, alguém me vê, nada acontece! Não sei por quê, se eu não perdi nenhum detalhe.. Onde foi que eu errei?”
Fórmula do Amor – Kid Abelha

“A dor vai curar essas lástimas… O soro tem gosto de lágrimas…”
Flores – Titãs

“Quem te vê passar assim por mim… Não sabe o que é sofrer.”
Anna Júlia – Los Hermanos

“Pode falar, não me importa! O que eu tenho de torta eu tenho de feliz…”
Velha e Louca - Mallu Magalhães

“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você. O sal viria doce para os novos lábios.”
All Star – Cássia Eller

“Nem toda brasileira é bunda, meu peito não é de silicone! Sou mais macho que muito homem!”
Pagu – Elis Regina

“Boom, boom, boom, even brighter than the moon, moon, moon. It has always been inside you, you, you!”
Firework – Katy Perry

“In another life, I’ll be your girl. We’ll keep all the promises, will be us against the world.”
The one that got away – Katy Perry

“You cried, I died.”
Misunderstood – Bon Jovi

“Come together… right now… Over me!”
Come together – The Beatles

“Nevermind, I’ll find someone like you. I wish nothing but the best for you two.”
Someone like you – Adele

“Romeo, save me. I’ve been feeling so alone. I keep waiting for you, but you never come.”
Love Story – Taylor Swift

“You say you’re fine, I know you better than that!”
You belong with me – Taylor Swift

“Tonight we are young. So let’s set the world on fire! We can burn brighter than the sun!”
We are young – Fun.

“You’re so fabulous, you’re so good to me. Baby, Baby. You’re so good to me.”

Hot – Avril Lavigne
E aí, quem quer brincar também? Mayrinha, Rafaela e Milena estão convocadíssimas!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu tinha 12 anos e era louca pelo Rodrigo Santoro.

E daí que ontem a Tary e a Anninha resolveram sair do armário, desenterrar o fundo do baú, e confessar apaixonadamente uma de suas tietagens da adolescência, que acaba ficando guardada pra sempre no cuore. E enquanto as duas estavam lá, tecendo toda sua renda apaixonada sobre Lucas Silveira, aquele, do Fresno, eu pensava que nunca fui fã de nenhuma dessas bandinhas, nem de nenhum de seus integrantes. Minha tietagem musical da adolescência foi Avril Lavigne, mas eu era fã, e não apaixonada, por motivos óbvios. Fiquei tentando cavucar a memória musical pra lembrar da minha paixão platônica adolescente e quando desisti, lembrei. Estava era procurando no lugar errado.

Eu tinha 12 anos, e vivia escrevendo na minha agenda que o Rodrigo Santoro era o cara mais lindo do mundo. Eu recortei uma foto dele no jornal e coloquei dentro do plasticozinho da agenda. Só não levanto pra pegar e fotografar porque estou morta de cansaço. Mas era assim. Eu era apaixonada pelo Rodrigo Santoro.

Aquele amor inocente. De menina. De pegar a foto e beijar. De desenhar coraçõezinhos em volta. De correr pra ver a televisão só porque ele ia aparecer. Eu me sentia a pessoa evoluída do pedaço quando forçava a minha tia a me perguntar quem era o gato mais gato de todos os gatos do mundo. E aí eu respondia feliz da vida: O Rodrigo Santoro! E sabe quem é o segundo mais gato? O Rodrigo Santoro! E o terceiro? Adivinha! O Rodrigo Santoro!

É isso. Rodrigo Santoro era todo o meu pódio dos doze anos. Hoje eu não acho ele o mais gato dos gatos. Nem o segundo. Nem o terceiro. Mas essa fase com certeza deixa aquelas marquinhas na gente. E eu nunca vou conseguir ver uma foto ou cena de Rodrigo na TV sem que pare, dê aquele sorrisinho de canto, e pense: – Você já foi o grande amor da minha vida.

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Ice eu te pego.

domingo, 27 de maio de 2012

De sombras e pérolas.

Uma frase que me defina? “O melhor da festa é esperar por ela”. Sim, eu sou ansiosa. Desde sempre. Isso é bom, e é ruim. É bom porque eu curto as coisas muito antes delas chegarem. Tipo curtir uma viagem e uma festa desde muito antes delas realmente acontecerem. É ruim porque eu também sofro as coisas muito antes delas acontecerem. Tipo chegar chorando em casa no dia da incrível estreia da peça mais amada do mundo, pensando que agora que o primeiro dia já tinha ido, faltariam só mais 3, e depois, acabaria. Só depois. E eu já tinha começado a chorar.

Eu vivo as coisas antes delas acontecerem. O que significa que pra mim, o momento mais cansativo da semana, com toda a certeza, é segunda-feira às 6h30 da manhã. Que é quando eu tenho que acordar pra tudo o que vem pela frente. É tanta coisa pra vir, mas tanta, que eu morro de cansaço. Aí as coisas vão acontecendo, e quando chega o sábado de tarde e todos os “compromissos sérios” da semana passaram, eu já até esqueci do cansaço e estou feliz e tranquila, como se nada tivesse acontecido.

