sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Meeting Lucy

Faltam 28 dias para a estreia de “Submarino Amarelo”, a minha nova peça. Amantes dos meus posts sobre teatro, pululem! O texto foi escrito por uma ex-colega de turma nossa, a Ju, e ela se baseou no filme homônimo, que conta a história de uma cidade que vive de cor e alegria, até que chegam os azuis do mal, disseminam a tristeza, e então, o sargento da cidade tem que entrar no Submarino Amarelo para buscar os Beatles, os únicos capazes de salvar a cidade, com sua música. Amantes dos Beatles, pululem!

A Ju manda muito bem, fez uma adaptação super bacana, de acordo com o número de pessoas do elenco. O sargento, no filme, não tem uma assistente. Mas na nossa peça ele tem. É a “Lucy Nocéucomdiamantes”.

Quando eu bati o olho no texto, gostei de cara da Lucy, mas deixei baixo, porque também tem outras personagens super bacanas. Até que a Ju olhou com aqueles olhões expressivos dela pra cima de mim e falou: “Guria, você é total Lucy! Eu escrevi a Lucy pra você!”. Pronto. Juntou a fome com a vontade de comer.

Quando, sexta-feira, a professora olhou pra mim e disse: “Ana, você vai fazer a Lucy”, eu não hesitei em pular da cadeira, e voar em cima dela para abraçá-la, de tão feliz que fiquei.

Até agora, sei que a “menina com olhos de caleidoscópio”, ao contrário da Clarinha, fala mais que uma condenada. Sério. Comecei a grifar as minhas falas com meu marca-texto roxo, e tenho a sensação de que caiu um balde de tinta roxa naquelas páginas. Minha amiga apontou o dedo pra minha cara e riu da minha situação, quando resolveu folhear meu texto. A Lucy fala o tempo todo. Ela usa uma roupa rosa, meias listradas de branco e preto, peruca cor-de-rosa, coturnos e meias verde-água que mais parecem polainas. Fashion que só ela.

Lucy é meiga como a Clara, mas ao invés de comer margaridas, ela se alimenta de cor, música e amor. Gente, ela vive de amor! Olha que gracinha! Além disso ela é enérgica, vai atrás do que quer, ensina ao sargento como se salva uma cidade, e não hesita em sentar dentro de um submarino amarelo e guiá-lo para o lugar onde ela quer que ele chegue. Seu sonho é que todas as pessoas se unam e o mundo se torne um só. E ela diz que não se importa se os outros dizerem que ela é uma sonhadora, porque ela sabe que não é a única. Enquanto Clara segurava seu desespero e falava de forma tranquila e doce, Lucy atropela as próprias palavras e às vezes até esquece de respirar. Todos sabem o lugar que a Clara ocupa na minha vida. A Lucy tá aqui, prontinha para conquistar o dela!

Hoje passei uma parte (deliciosa, por sinal) do meu fim de tarde às voltas com meu mais novo projeto: conhecer, amar, e ser Lucy Nocéucomdiamantes. Está sendo divertido e delicioso. Vamos ver o que vem pela frente!

lucy

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Seis coisas que gostaria de fazer e ainda não fiz

Sei que alguém indicou esse meme pra Isa, ela postou, não indicou ninguém, mas falou que quem quisesse podia fazer. Eu, arroz-de-festa que sou, já falei na hora que ia fazer se conseguisse pensar nas seis coisas. Comecei a pensar no caminho de casa para o estágio, e é claro que cheguei a uma lista com mais de seis itens. Para não abusar da boa vontade de ninguém, vou fazer só seis mesmo. Juntei alguns que acho que podem ficar juntos, e os que restaram, vou decidindo agora, enquanto escrevo, o que entra no post e o que sai. 

Não preciso nem dizer que vou colocar aqui as coisas SIMPLES, que podem ser resolvidas a curto prazo, porque né. Tem muita coisa que eu quero fazer nessa vida ainda, mas não adianta colocar aqui coisas como fazer um city tour na Europa, casar, ter um filho ou ganhar um Oscar... Porque eu ainda não tenho condição monetária para ir pra Europa, não tenho sequer um namorado pra falar que quero casar, e muito menos ter um filho. Ganhar um Oscar eu já absorvi que vai ficar pra próxima encarnação, porque se nem Fernanda Montenegro levou, não serei eu. Mas chega de devanear, isso foi pra explicar que as seis coisas que eu vou colocar aqui são coisas que dependem de não muito esforço, e que basta eu (ou meus pais) estalar o dedo que a coisa anda.

Seis coisas que gostaria de fazer e ainda não fiz:

Fazer uma tatuagem (e um piercing!)

Prevejo minha tia se contorcendo na cadeira e desistindo de continuar lendo esse post com medo de cair de cadeira até o fim.

