quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Da prosa e poesia dos meus vidros

Meu quarto tem um espelho grande. Uma janela com dois vidros. 3 murais de foto feitos de vidro e 5 portas de armário (vejam só: de vidro!). Era tudo muito transparente e puro até que eu comprei canetas para escrever neles.

Achei que escreveria e desenharia para sempre, mas sou apegada. Escrevi quando comprei e nunca mais apaguei. No espelho tem meu trecho favorito de Florbela Espanca, já meio apagado pelo tempo. Mesmo assim, toda hora que eu me encaro no espelho ele me grita que eu devo saber me perder pra me encontrar.

Em uma das portas do armário tem, inteirinho, o Soneto da Fidelidade, de Vinícius. Que seja infinito enquanto dure. Ainda nessa mesma porta, Cazuza em dois trechos. Um de “Preciso dizer que te amo”. O outro que diz que seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer.

Na porta do lado, Camões, insistindo e dizer que amor é dor que desatina sem doer. Na terceira porta, um coração, que minha prima desenhou em nome do meu afilhado, dizendo que me ama e que aquela porta é dele.

Na quarta porta, um desenho lindo da Couth, bobeirinhas que minha irmã escreveu, um trecho de John Green e um de Taylor Swift, todos falando de amor. A outra porta é dos amigos, e cada um rabisca o que quer. Na janela tinha Legião, mas o suor da chuva derreteu tudo, e eu coloquei Clarice Falcão no lugar pra minha janela se perguntar no meu lugar se nesse filme de romance vai ter beijo no final.

Não só virou base para as minhas quotes poéticas, meu quarto virou playground. Meus priminhos, que já curtiam o ambiente, o tem como o cômodo mais legal do universo, onde eles podem rabiscar o armário com canetas. Geralmente eles vem, fazem uns desenhos, uns rabiscos, eu delimito a área e depois taco álcool na bagunça e fica tudo bem.

Da última vez eu não prestei atenção. Mas além do coração com meu nome dentro e da bonequinha que eu não quis apagar, eles rabiscaram Cazuza, Taylor Swift e o mantra da máfia. Talvez tenha que ser assim. Talvez a gente tenha que ver o que fica, mesmo debaixo da bagunça, depois que os furacões passam.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Felicidade, felicidade, abra as asas sobre nós!

Abuso de uma paráfrase de Dudu Nobre para intitular mais que essa crônica, e sim, a visão que tenho da minha geração. Uma vez li em um texto que a minha geração só será adulta aos 30 e concordei sorrindo e balançando a cabeça, aliviada: Ufa, então não sou só eu que não me sinto adulta.

Logo depois veio Neil Gaiman me dizendo que ninguém é adulto de verdade. Juntei esses dois “dados” e comecei a matutar que a maioria das pessoas que conheço por volta dos 20 e poucos anos está no mesmo barco que eu: O da adolescência.

E não digo que é imaturidade não. A gente tá se formando na faculdade, trabalha, pensa num mundo melhor. Mas ainda não viramos adultos. Veja a geração de nossos pais: Aos 20 anos eram todos casados ou a beira de. Trabalhavam em grandes empresas e tinham filhos no colo. Hoje, a maioria esmagadora dos meus amigos vive na casa dos pais e usa o salário pra pagar livros e netflix. E isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. Os tempos mudam. E isso não é necessariamente ruim.

Minha humilde conclusão: Há quem diga que nossa geração é recheada de cucas frescas. Não acho. Acho que a nossa geração é a que busca pela felicidade. Clama por ela, grita por ela. E isso traz tanta responsabilidade e dor de cabeça quanto a outra, que lutava para ser alguém na vida e ter uma grande carreira. No fim das contas, não é que não somos adultos. É que nossa maneira de ser é simplesmente diferente do que estamos acostumados a chamar de adultos.

A minha geração parece deveras mais existencialista que a geração de meus pais. Não os imagino passando noites em claro pensando na felicidade, nos valores de vida, na hipocrisia das pessoas, na nossa própria, e matutando essa vontade torturante de ser feliz. Parece que eles se preocupam mais com a vida objetiva, e a nossa é mais existencial. Repito: Nenhuma crítica a nenhum dos dois, apenas constatações puramente filosóficas.

Lembro que, quando eu estava no primeiro ano da faculdade, minha professora de “Arte, Estética e Comunicação” entrou na sala e disse que adorava lecionar para turmas de Jornalismo, porque todo mundo estava ali porque queria. Na sala de direito, metade levantava a mão dizendo que estavam ali por pressão dos pais.  “Pai nenhum em sã consciência põe pressão no filho pra ele fazer jornalismo! Eu fiz publicidade, mas o meu filho, ah, ele vai fazer direito”, disse ela, sorrindo e brincando, enquanto eu engolia em seco pensando que estava escolhendo por minha conta algo muito importante e poderia me ferrar só por querer ser feliz.

Hoje, recém formada e ensaiando a crise pós faculdade, percebo que eu fiz o que devia fazer. É o que me faz feliz, e se é o que me faz feliz, é o certo. Não me importa agora pensar em grandes carreiras, em muito dinheiro, em uma vida extremamente regrada e sólida. É óbvio que quero segurança na vida, mas penso na felicidade antes de pensar na segurança, e acho que esse é o ponto chave que difere as duas gerações.

E para quem continuar achando que felicidade é preocupação de gente que não tem mais preocupações, eu repito um diálogo que li uma vez em um blog que gosto muito. A mãe disse, ao ver o bebê recém nascido, que a única coisa que desejava para ele é que ele fosse feliz. E o pai, sabiamente, disse: Perceba que você está pedindo o mais difícil.

Ser alegre é fácil. Alegria depende de momento. Felicidade depende de toda a carga, de todo o contexto, de toda a inspiração que rege a vida. Felicidade não é supérfluo. É coisa séria. É a base da segurança. Se querem saber, acho que minha geração é privilegiada por focar em ser feliz. E repito, como em um mantra: Felicidade, felicidade, abra as asas sobre nós!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Uma crônica sobre a falta de uma crônica

Você está atolada naquela fase de vagas magras. Tenta se forçar a escrever e não consegue. Começa a ver o blog ficar às moscas, encontra uma teia de aranha aqui, outra ali, respira fundo e tenta esquecer o acontecido. Pensa nas pessoas cujos blogs sobreviveram mesmo passando meses no vazio de palavras e acha que o seu também sobreviverá.

Não consegue se conformar com esse presságio terrível e resolve se jogar, suicidamente, em conjunto com a amiga e mais algumas corajosas em mais uma maratona 7 dias 7 crônicas, que outrora deram tão certo que os sete temas apareceram na sua cabeça como num passe de mágica.

O primeiro dia vai no sufoco. O segundo dia vai se passando enquanto você acorda, trabalha e tem reuniões visualizando a página em branco e o tema que não vem. O dia passa e você procura o tema em cada segundo dele, inclusive no meio das compras de Natal. Quem sabe uma crônica sobre o quebra-cabeças novo! Ou sobre o presente do afilhado que tá difícil de encontrar. Melhor: Sobre o shopping lotado na segunda-feira! E não. Nada rende.

Você olha o relógio e vê que faltam réles 50 minutos para o dia acabar e que você precisa parir alguma coisa e postar nesse blog para não abandonar o barco no início do desafio. Se conforta ao ver que a amiga também não conseguiu postar a dela ainda. Sabe que, vindo de onde vem, aparecerá alguma genialidade naquele blog em 5 ou 10 minutos enquanto você, ainda sem tema nenhum, será obrigada a postar uma crônica sobre a falta de uma crônica, e, logo em seguida, tomar um banho para ver se esfria as ideias e consegue postar alguma coisa decente no terceiro dia. Aguardemos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Dos fins, começos e meios

Tem aquele texto que diz que foi sábio quem decidiu dividir o tempo em anos para que as pessoas pudessem contá-los, renovar suas esperanças ao fim de cada período, e outras coisas do gênero. Eu, que outrora sempre fora uma apaixonada inveterada pelos tais fim de ano, ando-os achando dignos de estudo. Pelo menos em relação aos meus sentimentos com sua chegada.

Convencionemos que ele comece a aparecer em meados de outubro. Pipocam decorações de natal em tudo quanto é canto e eu começo a me desesperar: “Mas como assim Natal gente? Pelo amor, parem com isso, ainda estamos em outubro, não me assustem, ainda tenho tempo”.

No início de novembro, entro no desespero: “Dear God, realmente estamos no fim do ano e eu não fiz porcaria nenhuma que prestasse ou realizasse algum sonho”. Do meio para o fim de novembro, começa o período da resignação: “Ah, tudo bem, não realizei nenhum grande sonho, mas até que fiz um tantinho de coisas relevantes, né?”.

E eis que após esses dois meses de preliminares, dezembro chega e empurra a nossa porta. O tempo, que até aqui estava passando rápido, para de passar. Nunca os dias demoram tanto a passar como quando as férias estão para chegar e você já não aguenta mais uma gata pelo rabo. No meu caso, faltam 12 dias para as férias. 12 dias esses que parecem 50, tamanha quantidade de coisas a serem feitas até lá. Nessa temporada do ano, você já não lembra do que deixou de fazer, não se preocupa em pensar na resignação, tampouco no desespero. Você apenas se remói de cansaço e conta os segundos até que as férias cheguem.

E então chega o momento em que as férias são realidade, você passa, sei lá, os primeiros dois dias de pernas totalmente pro ar na certeza de que o dolce far niente é a melhor coisa que alguém podia ter inventado na vida. Aí vem a preparação da festa de Natal em si, a semana limbo que vem em seguida, a virada do ano, e como se por mágica, das 23h59 do dia 31 de dezembro para a meia noite em ponto do dia 1º de janeiro, some todo o cansaço, o desespero, a melancolia e a resignação: “Virou o ano, e agora sim, 365 dias para fazer coisas incríveis, tem muito tempo, esse ano eu consigo!”. No dia 2 de janeiro começa a ressaquinha de toda a esperança arrebatadora causada pelo dia 1º. Lá pelo dia 5, já deu tempo de se acostumar com o ano novo e lembrar que não é o passar do tempo que tem o poder de fazer milagres com a sua vida, e sim, você mesmo. E então você vai vivendo normalmente o seu ano até que chega outubro e o ciclo do fim-começo-meio te arrebata outra vez.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Cinco belezas roubadas

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Não me lembro direito quando foi exatamente que ouvi falar pela primeira vez de “As virgens suicidas”, mas sei que foi no ato que corri ao meu Skoob marcar que precisava ler a obra. Procurei, procurei, e não encontrei. Até então, julgo que fosse algo bem desconhecido. Pouca gente tinha ouvido falar, pouquíssima gente tinha lido.