Sei que hoje, sábado de tardezinha, apenas alguns minutos após o “momento da liberdade”, minha amiga resolveu ter a brilhante ideia de ir caminhar sem rumo, só pra tomar um sol na cabeça. Afinal de contas, o dia estava inusitadamente muito bonito para ser desperdiçado. E lá fomos nós. Eu, ela, e mais uma. Em um modelo que a gente quase não gosta: A ídola e suas fãs carrapatinhas.

As 3, batendo papo de baixo do sol. No meio disso começamos a falar de trabalho e estudo. No nosso caso, tudo envolvendo processos teatrais. E aí no meio de falações, dramas e desesperos das pupilas, a mestre resolve abrir a boca, com toda a calma e divisse desse mundo, pra fazer mais uns de seus discursos que todo mundo deveria parar para ouvir. Aí ela falou que a gente trabalha e estuda muito nessa vida. E que no meio disso, as coisas acabam se tornando triviais e normais. Orgânicas. E por isso não serão mágicas all time long. Serão únicas. Boas ou ruins, mas sempre dentro da magia do contexto, que nunca podemos nos esquecer. Porque só se estivermos dispostas a viver o contexto todo é que vamos encontras as pérolas! Sim, as pérolas! As pérolas são especiais. E elas aparecem de repente, bem ali, no meio do todo. “Se tudo fossem pérolas, as pérolas nem existiriam!”, ela diz, sempre tão sábia. E aí cai novamente aquela ficha que já devia ter caído a muito mais tempo: Realmente! As pérolas ficam ali, escondidinhas nas ostras. O trabalho de abrir as ostrinhas às vezes pode ser fácil, às vezes difícil. Pode ser legal, ou pode ser chato. Leve ou desgastante. Mas se não toparmos a missão de abrí-las, e pagar para ver, nunca teremos a chance de dar de cara com as pérolas lá dentro!

Possivelmente, e provavelmente, haverão muitas ostras vazias no caminho. Mas as pérolas encontradas, com certeza, compensarão tudo! Assim como 3 sombras amigas caminhando juntas em um dia de sol são capazes de compensar toda a semana chuvosa!

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De luz e sombra: Três mocinhas elegantes e quase filósofas…

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Porque.

Acordei às 8h da manhã, o que é bem inusitado e raro. Porque em dias de aula, eu acordo sempre às 6h30. E em dias de não-aula, eu nunca vou levantar antes das 11h. A menos que haja uma razão incrível para isso, como por exemplo a casa da vovó lotada de família. Mas mesmo assim, será depois das 9h. Mas hoje, hoje eu acordei as 8h. Acordei às 8h porque eu só tinha a segunda aula. Acordar às 8h tem um astral interessante! É uma manhã, que mesmo começando, já tem consistência. Não é aquela morrinha de acordar às 6h da manhã, com dia querendo amanhecer e você querendo vender o fígado pra poder dormir mais 5 minutos. Não que eu estivesse saltitante às 8h, porque eu não sou uma pessoa que funciona de manhã, anyway. Mas acordei com um astral diferente. Porque eu acordei às 8h da manhã.

Depois do almoço eu fui pra quinta aula prática da auto-escola. Estava chuviscando, mas ainda não foi dessa vez que eu precisei ligar o para-brisa. Andei bem! Deixei o carro morrer uma vez, mas de resto, foi tranquilo. Acho que cheguei aos 40km por hora, mas ainda não passei a terceira marcha. Mas eu estacionei macio! Consegui parar o carro sem dar tranco. Não, ainda não sei o que exatamente foi que eu fiz de certo pra isso acontecer. Ainda não consegui decorar se eu tenho que apertar primeiro a embreagem e depois o freio, ou se devem ser os dois ao mesmo tempo, ou o que que eu devo soltar antes. Mas saí feliz de lá. Porque eu estacionei macio.

Passei raiva de tarde, porque andei um montão à toa. Achava que tinha um compromisso, e andei, andei e andei até ele, só para descobrir que ele na verdade era no dia seguinte. Então eu andei, andei e andei de volta pra casa, na chuva, com as roupas me apertando, o cabelo na cara me irritando, e os pedreiros chatos espiando. Cheguei em casa relinchando, arranquei todas aquelas roupas e me dei ao luxo de tomar um banho de meia hora, com direito a muito creme hidratante no final. Continuava chovendo, e eu jajá teria que sair de novo. Mas estava calma. Porque eu tomei um banho quente de meia hora com direito a creme hidratante no final.

Comi um iogurte de morango cheio de Neston em cima, me estiquei na minha cama, e depois abri guarda-chuva e fui fazer unha. Bati os altos papos de sempre com a manicure ciumenta e todos os outros integrantes do cenário, como o cabelereiro lindo que faz dança com a minha professora de expressão corporal. Minha manicure manda em mim, então é ela quem escolhe o meu esmalte. Hoje ela me tacou um azul metálico. O cabelereiro, que já tinha me cobrado de marcar minha hidratação, aproveitou para zoar com a minha cara e dizer que na semana passada eu tinha dito que passaria qualquer coisa na minha unha, menos azul. Minha manicure vive fazendo com que tudo o que eu cuspa para cima caia direto no meio da minha testa. Depois do papo delicioso, da hidratação marcada, e do rímel super shock max comprado, só me restava sair na chuva de novo e caçar o rumo do ponto de ônibus pra ir ensaiar. Mas tudo bem. Eu saí dali me sentindo inovadora. Porque eu tinha acabado de passar esmalte azul metálico.

