segunda-feira, 22 de julho de 2013

Minha cabeça é uma festa

Mais um primeiro dia de aula onde nada do extraordinariamente sonhado acontece. Acho que meu grande problema com a vida é sonhar. E mesmo achando isso, minhas palavras continuam sendo escritas sem que encostem nas linhas. Flutuam, bem como minha cabeça.

O professor está falando de crônicas e eu penso em várias que gostaria de escrever. O semestre dessa matéria vai ser divertido e tudo o que ele vai passar hoje é a ementa da matéria. Decido viajar para o futuro de novo. É. Aquele futuro que insisto em usar para fugir do presente. Aquele futuro que cisma em não dar sinais de que vai acontecer, mas com o qual eu continuo impreterivelmente sonhando:

É sábado de manhã. Estamos numa padaria. Eu, o marido e as meninas. Clara tem seus recentemente completados sete anos. Aurora espera ansiosamente a chegada dos cinco. Me lembro de quando eu esperava ansiosamente pelos cinco, só pela vontade de responder minha idade exibindo uma mão completa. Minha nostalgia é interrompida pela discussão das duas. Querem comer panquecas. As panquecas daqui são enormes e minhas filhas comem feito passarinhos. Meu marido sugeriu que dividissem a mesma, e foi aí que a encrenca começou. Clara quer a de frango. Aurora só aceita a de queijo. Não conseguimos balancear suas vontades. Desisto do meu waffle gigante para dividir a panqueca com Aurora. Marido resolve que tudo bem comer sua salada de frutas, sua omelete, e ainda arrematar o que sobrar da panqueca de Clara. Por que elas tinham que ser tão diferentes? Seria lindo se as duas gostassem de frango. Ou de queijo.

Os pratos chegam. Comem. Divido igualmente a panqueca de queijo com a pequena Aurora e ela ainda deixa no prato quase metade de sua metade. 1/4 de panqueca foi tudo o que minha caçula conseguiu comer no café da manhã. Tudo bem. Até meus 23 anos meus cafés da manhã se resumiam a um copo de toddy. Clara comeu quase metade da sua, e tão logo marido terminou o prato elas começaram a bradar pela “sobremesa”. Passamos pela estufa e logo sinto o cheiro do segundo round da confusão: Só tem um croissant de chocolate e é óbvio que nenhuma das duas quer o de doce de leite. Muito menos o de goiabada. E é igualmente óbvio que nenhuma delas vai querer dividir. Nessas horas o estômago sempre aumenta. Porque diabos essas meninas são tão iguais? Existem tantos sabores de croissants no mundo. A situação se resolve quando a moça que está em nossa frente na fila pega o croissant pra si. Clara fica irritada e Aurora faz bico. Eu faço cara de “paciência” e acabo com a história pegando uma tortuguita pra cada uma. Sorrio.

Sou trazida de volta a 2013. Sala de aula. Chove muito. Ainda não terminei meu primeiro livro do Zafón, tampouco encontrei o marido que fará parte dos devaneios acima. E o que mais me atinge, nesse momento, é que já tenho 21 anos e 3 meses. O que significa que tenho menos de 2 anos para incluir acompanhamentos  ao meu copo de toddy no café da manhã.

7 comentários:

  1. Adorei. A gente imagina mesmo essas coisas. Aliás eu sempre imaginei (e imagino ainda). Algumas coisas correspondem, outras não... rs E eu diria que os "desentendimentos" entre os meus dois pequenos não são tão amenos quanto eu pensava que seriam...rs

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  2. Adoro seus devaneios de futuro, amiga! Fiquei lembrando rindo daquele dia que a gente viajou muito e você ficou contando que a Clara seria precoce e ia sair de casa pra viajar, algo assim, e tia Monica ficaria revoltada dizendo: "ela é uma menina!". Também adorei que você se rendeu e mudou o nome da Alice pra Aurora. Tem muito mais história. :)

    Tô ansiosa pra esse tipo de registro passar dos sonhos pra vida real. Quero Clarinha linda e loira divando no meu casamento! <3

    Te amo!

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  3. Esse texto foi escrito no meu presente de aniversário atrasadíssimo. O que me deixa bastante feliz. Porque ele está sendo usado pra coisas lindas. Tipo Clara e Aurora.
    Olha, dois anos é bastante tempo. Comece com um brioche. Brioche é bom e pequeno, dá pra começar. Quando você perceber já vai estar controlando as duas moças na padaria, enquanto uma diz que não vai comer a jujuba verde. Porque nada que é verde pode ser bom!
    (sua cabeça é uma festa linda)
    Beijo! <3

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  4. Assim como Annokita, estou ansiosa para os seus sonhos se tornarem realidade. Porque você me inclui neles e isso é maravilhoso. Já me imagino sendo pedida em casamento no Canadá (ele só não pode esquecer de ajoelhar, como você bem sabe).

    Te amo e amo sua cabeça festiva <3

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  5. Acho tão bonito esse seu sonho de ser mãe e constituir família Nalu, de verdade! Tenho pena das pessoas que fazem isso porque acham que são obrigadas, mas quando vejo gurias da nossa idade que realmente querem isso eu acho bonito e super torço pra que você tenha seu marido mencionado acima e suas duas polaquinhas loiras de olho azul azul azul e sonhar acordada na aula, quem nunca?

    beijos

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  6. Ai, Analu, que lindo teu devaneio.
    Mas hei, não tenha pressa. As coisas acontecem quando tem que acontecer. E eu sei que isso é uma coisa péssima coisa de se ler/ouvir, mas é que tudo o que queremos acontece no exato momento que não estamos procurando. Verdade verdadeira.
    Mesmo assim, não vejo a hora de estar por perto para ver o teu simples devaneio se tornando real.
    Te amo. <3

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  7. Sou dona de ter mil e um devaneios no meio da aula, mas preciso confessar que ne toddy eu tomo! A preguiça de levantar uns minutos mais cedo pra colocar algo na barriga me impede, rs. Comida é só na hora do recreio mesmo e olhe lá!
    E se precisar de ajuda nos waffles, pode me chamar que adoro! E a moça da frente na padaria tinha cabelos coloridos? É a minha cara essa coisa chamada "croissant de chocolate" hahahahaha
    Crônicas são lindas, estou super ansiosa pra semana que você vai dedicar inteiramente a elas <3

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