Acredito que quase 2 anos depois, quando tinha conseguido desencanar um pouco, ganhei, de surpresa, de aniversário. Foi uma felicidade clandestina nível hard, e eu não conseguia parar de olhar para o livro e não sorrir sozinha só de lembrar que ele era meu. Nunca tinha lido, mas já o amava. Quem nunca?

Na contra-capa do livro, a sinopse, encabeçada pelo título desse post, que por sinal, amo. E logo em seguida, um texto dizendo que sobretudo, essa não seria uma história triste. Não consigo saber ao certo de Jeffrey, o autor, mentiu sobre isso. A história é triste sim, não tem como não ser. Mas ao mesmo tempo tem um ar leve que permeia todo o peso, e que consegue realmente fazer com que aquilo não seja principalmente uma história triste. É. Mas não é. Sabe assim? Acho que posso definir dizendo que é melancólico. Certamente melancólico.

Sofia Coppola não se fez de rogada e adaptou um filme belíssimo, captando exatamente o ar que Jeffrey quis empregar, transformando a história terrível na melancolia permeada de leveza. Conseguiu brilhantemente. O filme é inteiro em tons pastéis, inclusive, o que faz com que toda a história, que deveria ser sombria, se torne… doce.

Não me entendam mal: É triste, é melancólico, são cinco meninas que se matam por serem privada pelos pais de tudo. Mas ainda assim, é doce e belo. Eu sabia que essa história nunca sairia da minha cabeça, e em julho deste ano, batendo papo com meu amigo que é professor na Cena Hum, comentei sobre essa obra e ele decidiu que poderíamos montá-la se ele pegasse alguma turma de adolescentes esse semestre.

Pegou. Eu adaptei o texto, Kaio dirigiu, e vivemos um semestre intenso e delicioso para fazer Belezas Roubadas nascer no palco. E nasceu. E foi difícil segurar a emoção olhando o empenho do elenco, o semblante tão bem construído das cinco meninas, o amor pelo projeto, e a intensidade do que nasceu no palco hoje. O público ficou de queixo caído, mas ainda mais fiquei eu, mesmo já tendo visto todos os outros ensaios. Enfim, nem sei o que dizer, na verdade. Era só pra contar que foi lindo e que é muito, muito delicioso realizar sonhos que a gente nem sabia que sonhava.

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- Do que os seus pais tem tanto medo?
- De que nós sejamos o que eles não conseguiram ser.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sobre o tal do trabalho de conclusão de curso

Que eu sempre fui ansiosa e quis que "a vida passasse depressa" não é novidade para nenhum dos leitores costumazes. Envelhecer eu não quero, claro, mas sempre quis chegar logo no que eu julgava ser a parte boa da vida. Hoje eu sei, claro, que isso não passa de uma réles tentativa de se livrar dos incômodos do tempo presente, e que ele, óbvio, também é uma parte boa, e que a próxima que vier também virá recheada deles. Enfim, não foi disso que eu vim falar. Só fiz essa introdução pra dizer que sempre lembro de um intervalo de aulas na minha 5ª série onde eu faria prova de geografia depois. Geografia era meu desespero, e naquele dia eu fechei os olhos e rezei baixinho para o último dia de aula do terceiro colegial chegar depressa.

Entre trancos e barrancos, meus 3 anos de colegial foram os melhores da minha vida e eu sinto muita, muita falta deles. E naquela época, claro, já sentia que sentiria falta deles, mas julgava que a faculdade seria um mundo mágico, onde a gente tinha liberdade, e o melhor de tudo: Passaria anos, no meu caso 4, estudando somente o que gostávamos! Ah, que felicidade.

Não é assim. Pra mim, faculdade é terra de ninguém. Eu, toda acostumada com as regras, demorei séculos pra absorver que poderia levantar para ir ao banheiro sem pedir permissão ao professor. Na inquietude de simplesmente levantar e sair sem das satisfações, desisti de fazê-lo e passei a ir ao banheiro só em casos desesperadores. Mas ainda não é sobre isso que eu vim falar.

Como eu dizia, a faculdade é terra de ninguém e eu, que nunca dei a sorte de estudar numa sala unida, só encontrei mais uma. Com um agravante: estarão todos brigando no mesmo mercado de trabalho quando saírem dali e têm certeza absoluta de que precisam competir e se degladiar desde sempre, em qualquer aspecto possível de se comparar. No início do primeiro ano eu era deveras animada, mas não demorou muito para que minha ficha caísse e eu passasse a ter uma preguiça absoluta daquele hostil cenário. Pra não dizerem que não falei das flores, o ambiente da minha faculdade é incrível. Enorme, cheio de árvores e flores, com uma biblioteca incrível. Quando passei no vestibular jurei que passaria tardes lendo naquele câmpus. É óbvio que não fiz isso, mas ok, prossigamos, porque ainda não é disso que vim falar.

Vim falar sobre o TCC. Isso porque quinta-feira eu e meu grupo apresentamos o nosso e naqueles longos e intermináveis minutos entre os pareceres dos avaliadores e o recebimento da nota eu nunca quis tanto uma nota Dez na minha vida. Não tiramos. Tiramos um 9,5. Duas das avaliadoras deram Dez, mas a terceira resolveu tacar um 8,3 que estragou tudo. Tudo bem, fazer o que. O que não tem remédio, remediado está, já costuma dizer a minha avó. O fato é que eu rezei tanto para o último dia de aula do terceiro colegial (!) chegar logo, e agora estou sentada com um TCC avaliado e um livro reportagem no colo. Quando eu estava no primeiro ano da faculdade eu vi um grupo chegar desesperado à secretaria, protocolando o tal do trabalho de conclusão de curso, com um milhão de papéis encadernados e CDS, e eu cansei só de pensar e torci praquilo demorar a chegar. A intenção não é ser clichê, nem piegas, mas não há como não pensar: A vida realmente passa, que engraçado. Tudo chega, e tudo passa, quer a gente torça pra acontecer logo, quer não.

sábado, 16 de novembro de 2013

May the odds be in your favor

Jogos vorazes foi uma daquelas febres que me atingiu de uma vez só. Eu ganhei o primeiro livro na semana que o primeiro filme saiu no cinema, e até então estava totalmente alheia ao universo e nem sabia do que se tratava aquele burburinho todo. Resolvi ignorar o cinema para ler o livro antes. Li. Emendei no segundo, emendei no terceiro, e em menos de 20 dias tinha lido os três. Tratei de ver o filme quando saiu na locadora, chorei horrores, me recuperei e a vida continuou.

Óbvio que para o lançamento desse  novo filme eu estava quase tão alheia novamente do que quando estava para o primeiro. Sorte que meus amigos ficam de olho nos babados e me lembraram que o filme estava para estrear. Minha mãe queria ir sábado, meus amigos sexta, resolvi ir com todo mundo e pensei que ia morrer de tédio assistindo o filme duas vezes em menos de 24h. Tentei fazer isso com o 6º Harry Potter e dormi na segunda sessão, mas resolvi insistir no erro, que dessa vez, tinha tudo para não ser tão errado assim.

Pegamos a sessão de sexta-feira à meia noite e vinte, o que já era sábado, na verdade. Fomos para o shopping às 21h e conversamos todas as bobagens que nunca tínhamos conversado na vida. Ouso dizer que agora sim meus amigos deveras me conhecem, e, jogo longe a pouca vergonha que me resta na cara e digo que narrei minhas ideias para minha festa de casamento enquanto eles choravam de rir em cima da mesa e se perguntavam se eu realmente batia bem da bola.

Quando finalmente deu meia noite, depois de já termos até cantado MPB no meio do shopping, resolvemos comemorar o ano novo (!) e só então irmos comprar as pipocas. Pipocas e refrigerantes na mão, subimos eternamente até encontrarmos nossos lugares, bem perto da última fileira. Segundo o Kaio, resolvemos assistir o filme de cima do Everest, onde o ar era rarefeito e onde ele precisaria de um binóculo para enxergar a Katniss com propriedade.

Depois de um trailler de filme de terror altamente assustador, o filme começou e lá se foram quase três magníficas horas. Digo ao povo que amei. Amei, amei, amei o filme. Eram três da manhã e estávamos indo à pé para casa comemorando o fato de termos descoberto que éramos de distritos próximos (nem percam tempo se perguntando) e reclamando do fato de não existirem vários Peetas soltos por aí.

Acordamos às 8h30 da manhã e fomos dar aula os três juntos, cheguei em casa e morri até as três da tarde quando minha mãe me tirou da cama para almoçar. Sei que eram 17h e qualquer coisa quando saímos de casa rumo à minha segunda sessão de Catching Fire, e eu ainda estava com um pouco de medo do tédio, mas já desconfiava dele, tamanha maravilha que eu tinha assistido há poucas horas. E eu estava lá. Faceira na sala de cinema, quase de joelhos na cadeira (essa sou eu) enquanto eles estavam no alojamento de treinamento para os jogos, há mais ou menos uma hora e pouco do início do filme. E eu nem piscava, como se aquilo tudo inédito fosse. Até que a luz acabou.

A luz acabou. Repito. A luz acabou. E eu juro que assistindo àquele traillerzinho do cinemark no dia anterior eu tinha desafiado o destino e pensado que não sei porque eles insistem em avisar que em caso de apagão as luzes de emergência se acenderão, porque a luz nunca acabava no cinema! A luz acabou, e foi tudo minha culpa, porque eu desafiei o destino. Não contente com isso, a hora que a luz acabou e todo mundo ficou puto eu dei uma sonora gargalhada e bradei: “Que bom que eu assisti ontem!”. A fileira da frente olhou pra trás e só faltou avançar em mim. A moça do lado tentava manter o bom humor enquanto o seu namorado relinchava. Me cutucou na esportiva e perguntou: – Ei, me conta, por favor, ela morre?

Com o perdão do trocadilho infame, apesar de ter visto o filme ontem, declaro abertamente que fiquei chateadíssima pela sorte não ter estado a nosso favor. Arrisco dizer que ainda precisarei de mais uma sessão de Peeta Mellark na telona antes de me recolher à humilde insignificância de alugar o DVD para assistir em casa.

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma ode a Antonio Prata

Quando eu era adolescente eu lia a Atrevida, e não a Capricho. Isso talvez explique o fato de que eu conhecia (e era fã de) Valéria Piassa Polizzi, e ignorava (que heresia) a existência do tal do Antonio Prata, o dono da coluna final que todas as meninas amavam.

Como eu tenho preguiça de conhecer as coisas, eu continuei longos anos na ignorância pratiana, e comecei a descobrí-lo, ainda que vagamente, em algum momento da minha vida em que comecei a ler a Anna Vitória e ela vivia citando o moço aqui ou acolá, o que até me fez começar a segui-lo no twitter, ainda sem ter tido a decência de procurar seus textos para ler. 

