segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma ode a Antonio Prata

Quando eu era adolescente eu lia a Atrevida, e não a Capricho. Isso talvez explique o fato de que eu conhecia (e era fã de) Valéria Piassa Polizzi, e ignorava (que heresia) a existência do tal do Antonio Prata, o dono da coluna final que todas as meninas amavam.

Como eu tenho preguiça de conhecer as coisas, eu continuei longos anos na ignorância pratiana, e comecei a descobrí-lo, ainda que vagamente, em algum momento da minha vida em que comecei a ler a Anna Vitória e ela vivia citando o moço aqui ou acolá, o que até me fez começar a segui-lo no twitter, ainda sem ter tido a decência de procurar seus textos para ler. 

Chegamos a esse ano, enquanto eu estava trabalhando e minhas amigas Deyse, Milena e Couth, em terras curitibanas, passaram a tarde em uma promoção avassaladora da FNAC sem a minha companhia, me encontrando ao fim do dia com sacolas e sacolas de livros. No meio delas, lá estava aquele livrinho fino, vermelho e branco, com um título que nada me chamaria a atenção: Meio intelectual, meio de esquerda.

Acontece que menina Milena derramava tanto amor em cima do livro que eu decidi que amava também, antes mesmo de abrí-lo. Tentei convencê-la a me vender o livro. Ela não quis. Ignorei a ética dos emprestadores de livros e passei a mão na obra antes dela conseguir abrí-la, e assim passei as seguintes 24h: Devorando o Prata alheio.

Findado esse tempo, Milena foi embora para o Rio levando embora o meu primeiro contato oficial com Antonio e eu fiquei sentada em casa a ver navios, até que não mais do que uns cinco dias depois, Couth apareceu para jantar na minha casa (com direito a MB e tudo) e, de surpresa, trouxe o livro pra me dar de presente, com uma mordida na capa, ainda por cima. (Tudo isso, logicamente, porque eu tinha mordido o de Milena na esperança de que ela não ia querer ficar com um livro com minhas marcas de dente. Não funcionou. Mas tudo bem, porque eu ganhei o meu, e mordido, ainda por cima.)

Desde aquelas 24h que passei enroscada com Antonio Prata eu decidi que o amava, passei a ler sua coluna toda semana e fiz um super apanhados dos já publicados. Vibrei quando sua menina Olivia nasceu e comecei a torcer desesperadamente para ela virar tema de uma porção de textos. Já virou temas de alguns lindos, mas vou deixar aqui um pedido: Antonio, querido, escreva um dia um livro só com crônicas sobre Olivia, que tal?

Antonio escreve como quem conta um causo numa mesa de bar, e aí é que está a magia da coisa. Porque ele faz parecer que é possivel. Ele me faz achar que o sonho da minha vida era ser cronista e eu não sabia. Ele me faz achar que escrever é somente sentar e escrever, e não esse bicho de sete cabeças que eu vivo pintando. Ele me faz ter vontade de começar a reparar em detalhes mínimos do meu cotidiano que podem acabar vindo a ser muito engraçados, se relatados com atenção. Ele é o máximo.

E quis escrever tudo isso porque dificilmente eu me apaixono por alguma coisa e esta passa ilesa pelo meu blog. Sendo assim, achei que depois de ter lido Nu, de botas (o novo livro do moço) em bem menos de 24h, posso dizer a mim mesma que sim, estou apaixonada, e que saí marcando "vou ler" em tudo o que ele já escreveu na vida pelo skoob a fora. Antonio, se amar um escritor é declarar que leria até sua lista de supermercado, te digo mais: leria até uma bula de remédio, caso você decidisse escrevê-la. Se isso não for paixão, então não sei o que é.

12 comentários:

  1. É interessante perceber que gostamos de algumas coisas com o tempo, ou por algo que nos tocou de uma forma que a gente não sabe como. Gostei de saber como começou a gostar desse autor!

    jj-jovemjornalista.com

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  2. Eu lia o Prata na minha época de Capricho (isso há oito anos atrás, mais ou menos, porque estou velha da silvasauro), mas, com a perda do interesse pela revista, acabei deixando de lê-lo que, SHAME ON ME, não sabia que ele tinha lançado livros (palmas, só que não).

    Bom saber.

    depois desse teu texto rasgação-de-seda (rasgar seda: elogiar demais, rumo ao infinito) fiquei com vontade de correr buscar os livros do autor. Senti uma nostalgia boa.


    Beijocas

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  3. Eu também não lia a coluna do Prata, Analu. Minha mãe não me deixava ler Capricho HAHAAHAHA
    Descobri a existência do cara pela Anna também e andei lendo umas coisas que ele escreveu pro Estadão e o cara é simplesmente um gênio. Eu não saberia falar que os melhores momentos precisam ser tirados na fila do pão como ele, não tenho propriedade pra isso!

    E esse parágrafo disso absolutamente tudo o que penso desse homem:

    "Antonio escreve como quem conta um causo numa mesa de bar, e aí é que está a magia da coisa. Porque ele faz parecer que é possivel. Ele me faz achar que o sonho da minha vida era ser cronista e eu não sabia. Ele me faz achar que escrever é somente sentar e escrever, e não esse bicho de sete cabeças que eu vivo pintando. Ele me faz ter vontade de começar a reparar em detalhes mínimos do meu cotidiano que podem acabar vindo a ser muito engraçados, se relatados com atenção. Ele é o máximo."

