sábado, 31 de maio de 2014

Vamos falar de "Em Família"?

Vamos. E em primeiro lugar vamos nos dar as mãos e fazer um minuto de silêncio em homenagem à época em que Manoel Carlos arrasava. Porque já que somos obrigados a acreditar que Em Família está saindo da mesma mente que saiu Por amor, Laços de Família e Mulheres Apaixonadas, acho que temos o direito de ao menos podermos lamentar esse fato.

Manoel Carlos era meu favorito. Por mais que as minhas duas novelas favoritas da vida não sejam dele (Coração de Estudante e Cabocla, pfvr), as três que eu citei no primeiro parágrafo entram bem lindas no meu hall de preferências novelísticas, e, tudo bem que ele já tinha perdido o tom quando escreveu Páginas da vida e Viver a vida, mas em uma delas tínhamos toda a intriga do causo do nascimento dos gêmeos e da adoção escondida da menina Clara e, na outra, tínhamos Mateus Solano em dose dupla. O que temos em Em Família?

Cri. Cri. Cri.

Nada. Não temos nada. Gente, o que é essa novela? Eu assisto. Assisto e não perdi nem meio capítulo desde que começou por motivos de: serei fiel a Maneco até o fim, e também porque, claro, tenho companhias que assistem pelo mesmo motivo e não se controlam quando resolvemos debater o assunto no whatsapp. Se irritar o público fosse a função de Maneco, ele conseguiu. Nunca vi uma novela com um hall tão grande de personagens insuportáveis. Como provavelmente desistirei de listar os odiados, vou deixar claro que os únicos que escapam são Cadu, Nando, Verônica, menino Ivan e cadela Ariana. E de vez em quando fico de bem com a Shirley também, vai. Ela é divertida. Agora...

Luiza. Gente. Nem sei o que dizer sobre Luiza, porque ela é hours concours no quesito "me dá vontade de pegar pelos cabelos e ralar as fuça dela na brita". Essa garota tem doutorado em como ser insuportável. É contraditória, pedante, petulante, e diz pelos quatro cantos que é a mais madura das mulheres que conhece (!), o que inclui sua mãe, sua avó (?) e até Verônica (Helena Ranaldi, meu amor eterno). Ah sim, ela também diz que conquistou a independência quando começou a morar sozinha::::: quem assinou o contrato do apartamento foi o pai, e ela paga o aluguel e as contas com a mesada. Não conseguiu odiar ainda? Contarei um causo para vocês. A pessoa começa a namorar o amor-da-vida da mãe, mas isso vocês já sabem. O que talvez vocês não saibam (vai que não assistem?) é que ela passou um dia inteiro chorando e evitando o namorado, porque estava se sentindo culpada e deprimida porque a família toda estava contra ela. De noite, após, repito, chorar ALL DAY LONG, ela levanta e resolve conversar com a mãe. Aí você imagina o que acontece:

(  ) Ela chega chorando na casa dos pais, abraça a mãe, pede desculpas e elas choram juntas
(  ) Ela chama a mãe para uma conversa, ouve a mãe, e tenta expor seus argumentos
( ) Ela monta toda a sua pose de garota petulante, faz bico e grita nas fuça da mãe que ESTOU APAIXONADA PELO SEU PRIMO LAERTE E VOCÊ TEM INVEJA DE MIM PORQUE QUERIA ESTAR NO MEU LUGAR RECEBENDO TODO O AMOR QUE EU RECEBO DELE.

Odeio grandes frases em caps lock, mas não consegui me conter, porque, tratando-se de menina Luiza, era óbvio que ela escolheria a opção 3, de modo que Heleninha Lemmertz (que jamais poderia ser filha da Dona Chica-ca) deu um tapa na cara dela. Pensei em aplaudir, mas desisti. Heleninha tá mansa demais. Não sou a favor de bater nos filhos mas, se Heleninha eu fosse, tinha rasgado a cara dessa menina. 

Sílvia. Acho que essa é a segunda na minha lista. Podemos começar com o fato de que a pessoa estragou a boca inteira com alguma plástica duvidosa. Em segundo lugar, ela tem um noivo gato e apaixonado que eu não sei ainda quando vai cansar de brincar de corno manso e mandá-la para o quinto dos infernos. A parte disso, ela reclama-mas-bem-que-curte um joguinho com o Dr. Bebum Felipe, enquanto se derrete inteira para cima do Cadu::: a pessoa vai todos os dias na casa do paciente dizendo que quer estudar seu caso (?), mas vai de vestido colado & com decote & fica apenas sentada no sofá falando de trivialidades. Consulta. Aham.

Marina. Assim, Tainá Muller tá dando O SHOW de interpretação. Para mim é a melhor atriz do elenco, de longe (e olha que Helena Ranaldi está nele). Só de olhar para ela olhando para a Clara você sente a dor do amor quase-correspondido, que, venhamos e convenhamos, é pior que o não correspondido. Menina Clara tá curtindo a brincadeira de continuar com sua família feliz que inclui um filho ultra fofo & um maridão incrível, mas mesmo assim não larga do pé da Marina e não deixa a moça ir para outra. Marina chora, coitada, ao som de Só vejo você, o que aumenta astronomicamente a dor do público. MESMO assim, a moça é chata, porque é filhinha de papai, dá piti quando não pode comprar champagne porque o pai está falindo e RECUSA propostas bem lucrativas de trabalho porque não-está-com-cabeça. Fora o fato de que ela continua achando que é dona do mundo e pode ter tudo o que quer. Faz pose demais, manda em todo mundo e não tem o mínimo de bom senso. Aparecer no hospital para dizer oi para a Clarinha, quando o MARIDO da Clarinha está internado e ODEIA ela? Ah, Marina. Menos!

Clara. Não quer largar a família nem o maridão, mas faz gato e sapato de menina Marina que, apesar de jurar que é dona do mundo, chora ao som de Só vejo você e faz o público se doer junto. Nem torço por #Clarina, porque amo Cadu. Mas que dói, dói. Toma tento, Clara. Ou caga ou sai da moita, em português bem claro utilizado por vovó. 