Chegamos a esse ano, enquanto eu estava trabalhando e minhas amigas Deyse, Milena e Couth, em terras curitibanas, passaram a tarde em uma promoção avassaladora da FNAC sem a minha companhia, me encontrando ao fim do dia com sacolas e sacolas de livros. No meio delas, lá estava aquele livrinho fino, vermelho e branco, com um título que nada me chamaria a atenção: Meio intelectual, meio de esquerda.

Acontece que menina Milena derramava tanto amor em cima do livro que eu decidi que amava também, antes mesmo de abrí-lo. Tentei convencê-la a me vender o livro. Ela não quis. Ignorei a ética dos emprestadores de livros e passei a mão na obra antes dela conseguir abrí-la, e assim passei as seguintes 24h: Devorando o Prata alheio.

Findado esse tempo, Milena foi embora para o Rio levando embora o meu primeiro contato oficial com Antonio e eu fiquei sentada em casa a ver navios, até que não mais do que uns cinco dias depois, Couth apareceu para jantar na minha casa (com direito a MB e tudo) e, de surpresa, trouxe o livro pra me dar de presente, com uma mordida na capa, ainda por cima. (Tudo isso, logicamente, porque eu tinha mordido o de Milena na esperança de que ela não ia querer ficar com um livro com minhas marcas de dente. Não funcionou. Mas tudo bem, porque eu ganhei o meu, e mordido, ainda por cima.)

Desde aquelas 24h que passei enroscada com Antonio Prata eu decidi que o amava, passei a ler sua coluna toda semana e fiz um super apanhados dos já publicados. Vibrei quando sua menina Olivia nasceu e comecei a torcer desesperadamente para ela virar tema de uma porção de textos. Já virou temas de alguns lindos, mas vou deixar aqui um pedido: Antonio, querido, escreva um dia um livro só com crônicas sobre Olivia, que tal?

Antonio escreve como quem conta um causo numa mesa de bar, e aí é que está a magia da coisa. Porque ele faz parecer que é possivel. Ele me faz achar que o sonho da minha vida era ser cronista e eu não sabia. Ele me faz achar que escrever é somente sentar e escrever, e não esse bicho de sete cabeças que eu vivo pintando. Ele me faz ter vontade de começar a reparar em detalhes mínimos do meu cotidiano que podem acabar vindo a ser muito engraçados, se relatados com atenção. Ele é o máximo.

E quis escrever tudo isso porque dificilmente eu me apaixono por alguma coisa e esta passa ilesa pelo meu blog. Sendo assim, achei que depois de ter lido Nu, de botas (o novo livro do moço) em bem menos de 24h, posso dizer a mim mesma que sim, estou apaixonada, e que saí marcando "vou ler" em tudo o que ele já escreveu na vida pelo skoob a fora. Antonio, se amar um escritor é declarar que leria até sua lista de supermercado, te digo mais: leria até uma bula de remédio, caso você decidisse escrevê-la. Se isso não for paixão, então não sei o que é.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

12 coisas que abrilhantam meu dia

Amandinha inventou esse meme (com um nome lindo, por sinal) no dia 10 de outubro e me indicou. Eu não esqueci dele, mas fui enrolando, enrolando, enrolando e cá estou eu, quase 1 mês depois, me dispondo a tomar vergonha na cara e elencar 12 coisas capazes de fazer o meu dia ficar mais feliz.

1. Começar um livro novo: Amo ritual de início de leitura. Aquele momento de sentar na cama com o livro, olhar pra capa, analisar os detalhezinhos, fazer carinho, abrir, fechar de novo, abrir novamente, cheirar, fechar de novo, fazer carinho na primeira página e só então começar a entrar na história. Nossa, como eu amo começar um livro novo.
2. Friends: Eu tenho as 10 temporadas de Friends em casa e vivo em um looping eterno de nunca estar não-assitindo Friends. Tão logo termino, começo novamente. O que não quer dizer, de forma nenhuma, que eu assisto o tanto que deveria. A vida vai engolindo a gente sem a gente perceber, e eu devo estar assistindo em sequência desde o meio do ano passado e ainda estou na 8ª temporada. Não me perguntem o porquê. Só sei que minha vida seria mais feliz se eu me tocasse de que assistir um episódiozinho por dia não toma mais que meia hora e faz um bem danado.
3. Acordar de causas naturais: Amo a vida sem despertador e acho crueldade quem inventou esse aparelho, reafirmando essa sociedade absurda que nos impõe que devemos começar a viver antes das 10h da manhã. Estudo de manhã desde a quinta-série, o que revela que 10 desses meus 21 anos de vida carregam na bagagem o sofrimento de acordar muito, mas muito antes do horário que eu gostaria. Por isso, valorizo e tanto um dia sem horários, onde eu, por exemplo, acorde sem querer às 10h da manhã e possa ficar rolando de um lado pro outro na cama, enrolada no edredom, e tirar mais outros cochilinhos antes de levantar de vez.
4. Saber que não terei que acordar cedo no dia seguinte: Isso se relaciona com o fato anterior e com o fato de que eu sou uma pessoa que vive totalmente no futuro. Sofro por antecipação e me divirto muito por antecipação também. Então, para ser sincera, o dia que eu mais amo no mundo é quando eu sei que no dia seguinte a ele não terei que acordar cedo. Já acordo pensando que no dia seguinte não precisarei acordar, e passo o dia com sono, mas guardando aquela felicidade clandestina tão acalentadora: "Amanhã você vai dormir até tarde!".
5. Ter uma crise de riso: Dizem que rir faz bem pra saúde e eu apoio completamente essa afirmação. Já levei um tanto de bronca nessa vida por causa de crise de riso fora de hora, e querem saber? Não me arrependo nem um pouco. O desespero para controlar uma crise de riso, mordendo a língua e apertando o estômago pra não deixar escapar uma gargalhada é um dos melhores guilty pleasures que existem. Um dia sem rir é realmente um dia perdido.
6. Calor: Nordestinos, nortinos, cariocas e capixabas me atirarão pedras sonhando com a maravilha que não deve ser uma vida polar, e eu repito para todo mundo toda vez que me dizem algo do tipo: Uma coisa é amar a montanha-russa, outra bem diferente é morar no parque de diversões. Frio dói no fundo dos ossinhos (e da alma), e o que eu mais odeio nisso tudo é a quantidade de roupa que se tem que usar. Desde que mudei pra Curitiba dou tanto valor a um dia que posso passar de blusa, short e chinelo que só de pensar eu sorrio. E lamento o fato de estar usando, nesse momento, em pleno NOVEMBRO, blusa de manga comprida, sobretudo, calça jeans com uma legging embaixo e bota de cano alto. E vocês juram que rapadura é mole...
7. Dolce Far Niente: Sim, eu sou daquelas que piraria completamente se não trabalhasse e tivesse todo o tempo do mundo para fazer o que eu quisesse. Em alguns dias, no meio das férias, sempre dou aquela pirada de tédio, aquele tédio que é tão forte que nada te entretem. Mas, céus, como é gostoso aquele dia depois de semanas de correria com faculdade, trabalho, e o que mais aparece, em que você pode passar a tarde com as pernas pra cima olhando o sol na janela. Sem programação nenhuma. Você olha para os livros e eles parecem ótimos. Olha para os dvds de Friends e eles parecem perfeitos. Pensa no sorvete de morango e ele parece delicioso. E você se entretem só de pensar em tudo isso, mas prefere gastar mais alguns minutos na inércia total, deitada, olhando pra cima e pensando: Que vida boa!
8. Minhas crianças: Um dia fica muito mais completo se as minhas crianças passarem por ele. As pequeninas que rondam pelo trabalho fazem sua parte, com certeza, mas Anna Beatriz, Marina e Ricardo levam o Oscar de melhor companhia. Um abraço apertado da Anna, uma gargalhada da Nina e um beijo babado do Rico e o dia fica muito mais brilhante.
9. Posts novos nos blogs e sites que leio: Adoro quando eu sento na frente do computador para curtir um momento reader e encontro meus feeds cheinhos de atualizações. Aí eu abro mil abas e nem sei por onde começo, de tão animada que eu fico. O que salva a segunda-feira, por exemplo, é que é sempre nela que eu leio as colunas do Antônio Prata e do Gregório Duvivier. 
10. Kimmy: Pode parecer piegas e clichê dizer que a minha cachorra é o ser canino mais sensacional que esse universo já conheceu, mas nem ligo, vou dizer mesmo assim, porque ela o é. Quando a bolinha peluda chegou lá em casa em 2003 eu juro que pensei que um dia ela ia perder a graça, mas aqui estou eu, 10 anos depois, sorrindo sozinha ao pensar no bichinho. 10 anos. 10 anos e eu e minha irmã ainda ficamos igual idiotas gritando pela casa coisas do tipo "Ei, vem ver o que a Kimmy está fazendo, corra, vem ver a carinha dela", como se ela nunca tivesse deitado de barriga para cima antes, por exemplo. Eu poderia ficar sentada por minutos a fio apenas observando a Kimmy existir. Porque ela é o máximo e ela abanando o rabinho pra mim abrilhanta qualquer dia.
11. Folia na Máfia: Adoro quando entro de bobeira no computador e vejo que alguém postou algum tópico na máfia que pode vir a dar pano pra manga. Mas do pano pra manga bom, não do da polêmica. Não que o da polêmica também não seja bom ou construtivo, mas como eu já disse que amo crise de riso, adoro quando a gente apronta uma folia bem barata, daquelas retardadas, que duram até a madrugada e não fazem o menor sentido, mas sempre acabam em novelas, homens, e muita risada gratuita.
12. Escrever algo que eu goste: Gosto tanto de escrever como gosto de ler. Então além de amar quando começo um livro novo ou vejo um blog atualizado, vou dormir bem mais feliz se consegui escrever algo interessante no dia. 

Agora quero descobrir o que abrilhanta os dias de TaryFlá e Rafinha

terça-feira, 5 de novembro de 2013

É impossível ser feliz sozinho

Vou abusar do lema de nosso querido Tom para reafirmar que se, para a maioria dos seres humanos (e não humanos também, né) é impossível ser feliz sozinho, imaginem vocês para mim, que passei bem longe de nascer no dia da independência.

