Eu já falei aqui o quanto eu considero as minhas lembranças, né. Sabe que uma vez eu li uma reportagem na Super Interessante falando sobre memória. E ela falava, basicamente, que o ser humano vive de passado. Porque o presente dura apenas 3 segundos, e sendo assim, ele nem valeria a pena se nós não conseguíssemos nos lembrar. Nós vivemos de passado. Só tem graça termos viajado se pudermos lembrar da viagem e de como nos sentimos quando estávamos lá. Eu sei que é lindo pensar em viver o presente, curtir a emoção do momento e pronto. Mas eu não seria nada sem as minhas lembranças e sem resquícios reais de que minhas lembranças existem, tipo fotos ou cacarecos.
Eu amo lembrar. Sou daquelas que mergulha em nostalgia, que chora em cima de foto de momentos bons, simplesmente por eles terem existido, e tenho dor no peito de saudade ao lembrar de momentos que tanto amei viver. Não que momentos que eu amo não continuem acontecendo. Continuam, graças a Deus. Mas tem aqueles que não voltam. E que dá muita vontade de viver de novo. Quando vi esse post da Mel pensei que seria meu prato cheio. E é o que eu vou tentar aqui. Enumerar dez lembranças. Dez lembranças cujas quais eu comecei o post sem tentar elencar. Porque quero que elas venham do nada. Se ficar meloso demais, ponha a culpa na saudade.
1. Almoçar no degrau do quintal, usando as cadeiras como mesas
Quando eu era mais nova, o quintal da minha avó era diferente. Na verdade, aquela área dos fundos + quintal já foi reformada 1028390813 de vezes. Meus tios contam histórias do quintal na época que tinha árvore e chiqueiro. Meus primos mais velhos contam outros detalhes. Minha época de criança conta que o chão era de calçada, pedra mesmo, ralava tudo se a gente caísse. Também tinha plantação de salsinha, cebolinha, e mais uma porção de coisinhas verdes. E entre o quintal e a “área” tinha um degrau bem marcado. Que era onde a gente sentava pra almoçar. Pegávamos as cadeiras da mesa e colocávamos em frente ao degrau, e então, encaixávamos nossas pernas ali em baixo das cadeiras, sentávamos no degrau, e almoçávamos com o prato em cima da cadeira. Era tão fofo, devia ser uma graça de ver um monte de criancinhas almoçando felizes da vida no chão, usando uma cadeira como mesa. Que saudade.
2. Do sentimento de alegria por coisas tão simples
A gente cresce e perde tanto do deslumbramento pelas coisas simples que dá até dó. Quando eu era criança, ir ao cinema era um evento. Achava incrível quando os meus pais chegavam dizendo que nos levariam ao cinema. Eu ficava tão feliz, mas tão feliz, que sorrio sozinha de lembrar. Desde que virei “adolescente” e comecei a ir ao cinema quase todo fim de semana com minhas amigas que eu paro e penso em como aquilo ali era um êxtase pra mim quando eu era criança. Quando a gente é criança a gente sabe tão bem como ser feliz. Que saudade.
3. Comer batata frita de bacia na casa da vovó de Vitória
Minha avó que morreu fazia a melhor batata frita do mundo. Encharcada de óleo. Minha mãe tinha pavor daquilo. Deve ser coisa de nora, que nunca acha que a sogra vai “acertar” na hora de lidar com seus netos. Sei que eu adorava. Ela não me forçava a almoçar, ou comer o arroz primeiro pra depois ganhar a batata. Ela me servia uma bacia de batata frita. Na frente da televisão. E quando a batata acabava, antes de eu precisar pedir, ela vinha recarregar a bacia. Eu não lembro de um dia a batata ter acabado antes do meu limite. Pelo contrário. Eu lembro de devolver a bacia com algumas batatas dentro ainda, uma cara de realizada e uma barriga estufada que queria dizer: “Chega, vó! Não cabe mais”. Que saudade.
4. Do meu afilhado quando era pequenininho e aprendeu a me chamar
Diego falou muito cedo. Com 10 meses o bichinho falava. Quase morri do coração a primeira vez que ele me chamou. Eu sempre morei longe dele, e tinha síndrome de madrinha rejeitada. Mas ele sempre foi apaixonado por mim, tanto quanto eu por ele. E quando, com pouco mais de 1 aninho, ele estendeu os bracinhos pra mim me chamando de Dindinha Ana, mal sabe ele, eu quase morri do coração por amor em excesso. Que saudade.
5. Show das Primigas
Quando eu, minha irmã e minhas primas éramos pequenas, nós apresentávamos shows no final do ano e no meio do ano. Ficávamos dias a fio ensaiando arduamente ao invés de brincar, pensando em decoração de show, em ingressos, em figurinos e coisas do gênero. Era muito bem pensado e organizado! No fim das contas, espalhávamos cartazes e obrigávamos todo mundo a ir assistir ao show. Era ótimo. Pagávamos muito mico. Que saudade.