Juliana. A BIA É MINHA FILHA, SÓ MINHA, NUNCA VAI CONVIVER COM A AVÓ E NINGUÉM VAI TIRAR ELA DE MIM. Define?

Giselle. A boca dela é tão feia que só de ela aparecer em cena ela já me irrita. Além disso, ela fica lambendo o papaizinho dela eternamente, sendo pentelha e ficando sempre do lado dele, mas bem que faz as pazes com a mãe quando ganha, sei lá, um carro. 

André. Maltrata a mãe fofa adotiva tendo vergonha de falar que ela é sua mãe só porque é negra. Dá patada nela dia sim dia também e é eternamente apaixonado pela tansa da Luiza.

Mãe do André. Aceita as patadas que ele dá e ainda faz carinho, afinal, "tadinho do meu filho". Faz bico de vez em quando, mas é raro. Além disso, é uma professora e, você sabem como é professor de novela. Está sempre dando aula feliz e chamando a atenção dos alunos quando eles estão olhando para a lua. Mas de forma fofa, claro. Sempre.

Laerte. Tinha esquecido dele até agora, gente! Gabriel Braga Nunes é bonitão, mas é tão ruim que eu tenho vontade domirzzzz toda vez que ele tá em cena. Além disso ele trocou HELENA RANALDI por Luiza e só por isso ele mereceria meu desprezo eterno. Não contente com isso, ele ainda deve ter aquela ideia de que homem que é homem precisa honrar as calças, de modo que não pode ver 01 rabo de saia na sua frente que já está dando em cima & criando clima. Lívia, fuja para as montanhas em quanto é tempo.

Lívia. Acabou de sair das páginas da polêmica obra de Nabokov. A pessoa jura que é a Lolita, ou ninguém reparou a cara de falsa santa que ela faz enquanto dá em cima do moço-Laerte-que-não-pode-ver-01-rabo-de-saia na frent?

Alice. A voz dessa atriz me irrita tanto que eu fico focada em gongar a voz e quase nunca presto atenção no que ela fala. Mentira, presto sim. Ela ficou revoltadine porque descobriu que era fruto de um estupro, gritou com a mãe (?) e depois resolveu virar justiceira e perseguir bandidos. Aplausos.

Ana. Quase nunca aparece, mas me irrita. Ninguém guarda uma paixão-não-correspondida por tantos anos na alma, gente. A ciência diz que paixão só dura 3 anos, e que amor não recíproco sempre dá um jeito de acabar, porque não é alimentado. Menina Ana é apaixonada por Virgílio há milênios. Ele já se mudou de Goiânia e quase nunca vai para lá, e mesmo assim ela continua apaixonada. Sabe que o cara é casado há mil anos com o amor da vida dele e mesmo assim faz questão de se declarar toda vez que o encontra. E assim, eu até entendo alguém babando ovo no Virgílio gato da segunda fase. Mas babar ovo eterno por um Humberto Martins com cara de mongo E cicatriz enorme na cara? Ana, vai viver, filha. E aproveita para dar uns pegas no Nando, que também não é nenhuma Brastemp, mas é fofo e tem cara de nerd.

Selma. O que é que essa mulher tem? Alzheimer, Cleptomania, Bipolaridade, tudo junto ao mesmo tempo agora? Me irrita.

Leto. Está sempre sorrindo (sempre! como não odiar?) e diz que ama a namorada, mas nunca, eu repito, NUNCA, contraria a mãe quando ela fala que ele devia ficar com a Luiza. Além disso, CONTOU todo alegrinho para a Luiza que sua mãe tinha dito que ele e ela deveriam se casar. 

Paulinha. O picolé de chuchu que o Leto namora. Me irrita porque sempre que aparece ou está sorrindo ou está cantando. Geralmente está sorrindo E cantando.

Acho que vou parar por aqui, porque destilaria preguiça eterna dessa gente toda que Maneco inventou, mas acho que já deu para entender que não-tá-dando essa novela, né? A melhor parte dela, de longe, é gongar em conjunto, e por isso eu continuarei firme e forte nela: é preciso poder criticar com propriedade. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A era do espetáculo

Continuação do post passado

Uma vez, rodando pelo tumblr, encontrei uma frase que nunca mais esqueci. Ela dizia que nosso grande problema era basicamente o fato de que comparamos nossos bastidores com o espetáculo dos outros. Palmas. É uma forma mais evoluída da famosa máxima que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde.

E isso é assim desde que o mundo é mundo. A vida do outro sempre parece melhor. Claro: só vemos a parte boa. Agora, se isso já era assim desde sempre, tudo foi astronomicamente potencializado com as tais das redes sociais. Todo mundo é feliz no facebook, menos você. Todo mundo está postando foto de praia no Instagram enquanto você está trabalhando na quarta-feira a tarde. Sábado a noite em casa? Deus te livre! Está todo mundo na balada se divertindo absurdos com um drink na mão e rodeado de amigos.

Milly Lacombe já publicou um texto maravilhoso na TPM, onde dizia que as lágrimas doloridas e os momentos angustiados, esses nunca iam parar no facebook. Pelo menos não se a gente não pensar em nenhum poema ou música que nos ajude a sofrer em público com estilo, claro. Isso não foi ela que disse, fui eu mesma. Mas enfim. Não é fácil viver na era do espetáculo.

E eu pensei tudo isso enquanto, no meio do desafio dos 100 dias, estava sentada na cama, com um livro infantil na mão, e minhas primas Anna e Nina. Uma de cada lado. Nós ríamos enquanto eu lia a história e elas apontavam as figuras. Pensei que eu estava me sentindo infinita naquele momento. Peguei o celular para fotografar e postar o meu momento feliz do dia. Não consegui a foto, e as meninas dispersaram. Levei um soco no estômago.

A ideia do projeto é muito boa. A intenção é incrível. A gente realmente tem momentos felizes em cada dia, e precisamos perceber que sempre existe uma razão para sorrir em um dia horrível. A questão é que é exatamente nesse momento que não estamos segurando a câmera.