Não que eu não consiga passar 1 dia sozinha em casa, coisa que aliás eu adoro. Mas eu detesto, por exemplo, ir ao cinema sozinha. Só fui uma vez e era caso de extrema emergência. Mas o intuito desse post nem é falar de companhia. Na verdade o que eu quero dizer é que vocês todos estão carecas de saber que minhas pessoas são minha vida, e isso inclui um tanto delicioso de gente. Algumas delas, além de serem companhias, são seres extremamente habilidosos e geniais, coisa que eu não sou. E é por isso que vocês entraram nesse blog hoje e estão encontrando toda essa cara nova, que só está aqui porque moça Gabriela desenha, menina Taryne é a diva dos templates, e as duas estão no meu hall de “best friends forever”, para a minha sorte.

Porque, gente, se dependesse das minhas inexistentes habilidades isso aqui seria inteiro em preto e branco e nem eu me sentiria em casa. Que bom que elas existem. E por isso então, sejam bem vindas ao meu novo lar. Limpem os pezinhos antes de entrar, por favor, e não se acanhem: Tem flor para todo mundo!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eu disse que não sabia mais escrever

E não sei. Desaprendi. Perdi a manha. O blog, coitado, fica jogado às traças e eu vivo coisas que sei que em outras eras poderiam render um bom texto, mas simplesmente insistem em não render, e a página continua ousada, me encarando, toda em branco. Para sempre.

E é por isso que eu devia saber o que falar sobre o Encontrão 3.0 com as minhas amigas, que aconteceu em São Paulo no último final de semana, mas não consigo escrever, talvez porque, felizmente, eles estão se tornando frequentes. O que não os torna banais, de forma nenhuma, mas os tornam cada vez mais cheios de detalhes e aventuras que jamais caberiam em um texto.

Então eu poderia falar, talvez, que eu (e meu amado grupo) finalmente meio que acabei o TCC, e que o produto, um livro, está na gráfica sendo impresso e que quando eu pegar ele na mão vai ser muitíssimo emocionante, obrigada por perguntarem. Mas não, acho que esse trabalho deu tanto trabalho que só de pensar em escrever sobre o assunto eu canso.

Podia dizer então, sei lá, que tem janelas na nossa alma que estão sempre abertas e os donos delas insistem em não aparecerem pra preenchê-las. É, talvez eu conseguisse escrever algo sobre isso, mas por hora digo apenas que eu acho que ninguém nunca se apaixona pela pessoa errada, porque não é possível considerar errada aquela pessoa que o seu coração grita que é a certa. Na verdade você não é a certa dela e isso dói, e eu acho que tudo isso é culpa do universo, que é um fanfarrão e gosta de ver a gente se descabelar. Tudo bem, a gente respira fundo e topa tentar convencer a pessoa de que vocês foram feitos um pro outro, existe tempo, existe chance, segundo, terceiro, quarto, décimo round, estamos aí. Mas acho que não, também não quero escrever sobre isso.

Pronto. Já escrevi quatro parágrafos sobre assuntos aleatórios os quais não consegui desenvolver pra virarem um post, mas encheram a página em branco, é assim que a gente tenta recomeçar.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sobre pessoas tridimensionais

Que eu adoro um debate existencialista (mesmo que ele seja travado apenas comigo mesma) não é novidade pra ninguém. Que eu sou tiete de John Green, logicamente também não é novidade, porque as duas coisas se entrelaçam lindamente. E dessa vez eu não vou falar de A Culpa é das Estrelas. Eu vou falar de Cidades de Papel.

Mas não vim fazer uma resenha, nem vim explicar o porque de ter dado 3 estrelas pra esse livro, porque nem eu me lembro mais desse porquê. Também não vim falar que odiei a Margo porque achei a mocinha deveras hipócrita. Eu só vim dramatizar existencialmente mais uma vez.

Isso porque a fórmula geral da questão existencial de Green nesse livro consiste, basicamente, em decretar que as pessoas não são de papel, e que  insistimos em enxergá-las como se o fossem. Mas não são. Enxergamos pessoas planas, e elas são tridimensionais. É quase aquela coisa sobre a qual já tentei confabular aqui: O que vemos são citações das pessoas; parte delas; a cobertura do bolo.

E enxergamos só a cobertura porque as pessoas tem recheio demais. E eu andei pensando muito sobre tudo isso depois de ouvir uma amiga falando que muitos de nossos outros amigos tinham uma conclusão sobre uma outra pessoa X. Conclusão essa com a qual não sei se concordo. E fiquei pensando que era uma conclusão meio séria a ser tomada sobre uma pessoa, sendo que só ela mesma pode afirmar algo desse nível sobre sua psique. Não martelei sobre o assunto. Apenas pensei.

Não muitos dias depois, uma outra pessoa soltou numa mesa de aniversário uma conclusão sobre mim, sobre a qual fiquei queimando miolos durante mais algumas horas. Nada sério, mas algo que me fez pensar que é engraçado. Porque as pessoas tentam desvendar nosso alfabeto, leem, sei lá, até D, e saem concluindo E, F e G. E na frente dos outros.

Não que tenhamos que nos preocupar e viver se baseando no que os outros pensam da gente. E longe de mim ser hipócrita o suficiente para dizer que não concluo superficialmente dados sobre as outras pessoas. Mas é que andei pensando nisso. E andei pensando que isso é bem pouco ortodoxo, e inclusive beira o cômico. No fim das contas, não somos ninguém para concluir as mil dimensões presentes no âmago de outro ser humano. Mal conseguimos desvendar todas as dimensões cravadas em nós mesmos, acho eu, se querem saber.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cinco livros que eu gostaria de viver

Tem mais ou menos meio século que a Anna Vitória que formal me intimou a responder um meme que eu fui esquecendo sumariamente só porque invoquei que era difícil de responder. Hoje ela ameaçou jogar tamancos na minha cabeça se eu continuasse enrolando, então resolvi que era melhor dar logo um jeito na vida, e acabou que não demorei muito pra conseguir as respostas. Ah sim, o título foi bem claro, eu devo elencar cinco livros nos quais eu gostaria de viver. Vamos lá.

1.  Harry Potter (J. K. Rowling)

hogwarts

Podem me chamar de clichê que eu nem ligo. Querer morar em Hogwarts é absolutamente mainstream, e se não fosse mainstream não seria eu. Apesar de saber que eu ia ter crises de pânico dentro de um castelo cheio de fantasmas e aranhas no meio da noite, sonho em pisar nesse lugar e viver essa magia. Sonho em saber fazer magia, em assistir Quadribol no estádio, em jantar no salão principal. Sonho em fazer parte desse mundo tão incrível que infelizmente me foi negado. Quem sabe na próxima vida eu não nasço bruxa? Aí podia aproveitar e nascer com mais coragem também. Quem sabe eu pudesse ser a Hermione! Que os anjos digam amém.

2. Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

orgulho

Não seria irrecuperavelmente clichê se não citasse Orgulho e Preconceito após Harry Potter, e não tem graça se não for irrecuperavelmente clichê, então aqui estou falando de Jane Austen, e que atire a primeira pedra que romântica incurável nunca sonhou em ser a mocinha de Mr. Darcy. Homem esse que, aliás, estragou a minha vida, aumentando minha expectativa em relação aos homens do mundo real que jamais serão como ele. Problem? Quero os vestidos e os bailes do século XIX, o ar bucólico, o cavalheirismo e o amor. Mas só se ele for um amor muito ardentemente sentido.

3.  Anna e o beijo francês (Stephanie Perkins)

annab

Anna concorda comigo deixando bem claro que casa não é um lugar, e sim uma pessoa. Qualquer lugar é o melhor do mundo quando se está com a única companhia que você deseja ter pelo resto de sua vida. O clima desse livro é tão delicioso que eu, que nunca tive reais aspirações de passar algum dos meus anos de ensino médio em um colégio interno em outro país quase morri de arrependimento. Quero um colégio interno em Paris, com amigos legais e um homem confuso e deliciosamente apaixonante como Etiénne St. Clair, por favor.

4. Cidades de Papel (John Green)

treacherous

Nunca foi rebelde, nem nunca fugiria para fazer uma viagem duvidosa com meus amigos, ainda por cima furando a colação de grau. Pra quem não sabe, eu adoro um evento significativo e não perderia minha própria formatura por nada. Acontece que a road trip narrada por John Green é tão deliciosa e tão digna. Amigos que se juntam para buscar sua amiga desaparecida, transformam o carro em sua casa e acabam se transformando numa família linda. Amo Quentin, Ben, Radar, Lacey, e amo as pessoas em quem eles se transformaram ao longo do livro e ao longo da viagem. Amo suas filosofias, conclusões, e amo o tanto que elas me fizeram pensar. Nessa viagem eu adoraria me envolver.

5. Todo garoto tem (Meg Cabot)

italia

Itália: Nunca fui, sempre amei. Deve ser a descendência que grita, ou o fato de eu achar que o italiano é uma língua maravilhosa, ou o fato de eu ter certeza que lá eu me sentiria absolutamente em casa porque todo mundo grita e gesticula horrores pra conversar. Se toda essa simples aura italiana já me inspira algo absolutamente encantador, imaginemos ser madrinha de um casal apaixonado que foge para ser casar na Itália, te confia esse segredo, essa honra, e ainda acaba, por ventura, te apresentando ao grande amor da sua vida. Esse livro é uma marca de tatuagem bem cravada no meio do meu coração. Devo ter lido aos 14, e suas frases nunca saíram de mim. Eu viveria por essa história e correria por essas pradarias.

Depois de sonhar acordada me imaginando nessas situações, volto chateada pra realidade que, serei sincera, não anda das mais incríveis (mas há de melhorar!) e indico para esse enrosco as minhas queridas Palo, Mimi, Rafinha, Giu e Larie!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Nosso 12 de outubro

No dia 12 de outubro de 2012 eu ganhei o melhor presente de dia das crianças da vida toda. Bia e Gui chegaram na minha casa com um pacotinho nas mãos e todos olhavam enquanto eu abria o laço sem nem desconfiar de que lá dentro estava o convite para ser madrinha do meu Ricardo. Sim, meu. Ricardo foi meu desde sempre, desde anos atrás, antes dele sonhar em existir. E isso porque eu considero minhas todas as pessoas que são donas do meu coração. E Ricardo sempre foi.

No dia 12 de outubro eu abri a porta pra minha prima, beijei a barriga e chamei de “priminho” aquele neném pela última vez. 1 minuto depois ele virou meu afilhado, e um dos maiores orgulhos da minha vida. Algum tempo depois ele nasceu, e sábado, exatamente 1 ano depois, subi no altar com ele no colo e virei oficialmente sua madrinha. E é por isso que o dia 12 de outubro agora é nosso.

O padre disse várias coisas durante a celebração, mas bateu bastante na tecla de que padrinhos não podem assumir e depois sumir. Dei um sorriso torto olhando pro meu nenezinho no meu colo e pensei que é mais capaz dele querer sumir e eu sair agarrada junto, pendurada naquelas perninhas gorduchas.

