domingo, 8 de dezembro de 2013

Dos fins, começos e meios

Tem aquele texto que diz que foi sábio quem decidiu dividir o tempo em anos para que as pessoas pudessem contá-los, renovar suas esperanças ao fim de cada período, e outras coisas do gênero. Eu, que outrora sempre fora uma apaixonada inveterada pelos tais fim de ano, ando-os achando dignos de estudo. Pelo menos em relação aos meus sentimentos com sua chegada.

Convencionemos que ele comece a aparecer em meados de outubro. Pipocam decorações de natal em tudo quanto é canto e eu começo a me desesperar: “Mas como assim Natal gente? Pelo amor, parem com isso, ainda estamos em outubro, não me assustem, ainda tenho tempo”.

No início de novembro, entro no desespero: “Dear God, realmente estamos no fim do ano e eu não fiz porcaria nenhuma que prestasse ou realizasse algum sonho”. Do meio para o fim de novembro, começa o período da resignação: “Ah, tudo bem, não realizei nenhum grande sonho, mas até que fiz um tantinho de coisas relevantes, né?”.

E eis que após esses dois meses de preliminares, dezembro chega e empurra a nossa porta. O tempo, que até aqui estava passando rápido, para de passar. Nunca os dias demoram tanto a passar como quando as férias estão para chegar e você já não aguenta mais uma gata pelo rabo. No meu caso, faltam 12 dias para as férias. 12 dias esses que parecem 50, tamanha quantidade de coisas a serem feitas até lá. Nessa temporada do ano, você já não lembra do que deixou de fazer, não se preocupa em pensar na resignação, tampouco no desespero. Você apenas se remói de cansaço e conta os segundos até que as férias cheguem.

E então chega o momento em que as férias são realidade, você passa, sei lá, os primeiros dois dias de pernas totalmente pro ar na certeza de que o dolce far niente é a melhor coisa que alguém podia ter inventado na vida. Aí vem a preparação da festa de Natal em si, a semana limbo que vem em seguida, a virada do ano, e como se por mágica, das 23h59 do dia 31 de dezembro para a meia noite em ponto do dia 1º de janeiro, some todo o cansaço, o desespero, a melancolia e a resignação: “Virou o ano, e agora sim, 365 dias para fazer coisas incríveis, tem muito tempo, esse ano eu consigo!”. No dia 2 de janeiro começa a ressaquinha de toda a esperança arrebatadora causada pelo dia 1º. Lá pelo dia 5, já deu tempo de se acostumar com o ano novo e lembrar que não é o passar do tempo que tem o poder de fazer milagres com a sua vida, e sim, você mesmo. E então você vai vivendo normalmente o seu ano até que chega outubro e o ciclo do fim-começo-meio te arrebata outra vez.

4 comentários:

  1. eu estava bem assim em outubro, resolvi relaxar e sumi das rodinhas que começavam esses assuntos... acho que viver um dia de cada vez ainda é a solução.

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  2. Ai, comigo acontece um pouco isso, mas numa ordem diferente. Chega outubro e eu entro em negação, como se não visse o shopping todo decorado pro Natal, nem as propagandas na tv ou aquelas matérias agendadas. Chega dezembro, no começo, e eu fico brava e irritada com tudo, ao mesmo tempo que acho que vou conseguir resolver todas as minhas pendências. Como não tenho férias, só um recesso bem tristinho, esses dias de limbo e festa são até os mais felizes e cheios de energia, e quando chega a primeira semana do ano onde tudo volta ao normal eu ainda consigo me sentir renovada, porque apesar de saber que não é trocando de calendário que minha vida vai mudar, sei que meus meses favoritos estão todos por vir.
    beijo banana, boa sorte pra gente <3

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  3. BEM ISSO, Analu. Eu ainda quero escrever algo sobre isso também, porque essa passagem de tempo é muito louca e meus sentimentos em relação à isso, mais loucos ainda.

    Apesar de todos os sentimentos contundentes, adoro novos começos, não consigo evitar. Mesmo que eu faça tudo errado de novo.

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  4. Fim de ano pra mim é uma época agonizante. Adoro férias, não me entenda mal, mas todos esses rituais e toda essa reflexão é uma tortura pra alguém cuja principal atividade é o overthinking. Mas tudo bem, acho bonito ainda assim ter minhas esperanças renovadas.
    Cadê os teóricos pra explicarem esses fins de ano loucos que perseguem a gente o ano inteiro?
    Beijo <3

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