As minhas fotos vinham sempre um pouco antes ou um pouco depois do melhor momento. Invariavelmente. Mesmo as fotos dos momentos felizes no Rio de Janeiro, com minhas amigas. Fotografei muito, porque queria poder ver as fotos e sorrir de novo depois. Mas nada que foi fotografado vai chegar aos pés do momento onde as câmeras estavam guardadas e nós todas corremos juntas em direção ao mar como se nunca o tivéssemos visto na vida. Nunca.

Nenhuma das fotos que eu tirei do meu afilhado mostram um momento tão incrível como quando ele jogou os bracinhos para mim. Nenhuma foto em que eu estava aninhada na cama, no meu edredom, será tão reconfortante quanto o momento do dia onde eu, de banho tomado, me atirei nos lençóis e estiquei as pernas. As fotos estão sempre um momento antes. Ou depois. E digo que o projeto foi realmente positivo: Para eu perceber que a vida é pior do que a gente mostra em nosso Instagram. Mas é muito melhor, também. Não tem filtro que seja melhor que um sorriso verdadeiro. E não tem #selfie que capture uma priminha segurando na sua bochecha e dizendo que você é linda. A felicidade está nas pequenas coisas sim! Principalmente nas frações de segundo em que elas não tem como ser fotografadas.

Para finalizar o post, coloco minha última foto do projeto, onde estou vivendo meu 100º momento feliz. Nela, eu comemoro o fim do projeto, o fato de eu ter conseguido chegar ao fim, e o fato de ter conseguido analisá-lo dessa forma. Ah sim: estou segurando um toblerone. Preciso dizer que momento onde eu abri o chocolate e comi foi muito mais feliz que o momento da foto!

toble

PS: Sou uma eterna apaixonada por fotografias e registro de momentos. Toda essa reflexão não vai me fazer parar de fotografar. Mas foi interessante. Tentarei, pelo menos, não parar de ler com minhas priminhas para isso.

PS2: Já pensou que maravilha o mundo se todos tivéssemos fotógrafos à nossa disposição? Assim os momentos infinitos seriam fotografados, pois não teríamos que parar para pensar na foto.

sábado, 24 de maio de 2014

100 dias felizes

Uma coisa sobre mim que talvez vocês não saibam é que eu adoro me enfiar em roubadas projetos fotográficos. Acho que o primeiro deles foi o dos 365 dias, no flickr. Tentei fazer com minha câmera boa e, nos mais ou menos primeiros 30 dias foi divertido. Eu ficava pensando na foto, me esforçada para ter ideias e produzir algo legal. Além disso eu estava no Espírito Santo e tinha uma variação confortável de cenários, entre casa de primas e casa de vovó. As férias acabaram, eu voltei para casa, e comecei a me entediar em pensar em fotos dentro do meu quarto. Porque, claro, não ia incluir uma câmera grande na minha rotina fora de casa: ela pesa na bolsa e eu não ia tirá-la aleatoriamente de lá na sala de aula para fotografar um professor dando aula. Isso sem contar na preguiça de ficar baixando foto para o computador todo dia. Comecei a tirar vários dias seguidos, e aí na hora de baixar eu já não sabia qual era de cada dia, nem se tinha pulado algum. Desisti com pouco mais de 60 dias, chutando deliberadamente porque fiquei com preguiça de abrir o flickr para conferir.

Aí chegamos ao advento do Instagram. Gente, que fácil! Eu amo o Instagram. A coisa mais difícil do mundo é eu ficar um dia inteiro sem postar alguma coisa, não tem como ser tão complicado assim. Toda vez que algum instagrammer famoso e/ou blogueira resolve lançar algum desafio diário eu acho que é uma ideia legal. Muitos eu arquivo mentalmente e nem começo. Alguns não passam da 3ª foto. Parece fácil, mas vai incluir, no meio da rotina, pensar em como tirar foto de “4”. Ou “rachadura”. Ou, sei lá, “tigre”. Parece fácil, repito. Mas imagine 365 palavrinhas dessas e a sua vida acontecendo enquanto você tenta participar de reuniões e parir a ideia de uma foto. Não consigo.

Ok. Câmera boa-e-grande pra cima e pra baixo não rola, desafios diários com temas definidos não rola, e aí alguém foi lá e inventou o 100 happy days que, extremamente apelativo, te faz a seguinte pergunta quando você clica no link: Você conseguiria ficar feliz durante 100 dias seguidos? Não contente com a nada inocente pergunta, ele ainda te joga a segunda: Você não tem tempo para isso, não é?

100

Quando você já está com os olhos franzidos e olhando para a tela com um ponto de interrogação bem atrevido rodando a sua mente, ele te joga esta ~bomba~ : 71% das pessoas que tentaram completar esse desafio falharam, citando a falta de tempo como principal razão. Essas pessoas simplesmente não tinham tempo para ser feliz. Você tem? 

TENHO, claro! Preciso provar para essas pessoas (who?) e para mim mesma (ouch!) que eu tenho tempo de ser feliz, ora bolas! Vou brincar disso sim, esfregar minha felicidade na cara de quem não consegue (404 error) e vou carregar as amigas comigo porque is only real when shared.

E foi assim que, a pouco mais de 100 dias atrás, eu joguei a ideia na máfia e arranjei mais parceiras do que imaginava. Criamos hashtag para as nossas fotos e tudo. Acredito que começamos brincando em 8 ou 10 pessoas e estamos terminando hoje, no 100º dia, em duas. Apenas eu e Nine chegamos ao fim. E sobre ela eu ainda não sei, mas eu cheguei por questão de honra só para poder escrever com propriedade a respeito do assunto. Depois dessa introdução enorme, deixarei meu pergaminho de conclusões e filosofias de boteco a respeito do projeto para o post seguinte. Hoje deixarei apenas uma pergunta que eu adoraria se vocês respondessem: Assim, sem pensar muito, o que vocês acham da ideia desse projeto?

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Selecionando

Confesso: Apesar de gostar bastante de Young Adults, a primeira sensação que me vem à cabeça quando ouço falar em uma nova trilogia distópica adolescente se resume em preguiça. Não que eu dê atenção a essa preguiça. Nadei nela quando ouvi falar em “Jogos Vorazes” e acabei viciadíssima. Li os três de uma tacada. Não foi diferente com “A Seleção”.