Um ônibus passou à toda bem do lado do ponto de ônibus e me molhou. Chegou um cara do além, BEM louco, com um cigarro na mão, e todo molhado. Ele vinha pela calçada, e como tudo nessa vida sobra pra mim, tinha mais umas 10 pessoas entupidas no ponto de ônibus, quando o cara de repente fala: “aquela loira ali”, e enquanto todo mundo no ponto de ônibus olha meio assustado, as mulheres se encolhem e os caras meio que fazem uma posição de: “se ele tocar nela a gente vai ter que dar um jeito”, o moço abaixou o cigarro, tirou o capuz, revelou um par de olhos azuis lindíssimos, abriu um sorriso, e me deu um beijo na bochecha enquanto eu andava pra trás tentando fugir. Aí ele olhou de volta e disse: “Prazer, Rafael”, e sumiu. Eu fiquei sem ação, enquanto todo o ponto de ônibus me encarava, provavelmente pensando o que eu tinha achado daquilo, enquanto eu pensava sobre o que todos eles tinham pensado sobre o assunto. O ônibus chegou e eu subi nele completamente inerte. Porque eu estava encharcada e tinha acabado de ganhar um beijo de um desconhecido maluco e lindo, chamado Rafael, que vinha pela calçada todo molhado e com um cigarro na mão.

Já no ensaio a gente anotou alterações de texto, aqueceu voz, cantou, e a diretora disse que a música está mais bonitinha! Depois teve exercícios de corpo, rolamos muito pelo chão, corremos, sentamos e levantamos, torcemos os músculos do abdome, fortalecemos as coxas e eu tenho certeza que tudo isso vai estar doendo amanhã, porque eu sou sedentária. Mas eu estou feliz, porque consegui fazer quase tudo bem direitinho.

Além disso, a gente fez exercícios de concentração e sintonia de grupo, com luz apagada e cada um em um canto. Eu me envolvi com o exercício, até esqueci que tinha um mundo lá fora. Chegou a hora de ir embora e a chuva continuava, e eu me molhei correndo do carro pra entrada do prédio. Cheguei ranhetando, tirando roupa molhada, bolsa molhada, limpando os pingos de água que caíram na Elizabeth, amaldiçoando essa chuva ininterrupta e coisa e tal, mas já estou no meio das almofadas bem tranquila. Porque eu, a dona da mente que não para, consegui me desligar do mundo na hora do exercício de sintonia.

E depois de tudo isso eu vou tratar de me esticar mais na cama, ler, pensar na vida, e dormir bem de boa. Porque amanhã não tem aula. E porque eu reparei que um dia tão comum quanto um simples 24 de maio pode ter uma porção de porquês que fazem as coisas saírem do comum.

domingo, 20 de maio de 2012

O diário de uma menina de vinte anos

Estava eu, nessa eletrizante madrugada de sábado pra domingo, na minha grande boemia do edredom enquanto a Taryne está numa balada de músicas antigas, ouvindo mamonas e Queen. Sem nada pra fazer e sem minha sagrada companhia para Skype no sábado de noite (Rafaela também evaporou), me restou curtir um tédio, abrindo e fechando páginas da internet sem absolutamente nada divertido para fazer. Tendo lido todos os blogs que deveria ler, reblogado tudo o que devia reblogar no Tumblr, stalkeado todos os perfis que deveria stalkear no facebook e conferido a monotonia do twitter, só me restava brincar com as estatísticas do blogspot. E lá fui eu.

Cheguei nas origens de tráfego e encontrei um blog novo lá, que supostamente teria trazido pessoas ao meu blog. Era um tal de: Oficina Blog na Educação. Cliquei, e parece ser um blog que ensina professores a usarem o blog de forma útil na educação. Até onde entendi, os posts são divididos em lições, e a primeira, bem básica, onde o autor explica bem sucintamente o que é um blog, e diz que ele pode servir para inúmeras funções. Aí de repente ele propõe a lição de os leitores classificarem os blogs que ele relacionar. E bem em primeiro da enorme lista de quatro blogs, lá estava o meu. E aí, pessoal? Qual a função do meu blog?

Corri rindo para ver as respostas do povo. E lá estavam, as poucas respostas, falando o que afinal meu blog seria. Segundo uma tal de Isabel, eu uso o meu blog como diário pessoal, onde conto meus medos, anseios, preguiças, e todo o cotidiano. Pausa para me atirar pela janela. A pessoa me resumiu em medrosa e preguiçosa. Sigamos. O próximo, assinando como Linhares, disse simplesmente que era um diário. Assis disse que fica marcante o meu desejo de compartilhar meus momentos vividos. Cassia disse que meu blog retrata a vida cotidiana de uma jovem de 20 anos, e Mara disse que eu falo da minha rotina.