Oi, tia! Eu prometo que você pode continuar lendo sem correr risco de ter um enfarte. Se você já tiver infartado, me desculpe. A questão é que eu quero fazer uma tatuagem (e um piercing!), mas juro que não é nada assim. Juro de coração. Eu só quero fazer um símbolo do infinito ali entre a nuca e as costas, onde está escrita a frase da menina. Ou eu desista do símbolo do infitino e escrevo AMOR ali. Ou LOVE, ou faço um coraçãozinho vazado, ou as duas máscaras de teatro. Ou escrevo: All you need is love, bem pequenininho, entre meu ombro esquerdo e meu pescoço. Ou eu faço qualquer uma dessas coisas no pulso. Ou no cóccix. Ou escrevo "equilíbrio" ou "paixão" com letras de máquina de escrever na minha panturrilha direita. Mas prometo que não vou fazer todas essas coisas, não tenho pretensão de virar uma tela. Só queria uma ou duas dessas. No máximo três, eu juro. Mas são bem pequenininhas! (Ainda está viva, tia? Podemos passar para a próxima etapa?)

Além da tatuagem eu queria um piercing no nariz. Aquela bolinha minúscula, que parece só um pontinho de brilho, sabe? Na narina direita. Bem sutil. Prometo.

Ok, tatuagem e piercing de uma vez só, apelei. Até a minha mãe que vive falando que é bonitinho vai querer me deserdar. Acho melhor fazer uma coisa em cada ano. Isso é, depois que eu convencer meu pai, porque se eu simplesmente chegar em casa com "uma novidade dessas" é capaz dele me colocar porta a fora em questão de minutos. 

O outro empecilho SUTIL, (alem do meu pai me expulsando de casa, minha tia infartando, e meu avô parando de puxar o meu saco) seria o PAVOR que eu tenho de agulhas. Vejam só, familiares preocupados, como meu pânico de agulhas não é assim tão prejudicial aos interesses de vocês quanto à minha pessoa?

Aprender a dançar (tango).

Na verdade eu deixei o tango entre parêntesis, porque eu quero aprender a dançar mesmo. De forró a lambada, e se eu quiser pedir por um milagre, até samba. Lá em casa, toda a habilidade pra dança caiu em cima da minha irmã. Ela tem um pezinho na África e samba igual a uma neguinha do morro, juro. Já eu? Certeza que passei direto por essa fila. 

Forró é necessário. Quer coisa mais irritante do que aquele povo que sai por aí humilhando a galera quando começa a tocar sertanejo/forró? Então. Quero ser dessas. Lambada, segundo minhas fontes, é um forró cheio de invenções de moda, confere? Também quero. Samba é Sapucaí, gente. Eu ainda desfilo na Sapucaí antes de morrer. 

Agora o tango... Tango é tango, né, gente? Nada mais lindo e classudo que sair dançando tango. O dia que eu casar eu não vou dançar valsa. Eu vou dançar tango, e sou tão clichê que vou de "Por una cabeza" mesmo. E não, eu não gosto desse filme, eu só gosto dessa cena, que já assisti 102831083 vezes.

Aprender a dirigir

Esse item dispensa maiores explicações não? Sempre fui daquelas que falava que mal faria 18 e já estaria na porta da auto-escola. Acontece que meus pais passaram o ano de 2010 me enrolando, e em 2011, com estágio de tarde e teatro de noite, foi-se toda a minha cota de tempo livre. Mas chega de brincar disso, eu preciso dirigir pra ontem. Não que eu vá ganhar um carro, mas antes saber dirigir e não ter um carro, do que não ganhar um carro por não saber dirigir, não é não? 

Fazer cupcakes

Nada mais fofo que dar uma festa de aniversário com cup cakes. Ou mesmo chamar os amigos para um café da tarde e servir esses bolinhos, que, de tão fofos, dá até peninha de comer. Estou super querendo me aventurar nos cup cakes para o meu aniversário de 20 anos. Que tal, hein, mãe? Quero encher a mesa com essas belezinhas! 

Passar um dia inteiro na Avenida Paulista, passeando e fotografando
Agora que eu já tenho câmera, só falta viajar pra São Paulo e arranjar uma companhia bem animada! Eu sei, companhia em São Paulo é o que não falta, mas acho que esse é o tipo de coisa que não dá pra fazer em galera, sabe assim? Tem que ser coisa de 4 ou 5 meninas, que tenham paciência pra passear, tirar fotos, entrar em cafeterias, livrarias, metrôs e coisas do gênero. Eu coloquei só Avenida Paulista, mas a proposta inclui a Oscar Freire, porque minha cafeteria preferida fica lá, e tem pessoas que eu PRECISO levar lá, porque se EU, que sou EU, e não gosto de café, adoro tomar o Calvin Klein (lá as bebidas tem nomes de grifes), fico imaginando as minhas 3 amigas cafeicólatras, lê-se: Isadora, Renata e Juju. Enfim, fica o convite para as que gostam de perambular com câmera na mão, pra bater um bom papo, fuçar livrarias e beslicar cafeterias!