Via algumas meninas com esses livros por aí, encontrei posts em blogs falando deles, mas olhava para aquela menina de vestido na capa e só pensava: boring. Até que a dona Deyse viciou nesse negócio e começou a falar direto da série em nossas conversas na máfia. Ela ainda aproveitou para reclamar que ninguém levava a sério as sugestões dela. Eu disse que estava até que ficando com vontade ler, e então ela logo se prontificou a me dar o primeiro e o segundo de aniversário. Claro que topei.

Após nossa troca gigantesca de presentes no encontrão do Rio de Janeiro, voltei para casa com um milhão de livros na mala. Cheguei, posicionei-os cuidadosamente na minha pilha de não-lidos e nem pensei duas vezes em por onde começaria: o livro da menina vestida de azul estava me gritando. Deitei na minha cama e, em meio à depressão pelo fim do encontrão, decidi ver qual era.

Assumo que o começo de leitura foi me mostrando diversas falhas. Eu tenho sérios problemas com fantasia mal explicada. Culpem a J. K. Rowling, que montou tão perfeitamente o mundo de Harry Potter que eu me sentia absolutamente parte dele, sem nenhuma dúvida de como tudo funcionava. Kiera Cass é tão direta que já começa o livro falando dos enroscos da personagem, sem fornecer explicação alguma sobre o contexto. Tudo o que eu entendi logo de cara era que a população era dividida em castas, e entendi, mais ou menos, que não dava para mudar de casta: você nascia e morria na mesma. Um pouco mais à frente na narrativa, me irritei com o machismo, e se vocês não sabiam o que era a tal da seleção, explico agora: o príncipe precisa se casar e todas as meninas do reino podem se inscrever para um “big brother” no castelo. 26 meninas são escolhidas e se mudam para o castelo, e então, o rei, a rainha e o príncipe ficam morando com elas enquanto o príncipe decide com qual ele vai se casar. Que alegria: Contexto ficcional mal explicado, castas, e mulheres-objeto. Começamos bem, Kiera.

Pode ter parecido, mas não vim rechaçar a obra não. Vim falar bem dela, e o que eu disse no parágrafo anterior foi basicamente tudo o que me incomodou. No entanto, tão logo prossegui na leitura e esses pepinos foram sendo abafado pelo desenrolar da história. Gente, essa mulher é boa. Ela sabe muito bem o que ela está fazendo, conseguiu me fazer comer três livros com farofa, e, a mais ou menos 40 páginas no final, me peguei sentada na cama com o coração moído, sem fazer absoluta ideia de como aquilo ia terminar.

Eu AMO autores que conseguem me fazer chegar ao fim do livro sem ter ideia de como ele vai acabar. Não porque tudo parece vazio, e sim porque existem muitas opções, e porque ela soube muito bem não ser previsível. Ainda mais, enquanto eu estava em dúvida entre reles duas possibilidades, ela botou o mundo para CAIR no meio da questão e me deixou completamente embasbacada. Meu lado crítico diz que ela apelou para a questão política para não ter que decidir sozinha no emocional. Meu lado mais crítico ainda dá os parabéns, porque ela conseguiu fazer isso brilhantemente. Moral da história: Se você quer apelar, saiba fazer isso, ou vai apenas parecer que você subestima a inteligência do leitor. Ela conseguiu. 

Falta 1 capítulo para eu acabar o livro. Sim, eu consegui colocar o livro no chão, apagar a luz e dormir antes de acabar, mas porque eu precisava deixar um gostinho para hoje. No penúltimo capítulo eu já soube qual das duas possibilidades vai acontecer, então, o último capítulo só vai me contar exatamente como isso vai se desenrolar. Mas minha angústia já acabou, já voltei a respirar, e fui dormir com o coração um pouco mais tranquilo e uma vontade de gritar: Leiam isso. Não sei se darei 5 estrelas para a trilogia. Dei 4 estrelas para cada um dos primeiros dois livros, e ainda não sei o que farei com o terceiro. Isso por causa das pequenas falhas. Mesmo assim, não tenho dúvidas de que Kiera soube fazer muito bem o que queria, e que esse livro é muito mais do que sugere uma “simples e idiota seleção de menininhas para casar com o príncipe”. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Quebrando paradigmas

Esse é meu layout novo e ele não tem rosa. Esse comentário não fui eu que fiz, foi a Anna. Ela começou a bater palmas em emotions de whatsapp quando eu mostrei a obra nova da Tary para o meu blog. Aliás, o paradigma da Tary fazendo os meus layouts eu não quero mudar nunca. Sobre agora: realmente não tem rosa, e não foi só isso que mudou.

Acho que as relações interpessoais chegam num nível incrível quando as pessoas descobrem o que você quer ou pensa antes mesmo de você descobrir. E foi assim que, quando a menina Taryne disse que estava começando a fazer um layout novo para mim e me pediu uma figura, eu pensei por alguns minutos e logo bradei que queria uma moldura vazia ao lado do título. Ela disse que ia procurar a de Friends. Eu disse que Friends não, era muito emblemático. Queria apenas uma moldura vazia. Ela disse que uma moldura vazia não daria sentido nenhum e que era melhor usar a de Friends. Assenti, e no momento que assenti, percebi tudo.

Eu tenho um quadro de Friends no meu quarto. Tenho a moldura na minha porta. Tenho o sofá do Central Perk na escrivaninha. E tenho as 10 temporadas empilhadas, também em cima da escrivaninha. E não. A epifania que eu tive obviamente não foi que eu descobri que amo Friends, porque, alou. O que eu percebi foi que realmente chegou a hora do blog incorporar esse espírito, porque eu cheguei nele.