O que me fez rir. Ah, fez. Porque quando eu criei esse blog eu devo ter pensado num diário mesmo, afinal de contas, francamente, olha o nome disso! Minha vida como ela é. É óbvio que eu vou relatar a minha vida. E eu adoro. Adoro contar meus casos e acasos, quem sabe medos, e até preguiças, como disse a Isabel. Só que isso aqui é tão, tão maior! Cabe o que me der na telha! Isso aqui, apesar de ser ‘público’ e ‘do mundo’, é tão meu, que nem dá pra explicar! Nunca consegui criar uma linha editorial para o blog, e um belo dia, vi que não queria isso! Porque adoro a linha editorial ‘não tenho linha editorial nenhuma!’ porque se aqui eu posso ser livre, porque diabos eu vou me prender? Pra isso servem os marcadores, que tentam organizar um pouco da bagunça.

Tentando facilitar a vida dos leitores do tal blog que resolveu me propor como objeto de estudos, talvez esse blog não seja exatamente o diário de uma menina de 20 anos. Mas pode até ser o diário do cérebro dessa menina. E do coração também. Eles dois juntos é que mandam na verborragia que aparece por aqui desde 2008.

F 006

Tudo que passa pela minha cabeça e eu gosto, eu digo que é MARA nesse blog.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Da minha saudade.

Eu acho que lembrança é diferente de memória. Pra mim, lembrança é uma palavra tão mais doce. É aquilo que a gente guarda no coração. Memória é o que fica na cabeça.

A lembrança, pra mim, é a do sentimento. É a da emoção. Quem memoriza, decora. Quem lembra, sente. Minha memória é muito boa. Mas eu prefiro mil vezes as lembranças. Se eu tiver memorizado uma conversa, não vou esquecer do que a pessoa falou. Mas se eu lembrar de uma conversa, não vou esquecer do tom de voz que a pessoa usou quando disse aquilo. Lembrar é sentir de novo. Aquece o coração. Gosto de lembrar dos abraços. Especificamente, dos abraços…

Eu gosto de lembrar das coisas. E sou daquelas que adora uma relíquia. E que adora sentar no chão, pegar as coisas na mão, e sentir tudo de novo. Quando fui pra Disney, recolhi uma porção de tranqueirinhas pra trazer de volta, e tenho na minha caixinha desde a chave do quarto até o cartãozinho de alimentação, incluindo aí um aviso de papelão que ficava no banheiro do quarto mandando a gente economizar água, ou coisa do gênero. Gosto de guardar minhas revistas, porque eu vou olhar e vou lembrar de quando eu li. Das Atrevidas, tenho todas. Desde os meus 12 anos. A minha primeira tinha a capa da Sthefany Brito, e, se não me engano, em letras amarelas, tinha a chamada na capa: “O guia da ficada na balada”, e eu deitava de bruços na cama, com as pernas cruzadas pra cima, e lia feliz da vida a minha revista adolescente. Ah sim, tenho uma caixa de gibis também. Lembro de quando o vovô nos levava na banquinha e deixava comprar todos os que ainda não tínhamos.

Tenho um conjunto de lembranças que é mais especial que os outros. É o meu xodó. Um dos que mais aquece o coração. É tudo o que guardei, materialmente falando, de Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo. Eu tenho o véu de renda preta, usado na cena da viúva. Tenho também a vela usada na cena da viúva. Tenho a faixa branca que enrolava o vestido da Clara. Tenho a caixinha vermelha que eu guardava a aliança dela. Tenho o texto que usei pra ensaiar, todo rabiscadinho e amassado. Tenho também um texto que imprimi depois, encadernadinho e limpinho. Tenho o coraçãozinho vermelho que ganhei da Airen em um ensaio. Tenho as manchas e arranhados que os tijolos causaram nos meus sapatos vermelhos. Tenho o DVD, tenho as fotos, tenho algumas músicas.. Tenho meu Orgulho e Preconceito, que a Clara lia em cena. Na primeira folha dele, não tem meu nome. Tem o de Clara. Por mais que eu ame o livro, ele sempre foi muito mais dela que meu. Ele se sujou de tijolos, e tem a lateral meio cor-de-telha. Eu amo.

No dia da estreia, eu deixei cair na primeira folha uma margarida. Deixei ela lá, sem preocupação nenhuma… Durante todas as apresentações o livro continuou na escola, jogado dentro da nossa caixa de acessórios. Eu tirava o livro de lá, fazia a peça, e arremessava lá de novo. E qual não foi sendo a minha surpresa quando, dia após dia, eu abria o livro e lá estava minha margaridinha. Acabou a peça, eu trouxe pra casa, e lá estava minha margarida. Ainda branca. O tempo foi passando, e a margarida continuava lá, e eu comecei a achar aquilo tão lindo, que nunca mais ela poderia sair de lá. O livro foi emprestado, passeou por aí, voltou pras minhas mãos, e a margarida? Lá. Perdi o livro no meio dos outros e quando achei, a margarida estava lá. Resolvi tirar os meus livros do meio da bagunça da estante do corredor de casa. Trouxe pro meu quarto, e arrumei milimetricamente na estante. Coloquei Orgulho e Preconceito na frente de todos. A Margarida? Lá. Agora que o livro tinha lugar fixo e arrumadinho, na frente de todos, minha margarida estaria a salvo.