Levar a Anninha no "Mundo Mágico das Bolinhas"
Vocês tem noção que na rua da minha casa tem um parque indoor chamado "Mundo Mágico das Bolinhas"? Gente, é o máximo! Tem a maior piscina de bolinhas que já vi, com vários escorregadores, e cama elástica DENTRO das bolinhas, e mais piscinas de bolinhas separadas, e tobogãs, e eu já estou quase confessando que vou levar a Anna como desculpa. Mentira. O lugar é o máximo, eu morro de vontade de mergulhar naquelas bolinhas, mas eu quero levar a Anna lá! A gente já levou, mas ela tinha 11 meses. Agora ela tem quase 3 anos, e todo dia que eu passo na frente desse lugar (ou seja, todo dia), eu olho a fachada e prometo que vou levar a Anna. Porque ela vai ficar alucinada! Eu quero que ela dê aquele sorrisão enquanto pula na cama elástica, que ela arremesse bolinhas pra cima e caia na gargalhada, e que mergulhe no meio das bolinhas por mim! Quero comprar pipoca e algodão doce, encher ela de beijos e tirar um montão de fotos. Quero que ela saia de lá com o cabelinho molhado e bochechas rosas, com os pezinhos sujos, e aquela cara de que brincou o dia inteiro mas ainda aguentava mais 1 hora, sabe? Então! (Cinthia, eu PROMETO que dou banho nela antes de devolver, deixa, vai!)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Presente de Primavera

A primavera chegou há 28 dias, mas no nosso jardim a flor mais bonita brotou foi hoje. Ela é linda. Perfeita como só uma flor pode ser! É cor-de-rosa e tem o cheirinho mais gostoso desse mundo.

Desde o dia 23 de setembro que a primavera anda colorindo a vida de todos. Já trouxe rosas, petúnias, tulipas e margaridas. Mas para nós ela se superou: Ela acaba de nos trazer Marina.

Ainda temos muito, muito tempo pela frente pra conhecermos direitinho a nossa florzinha e nos encantarmos com ela. Por hora, a única coisa que sei é que ela é uma  das coisinhas mais lindas que já vi na minha vida, e que se apaixonar por ela foi instantâneo.

Marina, meu amor, seja bem vinda. Se eu pudesse, desejaria que sua vida fosse feita de primaveras. Sempre doce e florida. Infelizmente, às vezes, algumas coisas dão errado, e aí a gente se sente no inverno. Independente disso, quero que você saiba que eu sempre estarei aqui. Seja verão, inverno, outono ou primavera. Pra pular em uma piscina com você, colher flores, rolar na grama, ou te dar um abraço bem apertado pra ajudar a passar o frio. Na realidade, meu desejo mais profundo é que você seja feliz. Em qualquer uma das estações. E que saiba aproveitar a magia de cada uma delas.

Só que você é só um bebê. Desculpe toda essa “metaforização”. É a emoção, minha linda, de ver você aqui do lado de fora. Você fugiu hoje da barriga da sua mãe, e as palavras estão fugindo de mim, então eu vou parar por aqui. Assim como o nosso mundo, hoje, parou para ver você chegar. Obrigada por ter nos escolhido. Somos um time de babões que já te ama muito. E isso, menininha, um dia você vai perceber: É o que mais importa na vida.

A

Marina – 21/10/2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bom mesmo é…

…  levantar às 6h30 de uma terça-feira para ter 20 minutos de aula na faculdade. Combinar com as amigas de irem todas de moletom, afinal de contas, glamour é estar confortável e quentinha.

Bom mesmo é Pegar o exemplar de Florbela Espanca da amiga e comparar as partes que ela grifou com as suas. Perceber que você é muito mais empolgada e grifou quase o livro inteiro, enquanto ela foi bem mais contida.

Bom mesmo é continuar planejando um programa de TV que tem tudo pra ser supima. Combinar cenário e reportagens, terminar em 10 minutos, sequestrar o amigo e pedir pra ele pagar de fotógrafo, afinal, vocês precisam de fotos do Moleton’s day! Na escada laranja, claro, que é nosso cantinho:

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Fazer um milhão de poses e tirar várias fotos diferentes para se apaixonar por uma que saiu com a luz de fundo estourada. Faz parte:

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Garotas-propaganda da PUCPR, oi?

Fotos tiradas, a programação pré-definida era sair pra comprar doces. Tinha séculos que estávamos marcando de nos refastelar em uma distribuidora, mas sempre alguém desmarcava. Vou deixar claro que NUNCA era eu, afinal de contas, formiga que sou, estava ansiando por essa orgia gastronômica. Sei que sempre tinha algum motivo para uma das duas desmarcarem, e eu já estava dando piti, dizendo que tinha cansado de ser enganada e coisas do gênero. Aí hoje íamos pura e simplesmente comprar doces. Só que a gordinha tensa existente dentro da Nathy atacou. Então, antes de irmos à distribuidora, resolvemos ir ao Mercado Municipal comer pastel. Arrastamos o Gustavo, e sorte deu a Helô, que ia de carona com ele. Segundo ela, foi a carona mais gorda da vida dela. Rendeu pastéis, suco e pacotes de balas.

Bom mesmo é posar na calçada com as gulodices compradas. Claro que para a foto cada uma pegou só um pacote.. No carro tinha mais.

T 015

Bom mesmo é ficar realizada da vida com um pacote só de jujubas vermelhas.  Sonho da pessoa fresca, que sempre deixa as laranjas, amarelas e verdes para os outros:

T 019

Tá bom que as jujubas vermelhas foram meu prêmio de consolação: Eu estava sonhando com a distribuidora a dias porque eu queria MUITO comprar uma caixa de Dip Link, mas não  tinha. NÃO TINHA. Aí a gente sabe que não deve despejar suas frustrações em comida, mas tive que me agarrar ao pacote de jujubas vermelhas em forma de coração. Não teve jeito.