Eu sou a madrinha pentelha do Ricardo. Banco a Felícia toda hora que olho pra ele. Aperto, amasso, mordo, faço cócegas, e enfio o rosto naquelas bochechas toda hora que chego perto delas. Ele chora. Não gosta de ser amassado. Sou a madrinha paparazzi do Ricardo. Nunca passei 10 minutos do lado dele sem tirar o celular do bolso e enfiar na cara dele pra bater uma foto. Meu computador já deve ter mais foto dele do que minha. Sou a madrinha babona do Ricardo. Falo dele para todo mundo, penso nele em grande parte do meu dia. Sou a madrinha certa do Ricardo: Nenhuma outra ia amar ele tanto quanto eu amo!

E se vocês querem saber, ontem, 13 de outubro, dia em que eu sou madrinha dele há (1 ano e) 1 dia, ele gargalhou pra mim e eu me senti a pessoa mais importante do mundo.

batizado3

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

52 horas na melhor companhia

Finalmente cheguei ao último post da minha saga Rock in Rio, e ele é muito mais sentimental do que prático. É só porque eu sempre acho que o que mais importa, em qualquer lugar e em qualquer aventura, é a companhia. Já destinei um post todo pra família Engelke, e não tinha como deixar ela sem um! Isso porque das 54h que passei em terras cariocas, 52 foram em sua companhia: Milena!

Milena, um nomezinho de 3 sílabas que apareceu em todos os posts sobre o Rock in Rio e em um milhão de fotos no meu Instagram. Milena que aturou meus ímpetos de turista, deu força pra eles, curtiu recalque comigo no show que não fomos, me assistiu levar um tombo enquanto corria pra pegar o ônibus, e muito mais. Milena, minha filhota, um dos melhores seres humanos que eu já conheci no mundo, que é pura poesia trabalhada nos “Ss” puxados que só um carioca legítimo sabe puxar, mas só uma amiga do coração consegue usar sem me irritar.

Milena, que hoje completa 20 aninhos! Agradeço pela companhia, pela amizade, pela paciência e por cada gargalhada. Agradeço pela saudade que agora sou obrigada a amargar todos os dias por não poder passar a vida toda perambulando com você como fizemos nas 52 intensas e inesquecíveis horas! Parabenizo pelas idade nova, desejo tudo que houver de melhor nessa vida, e principalmente paciência, pra me aguentar nos próximos 1000 anos!

anamirio

Montagem tosca cheia de “nóix” no Rio

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Aquele abraço, Rio de Janeiro

Tardo mais não falho, e vim continuar meu relato sobre a viagem do Rock in Rio. O dia do show em si já foi narrado milimetricamente, mas o dia seguinte a ele também foi tão maravilhoso que merece ser citado.

A ideia do dia era acordar cedo pra ir pra praia, mas o sono não permitiu, e além disso, tio Marcelo e tia Lara fizeram um churrasco delicioso. Por essas e outras, já deviam ser bem umas duas horas quando saímos de casa rumo ao nosso ~roteiro musical~ que acabou sendo criado sem querer, isso porque eu adoro uma referência errada e não parei de cantar “Um bom lugar pra encontrar Copacabana” quando me vi pisando naquela orla. Procurei o Copacabana Palace com o olhar, fiz questão de “creiçar” tirando foto com Drummond, e comprei uma deliciosa espiga de milho.

Andamos mais um tanto e chegamos em Ipanema, e bastou essa informação para que eu mudasse a música e ficasse passeando por ali me sentindo a própria garota de Vinícius, mesmo não sendo morena, e mesmo meu rebolado sendo tão duro que pra virar poema precisa de força, sabe. Mas eu estava feliz, apreciando a paisagem, enquanto Milena falava sem parar sobre como a cidade dela era um encanto. E eu, que estou morando na minha terceira cidade, fiquei com um pouquinho de inveja de sua paixão pela terrinha. É coisa de alma e parto, sabe? Ela pode postar uma foto dela no Rio com a legenda “Born and raised”, enquanto eu sou apaixonada por São Paulo, mas não nasci lá. Não fui criada em Vitória, que é minha cidade natal, e tampouco criei laços sólidos com as frias terras curitibanas (não que não o tenha criado com as pessoas que encontrei aqui, não confundam).

Filosofias geográficas à parte, foi em Ipanema que estendemos nossa canga e batemos altos papos de biquíni olhando o horizonte. Também foi onde experimentei Mate de Praia, e, contrariando todas as minhas expectativas, adorei. Fiz questão também de comprar um pacote de biscoito Globo, e me senti a própria carioca. Conversamos tanto que acabamos perdendo a hora do pôr-do-sol, e por isso chegamos atrasada à pedra do arpoador, o que, logicamente, não me impediu de mudar novamente a música, e passar o resto do dia com Cazuzinha na cabeça e pensando que a vida sempre faz parte do nosso show.

Enquanto andávamos da praia até a famosa Livraria Cultura da Cinelândia, tive que assumir algo que um coração paulistano não curte muito: O Rio é lindo sim. A aura carioca é uma delícia, e todas as pessoas parecem tranquilas, felizes e leves. Impressionane como cada cidade tem sua sintonia. A de São Paulo é o Rock, e a do Rio, a Bossa Nova! Eu, que curto muito bem um Pop, me dou ao direito de gostar um tanto de cada um dos dois lados, e lembrar mais uma vez do que Cazuza canta na música que tanto ecoava na minha cabeça: “Meio bossa nova e Rock in Roll. Faz parte do meu show”. E pensei tudo isso enquanto me deliciava com um super algodão doce. Difícil, aliás, escolher qual é a melhor de todas essas iguarias simples vendidas na orla da praia! Mais um dia ali e eu voltaria para casa rolando.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como eu leio

Está rodando por aí essa TAG de vídeo, onde você responde algumas perguntas sobre seus hábitos de leitura, e é claro que eu não ia ficar de fora. Quem me indicou foi a fofa da Dani, (e agora acabei de ver que a Larie também me indicou!) e eu passo a bola pra Rafinha, pra Couth e pra Marie.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sua janela está aberta no meu facebook

Eu resolvi dar uma pausa aleatória nos meus diários de Rock in Rio porque a sua janela está aberta aqui no meu facebook, como se você fosse resolver falar, ou como se eu fosse resolver falar, ou como se dizer oi fosse mesmo a coisa mais fácil e corriqueira do mundo.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu gosto de ver ela aberta e imaginar que vai aparecer alguma coisa ali, algo assim, sabe, que dê mais significados ao sorriso que você deu enquanto me dizia oi hoje mais cedo, como se fosse trivial o seu rosto com barba por fazer surgir assim do lado do meu sem avisar.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu acho que adoraria um ato falho de confundí-la com a janela de alguma das minhas amigas, e assim, como quem não quer nada, falar alguma bobagem na sua janela sem querer, só pra você mandar, sei lá, um ponto de interrogação que desse início a uma conversa do tipo “hahaha, janela errada, desculpa, aí que vergonha” e então receber um “hahaha, acontece, o facebook é assim mesmo, mas e aí, como você tá?” e então eu diria um “to bem e você?” e assim talvez nós percebêssemos que perdemos tempo demais durante todos esses anos em que não estávamos conversando.

Sua janela está aberta no meu facebook porque eu queria ser mulher o suficiente pra aparecer do nada na sua vida e perguntar “que tal um filme amanhã?” mas eu sei que não vou porque eu devo ter nascido no dia da vergonha-na-cara, ou seria no dia da falta-de-vergonha-na-cara? Qual é o crime, afinal? Falar com você ou não falar? Já não sei qual das duas opções é o principal motivo pelo qual eu deveria ajoelhar no milho. Quem sabe na dúvida eu não ajoelhe com 1 joelho só? Não sei, terei tempo pra pensar nisso quando estiver aos 50 anos mofando numa biblioteca com 30 gatos, apenas pelo fato de nunca ter tido coragem de fazer bom uso da sua janela aberta no meu facebook.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 3)

Vocês talvez tenham se perguntado ok, provavelmente não, mas vou dizer mesmo assim como foi que eu acertei de cara quem era nosso Marcelinho sendo que ele estava de camisa preta e quem procurávamos, teoricamente, estava de camisa cinza. Acreditei que homens eram daltônicos,  e foi por isso que acertei o menino. Mas o problema da coloração nem estava com ele, coitado. Milena que entendeu errado. Na verdade ele usava uma BERMUDA cinza. Enfim,  importante é que achamos, e enquanto ele fazia o reconhecimento das duas doidas que devia levar para sua própria casa, nós continuávamos nos apoiando uma na outra de tanto que ríamos.

Sorte que, pessoa do bem que é, Marcelinho não só percebeu (thanks God!) que não era da cara dele que tanto ríamos, como achou que nós éramos divertidas e quis entrar na nossa onda. Quem olhasse pra nós 3 depois dos primeiros 10 minutos, certamente acreditava que tínhamos sido os 3 desde sempre, tamanha a desenvoltura da conversa. Andamos todo aquele mundo de espaço até o ônibus, e depois andamos todo o trajeto de ônibus mais uma vez na vibe sardinha enlatada, e tudo isso deve ter durado bem 1 hora. 1 hora essa que aproveitamos para ~colocar em dia o papo que nunca havíamos tido~ com Marcelinho, e acertar os ponteiros em relação ao que pensávamos dele e o que ele realmente era.

Um diálogo interessante foi enquanto estávamos sentados no ponto de ônibus esperando o Santo tio Marcelo nos buscar. O ponto de ônibus fica na frente do finado parque “Terra Encantada”, e tudo o que sobrou dele foi a montanha russa branca, há anos desativada. Montanha russa branca esta, pelo visto, extremamente conhecida dos meus companheiros cariocas, que rapidamente se puseram a falar dela, até que Mimi falou que nunca tinha andado nela porque tinha medo, ao que Marcelinho rebateu que tinha andado várias vezes. Um segundo de silêncio introspectivo dos dois lados (e eu no meio), até que Milena rebate, surpresíssima: “Como assim você andou na Monte Makaya? Quantos anos você tem?”, e ele foi obrigado a alegar novamente os seus 18 anos, frente aos tão maiores 19 de Milena. Tudo isso porque ela ainda tinha na cabeça a ideia de que, por ser o “irmãozinho da Paloma", Marcelinho devia estar, obrigatoriamente, zanzando por volta dos 12. O que me intriga até agora é o que ela tinha na cabeça para pensar que um menino de 12 anos iria sem acompanhamento de maiores ao Rock in Rio e ainda por cima estaria levando suas marmanjas pra casa.