6. Das brincadeiras com meu pai
Mãe cuida e pai zoa, não é certo isso? Eu sempre adorei a cumplicidade que eu e Helena tínhamos com o papai para “aprontar”. Ele me deixava andar na frente do carro aos 8 anos. E as brincadeiras sempre foram menos ajuizadas. Tipo aviãozinho, ou arremessar a criança para o outro lado da piscina. Até as brincadeiras dele com a Kimmy eram mais arriscadas, tipo, levantar e girar a bichinha com apenas uma mão. Também foi papai que me ensinou a andar de bicicleta, naquela cena clássica de filme, onde eu achava que ele estava segurando na bagageira e de repente percebia que ele não estava. Que saudade.
7. Dos recreios da época de colégio
Quando você cresce você aprende porque o delicioso recreio muda de nome e vira somente intervalo. Eu só aprendi a falar intervalo na faculdade, embora muitas pessoas já falassem intervalo no ensino médio. Gente. Na faculdade aquilo é uma breve pausa de 20 minutos entre uma aula e outra, onde dá pra comer ou dar um cochilinho. Na escola aquilo era o paraíso. Parecia que 20 minutos se transformavam em 1 hora. Eu sentava com meus amigos em roda, sempre no mesmo lugar, e tantas coisas aconteciam. Tinha dia que a gente fofocava, tinha dia que inventava brincadeiras toscas, às vezes rolava uma declaração de amor pra dar aquela agitada, ou algumas DRS. Ainda tinha sempre aquele amigo que comprava balas. Que saudade.
8. Dos lanches comidos nesses recreios
Ah, nessa época era ótima também a parte de comer. Mamãe sempre mandava coisas diferentes. Assava pão de queijo, ou preparava bolachas com queijo e presunto, ou mandava um misto, uma batatinha ruffles… Era incrível. E também era ótimo quando ela me dava dinheiro pra ir na cantina: Com 3 reais dava pra comer uma pizza e tomar uma coca cola. Se bobear, com mais 2 reais dava pra comprar um Kinder Ovo. Que saudade.
9. Da estreia de Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo
Um dos melhores momentos desse meus quase 21 anos de existência. Na verdade me dói o peito lembrar do semestre todo. Cada lembrança durante os meses é tão intensa e tão boa, que juro, dói muito. Eu amo ter vivido tudo isso, e por esses momentos, entre outros, que eu digo que I wouldn’t wanna be anybody else. Mas dói. É uma das minhas lembranças mais doloridas, justamente pela vontade de entrar no túnel do tempo e viver de novo cada segundo daquilo, desde os nervosos até os abraços, desde a prévia até o dia que ganhamos a galharufa, desde o ensaio geral nervoso até a estreia mais deliciosa que eu já vivi na minha vida. Eu nunca me senti tão feliz e tão realizada em um palco, com vontade de chorar de amor. Eu nunca me esqueci das minhas falas. E nem das falas dos outros. E o brilho no meu olho quando eu falo desse assunto é o mesmo desde 2011, quando tudo aconteceu. Essa saudade é tão intensa como no dia que acabou. Nunca diminuiu. Só adormece, e depois, acorda. Que saudade.
10. Dos abraços de chegada
Eu vivo tanto pro passado que eu sofro pelo fim assim que a coisa acaba de começar. Se eu estou morrendo de saudade de uma pessoa e a re-encontro, assim que o abraço apertado termina, eu já começo a sentir saudades e pedir pra voltar ao momento da chegada. Os abraços de chegada são tão maravilhosos, acho que poucas coisas na vida superam esses primeiros momentos de re-encontros com as pessoas que a gente ama. Mesmo esses re-encontros acontecendo todos os dias. Os abraços de chegada são sempre a melhor parte. E eu sempre vou lembrar deles com carinho e aperto no peito, pela vontade de mais muitos. Que saudade.
Realmente aconteceu muita coisa boa no passado, mas devemos fazer do hoje um dia melhor, se ele dura pouco, não importa, importa é a intensidade. Bjus e visita o blog, tá atualizado!
ResponderExcluirEstimada amiga.
ResponderExcluirA vida, é uma recordação constante. Muito interessante o seu texto. Mas, te convido a vim ao meu blogue. Estarei lá esperando por você.
Abraços.
Nossa Analu! Quem diria que do jeito que você fala, você teve a melhor infância/adolescência que qualquer um podia ter! Sinceramente a saudade dói mas ao mesmo tempo é uma dor tão linda... Não é? Eu posso dizer, também, que vivo no passado. Sou aquela, também, garota nostálgica! Um prova? Deu vontade de fazer isso no meu tumblr (já que eu não tenho um blog:/ )! Outra prova? No meu tumblr tem a playlist de músicas e todas elas são músicas que marcaram minha infância, tanto com filmes como momentos familiares que senti a mesma sensação que você descreveu quando você almoçava na cadeira!