Quer saber? Bom mesmo é transformar o blog em fotolog quando existe motivo pra isso. Bom mesmo é sair numa terça feira de manhã pra jogar conversa fora e se entupir de calorias. Bom mesmo é falar besteira e rir dessa gulodice toda.

T 022

Bom mesmo é ter com quem sorrir.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A luz das Auroras

Desde que eu li esse post da Anna Vitória que eu comecei a matutar na minha cabeça se eu tinha uma palavra preferida. Pensei em várias, mas nenhuma fazia meu coração ter certeza de que aquela era a preferida. Sempre desconfiei que essa história de "preferência" a gente realmente não escolhe, a gente descobre. Resolvi então sossegar e parar de pensar no assunto. Se um dia fosse para eu ter uma palavra preferida, ela apareceria na minha frente e eu saberia que era ela. E foi assim mesmo que aconteceu.

A primeira pontada foi, de novo, no blog da Anna. Ela fez um post de dia das crianças chamado: Aurora da minha vida. Esse também é o nome de uma peça teatral, que por acaso foi encenada na minha escola no fim de 2010, mas infelizmente eu não pude assistir. Quando vi o título do texto da Anna, me emocionei. E não sabia porquê. Li o texto, achei lindo, mas continuei aficionada pelo título, a ponto de deixar o blog aberto só para ficar olhando para o ele. Sim, sou dessas. No fim das contas, eu deixei escorrer uma lágrima por causa do tal do título, e eu não conseguia saber porquê. Desisti de pensar no assunto e "fui seguindo minha vida", até que, se não no mesmo dia, no dia seguinte, abri meu oráculo (lê-se: Florbela Espanca) e li o seguinte:

"Saudades e amarguras
Tenho eu todas as horas.
Quem só noites conheceu,
Não pode cantar Auroras."

Outra pontada. Mas dessa vez eu reli, e percebi qual era a boa. Aurora, gente! Aurora! A palavra que faz meu coração bater toda vez que aparece na minha frente. Aquela que eu leio por vezes seguidas, repito em voz alta e demoro a criar coragem de mudar de página. Depois disso, eu ainda lembrei que a Airen (que tinha um jeito carinhoso de chamar cada um de nós) me chamava de "Aurora das minhas manhãs", e eu sempre ficava encantada quando escutava isso. Aurora, gente! Aurora!

Aurora, segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa:
  1. Claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do sol.
  2. O despontar da vida; Infância
  3. As primeiras manifestações de qualquer coisa.
Pronto. Meu coração me avisou, minha cabeça concordou, a sonoridade me encantou, e o dicionário oficializou! Uma palavra que significa começo, infância, lembra sol, e ainda por cima é nome de princesa, não podia ser menos prestigiada! E o título do post foi escolhido pelo mesmo motivo: Não acredito que tenha outra palavra nessa língua portuguesa com tanta, tanta luz!


Aurora, gente! Aurora!

sábado, 15 de outubro de 2011

Não é um drama Nelsonrodrigueano.

ipod

Já vi gente que saiu concluindo que eu amo Nelson Rodrigues. Não, gente. Não. Quando eu criei esse blog eu tinha 16 anos e nem sabia quem era Nelson Rodrigues, e muito menos que o cidadão tinha um famoso texto de teatro chamado: “A vida como ela é”. Hoje, não só eu sei que esse texto existe, como já o vi encenado. E isso foi só uma das muitas coisas que mudaram de 15 de outubro de 2008, dia em que eu cliquei em CRIAR BLOG, até hoje, dia em que ele completa 3 anos. 36 meses. 156 semanas. 1095 dias. 26280 horas.

Em 3 anos eu conheci muita gente, e infelizmente desconheci algumas. Eu ganhei uma priminha que é a doçura da minha vida, e estou prestes a ganhar outra. Eu passei no vestibular, mudei de cidade, descobri a grande paixão da minha vida, comecei a fazer estágio, ganhei um presente muito especial, descobri que grandes amizades também podem ser construídas pelo computador e que elas podem se transformar em abraços reais.

Nessas 156 semanas, eu fico feliz em concluir, eu comecei a aprender a escrever. Porque quando eu criei esse blog eu achava que sabia, e fico feliz de ter achado, senão hoje eu não estaria aqui comemorando o 3º aniversário. Fato é que eu morro de vergonha dos arquivos, céus, eu escrevia muito mal. Mas no meio desse caminho consegui mandar um texto daqui direto para as páginas da Atrevida. Ah sim, em 3 anos eu também troquei a Atrevida pela TPM. Acharam que eu fosse pela Veja né? Então, menos pessoal. Acho que estou crescendo. Prossigamos.