Tio Marcelo chegou mais ou menos ao fim do diálogo, entramos tagarelando e rindo ainda mais, e devia ser bem quase umas 4h da madrugada quando chegamos “em casa”.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Finding Marcelinho

Ao fim de Halo ainda rolou um pequeno espetáculo de fogos de artifício ao som daquela musiquinha do Rock in Rio que eu e Milena amamos cantar (tem até vídeo, vocês tinha que ver, só que não). Mas enquanto isso acontecia, já estávamos de costas para o palco caçando um lugar mais vazio para podermos resolver nosso “fim de show”, que significava conseguir chegar até em casa em tranquilidade. Isso envolvia, em primeiro lugar, encontrar Marcelinho, o irmão da Palo, que também estava no show e que, portanto, seria nosso guia de volta. Encontrem alguém dentro da Cidade do Rock lotada. Encontre alguém que vocês nunca viram na vida dentro da Cidade do Rock lotada. Chalenge Accepted! Go!

E lá fomos nós. O primeiro passo foi o contato telefônico. Milena conversava com ele enquanto eu chorava de rir do lado. Após a ligação, ela encostava em mim e era sua vez de rir. Juro que não entendemos até agora porque diabos estávamos rindo tanto. Ou era a vibe do lugar, ou era resquício da galera que ficou praticamente o show todo fumando uma do nosso lado, ou somos nós que somos retardadas mesmo. Eu sei que olhávamos uma pra cara da outra e ríamos como se a situação toda fosse realmente muito engraçada.

Sei que no primeiro telefonema, Marcelinho disse que estava nos esperando na frente do stand da Coca-Cola. Chegamos até lá e, aparentemente, 192839183 pessoas marcaram encontro no mesmo lugar que nós, e quando Milena ligou pra ele novamente pedindo pra que levantasse a mão eu só consegui sentar no chão e rir de novo, porque tinha, no mínimo, umas 30 pessoas de mãos levantadas, e umas 15 fazendo telefonemas mandando seus procurados levantarem as mãos. Ela então resolveu pedir para Marcelinho descrever sua roupa, e entendeu “Camisa cinza e tênis branco”. Ela pergunta isso, confirma, desliga o telefone e de repente surge um sujeito na nossa frente, de camisa cinza, tênis branco, e um bigodinho muito do esquisito. Claro que sua ideia foi segurar no braço do moço e dizer: “MARCELINHO”! Enquanto eu me contorcia de rir e dizia que era impossível aquele ser o Marcelinho, porque ele continuava no telefone e nós já tínhamos desligado. Não contente com meus argumentos e com a negativa do moço em ser o nosso procurado, Milena insistiu que era ele e já estava quase mandando o moço sentar para analisar seus transtornos de personalidade, de tanto ele insistir em negar ser quem procurávamos. Quando o cara resolveu sair de perto da gente, eu consegui convencer Milena de que não era ele e após mais uma ligação descobrimos que havia outro stand da Coca-Cola e é claro que estávamos no errado.

PAUSA: Que fique registrado para os organizadores do Rock in Rio: UM stand de cada empresa, por favor. Isso facilitaria os pontos de encontro. DESPAUSA.

Andamos até o outro stand correto, que ficava no olho da Rock Street, enquanto Milena confabulava: “Como assim o Marcelinho está na Rock Street? Ele não estava vendo o show, então? Vou ligar pra Paloma e falar que não sabemos o que o irmão dela passou o dia fazendo, mas definitivamente não era o show e...” como se em todo esse tempo que passamos aprontando no stand errado o menino não tivesse conseguido andar até a Rock Street. E, claro, como se fosse de nossa conta ele não ter estado afim de assistir Beyoncé.

Devaneios a parte, chegamos ao stand novo e pescoçamos em busca de alguém de camisa cinza que, em nossas expectativas, estaria com uma garrafa de cerveja na mão reclamando com os amigos que sua irmã só arrumava encrenca mandando ele encontrar suas amigas perdidas e piradas. Obviamente não foi nessa situação que encontramos Marcelinho, que estava sentado no chão, encostado na parede do stand feito um baby, com a maior cara de desolado do universo e o braço levantado desde a hora que Milena pediu que ele levantasse, a alguns parágrafos atrás. O único porém era: Aquele menininho com cara de baby encostado na parede estava de camisa preta. E Milena negou até o fim dos tempos que aquele pudesse ser nosso Marcelinho, enquanto eu media o menino de cima em baixo e tinha certeza absoluta de que era ele quem estávamos procurando. É claro que era ele, e é claro que ficamos rodando em volta feito duas baratas tontas sem coragem de perguntar alguma coisa. Sorte que ele tem atitude, levantou e falou: “Vocês são as amigas da Paloma, né? Prazer.” It was him all the time, and I knew it.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aventuras na Cidade do Rock (parte 2)

Descobri apenas na prática que as coisas no Rock in Rio são assim: De supetão. Não gosto dessa palavra, aliás, mas foi a única que me veio na cabeça pra definir que eles não avisam nem anunciam nada. Eu sei, vivo em outro mundo, mas realmente achava que, sei lá, 2 minutinhos antes do show escutaríamos uma chamada, no estilo: “Ivete Sangalo no Palco Mundo em 2 minutos”, mas não, isso não acontece. O que acontece é que você fica ali, deitada bem de boa olhando as estrelas e de repente escuta a batida do início do show, o que acaba sendo engraçado, porque você pula do chão e recolhe seu acampamento já cantando a primeira música e vendo a multidão se aproximar voando.

Assim foi o show da Ivete. Nunca tinha ido a um. Pulei horrores e descobri que, no fim das contas, Milena, que bradava odiar Ivete e achar inaceitável axé no Rock in Rio, sabia mais músicas que eu. Até o “grito de guerra” dos fãs pedindo mais Ivetinha a danada da menina sabia. E eu ali, boiando. Ou melhor: boiando, boiando, bobobororoboiando. (Os fortes entenderam).

Quando Ivete acabou, deitamos novamente e tantas histórias foram contadas ali naquela canga que um dos fotógrafos do evento não resistiu a registrar nossa vibe. Gente, cangas. Estrelas. Caras de cansaço misturadas com felicidade. Aposto que a foto saiu linda, quem sabe um dia eu descubra em que site eles postavam todas. Enfim, após esse intervalo, levamos outro susto com a batida que iniciava o show do Guetta, nos divertimos mais um tanto e gritamos com toda a garganta que tínhamos ao som de Titanium. Difícil conter a emoção com uma cidade do Rock inteirinha gritando: Pode mandar o fogo, nós somos a prova de balas. Só de escrever eu arrepio inteirinha.

Depois de Guetta, mais canga+conversas+estrelas e de repente a batida que iniciou o show da Beyoncé. Esse foi o susto mais divertido, porque eu juro que achava que a atração principal atrasava horrores, e que ficaríamos bem umas 2h deitadas ali no chão, e de repente BUM, e levantamos num pulo enfiando cangas dentro da bolsa. E a diva já entrou no palco pegando pesado, iniciando o show ao som de “Who run the World”, que é praticamente a música tema da Máfia. Gritamos HORRORES.

Infelizmente, depois dessa entrada triunfal, tenho que dizer que dei uma miada. Porque queria pular e cantar, e Beyoncé trocou 8 vezes de roupa, colocando filminhos enquanto fazia isso. Fora que ela mudou o ritmo de “If I were a boy”, e eu não conseguia cantar mesmo tentando muito. Sei que entre um intervalo pra troca de roupas e outro, eu e Milena já estávamos cantando Diamonds e chorando de saudades da Rihanna. Até que a dona moça voltou pro palco e cantou Whitney Houston e aquele dia de show inteiro valeu a pena só pelo fato de termos vivido a sensação de estar no meio de um mundo de pessoas cantando “I will always love you”. E então, como se a emoção já não fosse o suficiente, ela emendou com Halo e, gente, que fim de noite!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aventuras na Cidade do Rock (parte 1)

Saímos “de casa” por volta das 15h, acredito eu. Tio Marcelo nos deixou no ponto do ônibus “Cidade do Rock”, e logo entramos em um. Andamos todo o trajeto na maior vibe Sardinha Enlatada, é claro. E tinha trânsito, é claro. A maior parte desse trânsito, logicamente, composta apenas por ônibus da Cidade do Rock, que ficavam apostando corrida. Após muito conversar (e ouvir muita conversa alheia), chegamos ao ponto final e andamos um enorme tanto até chegarmos à bilheteria, onde a Mi finalmente resgatou seu ingresso, e então, mais um enorme tanto até a entrada. Depois da entrada, ainda se anda um tanto até chegar ao local em si, mas essas andadas todas nem cansam muito, porque na ida, é claro, toda a empolgação ajuda. Parei incontáveis vezes no meio do caminho para tirar fotos da Roda Gigante, da Roda Gigante 1cm mais perto, da Roda Gigante 10cm mais perto, das pessoas andando, da gente sorrindo, da gente sorrindo em preto e branco, e coisas do tipo.

Chegamos. Chegamos e olhamos em volta. Milena com aquele olhar de gente que mata as saudades e eu com aquele olhar de “prazer em conhecer”. Mal respiramos lá dentro e já resolvemos encarar a fila da Roda Gigante. Nas 2h30 que passamos na fila o sol se pôs, conversamos com a mulher que estava em nossa frente na fila, descobrimos que, aparentemente, roda gigante é um desporto, descobrimos que se tudo der errado e o brinquedo despencar a culpa é nossa e não do Rock in Rio, passamos raiva com adolescentes que furaram a fila, arrasamos no gogó cantando Elis e, quando faltavam umas 4 voltas da roda para finalmente entrarmos no brinquedo, saímos correndo da fila ao som de “Exagerado”, porque o tributo ao Cazuza havia começado e estávamos ali por este motivo.

Corremos o trajeto Roda Gigante-Palco Mundo como se não houvesse amanhã, enquanto cantávamos Cazuzinha a todo pulmão e ouvíamos o som ficar cada vez mais alto. Fomos nos enfiando lindamente no meio da multidão e conseguimos chegar no meio da pista. E foi bem ali que curtimos o show. Gritando no meio da galera, com gente empurrando toda hora, tentando pular na ponta dos pés para enxergar alguma coisa, mas com muito amor e catarse no coração. Foi ali que ouvi Ney Matogrosso cantando Codinome Beija Flor, foi ali que vi fogos de artifício ao fim de Para o dia nascer feliz, e foi ali também que vi Bebel Gilberto bem louca, mas cantando ao vivo minha tão amada Preciso dizer que te amo. Foi ali. E foi muito bom, mas um show no meio da muvuca era demais pra nós, e por isso, ao fim dos fogos, tratamos de caçar um lugar mais tranquilo para organizar nossa vida.