Não divido apartamento com meus amigos, nem pago as contas de luz da minha casa. Mas não sou mais a adolescente que eu era quando criei isso aqui. Quero dizer, acredito que a gente carrega a adolescência para sempre, e isso aqui não é para dizer que eu cresci ou evoluí. Muito pelo contrário: Ontem a essa hora eu estava chorando na minha cama por achar que estou com a vida arruinada (oi?) e ter certeza de que a Analu de 15 anos não ia querer olhar na minha cara nunca. Hoje, quando eu comecei a tentar fazer coisas que podem mudar meu estado de espírito para melhor, lembrei como as crises podem ser boas para nos impulsionar para frente. E o que é Friends senão crise, gente?

Sempre disse que entre os 6 eu era a Rachel, e me sinto cada vez mais assim, com a frase “real life sucks and you gonna love it” ecoando na minha cabeça. Não duvido que a vida real seja uma merda, mas aposto que a gente experimenta e gosta um tanto. Ainda não estou inserida até o talo nela – mas nunca tive tanta vontade.

E a quebra de paradigmas? Bom, não tem rosa no layout. E muitos layouts desse blog já mudaram. Mudanças vieram, mudanças se foram, e eu tinha insistido em não mexer em dois gadgets que eu inventei junto com a criação do blog. Um mais, e um menos, onde eu preenchi, ainda nesse dia da criação do blog, com coisas que eu queria mais no mundo, e coisas que eu queria menos no mundo. Olhei forte para elas hoje e pensei no sentido que elas fizeram e faziam, e resolvi que mesmo que ainda façam sentido, não cabiam mais ali. Deixarei registradas aqui, para não esquecer dessas palavras que me acompanharam nesses quase 6 anos de blog:

  • Mais: Amor, amigos, festas, beijos, abraços, música boa, crianças, filhotes, felicidade, paz, sorrisos, risadas, piadas, livros, palavras que tocam a alma, janeiro, verão, sol, chuva pra dormir, passarinhos cantando, Friends, sapatos, Calvin Klein, fondue, batata frita, domir, acordar.
  • Menos: Dor, gente passando fome, funk, punk, meninas de 9 anos engravidando, jiló, abobrinha, sábado em casa, propaganda eleitoral, fila, trânsito, gente que não dá valor à vida, corrupção, brigas, perda de tempo com inutilidades, dormir no ponto, acordar de mau humor.

O que foi que eu reparei? Que a penúltima palavra do “mais” era DOMIR e não DORMIR. 5 anos e 6 meses de blog, gente. 5 anos, 6 meses, e um R a menos. Se formos usar a teoria do ato-falho de Freud, podemos concluir que isso aí era uma forma de me mostrar que no fundo eu nunca quis dormir mais. Metaforicamente. Dormir é bom, mas a gente precisa estar acordado para a vida. Mesmo quando está dormindo. Ainda dá tempo. E quando a gente senta para chorar e tem certeza que não faz a menor ideia do que está fazendo com a própria vida, é bem nesse momento que a gente percebe que precisa fazer mais. É bem aí que a gente cresce, pelo menos um pouco.

rachel

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Quem não tem cão caça com gato

Ou ainda: Quem não quer deixar o blog jogado às traças mas está com 0 ideias para post (esse ano não tá fácil, gente) vai de Meme Literário mesmo.

Esse meme eu vi no blog da Del, e ela disse que não se lembra onde viu e por isso não creditou. Detesto postar esse tipo de coisa sem creditar, então quero deixar bem claro que se o dono aparecer por aqui basta berrar na caixa de comentários e eu venho aqui em cima corrigir a falha, ok? Quem criou o meme foi a Ines, do canal InesBooks.

1. Vox Populi (um livro para recomendar a toda a gente)
Já comecei o meme levando na cara, porque não fazia ideia de como responder a essa questão. O que me fez pensar, é claro, que eu não acredite exatamente na ideia de que eu tenha um livro na manga para indicar para qualquer pessoa. Geralmente eu tento, em fração de segundos, varrer a pessoa que me pede indicação e falar alguma coisa que tenha a ver com o jeito dela. No entanto, quis dar uma passeada no skoob por desencargo de consciência e lá na minha parte de favoritos encontrei, no meio de outros 47, Extraordinário, da R. J. Palacio. Acho que indicar, indicar mesmo eu devo ter indicado para umas cinco pessoas. Mas analisando bem, esse certamente seria um livro que todo mundo poderia e deveria ler. Acreditem em mim.

2. Maldito Plágio (um livro que gostaríamos de ter escrito)
É óbvio que já li coisas bem melhores na vida, com cargas narrativas impecáveis e histórias sem ponta soltas. Mesmo assim, não tenho coragem de dizer aqui que gostaria de ter escrito Harry Potter ou ainda Coisas que Ninguém sabe. Não seria nem coerente chutar tão alto assim, e prefiro realmente não ter escrito essas obras, para ter aproveitado a graça de lê-las e morrer de amor. Sendo assim, o livro que eu teria ficado feliz em escrever seria Vaclav & Lena, da Haley Tanner, que já foi citado aqui. É um livro simples e bonito, com uma narrativa mais simples ainda, mas que foi bem desenvolvido e teve um final natural e belíssimo, que não fechou a vida dos personagens, mas me ensinou uma lição que nunca vou esquecer. Como não sou nenhuma mestre da fantasia e tampouco um poético italiano, acho que posso almejar ao menos ter conseguido desenvolver uma literatura limpa e envolvente, como Haley fez.

3. Não vale a pena abater árvores por causa disto
Sem sombra de dúvidas vou de Para Sempre, de Kim e Krickitt Carpenter. Porque esse livro é ruim, gente. Tudo bem que o casal viveu uma experiência que eu não encontro palavras para descrever senão distópica. Tudo bem que eles (o moço, principalmente) conseguiram tirar força do âmago da alma para tentar resolver a questão e seguir a vida. Tudo bem mais um monte de coisas, mas o fato é que eles não souberam contar. O livro é chato. Chato. Beirando o insuportável. Os personagens (eles mesmos) são muito enjoados, de modo que eu torço fervorosamente para que eles apenas tenham narrado mal e não sejam assim. Enfim. Acho que teria sido melhor gravar um documentário desses de Discovery Home & Health para contar para as pessoas o seu caso, mas o livro realmente foi um desperdício infinito de árvores.

