sábado, 22 de setembro de 2012

Sobre o passado, os medos e os colos.

Então que SETEMBRO é o novo AGOSTO. Sinto muito me colocar nesse papel chato de avisar para quem ainda não tinha percebido, mas é isso aí, galera. Os fardos setembrinos andam pesados. 2011 avisou, 2012 está comprovando, e vamos que vamos porque a vida é feita de fases.

Acontece que essa semana em especial a coisa ficou tão preta e bipolar que eu passei a segunda-feira sorrindo e o resto dos dias chorando. Mentira, vai. Durante terça, quarta e quinta eu só fiquei sem lugar, sem falar direito, comendo pior ainda, andando a esmo pelo apartamento e querendo dormir o resto da minha vida só pra não ter que ME encarar dentro do mundo. Na sexta-feira as nuvens chegaram mais perto e a tempestade desceu. Digamos que eu praticamente tenha chorado das 7h da manhã às 22h, com longos espaços onde a vida era em sociedade e eu precisava segurar o choro. Basicamente essa foi uma semana onde eu não vivi. Eu simplesmente existi, e eu acho que somente existir é uma perda de tempo danada, então fico muito chateada comigo mesma e é isso aí.

Acontece que pra fechar a semana com chave de ouro, a aula no teatro seria extremamente física e psicológica. Trabalharíamos o PASSADO e o MEDO. Interessantíssimo pra alguém que passou pelo menos 4 dias inteiros sem estrutura emocional nenhuma. Eu cheguei na escola às quase 18h com uma cara tão péssima que minha chefe me abraçou apertado, a responsável pelo financeiro (senhorinha, super mãe de todos) fez questão de que eu sentasse no colo dela pra ela fazer carinho na minha cabeça e dizer que ia passar, Airen praticamente me ninou durante uns 3 minutos, e até o chefe-dos-chefes, que tem fama de mau, me olhou com uma carinha de “calma, tudo vai dar certo”. Então imaginem o estado dessa que vos fala quando entrei na aula para fazer a atividade de fato.

Eu sou racional pra essas coisas, só pra deixar claro. Eu procuro me entregar bastante ao exercício, mas eu nunca surto. Eu achava lindo quem se matava de chorar e se atirava nas paredes durante os aquecimentos em Vamos Falar de Amor sem dizer Eu Te Amo, mas eu sempre ficava na angústia sutil. Dessa vez não. Dessa vez eu chorei pelo menos em 60% da aula.

Na parte dos medos o Hum foi gritando vários dos medos que tínhamos escrito nas folhas enquanto nós andávamos pelo escuro “sentindo” esses medos. Catarse total lembrar que estávamos em 9 pessoas correndo numa sala de olhos fechados enquanto ele gritava que estávamos cegos e nunca mais poderíamos ver nossos amigos, a cor de nossas cortinas, nossas fotos e nossa mãe. E os soluços desesperados quando o medo era o de ficar sozinho no mundo pra sempre? Agora, como ele mesmo disse ao fim da aula: Impressionante como quase todo mundo “matou a mãe” nos seus medos. Era geral: Todo mundo tinha um medo absurdo de perder a mãe.

E eu me contorci naquele chão berrando pra minha mãe não me deixar, enquanto ouvia urros de tudo quanto era lado da sala de pessoas desesperadas pedindo para as mães nunca partirem. E então eu também lembrei que na hora do passado, o que mais me fazia soluçar de chorar era me lembrar pequena, brincando com minhas primas, ou no colo da minha mãe.

Minha mãe reclama que eu nunca faço post pra ela no blog, nem no aniversário, nem no dia das mães, mas é porque eu acho muito difícil. Se declarar pra mãe parece muito piegas, e eu sempre me perco com as palavras. Porque eu sei que não dá pra quantificar o amor, mas se desse, minha mãe com certeza seria a dona da maior parte. Mãe, você provavelmente é a pessoa que eu mais amo no mundo.

Então que depois de velha a gente fica com vergonha de chorar no colo da mãe e vai chorar sozinha na cama, no chuveiro, ou no colo das amigas. Mas que eu passei a semana inteira querendo deitar no seu colo e chorar, ah, eu passei. Sem perguntas nem nada, só ficar ali, chorando, por 5 horas, se eu precisasse. E eu sei que você ia deixar, eu é que fico sem graça de pedir, porque isso, teoricamente, a gente faz aos 2, e não aos 20. Mas o melhor colo vai ser sempre o seu, mãe. Mesmo que você não entenda as dores. E pensar em perder o seu colo é uma dor tão absurda que eu sempre choro e penso em como seria bom se eu morresse antes, só pra não ter que passar por essa. Mas isso seria injusto com você, porque eu imagino que perder filho deva ser pior. Então tudo bem, vamos esquecer isso porque ninguém vai morrer, se Deus quiser. Mas é só pra você saber que eu nunca escrevo pra você no blog, mas na aula, por entre milhões de outros motivos, eu soquei o chão e chorei desesperada pedindo pra você não ir embora nunca.