Olhamos para o Bob’s, que olhou pra nossa fome, e resolvemos abrir o piquenique. Cangas no chão e lanches em mão, sentamos, comemos, e a fome era tanta que até hoje lembro do gosto maravilhoso daquele hambúrguer, que nem deve ser de fato bom. Terminamos de lanchar e arriscamos tentar encarar a fila da tirolesa que... era de 5h. Com muita mágoa no coração, tornamos a deitar e ali ficamos, falando bobagens e cantando Elis Regina até a hora que Ivete subiu no susto no palco enquanto ainda pensávamos que o segundo show seria o do David Guetta.

domingo, 22 de setembro de 2013

Os Engelke Muniz

Não sei desde quando leio o blog da mocinha Paloma Khoury Engelke, mas sei que ela me cativou pra sempre quando gravou um vídeo para a Máfia de pijamas e óculos escuros. Nem preciso dizer que essa relíquia vocês não vão assistir, porque é interno, mas gente, é impagável. Então, Paloma. A mocinha dos pijamas, dos óculos escuros, da voz tranquilinha e dona de uma calopsita que, de todos os nomes enormes e malucos que poderia ter, tem a graça de se chamar “Po”. Algo que eu acho genialmente genial. Mas “Po”, a pequena passarinha cheia de crises existenciais é somente mais um membro da família deliciosa que conheci nessa minha saga carioca.

E o primeiro contato que tive pessoalmente com todo esse clã nem foi com a própria Palo, porque ela estava trabalhando enquanto turistávamos.  Quem nos recebeu quando eu e Milena chegamos esbaforidas à “casa 20” foi o patriarca Muniz. Mais conhecido como tio Marcelo, que não só carregou minha mala até o segundo andar, como disse para ficarmos à vontade pelo quarto da Paloma, e no fim das contas, ainda fez questão de nos levar ao ponto de ônibus da Cidade do Rock, além de emprestar seu Rio Card E passar o seu celular caso entrássemos em apuros. Não sabíamos se nos sentíamos mais agradecidas ou envergonhadas com tamanha gentileza. E tio Marcelo, não só zoou com a nossa cara quando era imprescindível e deu dicas para nossa locomoção, como ainda acabou nos resgatando na noite de sábado, quando findamos o dia meio perdidas. Mas isso é história pra outro post.

Continuando a falar dos Engelke, hora de passar o bastão pra tia Lara, que foi o último membro da família que eu conheci.  Não basta parecer uma fadinha, de tão meiga e pequenininha. Tia Lara provou ser, de fato, uma fada. Me emprestou seu Rio Card sem nem me conhecer, aceitou receber um monte de malucas na sua casa, planejou um churrasco, deu risada de nossas histórias e apareceu com um prato de mistos quentes e refrigerantes no quarto enquanto eu e Milena tentávamos convencer nosso estômago de que a fome só poderia gritar quando o show da Florence acabasse. Além disso, no meio do churrasco, tia Lara fez uma observação incrível: “Meu Deus, elas são todas iguais à Paloma”, se referindo a uma característica engraçadíssima de nossa enorme amizade mafiosa: Podemos até ter algumas características singulares, mas somos, realmente, muito parecidas.

A Srta. Pijamas & Óculos Escuros eu conheci… de pijamas! Claro, porque esse encontro só se deu por volta das 3h da manhã, quando chegamos do Rock in Rio cansadas-mas-ligadas-no-220, e cheias de histórias pra contar. Paloma nos esperava com Mayra, as duas com as carinhas cheias de sono, mas super afim de entrarem na nossa pilha, claro. Aproveitei para apresentar Paloma aos meus abraços que mais parecem apertões, perceber que ela tem todo o jeitinho meigo da Audrey Hepburn, de quem é fã, ouvir pessoalmente aquela voz tranquila e ter certeza de que eu encontro amizades muito certas pra minha vida.

Não obstante a minha amiga ser uma fofura e os pais dela serem legais como são, ainda existe Marcelinho. O irmão mais novo, todo Baby Brother, que usa um shampoo super singular (que eu fiz questão de experimentar quando tomei meu banho, porque sou folgada) e é um ser humano tão querido que nem consigo descrever. Acho que posso adiantar que vocês vão dar boas risadas quando eu narrar, num dos próximos posts, a forma única de como eu e Milena conhecemos Marcelinho. Por hora, só digo que ele virou membro honorário da máfia, que é fã do Hércules, e que também fez uma descrição única da gente: “essas meninas são completamente doidas. Mas são legais".

No meio dessa gente fofa toda, é claro que devia existir uma avó! Vovó Lili. Que nos ensinou onde ficava o filtro de água, fez brigadeiros deliciosos para nos receber, aguentou nossa barulhada toda e, segundo a Mayra, fez batatas fritas incríveis pra ela, o que nos deixou amargando de recalque de termos chegado um dia depois.

É esse mundo todo de pessoas legais que existe atrás da porta da “Casa 20”. Além de “Po”, claro, a passarinha, que vai muito bem, e vive dando gritinhos e voando rapidamente dentro da gaiola quando a gente começa a conversar e esquece de sua existência no recinto. Findo este apêndice tão necessário quanto prolixo, nos encontramos no próximo post, que deve, finalmente, falar de nossas aventuras já dentro da Cidade do Rock.

sábado, 21 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 2)

E então eu cheguei no aeroporto e achei incrível que mal tinha pisado no Rio e já conseguia enxergar o Pão de Açúcar e o Cristo. Primeiramente pensei que era uma jogada de marketing incrível colocaram um aeroporto em um ponto tão estratégico. Depois reparei que o Rio é meio mágico, e de quase qualquer lugar que você esteja você consegue enxergar o Pão de Açúcar e o Cristo. A gente rodava rodava e rodava de ônibus e de repente eu olhava pela janela e… Olha lá o Pão de Açúcar e o Cristo! Chega a ser perturbador. Mas enfim, continuemos.

Como a dona Milena é um ser bagunçado, atrasou 1h pra me resgatar no aeroporto. Enquanto ela não chegava, ficamos trocando mensagens, e é claro que eu ri alto do lado de desconhecidos. Ameacei ficar com vergonha e… o desconhecido olhou pra mim e sorriu. Claro, estava no Rio! Qualquer curitibano me reprovaria com o olhar, mas eu estava no Rio e tudo ali podia, e as pessoas sorriam umas para as outras. Me encantei com uma criança de uns 2 aninhos que chegou ao aeroporto vestida de Branca de Neve, fiquei olhando o sol que batia lá fora, e lendo um pouco de John Green até que Milena me mandou uma mensagem perguntando onde eu estava. “Na frente do café Boulevard” respondi. “E você?” complementei. E ela respondeu: “Procurando o café Boulevard!” e logo em seguida dei de cara com ela chegando esbaforida, e gente, como não amar, né?

Aprontamos mais algumas no aeroporto procurando caixa de banco e uma lan house pra ela imprimir o comprovante do ingresso dela, e depois disso saímos do aeroporto e passamos por cima do Aterro do Flamengo, que fiquei muito orgulhosa de mim quando reconheci só porque tinha assistido Flores Raras há mais ou menos uma semana. Dali fomos até o Leblon, enquanto Milena se enchia para falar de sua cidade pela janela e eu criticava os prédios. Tirando as construções imperiosas, like "Theatro Municipal” (é tão chique esse H, gente!) e a Biblioteca Nacional, não gosto de construções antigas. E o Rio é muito velho. Aqueles prediozinhos pequenos, com portõezinhos e pastilhinhas caindo, e eu só pensava que derrubaria tudo e construiria prédios enormes com janelões de vidro. Milena me chamou de herege, é claro, e insistia em elogiar os prédios, até que eu falei: “Pelo amor de Deus, amiga. Olha a cor daquela janela”, apontando uma janela imunda. Ela riu tanto que resolveu me deixar reclamar em paz.

Chegamos ao Leblon, andamos mais um tanto, e pegamos outro ônibus para ir até a Barra. Dentro do ônibus, conhecemos uma menina que estava sozinha na cidade e não fazia ideia de como chegar à cidade do Rock. Acabou que ela foi almoçar com a gente e Milena ensinou pra ela como chegar lá, enquanto demos mais uma volta no shopping, compramos minha escova de dentes (he!), entramos na livraria só pra respirar o ar dos livros, e finalmente pegamos o ônibus que, depois de rodar por horas em ruas cheias de paralelepípedos, nos deixou praticamente na porta da casa de Paloma. E a família Engelke Muniz é uma entidade tão particular e incrível que merecerá um apêndice post só para eles.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O dia que durou mais de 24h (parte 1)

Eis que a tal da melhor sexta-feira 13 do mundo chegou. Eu fui dormir já eram mais de 2h da manhã, depois de finalmente arrumar a mala e bater horas de papo com dona Tagareline no Skype. Antes de dormir, obviamente, fui fazendo a lista mental de coisas que não poderia esquecer e claro que lembrei do Rock in Rio Card, que estava, desde que eu comprei, guardado na caixinha vermelha na estante da minha cabeceira. Ia ser supimpa esquecer o ingresso em Curitiba. Coloquei na carteira e deitei de novo, até que lembrei que meu cartão de crédito estava em outra bolsa, fora da carteira. Levantei, peguei o cartão, guardei, e fiquei pensando no quão errado tudo poderia dar se eu esquecesse a entrada do show E a fonte de renda. Quase chegando no sono, lembrei que podia levar meu caderninho mafioso pra Paloma assinar, já que eu finalmente iria conhecê-la. Mas decidi que poderia fazer isso quando acordasse, bem como escovar os dentes e lembrar de guardar a escova.

Acordei no susto com o despertador menos de 2h depois de ter dormido. Esqueci o caderninho, e escovei os dentes (!), mas larguei a escova de volta na gaveta. E assim saí de casa: Sem escova de dentes Com um visual Rock deliciosamente poser: Short jeans com preguinhas, blusa preta de um ombro só, coturno (!!) e jaqueta jeans. E não, não foi proposital. Mas eu queria muito usar meu coturninho e ele não combinou com a blusa branca que eu tinha em mente.

Sei que saí de casa me passando com todo aquele look “nada eu”, e obviamente isso precisava render algo. Minha inocente bota apitou no detector de metais do aeroporto, e seria trivial e tranquilíssimo tirá-la e passar descalça, não fosse o fato de que como eu sabia que ficaria o dia todo de pé, preferi não colocar apenas a meia calça. Uma soquete por cima dela, dentro da bota, não é nada sexy, mas fica mais confortável, e além do mais, ninguém além das minhas amigas me veria sem a bota, certo? Não, né. Quando o detector de metais apitou a moça disse para eu tirar a bota eu pensei em chorar e implorar para que ela não fizesse isso comigo, mas ela obviamente não iria me levar a sério. Então eu respirei fundo e comecei a desamarrar os cadarços enquanto todos os homens de terno que ficam do outro lado do detector me encaravam e… estava lá. Minha meia soquete branca cheia de cachorrinhos desenhados e foi-se embora todo um visual de rock cuidadosamente pensado (só que não) e a consolidada imagem da mulher decidida viajando sozinha. Todos descobriram que eu era uma adolescente, daquelas meigas retardadas, ainda por cima. E enquanto eles seguravam o riso, tudo o que eu queria era abrir um buraco e me atirar.