ResponderExcluirUm beijão, Analu!
Lu.
PS: Ah, se não for pedir demais, vou linkar meu tumblr no meu nome para que você veja as músicas da minha playlist! Aquela sim é uma play significativa!
Estou já ansiosa para outro post seu!
Ants de eu comentar decentemente, gostaria de avisar-te que Vamos Falar de Amor foi em 2011, não em 2010.
ResponderExcluirDepois disso, ESSE POST CAIU COMO LUVA NO MEU DIA. Sem brincadeira! Eu passei o dia, não a tarde, porque de manhã eu estava tendo A pira universitária, enfim, passei a tarde rememorando as peripécias da minha infância, principalmente as partes na casa dos meus avós. Ai como era bom ser criança! Mas, ao contrário de você, eu não gosto de lembrar das coisas. Não mesmo. É legal ter memória e tal, mas é HORRÍVEL se lembrar de coisas que não voltam e chorar até a cara ficar inteiramente inchada. No me gusta. E, infelizmente, mesmo assim essa é uma das coisas que eu mais faço.
Abraços!
Oi! Acabei de ler e comentar seus dois últimos posts e queria dizer pra você passar no meu blog porque tá atualizado! Bjs
ResponderExcluirAnalu,
ResponderExcluirMuito bonitas as suas lembranças. Enquanto ia lendo o seu texto, comecei a me lembrar de algumas coisas de que sinto saudade. Minhas tardes no ensino médio assistindo The OC, do pão de queijo que vendia no mercado perto de onde eu fazia cursinho, das tardes "jogadas fora" durante as aulas de fotografia, no segundo semestre da faculdade, dos domingos de manhã quando eu era criança, do dia das bruxas e do natal...Adoro lembranças de natal...
Ai, que saudade!
Adorei o texto :)
Beijos,
Michas
http://michasborges.blogspot.com
Eu também comia batatas fritas de bacia!!!!! rsrsrsrs
ResponderExcluirQue bom que o post te inspirou! A Anna também fez uma visita por lá! Estas memórias são coisas que jamais podemos esquecer (se é que isso é possível, e acho que não).
Beijo!
Amiga, essa ideia de post nasceu pra que você escrevesse! Sério. Adorei demais fazer, mas você transborda lembranças, e isso é lindo demais.
ResponderExcluirE por falar em abraços de chegada, eu nunca vou esquecer a força com a qual você me agarrou lá no meio do shopping. As meninas amontoando por cima e você me não soltava de jeito nenhum. Toda pequenininha, eu lembro de ter olhado pra sua testa e pensado que suas pintinhas erma lindas <3
te amo <3
AMEI, AMEI, AMEI!!
ResponderExcluirVou fazer também. Ai, que delícia! SDDS DOS RECREIOS DA ÉPOCA DO COLÉGIO, NOSSA! Agora, muito mais dos abraços de chegadas!! APENAS VC ME ESMAGANDO E QUASE QUEBRANDO MINHA COLUNA! ABOSSOU. VEM QUE VEM QUERO DE NOVO! Te amo!!
Nessa imensa "downward spiral" que sempre foi a vida, é sempre bom ver que há pessoas que mantêm um vínculo com seus melhores momentos. Parabéns. Eu não conseguiria enumerar 5.
ResponderExcluirAi Analú que post mais lindo! Deu pra sentir daqui a sensibilidade da lembrança - que você sabe, é um dos meus temas favoritos ever. Eu sou dessas que se assume total amante do passado e meu blog tá cheio disso. O meu último post também são sobre elas.
ResponderExcluirE que delícia e única a vó da batata frita ou da estreia da sua peça teatral - essa eu pude acompanhar pelo blog!
Beijoca!*
Que coisa mais linda tuas lembranças.
ResponderExcluirPensei em fazer esse post contando minhas lembranças, mas algumas doem tanto que resolvi adiar.
Mas mesmo que eu não escreva sobre elas, as lembranças estão sempre comigo.
Sabe que às vezes eu ainda falo recreio? HAHAHA.
Beijo Amor de Analu. <3
Eu amo a forma como você descreve as coisas, NaLu! Faz a gente abrir um sorrisão e sentir saudade das coisas que nem vivemos. Eu também sinto saudade dos recreios de criança, minha mãe sempre mandava um lanchinho gostoso na lancheira e eu até recordo da primeira vez que ela me comprou algo na cantina do colégio e na hora do recreio a moça foi lá deixar. Era um pastelzão misto e um suco de goiaba bem gelado (que fome que deu agora hahahaha). Eu lembro de quando minha casa ainda tinha quintal com pés de fruta e espaço pra brincar e eu inventava toda uma civilização com os meus brinquedos rs. E eu lembro da primeira vez que vim no seu blog, de metida, porque você tinha comentado no blog da Mari antes de mim! Aí descobri você ;)
ResponderExcluirbeijo, minha chefa querida (e amada!)
<3!