4. Não és tu, sou eu (um livro bom, lido na altura errada)
Eu poderia citar Dom Casmurro, mas não vou, porque não tenho culhões para dizer que esse livro não é bom. Ele certamente é maravilhoso, eu sou apaixonada por sua história e cheguei a suspirar de amor quando a professora de literatura, no colegial, deu 50 minutos de aula só sobre essa história. Saí daquela aula, aliás, jurando que minha segunda filha se chamaria Capitu (é que a primeira é sempre Clara). Já mudei de ideia sobre o nome da criança, obviamente, mas então, estávamos falando do livro. Eu li com 14 anos, não tinha nenhuma maturidade e achei chato. Terminei a leitura falando que Bentinho era corno. Que fase, meu Deus. Nunca reli desde então, mas sou apaixonada por ele mesmo assim. Agora, tem um livro que muita gente ama, inclusive a Tary, que foi quem me indicou. E não é que eu não tenha gostado, eu apenas passei por ele em branco. Li, e fui tão indiferente a este livro que sequer consigo me lembrar do nome dos personagens (!). Culpo uma ressaca literária, que tinha me tomado dos pés à cabeça, enquanto eu insistia em ler O sol é para todos, da Harper Lee. Tenho quase certeza de que o livro é muito bonito e que eu fiz besteira em ter forçado ele minha guela abaixo enquanto não estava com a menor vontade de ler. Mesmo assim, infelizmente não tenho a menor vontade de lê-lo de novo. 

5. Eu tentei... (um livro que tentamos ler, mas não conseguimos)
A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade. Esse livro só me reforçou a ideia de que se a literatura é algo extremamente pessoal, a poesia é tudo isso elevada à 10ª potência. Achava poesia chatíssimo até me apaixonar por Florbela Espanca. Após devorar a obra inteira da moça, achei que eu tinha crescido e que talvez tivesse aprendido a me encantar com esse gênero. Não. Gosto de poesia sim, mas de uma aqui, outra acolá. Para pegar uma obra grande na mão precisa haver amor verdadeiro, e eu acho que já entendi que por enquanto só sei amar Florbela. Passei 1 ANO, repito, 1 ANO, com esse livro do Drummond na minha cabeceira e simplesmente não rolou. Decidi que leria pelo menos 1 poesia por dia, virou obrigação, eu tentava e não ia para frente até que eu finalmente desisti. Desculpa, Drummond. Desculpa, Milena, não ter conseguido me apaixonar pelo poeta da sua vida. Realmente não deu.

6. Hã? (um livro que lemos e não percebemos nada OU um livro que teve um final surpreendente)
Sempre que eu penso em final surpreendente, O menino do pijama listrado, de John Boyne, vem à minha cabeça na hora. Nunca vou esquecer que estava lendo clandestinamente na faculdade, enquanto o professor de fotografia falava há mais ou menos 1 hora sem parar sobre sua última expedição fotográfica à floresta-sei-la-qual. Eu estava lendo avidamente na minha carteira até que o livro acabou DO NADA, em um dos momentos mais fortes que já encontrei na minha vida literária todinha.

7. Foi tão bom, não foi? (um livro que devoramos)
Já li muitos livros bons nessa vida, mas já que é para falar de "devorar", voltarei sempre na mesma tecla de falar de Droga de Americana, do Pedro Bandeira, na série Os Karas, uma daquelas maravilhas que os professores de 5ª série sabem indicar. Esse eu não li pela escola, mas tendo lido outros dois a pedido da professora, encontrar os outros foi um caminho óbvio. A Droga de Americana é meu favorito porque eu simplesmente comecei de manhã e terminei no anoitecer. Quando penso nesse livro me vem duas imagens na cabeça: Na primeira eu estou no elevador de um prédio comercial, saindo de uma consulta com minha dermatologista (!), e eu estou com a cara enfiada no livro. Ali, dentro do elevador. Na segunda imagem eu estou rolando na cama dos meus pais enquanto terminava os últimos capítulos. Poderia ter comido esse livro com arroz e farofa, tamanha minha devoção a ele no espaço do único dia em que passamos juntos.

8. Entre livros e tachos (uma personagem que gostaríamos que cozinhasse para nós)
Hermione me despreza nesse momento, mas não consigo não admitir que sempre sonhei em participar dos banquetes de Hogwarts, sentada na frente de uma mesa com a comida simplesmente aparecendo ali em cima. Quem não leu os livros não sabe, mas quem faz a comida são os elfos domésticos, em uma cozinha subterrânea, escondida de baixo do salão principal! Hermione descobre isso tudo e passa o cálice de fogo inteirinho lutando pela libertação dos elfos. Enquanto isso, eu só queria comer um jantar feito por eles. Se eu pudesse escolher, ainda por cima, queria que fosse o de dia das bruxas, que é cheio de doces.

9. Fast Foward (um livro que podia ter menos páginas que não se perdia nada)
Acho que Vidas Trocadas, da Katie Dale. Até que ela conseguiu inventar enredo para todas as quase 500 páginas de livro (acho que é isso), mas confesso que a quantidade de enroscos me cansou um tanto. Ela é muito afobada: propõe uma história e já resolve. Propõe outra e já resolve. E nesse eterno propõe-e-resolve o leitor não tem tempo nenhum de ansiar pelas próximas páginas querendo saber o que vai acontecer, porque ela acaba com o mistério no máximo 5 páginas após criá-lo. Até que a moça teve peito para deixar mal resolvido o maior-mistério-de-todos, mas mesmo assim. O livro tem milhões de páginas bem recheadas de enredo, mas acho, sendo a obra um Young Adult, ela podia ter feito algo menor. Para mim, livros com quase 500 páginas só são aclamados se forem eles de fantasia, e muito bem estruturado. Ou quem sabe um clássico marcante, como Anna Karenina, de Tolstói, que vivo ensaiando ler mas morro de medo. Ou até mesmo um livro comum, mas não um livro de estreia. Pode parecer pedante, mas é isso: acho que para escrever um livro com mais de 350 páginas a pessoa já tem que ter o mínimo de certeza de que sabe o que está fazendo, coisa que um escritor estreante nunca tem como saber.