    Meu "Meio intelectual, meio de esquerda" está aqui como próxima leitura e já marquei como desejado o Nu, de botas.

    beijos :)

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  4. E lá vou eu procurar quem é Prata (e provavelmente me apaixonar pelas escrituras do moço, rs).

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  5. Primeiro e mais importante: quem é essa Valéria, meu deus?
    Depois e também muito importante: eu nem sabia que emprestador de livros tinha ética (sdds seu saraiva).
    Até me senti meio vilã lendo esse texto. Parece que eu separei um amor que estava nascendo. Mas amiga, por 4,90 eu precisava levar esse livro. Já vinha procurando ele há um tempo. O que importa é que no fim das contas cada uma ficou com seu Antonio Prata mordido como deve ser.
    E agora preciso tomar vergonha na cara e ler todo o restante dos livros dele.
    Beijo <3

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  6. Antonio Prata moldou meu caráter, gente. Não consigo imaginar minha pré-adolescência sem os textos dele na Capricho e longe dos diversos blogs que ele já teve. Já rimos e já choramos tanto juntos que olha #psychofan
    Acho um absurdo eu não ter esse Meio Intelectual, Meio de Esquerda, apesar de já ter lido ele umas 3 vezes hahaha Depois compre o Adulterado, que tem as crônicas da Capricho, pra você recuperar um pouco do tempo que perdeu. Eu também adoro As Pernas da Tia Corália, que tem uns continhos bem nonsense, mas fantásticos.
    E nem preciso comentar o quanto eu quero o livro novo. Adoro as memórias do Pratinha. <3
    Beijo!

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  7. Agora os fcs vão ao delírio por saber que não apenas eu e MB fomos jantar na sua casa, como teve todo um amor de livros mordidos por detrás. Acabou que na fnac também comprei outro livro dele, o Inferno atrás da Pia, mas o pobre coitado está mofando na minha pilha Para Ler desde que voltei para as terras alencarinas... Ah, saudades, Curitiba.

    Corri e marquei o Nu, de botas, no skoob, porque né.
    E ah, acho fofo e necessário comentar que esse foi o post 100 desse ano! Como você consegue, amiga? Acho que sou pior que você, porque 40 posts que fiz esse ano, praticamente todos tiveram esse peso de kraken de sete cabeças atrás da pia. Mais pratinha e crônicas na nossa vida, por favor.

    Te amo!

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  8. Nunca li uma coluna ou livro do Antonio Prata, mas o texto abriu meu apetite curioso. É a segunda vez que vejo-a citando ele em seus textos, e como já fiz com o Gregório (eu assitia Porta dos Fundos, tinha uma simpatia por ele, mas desconhecia totalmente que ele é colunista na Folha), vou dar uma lida em alguma crônica do Prata, vai que eu gosto. :)

    Beijos!

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  9. Você mordeu o livro? hahahhahaha
    E acho justo: find a Mr Darcy!

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  10. Eu lia o Antônio E a Valéria (sdds dinheiros gastos no Zé da Banca como se não houvesse amanhã e milhares de livros da faculdade) e amava/amo ambos. Na verdade, faz tempo que não leio os dois. Antônio, eu ainda acompanho vez ou outra na Folha, mas minha grande paixão do momento é o Ivan Martins, da Época. Tenho uma vontade insana de compartilhar tudo que esse homem escreve :') <3
    Mordida no livro é a melhor dedicatória que (vocês) já inventaram, se você algum dia me tirar no amigo secreto da Máfia, dê uma dentada segura no meu, por favor hahaha

    <3!

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  11. Eu era da época Atrevida da Vida, tinha horror às folhas finas da Capricho e amava loucamente os detalhezinhos coloridos da Atrevida!
    Depois, me rendi à Capricho e lembro de ler e amar a coluna do Prata, mas aí parei de ler Capricho porque algum lado da minha vida precisava se tornar mais adulto. :p hahahahaha
    Enfim, agora só leio Arquitetura e Construção, e olhe lá! :p
    Minha curiosidade está a nível máximo e já vou correndo - depois do expediente - marcar como desejado/vouler no skoob, porque cara, trocar dicas de livros com você é o que há! <3
    Ainda mais depois de descobrirmos certas coisas em comum, tipo a nossa old alma e gosto pra nome de bebês. <3

    Enfim, sempre fico aqui tagalerando como se estivesse na varanda da sua casa de fazenda - nem sei se gosta de fazenda ou prefere praia - enfim, procurarei o 'Pratinha' logo-logo pra matar a saudade, e Pratinha porque né, fico íntima com uma facilidade que me assusta Analu! <3

    Um beijo sua linda!

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  12. Lembro bem vagamente da coluna do Antonio na Capricho, mas me recordo demais dos textos de outra Prata, a Liliane. Chorei super quando ela saiu, aliás =( Parecia o fim da minha adolescência, ou algo do tipo. Só que já passei boas horas conferindo o que o Antonio tinha a dizer pela web. Lembro especialmente da crônica de quando ele fez 33 anos <3 Livro mesmo eu nunca li, mas preciso. Farei isso assim que minha consciência permitir. Faz tanto tempo que não enloqueço na livraria, estou apreciando esse momento controlado. Beijos!

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