Não sei o que aconteceu. Sei que hoje eu fui fazer minha conferência mensal de margaridinha. Subi na cadeira, abri o livro, e minha margarida não estava lá. Já pedi pra São Longuinho, já segurei o choro, já aumentei a oferta pra São Longuinho, já vasculhei a estante.. Minha Margarida. Que estava tão impregnadinha no livro que já era marrom, ao invés de ser branca. Minha margaridinha linda, tão parte do livro, que no dia 24 de junho eu ia tirar uma foto pra marcar 1 ano da estreia. 1 ano da emoção mais linda que eu já senti na vida (e olha que já senti MUITAS). Mas hoje, faltando quase 1 mezinho só, eu abri o livro e a minha margaridinha não estava lá. Provavelmente, escorregou, contrariando todas as minhas expectativas, já que a florzinha já tinha sobrevivido a tantos programas mais radicais que ficar simplesmente paradinha na minha estante. Imagino que minha faxineira deve ter achado a florzinha, marrom, tão frágil, em cima da estante, perto do livro. E imagino com muita dor no coração que ela deve ter achado que era sujeira e trucidado a minha florzinha. A florzinha que, escolhida ao acaso, não foi despedaçada no eterno bem-me-quer/mal-me-quer da dona Clara. A Margarida que foi parar inteirinha dentro do livro, e eu nem sei como. Minha florzinha sobrevivente. A única que tinha sobrado, dentre os 4 vasos que eu usei entre ensaios e apresentações.

Desisti de segurar as lágrimas. A imagem da minha faxineira trucidando a flor da Clara foi forte demais pro meu coração cheio de lembranças. Sei que eu não vou esquecer. Antes, quando eu lembrava, meu coração ficava quentinho, e eu corria abrir o livro e matar as saudades dela. Agora, toda vez que eu lembrar, vou ter que abrir o livro e encarar o buraco de página em branco onde por quase 1 ano ficou guardada a minha margaridinha. A Margaridinha de Clara. A florzinha mais linda que eu já vi na minha vida.

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Sobrou uma pétala. Meu consolo.

No meu Pequeno Dicionário da Saudade guardei uma expressão que alguém disse uma vez, sobre “saudade ser o amor que fica”. Que saudade daquela peça! Que saudade da minha flor.

sábado, 12 de maio de 2012

Sempre achei que Legião fosse o coletivo de anjos.

Sei lá porque. Acho isso desde criança. Acho que perguntei alguma vez o que significa, pra quem, não lembro. E me responderam anjos. Fui jogar no google antes de vir postar, e o dicionário diz que pode significar tropa de comando, ou até mesmo, um conjunto de voluntários. Aí, vai, talvez voluntários sejam meio anjos. Não? Ah, sei lá, são quase 3h da manhã, gente. Me dêem um desconto.

Sempre achei que Legião fosse o coletivo de anjos. Sempre achei que Legião Urbana eram os anjos da cidade. Sei lá se era isso que o nome pretendia ou não, sei que pra mim, são. E isso talvez explique eu estar a mais de 2 horas deitada no tapete roxo do meu quarto, no meio de um almofadão roxo, duas almofadinhas roxas, e um edredom lilás, com legião no fone de ouvido. Duas músicas estão tocando na playlist. Há 2 horas. Quase 3, posso arriscar.

Sei que de “Quase sem querer” a “Tempo perdido”, eu já estou tão embriagada que demoro a saber qual das duas começou a tocar. Elas já se emendaram uma na outra e viraram uma coisa só. E eu virei uma coisa só junto com elas, o tapete, as almofadas, e meu cabelo, que hoje tomou chuva e está brilhantemente cacheado, se é que minha modéstia me permite dizer.

Peguei meu caderninho de trechos, as canetas, e ia ficar horas em cima dele, anotando as frases dessas músicas. Então fiquei com preguiça e vim direto pra cá. Gente. Não tem como não, é demais. E dessa vez não é só minha filosofia da madrugada hein. Os meus anjos da cidade estão falando a horas no meu ouvido sobre um sol numa manhã cinza. Sobre lembrar e esquecer como foi o dia, antes de dormir. Numa tempestade chegando da cor dos olhos de alguém. De alguém sendo abraçado e ficando distante de tudo. De gente que tem seu próprio tempo. É, acho que o que está tocando agora é tempo perdido. E ele acabou de dizer que não tem medo do escuro, mas que as luzes devem ser deixadas acesas agora.

Sempre existe um sol, mesmo lá no fundo de uma manhã cinza. Acho impossível dormir sem aquele momento de lembrar e esquecer como foi a vida o dia. Não existem tempestades maiores que as dos olhos de alguém que te balança. Aliás, acho que tsunami poderia entrar bem no lugar da tempestade. Abraços nos fazem ficar distantes de tudo. Todo mundo tem seu próprio tempo. E gente! Poucas coisas são tão sinceras nesse mundo como nós não termos medo do escuro, mas precisarmos sim que as luzes estejam acesas em alguns momentos de nossas vidas. Agora, nesse instante… parece aquela necessidade arrebatadora de alguma coisa. Que precisa ser agora, mesmo que não tenha precisado em nenhum dos outros momentos. Sabe assim?