Nesses 1095 dias e 372 posts eu ri muito, e chorei na mesma proporção. Eu acho que cresci um pouco, mas continuo sem saber se caso ou compro uma bicicleta, e ainda tenho muito medo de tomar decisões complicadas. Em 3 anos eu continuo acreditando que o amor é capaz de mudar o mundo, mesmo sem ter achado o amor da minha vida na esquina. E no final das contas, “se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi deixei tudo registrado aqui pra poder lembrar depois”.

No fim das contas, há 26280 horas, eu tinha 16 anos, achava que estava quase no fim da adolescência, escrevia “vc” ao invés de você, não justificava o texto, tinha um template de fundo laranja, usava letras roxas, e achava que estava abafando. Hoje eu tenho 19 anos, aprendi que a adolescência é uma fase que deixa resquícios em você pra sempre, parei de abreviar as palavras, justifico os meus textos, mudei de template 7 vezes, não acho mais que estou abafando e nem quero isso . Eu sou somente eu. E, já proclamou Paulo Leminski, “Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além”. Tomara.

Feliz aniversário, Minha Vida Como Ela É.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Trocando Olhares

“É só teu o meu livro; guarda-o bem;
Nele floresce o nosso casto amor
Nascido nesse dia em que o destino
Uniu o teu olhar à minha dor!”

Florbela Moutinho

F 008

E foi assinando “Moutinho” que ela começou Trocando Olhares. Quando eu abri esse livro pela primeira vez e li essa dedicatória, eu fechei o livro e engoli seco. Começando assim, o que viria pela frente? Abri, reli, reli, reli, e custei a ter coragem de virar a página. Se o livro tivesse só dedicatória e nada mais, já teria me ganhado ali. Mas não. Veio muita coisa pela frente.

Eu o li no mês passado, logo depois que fiz esse post, mas algo conspirou para que esse texto fosse escrito apenas hoje. Hoje, quando eu acordei, coloquei um casaquinho bege romantiquinho, taquei um cachecol verde por cima da blusa cinza, e conclui que a bolsa que estou usando atualmente na faculdade (que mais parece um arco-íris ambulante) não combinaria nada com o conjunto. Como faria prova e não precisaria de caderno, peguei minha bolsa preta pequena, coloquei carteira, guarda-chuva, óculos de sol, estojo, chave, celular, e faltava o livro. Sherlock Holmes é enorme, não caberia ali. Florbela me encarou da cabeceira da cama, praticamente implorando: “Me leva.” Levei.

No fim das contas, o professor tinha adiado a prova e eu era uma das únicas que não sabia. Ele resolveu dar uma revisão, e eu resolvi tirar Florbela da bolsa e colocar em cima da mesa. Abri na primeira página, e comecei a ler de novo. Enquanto o professor falava de cores primárias e secundárias, eu resolvi pegar a lapiseira e me atrever a grifar minhas estrofes preferidas. O resultado vocês podem avaliar na foto acima: Grifei praticamente o livro todo, enchi de colchetes, coraçõezinhos e pontos de exclamação.

Foi onde eu concluí que não dá, gente. Não dá pra abrir esse livro e não se encantar, se emocionar, querer morder as páginas de tanto amor, e, porque não, compadecimento. Eu queria dar um abraço na Florbela. Um abraço de meia hora, no mínimo, só pra tentar mostrar que ela tinha com quem contar. Porque, gente, tentem mensurar a dor de alguém que escreve isso:

"Coveiros, sombrios, desgrenhados.
Fazei-me depressa a cova,
Quero enterrar minha dor
Quero enterrar-me assim nova.

Coveiros, só o corpo é novo,
Que há poucos anos nasceu;
Fazei-me depressa a cova
Que a minha alma morreu."

E, eu juro, nem me dignei a pensar para decidir que estrofes colocaria aqui, porque senão, certamente não decidiria nunca. Isso não é nem 1/10 do que está registrado nas páginas de Trocando Olhares. E é por isso que Florbela não sai da minha cabeceira desde que eu comprei. Porque não dá pra passar um dia inteiro sem ler pelo menos um pouquinho disso. É triste? É. Mas é amor. Amor. Tão desmedido e verdadeiro, como poucos atualmente. Tiro meu chapéu pra essa moça. Acho que não conseguiria amar tanto.

Flor

Florbela. Always a good idea.

"Mas nem negros nem azuis
São teus olhos, meu amor,
Seriam da cor da mágoa
Se a mágoa tivesse cor!"

Florbela Espanca

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os meus Anos Dourados

Hoje eu estava sentada na escola de teatro e vi uma menina de uns 8 anos descer a escada correndo e saltando. Os cabelos dela voavam. Foi um daqueles momentos em que eu entrei em alfa e quase deixei escorrer uma lágrima. Não por não ter tido infância, mas por ter coisa demais pra lembrar.

É que quando a gente é criança, a gente quer crescer. E parece que não vamos crescer nunca. Aí de repente você dorme, acorda, e pluft! Está crescido. E aí, quando nos damos conta disso, a vontade é se enfiar debaixo de um cobertor e chorar.

Não que “ser crescido” seja ruim, porque não é. Agora eu posso dormir a hora que eu quero e pegar sorvete na geladeira às 2 horas da manhã. Depois é só eu me entender com minhas olheiras e quilinhos a mais, afinal de contas, sou adulta e o que eu faço da minha vida é problema meu, certo? Certo. E isso dá a maior preguiça.