10. Às cegas (um livro que escolheríamos só por causa do título)
Já fiz isso com A lei dos sonhos, de Peter Behrens, e me ferrei lindamente, porque o livro é bem chatinho. E teria feito de novo com Desculpa se te chamo de amor, que 9,5 entre 10 amigas minhas detestaram. Acho que aprendi com o primeiro erro porque nem me arrisquei a cometer o segundo, e como não consigo lembrar de nenhum outro, acho que não escolheria mais nada apenas pelo título.

11. O que conta é o interior (um livro bom com uma capa feia)
Não que Bela Maldade, da Rebecca James, seja um primor da literatura. Tampouco este livro está entre os musts dos Young Adults. Mesmo assim ele é um tanto mais do que a capa brega me sugeria. Li em 2012 e dei 4 estrelas. Pela capa, imaginei que seria um 2 estrelas e olhe lá.

12. Rir é o melhor remédio (um livro que nos tenha feito rir)
O Segredo de Emma Corrigan, da Sophie Kinsella. E eu poderia citar os outros dela que também li, mas como esse me fez gargalhar alto no meio da sala de aula, é dele que irei lembrar primeiro, sempre. A propósito, sempre vale lembrar que se você resolver contar todos os seus maiores segredos a um estranho, deve-se ao menos certificar de que ele é realmente um estranho.

13. Tragam-me os Kleenex, se faz favor (um livro que nos tenha feito chorar)
Preciso lembrar a todos que é muito difícil ficção me fazer "chorar-para-fora". Na imensa maioria das vezes eu parto meu coração inteirinho do lado de dentro e do meu olho não sai uma lágrima. Como tem lenços envolvidos no título da questão, vou de A vida em tons de cinza, da Ruta Sepetys, que me fez derramar uma ou duas lágrimas de verdade. Fiquei surpresa quando notei que minha bochecha estava molhada. Eu nunca choro lendo, gente. Nunca!

14. Esse livro tem um V de volta (um livro que não emprestaríamos a ninguém)
Eu não deveria ter emprestado meu Longe é um lugar que não existe, do Richard Bach, que ganhei da minha tia aos 7 anos e tem uma dedicatória maravilhosa na primeira página. Não devia, mas emprestei. E o pior: Não lembro para quem. Resultado? Meu livro nunca mais voltou. Posso comprar outro? Até posso. Mas nunca vou recuperar aquela dedicatória, e nunca vou me perdoar por isso. Com isso, ao invés de aprender a lição eu basicamente me resignei. Não tem nada na minha estante que eu preze mais que a dedicatória que perdi, então não sei o que eu não emprestaria. Talvez o Orgulho e Preconceito que usei em cena e que tem uma pétala de margarida guardada dentro. Já emprestei uma vez, e minha amiga tomou conta direitinho. Mesmo assim, não sei se emprestaria para outra pessoa.

15. Espera aí que eu já te atendo (um livro ou autor que estamos constantemente a adiar)
No primeiro colegial li O crime do padre Amaro e fiquei para sempre em um dilema: A história é sensacional, mas a narrativa é tenebrosa. Desde então peguei pavor do Eça de Queirós e de sua cabeça incrível para desenvolver tramas e terrível para contá-las para nós. Absolutamente morro de vontade de ler O primo Basílio e Os maias, mas adio há anos pelo simples fato de que acho que essas histórias são geniais demais para eu aceitar odiá-las. 

Como eu adoro conferir as respostas que minhas amigas dariam, vou indicar para Dedê, Anna, Paloma, Tary, Milena e Rafinha e obrigar elas a fazerem e indicarem para mais amigas nossas. He.  

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O (maravilhoso?) mundo da Academia

Meus pais sempre se julgaram super ativos. Desde que eu sou pequena ouço falar de um indo jogar futebol, a outra indo jogar vôlei, os dois indo caminhar no parque, correr e coisa e tal. Eu, que devo ter sido ginasta em alguma outra vida, mal tinha 5 anos de idade e já sonhava em entrar na Ginástica Olímpica. A primeira experiência foi catastrófica, e a segunda durou 4 anos e foram anos muito felizes até meu médico dizer para a minha mãe que eu ia ficar nanica e ela me tirar da ginástica e me obrigar a fazer natação.

Já falei desse blablablá aqui algumas vezes, mas é só para explicar o contexto. Eu odiei a natação e fiz obrigada por alguns 2 anos. Depois fugi e entrei na Yoga, mas minha paciência para ficar me alongando no escuro com gente meditando era bem baixa. Mudei para Curitiba e aboli o esporte (?) da minha vida. Teatro conta?

Acontece que ano passado a minha irmã resolveu ficar viciada em academia, contrariando todas as minhas previsões de que ela ia se matricular, comprar roupa, comprar tênis, fazer 1 mês e desaparecer. Ela realmente VICIOU no negócio. Começou a querer malhar todo dia, tomar aquele tal de Whey, e choramingar pela casa quando não dava tempo dela ir para a academia.

Eu, que já tinha tentado brincar disso aos 15 anos e não tinha durado 2 meses, pensava abismada em como isso era possível. Viciar em puxar ferro, gente, sério mesmo? O problema é que /aidadebatenaporta/ e a primeira coisa que mostra isso é nosso corpo. De repente a gente começa a comer sem parar E engorda, coisa que nunca-tinha-acontecido-antes-na-história-desse-país. E você percebe que precisa tomar vergonha na cara.

Resolvi entrar na onda da Helena e me matriculei na tal da academia. A primeira semana, gente, ela foi linda. Eu queria ir todos os dias. A segunda, a terceira, continuaram lindas. E vou dizer que, 4 meses depois, ainda não virou um pesadelo e, apesar de ter ficado uns 15 dias sem aparecer (compromissos) eu ainda tenho esperança nela. O que não me impede de morrer de preguiça, claro. Mas o motivo desse post não é nada disso, é apenas brincar de analisar antropologicamente o ambiente da academia, que é um cenário um tanto peculiar.