Começou a tocar “Quase sem querer agora”. O cara tá andando distraído, impaciente e indeciso. Confuso, mas diferente, tá tranquilo e contente. Quem nunca? Eu sempre. Distraída, impaciente, indecisa, confusa, tranquila e contente. Sempre. Agora lá veio ele gritar no meu ouvido que tudo o que ele mais queria era provar pra todo mundo que não precisava provar nada pra ninguém. Passamos a vida lutando por isso, não? Isso sem falar no fato  de que vivemos esquecendo que mentir pra nós mesmos é SEMPRE a pior mentira. Que não somos mais crianças a ponto de sabermos tudo. E que, sempre tão correto e bonito, o infinito é REALMENTE um dos deuses mais lindos. Agora ele disse que vivemos usando palavras repetidas, mas, quais, Cristo, não foram ditas ainda? Talvez as mais importantes…

Já sei. Já sei. Esse texto não tem nem pé, nem cabeça, nem membros, e eu nem vou ler de novo antes de postar, senão vou correr o risco de deixar pra lá. Acho que vou ali soprar umas bolhas de sabão pra completar o cenário. Beijo.

Shine 012

Já não me preocupo se não sei porquê.
Às vezes o que eu vejo, quase ninguém vê.

domingo, 6 de maio de 2012

Clandestina e efêmera… Ah, a vida!

Era madrugada, eu tinha acabado de ler o conto “Felicidade Clandestina” pela milésima vez. Eu amo. Para mim, aquele conto é o melhor de Clarice. Mas eu estava lá, lendo Clarice, depois de ter guardado um pouco o Jogos Vorazes. Estava lá, deitada embaixo do edredom, com meia luz, felicidade clandestina e muita insônia. Eram 3 horas da manhã, e eu me deparei com um vidrinho de bolhas de sabão, lá longe, na minha estante. Anna Beatriz tinha esquecido aqui. Mas o vidrinho começou a me chamar, eu levantei da cama, peguei, e ainda deitada, fiquei soprando bolhas enquanto pensava no quão clandestina pode ser a felicidade.

Não contente em filosofar, de madrugada, sobre a felicidade, eu fiquei ali olhando aquelas bolhas tão bonitas estourando tão rápido, e comecei a pensar em como a vida é efêmera. Efêmera, bela, e clandestina. Como a felicidade. Como uma bolha de sabão.

Uma bolha de sabão é a metáfora perfeita da vida, na minha humilde opinião. Porque ela é linda. Extremamente linda. Ela reflete. Reflete cores e sombras misturadas. Ela hipnotiza. Hipnotiza quem tiver coração para enxergá-las. Ela é escorregadia. Voa com a direção dela, ninguém doma uma bolha de sabão. Só ela sabe o seu sentido. Você pode até achar que pode pegá-la, mas ela dá um jeito de se mandar. É clandestina porque sempre vai estar por ali de passagem.. sem pagar.. e vai sumir sem deixar vestígios. Sim, porque se você piscar, ao abrir o olho, ela pode não estar mais lá. Uma bolha, aliás, é um verdadeiro ensinamento às pessoas sobre a vida. Porque ela é leve e transparente. Como todos deveriam ser.

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Que felicidade clandestina e efêmera essa de viver.

sábado, 5 de maio de 2012

Quatro de maio de dois mil e doze

Dia sorteado pelas mafiosas para fazer um diário de bordo. Murphy está sempre pendurado no meu ombro, então meu cabelo acordou terrível, e minhas olheiras lá na bochecha. So Good. Por esse motivo o vídeo que eu fiz durante o dia vai ficar só em off, porque eu ainda não estou com toda essa disposição para jogar minha imagem no ralo. Por aqui, vamos de relato mesmo. Quem sabe contando eu não consigo refletir sobre o dia?

6h30 o despertador tocou doído. Tinha ficado rolando na cama até por volta das 2h30. Ninguém merece. Alguém precisa avisar pra insônia que ela só é poética de sábado pra domingo, quando a gente tem a madrugada toda pra ouvir música e pensar na vida, sem ter que acordar. Levantei. Entre trancos e barrancos, tentando disfarçar a olheira com rímel e dar um jeito no cabelo, que fica um ó com essa umidade. Tomei meu Toddy sagrado de cada dia de manhã. Faço isso desde que larguei a mamadeira. Meu pai me pergunta quando é que eu vou crescer e tomar uma xícara de café. Sei lá. Gosto do achocolatado.

Fui pra faculdade morrendo de frio E de sono, ouvindo desde Kid Abelha a Fernando & Sorocaba no carro, passando até por Balão Mágico. Estava uma chuvinha irritante do lado de fora. A aula foi no auditório, estava escuro, o computador travou… Boring. Finalmente chega a hora da carta de alforria, viemos pra casa, com direito a um belo cochilo no carro. Abri a porta com câmera em punho, toda felizinha, mas a Kimmy não quis me fazer festa. Nem pegar a bolinha quando eu joguei. Traidora.