Quando eu penso nas manhãs que passei enrolada no edredom assistindo Scooby Doo, e nas noites sentada comendo macarrão e assistindo Laboratório de Dexter, eu juro que me dá vontade de me enfiar numa máquina do tempo pra recuperar isso. Era aquela época em que sentar para ver um desenho era apenas sentar para ver um desenho, e a única decisão a ser tomada era se o canal seria Nickelodeon ou Cartoon Network. Quando a gente cresce, parece que as decisões ficam cada vez mais complicadas, e cada vez mais elas vão repercutir no seu futuro. Aquela história do: “Caso ou compro uma bicicleta?” vai se tornando tão real que para de ser engraçadinha. Isso porque eu ainda não tenho contas pra pagar.

Tem horas que eu saio de mim, sento na minha frente, e fico me observando. É engraçado. Ser criança era um fato tão consumado, que eu realmente achava que não ia crescer. E então eu me vejo às voltas com estágio, trabalhos de faculdade, cansaço, respiro, e ufa, quando foi que isso tudo passou a fazer parte da minha vida, meu Deus? Não é de todo ruim, mas fala sério, dá uma preguiça…

Eu vou fazer 20 anos. 20. Tenho que roubar o título maravilhoso que a Anna usou no texto dela sobre o dia das crianças e dizer, nostalgicamente, que a Aurora da minha vida já passou. Não que o que vem pela frente não seja bom, porque eu espero que seja, e muito! Mas a inocência, o deslumbramento com a vida, o tomar banho de mangueira no quintal da vovó só de calcinha, isso não volta nunca mais.

O presente que eu desejo a todos nós nesse dia 12 de outubro de 2011, meu 20º dia das crianças, é apenas um: Que saibamos amar e preservar a infância que fica dentro de cada um. E isso não é tão difícil. É só não ter vergonha de dar as gargalhadas mais espontâneas. Não ter medo de dar os abraços mais sinceros. Não se sentir idiota por apreciar as coisas mais simples.

Os Anos dourados se foram, mas pode ter muita prata folheada pela frente! Feliz dia das crianças a todos nós!

S 051

“Se você só pensa em crescer, esquece! A infância é minha ilha!”

sábado, 8 de outubro de 2011

Uma pergunta.

Não sei se você sabe, mas meu peito infla de tanta alegria cada vez que você vem correndo até mim, com sorriso maroto, e pula no meu pescoço para me dar um abraço. Nessa fração de segundo entre a sua carinha de quem vai vir correndo e o momento em que você chega, eu consigo pensar milhões de coisas. Penso no quanto você é linda, especial, e no tanto que eu te amo!

Hoje quando fomos buscar você pra dormir aqui em casa você já estava com pijama da Minnie, mas tinha muito laquê no cabelo. Foi daminha de honra! Tão chique! Você me olhou e deu um sorrisinho leve por trás da chupeta. Estava com os olhinhos caídos de sono. Veio para o meu colo segurando um brigadeiro como se ele fosse a coisa mais importante do mundo. E naquele momento, aquele brigadeiro deveria sim ser a coisa mais importante do mundo pra você. E eu te entendo, afinal de contas, brigadeiros são brigadeiros! Eu entrei no carro com você no colo e você se aninhou em mim. Vi que estava com muito sono pra comer aquele brigadeiro naquela hora, e falei que era melhor você comer quando chegasse em casa. Você fez que sim com a cabeça e me entregou o brigadeiro. Falei contigo que ia pedir para a Helena segurar, e você apertou ele na sua mão, fazendo biquinho de choro. Eu olhei pra você sorrindo e falei: Eu prometo que a Helena não vai comer o seu brigadeiro. Você sorriu de volta e me entregou.

Isso pareceu tão simples e banal, mas pra mim foi incrível. Você mostrou com olhinhos e um sorrisinho que confiava em mim. Entregou o seu brigadeiro pra Helena só porque eu te prometi que ela não ia comer. Você sabe, mesmo com apenas 2 aninhos, que o que eu te prometo, eu cumpro. E eu fiquei pensando, durante o caminho até em casa, enquanto você ia se entregando ao sono devagar, no quanto eu quero que você tenha certeza de que o que eu te prometer eu vou cumprir. Tem coisas que são bem mais difíceis do que impedir a Helena de comer um brigadeiro, mas mesmo que seja quase impossível, eu vou fazer de tudo pra cumprir, meu amorzinho. Quero que você, aos 15 anos, olhe pra mim com essa mesma cumplicidade. Essa mesma certeza de que eu sempre estarei ali para você. Porque eu prometo. Eu sempre estarei.

Agora já são quase 2h da manhã, e você dorme no meu quarto enquanto eu fico na sala filosofando. Eu olhei pra foto que tirei de você e só consigo pensar em uma pergunta.

A 002

Como pode caber tanto amor numa coisinha tão pequena?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Assumindo meu alter-ego.

Tudo começou quando surgiu uma corrente no facebook onde todos deveriam colocar imagens de personagens de desenhos animados no lugar de suas fotos em seus avatares. De primeiro não quis entrar na dança, mas de repente estavam pipocando várias miniaturas de personagem, e quando dei por mim estava conversando com a Docinho, a Sam e o Dexter, e já estava morrendo de vontade de ser um desenho também.