Eu te amo, e perderia totalmente o fio da meada sem você, mesmo que eu viva tentando te fazer entender que nós não somos a mesma pessoa e eu que terei milhões de escolhas diferentes das tuas.

19 comentários:

  1. Amiga, apesar de você ter previsto que o meu mês favorito vai ser terrível, estou em estado de completa paixão por esse post. Acho que nunca senti tanto o teu coração num post quanto senti nesse. Sem amarras, sem medo de parecer frágil, apenas deixando as palavras surgirem. Foi tão sincero, tão bonito e tão real. E já sei porque você achou desorganizado. Aposto que você escreveu no ritmo do que te vinha à mente. E nossos pensamentos, meu bem, não são nada organizados. Me identifiquei com esse medo absurdo de perder a mãe. E acho que é aí que nós, seres humanos, nos sentimos mais perdidos na vida. É aí que realmente sentimos a dor de viver, apesar de existirem milhões de delícias na vida. Enfim, amei esse post. Amei, amei, amei. Parabéns por ter transformado seu desabafo em uma declaração de amor. E parabéns por não ter medo de deixar registrado tudo o que te doeu nessa semana. Porque isso, amiga, é coragem.

    TE AMO!

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  2. Analu do céu. No momento estou chorando porque esse texto me tocou profundamente. Geralmente todos os seus textos que falam sobre suas aventuras teatrais mexem comigo, mas esse superou tudo. Mãe é uma obra divina mesmo e fico pensando se um dia eu vou alcançar essa divindade toda quando me tornar mãe.
    Setembro está entre nuvens por aqui também, as coisas estão se mostrando mais difíceis do que eu pensava, mas graças aos céus que existe o colo de nossas mães. Por que será que estar entre os braços dessas mulheres parece ser o lugar mais seguro do mundo? rs
    Fique bem, Ana. Corra para os braços de sua mamãe, não sinta vergonha! hahah. Super beijo. <333

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  3. Meu amor de Analu, se eu pudesse eu teria corrido praí só pra te dar um abraço apertado.
    Mas às vezes a gente só precisa de colo de mãe mesmo. :)
    Eu te amo e espero que o resto do mês e o mês que vem e o resto do ano sejam muito muito felizes pra ti.
    Beijo. <3

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  4. Que texto. Fui lendo e senti vontade de chorar, porque estou me sentindo exatamente como você definiu. Mas também senti muita vontade de te colocar no colo e te deixar desabafar. Que texto maravilhoso. Sua mãe deve ter chorado mais do que nós duas. kkkkkkkkk

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  5. Você não tem ideia de como achei lindo esse teu texto. Sem brincadeira! Espero que a tinha Mônica tenha lido! Nunca te vi chorando desesperadamente assim e fiquei chateada em saber que foi justamente na semana em que eu tranquei o teatro e não fui te abraçar nenhum dia. E você estava precisando e não me avisou. Quando te vi sumida na máfia achei que era porque estava atolada de coisas, ledo engano. Meu coração partiu-se aqui, viu? Espero que você esteja melhor e caso não esteja que me avise para eu correr pro teu abraço, tá bom?
    Te amo <3

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  6. Analu, senti sua dor daqui, porque ela é tão minha! Não previa também uma declaração de amor pra sua mãe tão espontânea e linda que tenho certeza que ela vai ler isso e ver que valeu toda a espera. Esse texto tá lindo demais, mas eu trocaria ele muito facilmente por um cheio de alegria e paz no coração. Queria muito te botar no colo e arrancar de você todos os seus medos. Não se esqueça nunca da menina iluminada que você é e não deixa o medo escurecer a sua aura. Porque a sua, se não for rosa, é branca, cheia de luz.
    Te amo muito <3

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  7. Amiga, eu consigo entender perfeitamente o que essa semana deve ter sido para você. É sério. Crise existencial, onde a gente não sente tristeza, não sente alegria, não sente saudade, a gente simplesmente sente um nada que dói muito mais do que os anteriormente mencionados. Acredite, eu sei. Nesses dias, eu só quero saber de ouvir "Possibility", da Lykke Li, e "The Blower's Daughter", do Damien Rice. Tanto que, quando me perceberem ouvindo demais essas duas músicas, podem me ajudar. Ou só me deixarem quieta também. Sem perguntas.
    Ainda assim, posso te dar uma dica? Esses momentos são horríveis, mas o melhor deles é que eles passam. Sempre passam!
    E NÃO PENSE E NÃO FALE E NÃO ESCREVA sobre perder mãe, morrer antes e blá blá blá. Detesto esse assunto, porque pra mim isso não cola. As pessoas que se amam nesse tanto nunca, jamais morrem. Fim de papo.
    Manda um beijo pra tia Mônica e corre pro colo dela pra chorar até dormir, ou só pra dormir com um cafuné mesmo. Eu sei que ela vai adorar te mimar como se você tivesse 2, mesmo tendo 20.