Me joguei na cama pra começar a dar uma olhada nos vídeos e capotei. Dormi tão fundo que perdi o almoço. Não sei de onde tirei forças para levantar as 14h e ir fazer unha. Deve ser só porque eu adoro a minha manicure. O nome dela é Elizabeth, gente, muito chique. Ela escolhe meu esmalte sozinha, e super bota banca. É carioca e eu morro de rir com ela. Hoje eu pedi pra ela nunca voltar pro Rio de Janeiro. Quando ela me perguntou porque eu disse que é porque eu me apego muito fácil. Ela parou de tirar minhas cúticulas para me dar um abraço. Dou sorte com as pessoas.

Cheguei em casa e fui digitar o texto adaptado da peça, enquanto me emputecia cada vez mais com o meu cabelo, sem ter mais tempo de lavá-lo antes de ter que sair de novo. Fui pra psicóloga. Já contei? Pois é, eu vou na psicóloga agora, porque eu morro de medo de agulhas (?). A psicologia é engraçada. Sei que a gente acaba descobrindo uma porção de coisas. De lá, fui pro Cena Hum e me enfiei uma sala pra terminar de digitar texto. Cansei de digitar sozinha e fui chamar minha amiga pra me ajudar, e ela veio toda contente, de muletas. O Murilo veio também, e ficamos os 3 no chão da sala. Elô ditando, eu digitando, Murilo espiando. O texto ficou pronto 10 minutos antes da aula, deu tempo de imprimir e entregar na mão da diretora! Lemos um pedaço dele hoje. E conversamos bastante sobre que caminho queremos tomar na peça. Como é uma metáfora do nazismo, falamos bastante sobre ditadura, política, métodos de tortura, e até Jogos Vorazes entrou na dança. Tá, fui eu que falei dos Jogos Vorazes, mas a professora super se interessou, viu? No meio do caminho eu encontrei a Mayra, claro. Fiz a bichinha aparecer no vídeo. Fofinha.

Na hora da saída eu esqueci de ligar pra minha mãe, e fiquei encostada na mureta da escola, olhando o movimento da rua e o céu, enquanto minha mãe não chegava. Até que ela me ligou, e eu me toquei de que não tinha pedido pra ela ir, então ela não ia chegar, obviamente. Sendo assim, pedi, e fiquei esperando ela vir, enquanto rolavam uns diálogos bem inusitados naquela calçada, num fim de sexta-feira.

Finalmente em casa, nem acreditei que lavei meu cabelo. Ele estava me incomodando desde às 6h da manhã, gente. Adoro me enfiar no pijama e nas meias. Sentei no tapete, joguei o meu Felicidade Clandestina no meio do tapete, e fui tentar tirar a foto do dia pro Projeto 366. Comecei a soprar bolhas de sabão, e consegui umas fotos bem legais, até que tinha uma aranha minúscula andando na minha perna e eu fiz um escândalo, até que minha mãe procurou tamanha enormidade de inseto no meu quarto e matou.

Aí eu sentei pra editar vídeo e escrever esse relato. De um dia extremamente trivial e sem graça, com olhos cheios de areias e nada refletivo saiu desse texto hoje, apesar de eu estar com uma vibe feliz! Às vezes a Felicidade tem cara de Clandestina. Ou eu é que ando lendo Clarice Lispector demais. Minha orelha esquerda está pegando fogo. Acho que tem alguém falando mal de mim por aí. Deixa eu morder essa gola e terminar esse relato.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ai de mim que sou romântica!

Foi na aula de cinema, hoje cedo. Aquela quarta feira cinza e fria, depois de feriadão. Sala de aula cheia e todo mundo bem empolgado. Só que ao contrário. A professora então resolveu atiçar. Era pra gente fingir que ia fazer um filme e criar um roteiro. Mandou alguém jogar um tema, a menina falou AMOR, todo mundo riu, eu resolvi fechar meu livro e ver o que ia rolar de interessante.

A professora falou que a história ia começar na primeira carteira e terminar na última, do outro lado da sala. Eu sou a quarta da primeira fileira. A primeira disse amor, a segunda disse que era uma menina jovem, a terceira disse que a menina jovem estava apaixonada pelo homem mais velho, e quando a sala inteira ria e falava que eles iam casar eu acabei com a graça falando que o homem mais velho era casado e não ligava a mínima pra menina. Todo mundo riu, e a história continuou. Só que a galera pirou, claro.

Sei que quando estava na terceira fileira eu desisti de ouvir o que estavam falando. Não porque o pessoal não tivesse ideias legais, mas é porque eu já tinha criado o meu roteiro e não queria ninguém metendo o bedelho nele. A galera colocou pais, faculdade, tempos contemporâneos e drogas na história. Até sobre bissexualidade eu juro que ouvi alguém falar. E enquanto isso, a minha protagonista se chamava Alice, tinha 18 anos, tinha nascido no Brasil e mudado para Paris aos 2. Alguém tinha dito que esse cara mais velho era professor dela. Achei interessante. Sendo assim, Alice, a mocinha de 18 anos que só usava cor-de-rosa e boinas brancas, se apaixonou por seu professor de pintura. Claro, aulas de pintura! E só pintava margaridas, a Alice. Alice guardava essa paixão doce por seu professor, no maior esquema platônico way of love, até porque, ela é uma entusiasta do amor eterno. Jamais se declararia a um homem casado. E lá ia Alice, pintando suas margaridas e viajando nos olhos do professor, Pierre, enquanto ele explicava sobre tonalidades e pincéis. Até que um dia, ao sair da aula, Alice esbarra com Luca, que deixa cair seus livros. Os dois se encantam, é amor a primeira vista! Logo ela descobre que Luca é o filho do professor, e tem os mesmos olhos. Os olhos que ela tanto ama. E aí ela e Luca se apaixonam pra sempre, se casam, tem duas filhinhas (Pauline e Violeta) e são felizes para sempre. Ah, sim, o filme é todo em um tom meio sépia, algo como o efeito Anos 60 do Picasa.