Pra falar a verdade, eu nem pensei no assunto. Decidi que iria colocar um desenho no avatar, corri no google, joguei o nome da Dee Dee, e voi lá, estava eu no facebook com as maria-chiquinhas loiras e o olhão azul arregalado.

  deedee

Oi.

E lá fiquei eu, feliz e saltitante exibindo a minha Dee Dee por aí. Até que dei de cara com alguém que tinha lembrado dela. Ela. A Alice. E então eu quase me afoguei em um copinho de coca-cola de tanta culpa pelo meu descuido. Como assim, gente, eu coloquei a Dee Dee e deixei a Alice a ver navios? Minha Alice! Me veio aquele sentimento de culpa, eu olhava pra Dee Dee, olhava pra Alice, olhava pra Dee Dee, olhava pra Alice. Dee Dee sorria pra mim com uma cara de: Não me troque. Alice olhava pra mim com aquele olhar doce, exibindo seu arquinho preto com lacinho no cabelo, e por fim eu conclui: Fica a Dee Dee. E eu explico.

Sabem Freud e sua teoria do ato-falho? Ele diz mais ou menos que você erra de propósito, de acordo com o que você realmente é/quer. E então eu tive que engolir seco para os olhinhos de Alice e assumir: Eu estou muito mais para Dee Dee.

Alice é uma criatura doce. Ela gosta de acariciar o pelo de sua gatinha, cantar para as flores, seguir coelhos brancos e entrar numa toca só dela. Ela tem uma voz encantadora, de quem carrega uma maturidade escondida nos olhinhos tenros. Alice é pura leveza. Ela procura o caminho de casa, encontra um monte de malucos no meio, e fica puta quando o coelho cisma em chamá-la de Ana Maria.

Tá, eu até tenho bastante de Alice. Uso lacinhos no cabelo de vez em quando, converso com meus botões, acredito que tenha uma maturidade escondida nos olhos que brilham e entregam pra quem quiser perceber que sou uma boba alegre que acredita no mundo. Cantarolo o dia inteiro, e fico puta quando escrevem meu Luísa com Z. Assim como Alice, eu também sento e abro a boca pra chorar quando não vejo nenhuma solução mais fácil. Mas Alice é sinônimo de leveza. Alice flutua por aí, dança nos seus próprios sonhos e se enrosca com as flores sem tirar umazinha do lugar, e discute com seres de outro mundo sem ao menos levantar o tom de voz. É aí que eu assumo que eu só podia ser a Dee Dee.

Dee Dee é estabanada que só ela. Ou melhor: Que só EU. Ela derruba metade das coisas que vê pelo caminho, já quebrou um milhão de vasos de plantas e vive explodindo o laboratório do pobre do Dexter. Eu nunca tive um laboratório pra explodir, mas teve um natal que eu quebrei 4 tulipas do meu avô. Em 2 dias.

Dee Dee não anda, ela corre. Ela saltita. Mas não é um saltitar flutuante como o de Alice. Ela saltita estrondosamente, enquanto cantarola BERRANDO com sua voz de taquara rachada, se bate nas portas e paredes, e faz muito barulho. Detalhe: Ela com certeza acha que faz isso de forma tranquila e doce, como a Alice. Porque ela deve acreditar que é uma criatura doce e meiga. (Viram, não percam as esperanças, a essência é boa!). Ela é inocentemente e deliciosamente inconveniente às vezes. Essa sou eu.

Eu tento flutuar como Alice, mas estou mais pra Dee Dee. Porque eu tropeço nas coisas, dou de cara com paredes, tento rodopiar e acabo caindo no chão. Canto o dia inteiro na orelha das pessoas, e isso é porque sou cara-de-pau mesmo, porque nem lá no fundinho do meu sub-consciente inocente eu consigo acreditar que tenho voz de Alice. Sou taquara rachada tal e qual Dee Dee.  Além disso, enquanto Alice conversa sentadinha, sem quase se mexer, e serve seu chá delicadamente pegando a alça da xícara com 2 dedinhos, Dee Dee gesticula loucamente, dando um tapa na cara da pessoa ou derrubando algo que está na frente. Incontáveis vezes, gente. Não digo que dou na cara das pessoas, mas que já devo ter metido a mão no ombro delas um milhão de algumas vezes, ah isto é fato. Uma vez derrubei o óculos do meu padrinho, judiação. Isso sem falar no dia que derrubei a caixinha com sachês de açúcar da mesa da cantina no Cena Hum.

E ah, o mais importante, claro. A porcaria do tom de voz. Eu falo alto pra caramba. Do ponto que em dia de peça eu preciso ficar longe da cantina, porque ela fica do lado do teatro e tem que se conversar em silêncio, e eu juro que começo em silêncio, mas aí eu me empolgo, e vai subindo, subindo, subindo, até que de repente já escuto algum: “Fala baixo, Aninha!”. Claro, já falam até rindo, e eu fico roxa de vergonha. Até que começo a sussurrar de novo, e de repente estou gritando, e isso vira um looping eterno, até que eu desisto e chamo a pessoa pra conversar bem longe de um lugar onde eu não possa fazer barulho.