    Te amo! Fique bem! <3

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  8. Nossa...existem fases na nossa vida assim mesmo, em que apenas existimos sem nada a mais. Mas até isso serve para se refletir.E eu também nunca postei aqui sobre minha mãe, não que eu lembre. Sempre é mais difícil com quem a gente toca mais...

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  9. Analu! Apareceu no blog! Mesmo não te conhecendo assim, tão bem, senti que esse desaparecimento por aqui não era por nada pois você se dedica total a esse seu cantinho!
    Esses dias estavam pesados para vocês e antes de você, para mim. Eu chorava também 60% do meu dia, me sentia triste, solitária e só foi curada com as minhas amigas e meus desabafos com a minha mãe.
    É como a Rafaela falou, esses dias sempre passam (e a gente achando que nunca ia acabar né?)! São dias horríveis, mas Deus faz isso com a gente por alguma coisa que nos espera.
    Coragem é a palavra chave!
    E esse texto lindo, tocante, é a prova viva que a qualquer momento voltamos a ser criança.... pode ser por qualquer coisa desde necessidade até por saudade.
    Amei o texto!
    Beijão!

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  10. Apenas lindo esse texto Analu. Como eu estava com saudade de um post novo aqui (você não sabe como eu fico feliz quando vejo um post novinho aqui). Linda declaração para a sua mãe (e melhoras para você). Beijos e continue escrevendo lindamente, hein? ♥

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  11. Às vezes invento de fazer teatro no meu quarto, em uma dessas vezes imaginei/interpretei ter perdido meus pais, foi uma dor tão grande e real, que não ousei fazer novamente.
    Melhoras pra você, Analu. :)

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  12. Para você: http://youtu.be/yJ0dii2ilf4

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  13. Ana Luísa,
    Ninguém mais do que eu sentiu com seu texto o vazio, a dor e a angústia pela qual passou com esse exercício. E você sabe o porquê. Ainda bem que foi um exercício, mas que fez com conseguisse dizer para sua mãe, todo o seu amor.
    Beijos

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  14. Cachinhos, cachinhos! Voe alto! Mas cuide do cuore!!!
    Beijoca carinhosa.

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  15. Falou e medo, a porra ficou séria. Meus, meu ano começou maravilhoso e agora tá um horror, mas é a vida. OREMOS. Gata, fico encantada pela sua paixão pela vida e por tudo o que você faz e escrver. ARRASA SEMPRE!

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  16. Filha, decididamente não sou boa com as palavras, com certeza não foi de mim que você as herdou. Nunca comentei em seu blog, apesar de lê-lo com frequência.
    Desse vez tive que enfrentar minha timidez e eis-me aqui falando desembestadamente, ou quem sabe sendo reticente. Digo isso porque não tenho palavras para expressar o quanto me emocionei ao ler esse post.
    Sei que sabes que meu colo, apesar de terem crescido, nunca deixará de ser seu e de sua irmã. Para as mães, os filhos nunca se tornam adultos, talvez seja a nossa grande virtude e ao mesmo tempo o nosso grande pecado.
    Dos medos, te direi o que supera qualquer um outro que exista, é o medo de perder um filho. quando se perde um filho, perde-se a essência da vida, perde-se o ar.
    Sei que somos muito diferentes, mas pode ser exatamente isso que nos torna tão iguais.
    Sem mais, te amo...

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  17. Que texto lindo. Não há nada mais sagrado nesse mundo que a nossa mãe. Melhor colo, melhor comida, melhor cheiro de banho.
    Me emocionei. Um beijo grande e voltarei mais vezes pq adorei essa canto aqui.

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  18. Tô em TPM e querendo o colo da minha mãe há 3 meses. Me julgue, eu chorei. Mais ainda com o comentário da tua mãe ali em cima (oi, tia Mônica!).

    Linda declaração, chefa.

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  19. O comentário da tua mãe quase conseguiu me tocar mais que o texto. Achei tão intenso, que quase (bem quase mesmo) me senti assistindo esse teatro, e vendo você, e compartilhando dessa dor que eu espero que a gente tenha daqui a uns 40 anos, porque é a dor certa, e que nunca, nunca, NUNCA, seja a nossa mãe a sentir essa dor.

    Emocionante!

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