É isso. Enquanto a galera criava confrontos matrimoniais, pais entrando na briga, professor pegando outro homem e clínicas de reabilitação, eu já estava com a cabeça encostada na janela, sonhando acordada com a história da minha Alice, suas margaridas e seu Luca.

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Ai de mim que sou romântica!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Colcha de retalhos

Sabe aquela pessoa que tem gostos super específicos e sempre acaba gostando de coisas que tenham a ver umas com as outras? Aquelas que têm sempre o mesmo humor, seguem sempre o mesmo estilo, usam sempre as mesmas palavras? Então, eu não sou assim. Meu sonho já foi ser uma pessoa assim, meio continua, feito um edredom. Mas acabei concluindo que minha sina, que hoje eu já acho deliciosa, é ser uma colorida colcha de retalhos.

Por exemplo, se você ligar o meu IPod despretensiosamente, vai encontrar de tudo. Tá. Funk e Heavy Metal você não vai encontrar. Mas de Avril Lavigne a Balão Mágico, passando por Cazuza e sertanejo universitário, ah, você vai. Desde uma Adele super fossa até um Black Eyed Peas ligado no 220V. Porque certamente eu terei momentos em que  precisarei ouvir cada um desses tipos, ué.

Na minha prateleira de livros, vish. Vai de Harry Potter a Vinícius de Moraes, com Meg Cabot no meio, uns dedos de Clarice Lispector e um cheirinho de contos de fadas. Vai ter Lolita e vai ter Alice no País das Maravilhas. Vai ter A Sangue Frio ao lado de Para uma menina com uma flor. E eu acho isso fantástico. Pra que diabos eu tenho que sair por aí me dizendo a CULT do pedaço, com um Dostoiévski em baixo do braço, enquanto escondo o Jogos Vorazes em baixo do travesseiro? De jeito nenhum. Esfrego qualquer um na cara da sociedade sem um pingo de vergonha. Até contos de fadas eu já levei pra faculdade.

Já quis ter um estilo de roupas pra chamar de meu também. Não funcionou. Tem dia que eu vou acordar inspirada e ir pra faculdade de bota, rímel, brinco grande e cachecol. No dia seguinte, vou querer me enfiar no moletom cinza, com a calça jeans mais confortável e um tênis.

Acho incrível pessoas que tem um perfume marcante. Sabe aquela que chega e você sabe que chegou? Quando eu estava no colegial, pegava carona com meu vizinho, e só de entrar no elevador eu sabia se ele já tinha descido pra garagem ou não. Decidi que ia escolher um perfume só pra chamar de meu. Falhei. Tenho uns 5 dentro do armário e cada dia gosto mais de um.

Quando eu ganhei a Elizabeth (minha câmera, para os não íntimos), eu fiquei toda supimpa e metida da besta, pensando que ia criar a minha identidade fotográfica. Até que talvez eu tenha criado minha identidade… preferindo não ter identidade nenhuma! Você provavelmente não vai olhar uma foto minha e saber, de cara, que é minha. Porque elas não seguem um padrão. Uso efeito Lomo em uma, anos 60 na outra, e ainda vai ter aquela lá em tons pastéis. Vou tirar foto de um livro em um dia, e foto de uma criança emburrada no dia seguinte. Foto desfocada e foto com foco. Foto escura e foto estourada. E eu adoro.

Faço amizades com as pessoas mais diferentes do mundo. Desde a quietinha que só usa roxo/rosa e mal fala em público até a que mal penteia o cabelo e grita dentro do shopping. A gente vive experiências tão diferentes e divertidas com cada uma delas!

Adoro porque eu acho que a gente acaba refletindo no que fazemos a fase que estamos vivendo, as vontades que vamos tendo, o estado de espírito do dia. Sou apaixonada pelo meu edredom inteiro lilás, mas quando se trata de mim, prefiro ser essa colcha de retalhos, com pedaços de rosa, azul, um vermelho escuro ali, e até um branco com bolinhas amarelas na ponta esquerda.

Ah, sim, sou sempre a mesma quando se trata de comida. Minha pizza vai ser sempre de calabresa. E meu sundae vai ter sempre uma bola de sorvete de creme, a outra, de morango. Meu au-au vai ser sempre um duplo especial sem salada e sem mostarda, só que com milho. O suco, vai ser sempre o de maracujá. E se eu for numa trattoria, sempre vou pedir um spaghetti ao molho branco. E nunca, nunca experimentarei jiló.

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De Sapatilhas-cor-de-rosa a Florbela Espanca, prazer, Ana Luísa.