Não vou dizer que foi amor a primeira vista, mas você não demorou pra me conquistar. Foi num dia de dezembro. Fazia sol, eu estava com sono, mas me gritaram pra levantar e te encontrar. Na verdade, tinham várias outras junto. E eu não vou mentir, não foi pra você que eu olhei primeiro.
Precisei olhar pra todas, pegar cada uma na mão, analisar os detalhezinhos, provar. Provei algumas, passei, olhei no espelho, e confesso mais uma vez que mesmo quando decidi por você eu não decidi com tanta certeza. Nosso amor foi construído aos poucos.
Foi construído em momentos como a primeira vez que desfilei contigo fora de casa. Era aniversário de um amigo especial, e nossa relação ainda estava muito recente. Na verdade, precisando de alguns cuidados antes de ser colocada à mostra. Nem liguei. Dobrei os pequenos excessos em sua barra e fui te mostrar pro mundo. Novinha, linda, exibindo seus 5 botões dourados que da primeira vez que vi achei que fossem coisa de gente com gosto duvidoso. Mas ainda não foi nesse dia que praticamente nos tornamos uma só.
Fomos nos tornando uma só com o tempo. Mesmo sem fazer a barra, porque morria de preguiça de ir até a costureira, era sempre você que eu escolhia. Ficava linda com a bota, combinava com a rasteirinha, e ainda dava um tom de luxo naquele look com all star. A alegria da minha semana era ver que você já tinha sido lavada e estava de volta no meu armário. No meio de todas as outras, era a primeira que eu sempre procurava. E é injusto ter que engolir o fato de que, no meio de tantas outras relações antigas, duradouras, mas não tão importantes, foi com você que foi tudo acabou tão rápido.
Na verdade eu espero que não tenha acabado. Espero que você me perdoe a desatenção e volte pra mim. Naquela quarta-feira onde eu te troquei às 19h por uma calça de ginástica, eu só queria te proteger de rolar no chão. E eu sei, foi um absurdo ter te esquecido na sala de aula. Nem me lembro se ao menos te deixei dobradinha. Mas sei que no dia seguinte por algum acaso do destino você não estava mais lá.
Desde então meu coração se parte toda vez que eu abro o armário. Seus botões dourados, que por alguns segundos eu achei meio bregas, não estão mais ali pra puxar os meus braços e não me deixar escolher nenhuma outra calça. Aliás, as outras agora fazem ainda menos sentido. Nada mais dentro daquele guarda-roupa faz sentido. Porque você se foi.
Eu podia dizer que espero que você faça feliz a pessoa que te levou das minhas perninhas, mas sou rancorosa e digo que não. Espero que você faça a pessoa passar muita raiva, até porque, vou sambar na cara da sociedade agora e dizer que pouca gente consegue entrar numa 34 feito você. E vou reiterar que se um dia eu ver alguém vestida em você eu darei o primeiro barraco físico da minha vida. Porque eu vou arrancar você dela a qualquer custo. Sinto sua falta.
Faz 8 dias que eu não te vejo. Me perdoa por não ter tomado conta de ti devidamente. Mas se por um acaso você se sentiu menosprezada em relação às outras, saiba que foi você que foi comigo na maternidade o dia que o Ricardo nasceu, e vestidas em você estavam as minhas pernas quando coloquei o neném sobre elas pela primeira vez.
Sonhei com você a noite passada (é sério) e te procurei até embaixo da geladeira da escola. Volta. Nunca mais te esqueço em lugar nenhum. Isso é uma promessa.
Não estou preparada pra me despedir de você
Esse post é um oferecimento da minha amiga Anna Vitória, que ousou dizer que eu tinha um lado Drama Queen. Eu disse: Lados? Metade de mim é Drama Queen. E ela disse: E a outra metade quer explodir tudo porque não aceita ser uma metade só.
A vantagem dos meus dramas realmente sentidos é que eu me magoei tanto relembrando meus momentos com minha calça favorita pra escrever esse post que minha mãe entrou no quarto e me encontrou chorando na frente do computador. Num primeiro momento acho que ela quis me internar por estar chorando por causa de uma calça, mas ela pelo menos sentiu o tamanho da minha dor e não me encheu com o discurso de “você precisa aprender a tomar conta de suas coisas”.
Ai amiga, que dó! Fiquei pensando na minha calça preferida (que estou usando agora), em como eu a amo e em como meu coração ficaria partido se eu tivesse ficado sem ela da forma como você ficou sem a sua calça querida.
ResponderExcluir#ForçaAnalu
amo você, drama queen! <3
Ai, eu ainda estou mega bolada com essa história toda. Não é possível! A que ponto chegamos! Nego rouba calça da colega! Imagina na copa!!!!!!!
ResponderExcluirTe amo!
Beijo
Posh vida, você demonstrou tanto sentimento que eu me senti até mal de ter dado uma risadinha. Mas eu entendo, juro que entendo. Fiz algo bem parecido da ultima vez que meu computador quebrou. E nem imagino minha vidinha sem o pedaço de jeans larguinho feito de amor que eu chamo de short favorito (não sei viver de calça).
ResponderExcluirEspero que você encontre sua calça-metade, gatinha!
Beijo, beijo.
Não sou muito apegada a calças, mas chorei no dia que meu irmão manchou minha melissa de tinta preta :( até hoje fico triste. Pelo menos eu tbm tenho uma foto com ela =/
ResponderExcluirAi, meu coração. Eu sou muito apegada às minhas roupas preferidas, acho que morria se perdesse uma calça jeans vermelha que eu tenho. :(
ResponderExcluirTomara que tu ache, amor-de-Analu. <3
Amiga, você é demais de drama queen, mas isso só prova o quanto você não tem medo de ser quem é? Ainda estou de cara com essa história da calça e super entendo sua dor porque dou super valor às minhas coisas. Lembra quando meu perfuminho da Quem disse quebrou e eu chorei sem parar? Ainda bem que a amiga da minha mãe comprou outro e me deu. Aliás, nem uso o pobrezinho só de dó.
ResponderExcluirTe amo <3
Que texto ÓTIMO. Chorei de rir! hahahah
ResponderExcluirRealmente é PÉSSIMO perder - qualquer que seja o motivo - uma roupa que a gente gosta muito. Espero que você a encontre, viu?
Mas saiba que você fica linda em qualquer outra e que as outras vão ficar felizes em entrarem em contato com suas lindas perninhas branquelas
Abraços <3