Conclusão: Quem nasce pra Dee Dee não vira Alice, gente. Mas eu juro que tento! Quem sabe um dia eu chego lá!

EXPECTATIONS

alice2

REALITY

deeee

Ah, vai, ela é fofinha também!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Porque tem coisas que mudam. E coisas que não.

Era 3 de outubro de 2007 quando aquele telefone tocou e eu vi a minha mãe chorar quando atendeu. Eu me atirei na cama e chorei alto. Chorei gritando, chorei de soluçar, chorei de desespero. Eu ainda não sabia como ia ser isso, porque nunca tinha perdido ninguém. Só sabia que nunca mais ia te ver. E que isso ia doer pra caramba.

Você já não era minha “rotina” desde que eu me mudei de Vitória aos 7 anos. Sempre que íamos embora da sua casa nas férias você chorava pra caramba. Me olhava com olhinhos que diziam que meus pais não podiam ter feito a crueldade de me levar para longe dos seus braços. Pois alguns anos depois foi pra longe dos meus braços que você foi arrancada. Sem pedir permissão, e nem te trazendo pra me visitar nas férias.

Eu sei que todo mundo tem sua hora. E sei que a sua chegou. E que você foi embora assim, de uma hora pra outra, como quem pisca. Sem sofrer, sem ficar doente, sem ficar presa a uma cama.. Com certeza você se foi do jeito que queria, porque não consigo te imaginar presa numa cama. Mas podiam ter te segurado aqui mais tempo, embora eu sabia que independente disso, seria pouco. É sempre pouco, vó.

Nesses 4 anos o mundo não parou de girar e a minha vida não parou de acontecer. A diferença agora é que você sabe de tudo o que acontece, sem eu precisar fugir da minha cama pra sentar aos pés da sua, de madrugada, e te contar um monte de coisas. Mudou que eu não consigo mais entrar na sua casa sem sentir um aperto no peito e uma vontade de sair correndo até aquele quarto e te ver sentada na cadeira vermelha. Mudou que não tem  mais você de avental lá na cozinha, me servindo bacias e bacias da melhor batata frita do mundo. Mudou que ninguém mais nunca me abraçou segurando no meu rosto e me chamando de “modesa”, aquele seu jeitinho único de falar que eu era a sua Deusa. Mudou também que ninguém nunca mais, de repente, no meio de uma conversa, me deu um tapa na cara que realmente doeu, só pra dizer: “Sua porcaria, você é a cara do seu pai!”.

Papai sempre foi o seu neném. Eu fui a neta com a qual você sonhou desde que suas filhas não chegaram a nascer. Fui o seu presente de aniversário, fui a xérox feminina do teu filho, e minha irmã diga o que quiser: Mesmo ela sendo muito mais parecida psicologicamente com você do que eu, eu sempre fui a sua pedra preciosa. É claro que você amava as duas igual, mas eu sei que sempre fui o seu xodó.

Vó, mudou também o fato de que sua neta tímida que se escondia na barra da sua saia agora sobe num palco e sai por aí dizendo que é atriz. Engraçado né? Você vivia me chamando de “bichinho-do-mato”. Em vida, você nunca viu uma peça minha, vó. Mas eu consigo te ver sentada na primeira fila. Você ia sorrir e dizer: “Sua porcaria, você era a melhor de todas.”

Mudou muita coisa, vó. Mas muita coisa não mudou.

Não mudou que eu continuo chorando quando penso demais em você. Não mudou que eu choro horrores no dia do nosso aniversário sem poder ouvir você cantar parabéns pra mim no telefone. Não mudou que eu sento na janela e canto parabéns pra primeira estrela que eu vejo à meia noite. Não mudou que eu continuo sendo a cara do meu pai e não mudou o fato de que nunca alguém vai fazer uma batata frita como a sua.

Espero que não tenha mudado o orgulho que você sentia de mim. Eu ainda quero ser tua Deusa, tua pedra preciosa, tua porcaria. O dia que eu deitar no teu colo de novo, você pode dar um tapa na minha cara de novo. Eu prometo que vou reclamar com o mesmo sorriso que fiz daquela outra vez. Porque doeu, mas porque eu sabia que era carinhoso.

Saudades de você, minha linda. Quer saber de outra coisa que não mudou? A última coisa que eu falei pra você viva foi: Eu te amo, viu, vó?

Isso nunca vai mudar.
Eu continuo te amando.
Viu, vó?

sábado, 1 de outubro de 2011

Apenas uma prece silenciosa

Pra mim, pra você, pra todos nós. Especialmente para algumas pessoas muito queridas. Faço essa “prece” parafraseando Caio F., mas é que depois desse último mês, eu precisei abusar da minha licença poética para trocar os meses da frase dele, fazendo com que ela caiba com o que eu queria deixar registrado aqui. 1º de outubro, gente. Setembro acabou. E começos, sejam eles de dias, semanas, meses ou anos, sempre nos fazem repensar e dão aquela revigorada na energia. Pois bem:

outubro

Amém.