Passei pelo detector desfilando meus cachorrinhos, sentei, coloquei as duas botas e amarrei os cadarços de volta como se nada tivesse acontecendo e como se minhas bochechas não estivessem pegando fogo. E então, levantei novamente, peguei minha malinha e saí como se nada tivesse acontecido. Entre um capítulo de John Green e uma pescoçada na conversa alheia, embarquei. Li mais um pouco, ouvi a conversa de dois estudantes de medicina que também estavam indo pro Rio e falavam sobre os shows do dia, ao mesmo tempo que falavam de um aniversário e eu não entendi até agora se eles estavam indo pro Rock ou para a festa de uma amiga. Desisti da conversa deles e apaguei. Acordei em São Paulo. Li mais um pouco, tomei um sol pelo vidro do aeroporto, embarquei no outro avião, e logo tratei de dormir outra vez. Acordei quase no solo. Assim que pousou, saí do avião, olhei para o sol e recebi um bafo de ar quente na minha cara. Sorria! – pensei – você está na Bahia no Rio!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dos meus medos sem fundamento

Eu sou medrosa, sabe. Se me levar a sério demais durante a noite, na hora de dormir, além dos mil planos de come brócolis e tomar um copo de água em jejum todas as manhãs, vou desistir de fazer metade das coisas “duvidosas e aventureiras” que por ventura eu tenha planejado.

E claro que com essa programação maluca de Rock in Rio não seria diferente. As passagens estavam absurdas de caras, tinha ficado tudo pra última hora, eu estava com ingresso em mãos e tremendo absurdos, pensando que isso ia ser uma loucura, que ia ter manifestação no meio do show (!), iam quebrar tudo e eu ia acabar morrendo pisoteada ou de bala perdida. Essa sou eu, esse é meu time. Lembrei de um professor meu que, no primeiro ano da faculdade, disse que em toda turma tem uma que fica grávida e uma que morre. Até o presente momento, nenhuma das duas situações aconteceu, mas eu tinha certeza que eu seria a que ia morrer. Claro, me enfiando no Rio de Janeiro praticamente sozinha em época de caos, não sairia viva dessa empreitada. Mas com a passagem comprada, voltei a respirar fundo e pensei que tudo aconteceria do jeito que tivesse que acontecer, porque ninguém morre de véspera.

Ainda mais perto da data, eu ficava pensando que eu canso muito fácil de ficar em pé, e meu pé, que nunca mais foi o mesmo pós 15 dias de Disney aos meus 15 anos, começa a doer muito rápido. Fiquei pensando naquela pista de show lotada de gente suada e pulando, daquele jeito onde, se você ousar levantar o braço, não consegue abaixar nunca mais porque não tem espaço. Quem disse que “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço” certamente nunca andou de metrô em São Paulo na hora do Rush, nem tampouco encarou pista de show. Pensei que, lá pelas 2h da manhã, estaria bufando de cansaço e dor, e jurando pelas minhas próximas 10 gerações que nunca mais cairia naquela roubada, porque assistir do sofá sempre seria mais confortável.

Bom, o primeiro desespero caiu por terra. Como vocês podem notar, estou viva, mais prolixa que nunca (agora que aprendi o significado correto da palavra, estou faceira), e apaixonada pelos dias que passei no Rio de Janeiro. O segundo temor... também caiu por terra! O show foi super tranquilo: Eu e Milena deitávamos em cangas nos entre-shows para bater papo olhando as estrelas. Deu pra descansar, deu pra pular, deu pra levantar e abaixar o braço, deu pra cantar, e não deu pra andar na roda gigante (conto em algum outro capítulo), mas por volta das 2h da manhã, quando acabou, conseguimos caminhar horrores até o ponto de ônibus dando risada e conversando animadamente, e não caindo pelas tabelas. O saldo foi extremamente positivo, e por isso preciso fazer a jura ao contrário: Nunca mais quero assistir somente pelo sofá.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meio ano

Sempre acho engraçado quando alguém usa expressões do tipo: “Acaba o mundo mas não acaba o expediente”;  ou “Chega o Natal mas não chega sexta-feira”. Sabe dessas? Então.  Acho a relatividade do tempo um fato meio irritante, é claro. Como pode a manhã passar tão rápido se você pode dormir, e tão devagar se você tem aula de psicologia? Divagações a parte, a tal da teoria da relatividade é realmente um fato incontestável na vivência do tempo-espaço. E hoje eu lembrei que, há mais ou menos 6 meses e 2 semanas atrás, no início de março, eu olhava para a minha prima super barriguda e dizia: “Meu Deus! Esse menino faz 6 meses, mas não nasce!”. E como isso foi real.

Rico não nascia. Os dias se arrastavam e toda noite eu pensava que, meu Deus, quando será que meu menininho ia nascer. Foram anos de espera, e eu já não aguentava mais não poder pegar meu afilhado no colo e morder seus pezinhos. Os dias do início de março se arrastaram um a um, até que, no dia 17, o bichinho resolveu sair do casulo e mostrar suas bochechas para todos os que o esperavam tão ansiosos. Não mais que de repente, hoje é dia 17 de setembro e ele está fazendo SEIS meses. Dá pra acreditar?

Consigo lembrar nitidamente da minha agonia com o não-nascimento de Ricardo. E meu Deus, como aqueles dias demoraram pra passar. Demoraram tanto que eu ainda sinto a angústia deles. Minha frase estava corretíssima: Rico não nasce, mas faz 6 meses. Eu até hoje não acredito que ele realmente chegou. E ele já está aqui, com uma porção de quilos, duas bochechas maravilhosas, um par de pezinhos indescritíveis e muito, muito amor.

Em 6 meses, Ricolino, que já tinha meu coração desde antes de sonhar em existir, tomou-o por completo. Eu daria minha vida pela dele. Vivo querendo beijá-lo, esmaga-lo, amassá-lo. Não vejo a hora dele andar e me chamar de dinda, mas, ao mesmo tempo, choro de saudades de quando peguei ele tão miudinho no colo, naquela primeira vez que nos vimos. Em 6 meses ele perdeu os cabelinhos, arregalou cada vez mais os olhões, segurou um livro do Antônio Prata junto comigo, adora babar na minha bochecha, ama assistir a Galinha Pintadinha, me troca por automóveis e... continua sendo o neném mais lindo que eu já vi na minha vida.


Feliz meio ano de vida, meu amor! O mundo é um lugar melhor depois que você chegou.

P.S.: Interrompi a programação da "Jornada Rock in Rio" por esse motivo mais do que especial. Amanhã retornamos com as "atividades normais"! 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O infinito de um fim de semana

Meu último final de semana foi incrível e pra começo de conversa ele tem muita história. Vou aproveitar que esse blog tá se divertindo em meio às teias de aranha para cansar a paciência dos leitores e narrar em várias partes, olha que genial. Não, vai. Na verdade eu quero narrar tudo detalhadamente pra poder ler daqui a 1 ano ou 2 e viver de novo cada segundo. Chega de trelelé e vamos ao início.

É preciso que fique claro que esse final de semana começou há 2 anos. Na madrugada do dia 23 pro dia 24 de setembro, primeiro dia do Rock in Rio 2011, onde eu estava sentada no sofá com notebook no colo, gritando em caps lock com minhas amigas sobre o show, e escrevi esse post aqui, jurando que no próximo eu iria.

É clichê dizer que o tempo anda passando de uma maneira esdruxulamente rápida, e que esses 2 anos chegaram em 2 segundos. Nesse meio tempo, a praticamente 1 ano atrás, rolou uma venda the flash, que durou menos de 1 hora, do “Rock in Rio Card”, que equivaleria à entrada para um dia de show. Não tinha line up. Não tinha bandas confirmadas. Não existia informação nenhuma. E eu, a maria planejamento, abri o site em 10 minutos e comprei. Eu comprei no escuro, sem ter noção do que aconteceria lá. Mas comprei. Era o primeiro, singelo e impulsivo passo, para cumprir a promessa registrada a 2 anos atrás.

Depois disso muita água rolou e meu Rock in Rio Card continuava lindo na minha cabeceira, dentro de uma caixa vermelha acompanhada de livrinho e tudo. Chegou a hora de escolher o show, muito debate com as amigas e no fim das contas eu acabei sozinha com ingresso na mão e nehuma companhia, porque ninguém conseguiu comprar pro mesmo dia que eu. Cada vez mais desesperada, e, ao mesmo tempo, acomodando com a ideia ridícula de que tinha comprado lindamente meu ingresso no escuro para acabar não indo no show (porque sozinha desbravando Festival de Música no Rio de Janeiro é demais pra mim), a organização do Rock in Rio, aquela linda, manda e-mail avisando que muitos ingressos foram comprados com boleto bancário e simplesmente não foram pagos. Resumo da história: Iam abrir uma nova sessão de vendas, com prioridade pra quem já tinha ingresso. 

Milena, que já tinha comprado pro dia do John Mayer e estava tentando loucamente conseguir um ingresso para o meu dia para irmos juntas, finalmente conseguiu. 2 fins de semana antes do evento eu tinha a passagem em mãos, e no dia 13 de setembro, a melhor sexta-feira 13 da minha vida aconteceu. Era pouco mais de 6 horas da manhã quando eu entrei em um avião para o Rio de Janeiro, imaginando parcamente as mais ou menos 54 lindas e intensas horas que me aguardavam. Foram tão incríveis que se eu me dispusesse a tal maluquice, esse evento me renderia uns 50 posts. Um por hora seria um bom balanço, excluindo da brincadeira as pouquíssimas horas que passamos dormindo. Mas tudo bem, serei mais sucinta que isso. Mas não tanto. Aguardem os próximos capítulos.

Eu fui

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sim, Harry Potter de novo

Eu já desisti de tentar superar Harry Potter, sabe. Esse é um assunto de eterno looping da minha vida, uma paixão eterna, e não adianta. Além disso, eu não nego fervo online, e a Tary propôs na máfia que respondêssemos em vídeo um meme que se chama “50 dias de Harry Potter”, onde na verdade você responderia 1 pergunta por dia. Mas aqui estou eu, falando por quase 25 minutos e pagando muito mico para responder 50 questões sobre o assunto. Me aguente se quiser.