terça-feira, 2 de julho de 2013

Histórias da estreia de Histórias

E aconteceu da maneira que eu imaginava. Uma semana cansativa e estressante, que começou com lágrimas, rendeu crises existenciais e artísticas até onde elas não mais cabiam, e terminou com aquela sensação de leveza no coração.

No meio da semana, sentada em uma cadeira sem esboçar reação nenhuma, eu olhava reto e me perguntava o que diabos eu estava fazendo neste lugar. Meu sonho era saber física, entender tudo de matemática e me enfiar numa sala de aula de engenharia onde as contas só tem como dar certo ou dar errado e pronto. Essas histórias subjetivas do lado artístico da vida deixam qualquer um maluco, e eu, que não tenho estrutura emocional nenhuma, me perguntava com o coração apertado o que eu tinha vindo fazer aqui mesmo.

Gritei socorro pra amiga, que disse que agora já não dava tempo de voltar atrás, porque eu já estava de joelhos no altar. A daminha caminhava com a aliança e eu estava morrendo de medo de coloca-la no dedo e não fazer direito. Acontece que independente disso eu sabia o quanto eu amava aquele homem e sabia que, por mais medo que eu tivesse de estar no lugar errado, o amor fazia tudo valer a pena. E eu sempre soube que seria assim.

Na minha cabeça se passava um filme de todas as outras estreias. Cada crise, cada desespero, cada medo do fracasso total e cada coração apertado. Uma outra amiga me mostrou uma frase, escrita em um quadro de nossa sala, que diz que o desejo sempre supera a fragilidade. E mesmo na certeza de que eu estava nadando a esmo naquele mar, e morrendo pra bater aqueles braços achando que eu ia me afogar, eu via que no final tinha um filete de areia no qual ia dar pra se segurar.

E foi assim. Ensaio ruim em um dia, bom no outro, coração apertado, coração recheado, força que vinha de onde não sabíamos, cenário que aparecia pronto depois de uma tarde chapada de tinta. No sábado passamos o dia quicando, sentindo icebergs na barriga e no coração, e eu, calada na parede do camarim, me perguntava novamente onde eu estava com a cabeça quando tinha resolvido me enfiar nessa roubada.

Mas já de figurino, na coxia, de mãos dadas com minha amiga e escutando o público entrar, a gente se abraçou e se olhou em nossa 5ª estreia juntas e pensou que, no fim das contas, era isso. Os minutos antes de subir no palco eram a enorme subida da montanha russa, onde bate o desespero e a vontade de descer logo, ao mesmo tempo. É a adrenalina mais deliciosa do mundo, e mesmo quase chorando de medo e de amor ao mesmo tempo, 1 segundo antes de entrar no palco nós reafirmamos a certeza que nosso coração já tinha: “Não dá pra viver sem isso”. E que bom que não dá. 

Parafraseando a Airen, que, por sua vez, parafraseou Cazuza, também não consigo ver o amor como um abraço curto pra não sufocar. Amor é um abraço muito longo. Que sufoca sim. Mas cola um coração no outro, e reiterando com Florbela, essa é a única razão que eu vejo na vida, porque todo o sentido de tudo está em amar só por amar, aqui e além. Mesmo que muitas vezes você esqueça o tamanho do amor quando estiver enfiada até o talo na crise.


12 comentários:

  1. Amiga, eu te amo. E eu poderia colocar aqui mil motivos pra te amar. Esse post é um deles. Você me lembra que toda a dor e todo o sufoco que a gente passa na vida não é a toa, é pra conquistar os nossos sonhos e fazer o que a gente ama. Eu sabia desde o início que daria certo. Tudo certo. E que toda a dificuldade e stress e crises existenciais que você acumulou, explodiriam no momento em que as cortinas fechassem. Morro de orgulho de você. Te amo!

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  2. Ai como eu amo as tuas estreias e teus textos advindo delas. Ai como eu amo você. E todas essas peças e crises existencias e artísticas e essas fotos e essa doce voz de gente que me enche de orgulho. Você me enche de orgulho de um tanto que quase transbordo. Te amo. <3

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  3. Ana,
    Foi um orgulho imenso te ver brilhar no palco, principalmente tendo presenciado todo o seu nervosismo anterior. Foi tudo maravilhoso de doer. Eu, Tary e Anna não conseguíamos acreditar no que a gente tava vendo, sabe, quase não deu pra soltar as mãos. E você pode me contar mil e uma histórias sobre como, na verdade, um monte de coisa deu errado. Não vai colar. Pra mim, foi tudo perfeito e muito maior do que eu esperava. Obrigada pelo prazer de ver essa peça da primeira fileira. Vocês todos arrasaram!
    Amo você e sinto muito orgulho do seu talento e de sua dedicação ao teatro.
    Beijo <3

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  4. Mas é claro que você tinha que casar amiga! Todas nós sabemo o quanto você é completamente apaixonada pelo teatro e juro eu acho que essa é uma das razões pela qual EU sou apaixonada por você. Sempre te digo isso, sou fã daqueles que tem paixões e você tem muitas paixões amiga, e essa é de alegrar a alma até daqueles que estão em volta - ou longe, olha eu aqui em SP!