Minha academia tem um tamanho médio. Umas 7 esteiras e geralmente apenas 1 aparelho de cada. 3 instrutores que ficam passeando e ajudando e corrigindo todos os (clientes?) e uma cantina cheia de refrigerantes no freezer (acho um abuso). Além disso, lá tem: 

- Os bombados: Geralmente são um pouco mais baixinhos que a maioria dos homens. Sempre saem do banheiro com um copo de shake na mão, andam com os braços meio duros e levantam pesos astronômicos. Se acham meio donos da academia e se tem alguém no aparelho que eles querem usar ficam nitidamente bolados.

- As senhoras: Chegou perto dos 50 ou coisa assim e resolveu que precisa retardar o envelhecimento. Passam O DIA na academia, e quando eu digo O DIA é O DIA mesmo. Tem uma mulher que SEMPRE está lá, por mais que eu apareça em um dia de semana aleatório ou horário aleatório. Ela usa um cinto para formar cintura e tem um personal trainner só para ela. Além disso ela está sempre sorrindo. Me irritam um tanto porque, de uma forma bem diferente dos bombados, elas sim tem certeza que compraram a academia: Ficam meia hora em cada aparelho, e enquanto descansam, continuam deitadas nele, batendo papo com o personal. Moça, eu tenho hora!

- Os nerds: O tipo físico deles varia: Ou são gordinhos ou são magrelos. Meio termo não existe. Mas invariavelmente eles são branquelos e tem as pernas mais brancas ainda que o resto do corpo. Acho que não sabem muito bem o que é luz do sol e passam o dia na frente de um computador. São de longe os mais tímidos: nunca ouvi a voz de um deles. Além disso, eles olham para os aparelhos como se nunca tivessem visto aquilo na vida antes.

- As gordinhas: Atarracadas e bem cheinhas, resolveram dar um jeito no corpo e malhar. Adoro essas! Dou a maior força, telepaticamente. Torço para vê-las felizes e emagrecendo um pouquinho, porque elas geralmente estão sorrindo e suando bastante.

- As menininhas: Onde eu e minha irmã nos enquadramos. Young Adults, para ser mais exata. Roupas estilosinhas (em geral, não as minhas), tênis coloridos, cabelo preso em rabo alto, fazemos o possível para sugar a barriga e damos duro nos exercícios de perna, enquanto fazemos moleza nos de braço. Quase choro de preguiça quando tenho que pegar os halteres, mas o agachamento a gente faz numa boa: tudo pelo bem das coxas.

Vou dizer: Não é um ambiente que eu ame não: prefiro nitidamente os tipos de pessoas que analiso nas livrarias. Mas dá para o gasto. Deixa as pernas durinhas e não é tão insuportável quanto vestir um maiô para encarar a piscina com 2 graus de temperatura. 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Nosso Quatro de maio

O título desse post deveria ser "quatro de maio de dois mil e quatorze". Foi assim que foram nomeados os textos do ano de 2012 e 2013, isso porque inventamos esse meme diário na máfia, onde combinamos que todos os anos narraríamos o dia 4 de maio em detalhes. A escolha da data foi completamente aleatória. Quero dizer, era 2012, combinamos o que gostaríamos de fazer e juro que não lembro como a data escolhida foi essa. O que me faz lembrar que, realmente, com destino não se brinca.

Nesse ano não dá para narrar o dia 4 de maio sem contar um pouco do que veio antes. E eu conto mesmo, porque estou ansiosa para contar. Foram dias incríveis. Teve mar. Teve corridas na areia. Teve caipirinhas. Teve arpoador. Teve escadas rodando. Teve bicicletas. Teve cantoria. Teve Copacabana, Ipanema e Praia da Barra. Teve a gente.

Teve linhas e entrelinhas que são só nossas e de mais ninguém. Teve Natal. No dia 1° de maio. A distância enche um pouco do saco, na realidade. E correio enche mais o saco ainda. É muito bom chegar em casa e encontrar um pacote, mas nada paga o abraço e o sorriso de um presente entregue em mãos. E foi assim que praticamente montamos uma árvore de natal na sala, quando chegamos com malas e 8 pessoas presenteando 8 pessoas. O amigo nada secreto mais longo e bonito da história, onde todo mundo presenteou todo mundo e a folia era infinita. Natal.

Depois de dois dias e da melancolia do dia 3, onde muitas foram embora, chegou o dia 4 e com ele, vejam só, o dia de narrar o meme diário. E eu confesso que nem estava lembrando disso quando, por volta das 2 da tarde, na praia da Barra, eu, Paloma, Anna e Giu, as quatro que restaram para o domingo, nos demos as mãos e pulamos as sete ondinhas. Rimos: O ano até agora estava realmente errado. De abril eu nem comento: Nunca vi um mês tão zicado antes. Se existe ano novo chinês, japonês, judeu e o caramba a quatro, por que não inventarmos o nosso também? 4 de maio. Apenas alguns dias depois do natal. O dia do meme diário, que escolhemos 2 anos atrás sem saber o que ele nos traria em 2014. Destino. Sete ondas. Virada.

Diferente dos outros dias 5 de maio, dia em que narrei cotidianamente o tal do dia 4, neste ano encaro a tela branca com um vazio dentro do peito, e o corpo inteirinho doendo de saudade. "O tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela", disse John Green. Justo. E esse vazio não podia me deixar mais completa, porque ele só me prova que ontem eu fui feliz. Ontem, ante-ontem, ante-ante-ontem. São aqueles momentos que fazem a vida valer a pena como nunca. Que provam que estamos, de fato, vivos. Se a dor da saudade é o amor que fica, então é uma honra ter o coração partido depois por viver momentos tão maravilhosos. Momentos esses que me fazem pensar em várias coisas: que longe é um lugar que não existe, que casa é onde o coração está, e que AMIZADE é sim a palavra mais bonita que já inventaram.

Tem dias em que a gente une as mãos para rezar e não tem nem coragem de pedir. Só de agradecer. Foi assim que encerrei o meu 4 de maio, e assim encerro, de novo, a postagem que o reflete. Obrigada.