    Sinto cada vez mais por não ter estado com você neste dia tão especial. Juro que a cada foto que eu via de vocês juntas eu sentia um remorso por não ter mandado tudo pra cucuia e ter ido ficar com vocês e ver você neste momento tão importante.
    Mas a gente aprende né?

    Beijos e beijos mil!

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  5. EU QUERO DE NOVOOOOOO!
    Fiquei morrendo de inveja da Mayra falando que "ama suas estreias", porque imagina que mágico poder ir em todas.
    Mas nós somos bem sortudas por termos ido logo nessa. A peça que te fez dar pulos o semestre inteiro e que eu nem pude ler antes da estreia! E eu disse, eu te disse que a mágica ia acontecer. E logo que começou Altar Particular naquela cantina a mágica aconteceu. E eu não pude parar de rir como uma idiota porque foi tudo mágico como eu imaginei que seria. E chorar foi parte mesmo. Como eu não ia chorar ouvindo João e Maria naquele final? E como eu não ia chorar vendo a Mel ao vivo e ouvindo a tal parte em francês que tirou o sono mas valeu a pena?
    Eu te amo! Parabéns por ter vivido isso e criado isso. Beijo!

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  6. Analu, que texto doce sobre a sua estreia.
    Você é mesmo uma estrela: nos palcos, na escrita, na vida...
    E brilha cada vez mais.
    Parabéns por tantas experiências bacanas - e por nunca perder sua essência de menina.
    Abraços.

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  7. Amiga, eu babei de paixão pela sua estreia. E eu amo tanto você que ficaria aplaudindo se você ganhasse a Olimpíada Brasileira de Física ou um concurso de robótica, mas seria por amor mesmo. Porque as coisas exatas parecem mais simples, mas a galera das engenharias (beijo Larie, beijo Dani) que me desculpe, mas os números não tem a mesma magia da arte.
    Tem que doer mesmo, porque tudo que é verdadeiro, visceral e emocionante tem que doer. Quebra a gente por dentro pra nascer novo, diferente, lindo de morrer. Lembra que o Antonio Prata diz que o encontro não acontece quando a gente dá o salto?
    E você saltou tão, tão, TÃO lindo que me sinto privilegiada por ter tido meu coração quebrado naquela noite. Você encheu de defeitos mas eu não vi nada, porque só conseguia sorrir, chorar e tremer de amor.
    Parabéns de novo, você é foda! <3

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  8. Amada,
    Parabéns por mais esse objetivo alcançado em sua vida.
    Suas vitórias são como um acalanto para mim.
    Beijos

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  9. Que texto lindo, Analu. Não tem como não se emocionar. Do mesmo jeito que sei que você coloca seu coração para atuar, você colocou no seu texto. Sempre digo que quando você fala do teatro você fala de um jeito especial, bonito...

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  10. Ah, meu amor de Analu, se tu soubesse o quanto eu estou maravilhada ainda com a peça...
    Foi uma honra de ver em cena, linda, deslumbrante, toda meiga e ao mesmo tempo tão forte, e tão decidida.
    Foi lindo acompanhar tudo e no fim ver o quão lindo ficou. Pelo menos para mim, o tal publico leigo. hahahaha
    Eu te amo muito! E to muito, mas muito orgulhosa.
    <3

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  11. Amiga, eu queria tanto poder fazer todo mundo que eu amo assistir essa peça maravilhosa! Além de ter realizado o sonho de te ver fazendo o que tanto já te ouvi 'matraqueando amores'a respeito, consegui refletir sobre milhares de coisas, me emocionar e até dar uma chance pra música do Chico Buarque, veja você. Por isso que eu não acredito em coincidências. Não era nem pra eu ter ido nesse encontrão, lembra? Graças a Deus tudo se converteu a favor e eu estava lá, na primeira fila apertando as mãos da menina do So Contagious e da guria do Ela, Rafaela (ainda não me acostumei com o nome novo, hahaha, serei old school). Como eu já te disse no Facebook, só posso te agradecer pela oportunidade de ver tudo da primeira fila e pedir que, por favor, jamais deixe de atuar. Porque você tem uma luz muito especial que se maximiza no palco. Foi um prazer ter meu coração partido por você <3 Te amo MUITO!

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  12. Analu, senti a adrenalina em cada palavra, em cada vírgula!
    Mas, uma coisa é certa, assim como você teve a certeza de que fez o que deveria ter feito, eu fiquei com a certeza de que a sua peça deve ser incrível!
    Queria muito lhe assistir!

    Um beijo,

    http://algumasobservacoes.blogspot.com/
    http://escritoshumanos.blogspot.com/

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