Às vezes eu tenho certeza que em alguma das minhas vidas passadas eu fui torturada em época de ditadura. Talvez só isso explique o verdadeiro horror que eu tenho quando preciso lidar com situações meio ditatoriais, mesmo na ficção. Eu fico fora de mim, porque eu simplesmente não consigo entender como diabos uma pessoa consegue exercer um poder tão absurdo sobre um monte de outras.
Eu tive um professor no segundo ano de faculdade que era assim. Ele era cruel. Tirano. Criava regras absurdas e humilhava aluno em sala de aula. Uma vez eu virei as costas e saí chorando e ele me fez voltar pra me ver chorar olhando pra ele. Conforme o ano ia passando a gente foi descobrindo que não só ele mandava na gente, com mandava praticamente na universidade inteira, isso sem contar que ele vivia destratando os funcionários. Gente. Alguém faz o favor de me explicar como diabos um ser humano qualquer consegue ter esse poder? De sair “dominando” as pessoas? Eu não sei explicar. Mas sou uma péssima revolucionária, e o máximo que fazia era dar soco na carteira, ter dor de cabeça e morrer de xingar o cara – longe dos olhos dele, claro, porque quando ele aparecia na minha frente eu engolia seco e falava: – Pois não, Senhor.
Essas situações me deixam, repito, completamente fora de mim. Quando eu tinha meus 11 anos, foi lançado Harry Potter e a Ordem da Fênix, e com ele, Dolores Umbridge. E eu sempre faço questão de falar pra todo mundo, em qualquer discussão sobre Harry Potter, que pra mim, Voldemort não chega aos pés de Umbridge. Ela, sim, pra mim, foi a pior vilã da série inteira. Porque ela conseguia tudo o que ela queria. Fazia o mundo girar em torno dela. Transformou Hogwarts em uma ditadura gigante, onde os alunos nem podiam andar em grupos maiores de 5 pois isso teoricamente configurava um conjunto revolucionário. Pregava atos inquisitoriais nas paredes. Aplicava castigos completamente absurdos em quem andava fora da linha. E esse, dos 7, foi de longe o livro que mais me incomodou. A ponto de eu fechar pra dar uns socos na capa, de tanto ódio. Eu simplesmente não consigo entender como uma pessoa consegue ter tanto poder sobre um grupo gigante.
Outro caso é o de Jogos Vorazes, uma distopia fantástica e muito da bem criada, mas extremamente agoniante. Como assim, gente. Como assim 12 distritos cheios de pessoas conseguiram, por mais de 70 anos, ser dominados por UMA capital? Mais de 70 anos e os distritos entregando seus adolescentes para lutarem até a morte em uma arena, para a capital provar, com isso, que a revolução jamais seria um caminho. OI? Entregar um filho adolescente pra LUTAR ATÉ MORRER para se SUBMETER a alguma lei absurda que um grupo muito menor de pessoas criou? Eu me explodo de ódio, sem brincadeira.
E se eu fico assim em casos de ficção, nem me perguntem o que se passa pela minha cabeça quando alguém fala em Nazismo. Vide minha loucura quando lembro de Olga, presa, separada do amor e da filha, e morta em uma cabine de gás só porque UM CARA decidiu que judeus eram do mal. Não. Eu nunca vou me conformar.
Eu não sou uma das pessoas mais corajosas desse mundo. Mas se tem uma coisa da qual eu tenho verdadeiro pavor é da tal da ditadura (e da censura, que vem no pacote).
Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome.
Arrasou no post, amiga! Compartilho do seu pavor e do ódio pelas ditaduras. Mesmo as ficcionais, claro. Ordem da Fênix foi o livro que mais me aborreceu também, acho que é meu menos favorito por culpa da vaca da Umbridge. Que ódio eu senti daquela mulher mandando o Harry escrever que não devia contar mentiras com aquela caneta maléfica. Mal amada torturadora! Ai, que raiva. Também me irritei com a Capital assistindo Hunger Games, mas nada parecido com o ódio provocado pela ditadora do laço rosa ¬¬
ResponderExcluirBeijos!
Eu sempre quis ser o mestre da ditadura, mas uma ditadura positiva, queria inventar uma dessas, rs. Mas, concordo contigo sobre a Umbridge e sei bem o que são professores que nos fazem chorar! O texto nem ficou ruim!
ResponderExcluir<3
Na UFpa tinha um professor de química que andava ARMADO na universidade. Tipo, todo mundo se pelava de medo dele,e o cara tinha autonomia p/ fazer o que ele quisesse. As vezes não dá mesmo p/ entender como as coisas chegam a esse ponto. E Dolore Umbridge é uma megera que quase me fez desistir de ler o 5ºlivro.
ResponderExcluirBeijos, Nalu!
BELO TEXTO pra variar né... <3
ResponderExcluirGuria, que texto!
ResponderExcluirTenho horror a qualquer tipo de ditadura também, a diferença é que sou do tipo revolucionária e estou sempre lutando por alguma causa... vai entender. Mas que esse tipo de coisa agonia e causa revolta, agonia mesmo.
Beijo!
Ahh, Ana! Tô com você! A frase da Clarice no final resume tudo. Eu tinha um professor meio parecido na faculdade. Tenho ódio dele até hoje.
ResponderExcluirNão sei porque odiou o texto. Ficou ótimo!
Também não conseguiria, não consigo. Assim como saber que uma minoria que tem dinheiro comanda sobre a maioria mais empobrecida. São ideias que não descem mesmo.
ResponderExcluirGostei do teu texto sua linda, e teu blog segue sempre um amor, bem bonitinho ;)
beijão
Tive alguns professores durante a faculdade com essas características, mas o pior não eram os professores e sim alguns alunos na sala com essas mesmas capacidades. Tive alguns atritos existenciais com alguns. Abomino, simplesmente isso. E ainda tem gente que compara isso com a capacidade de ser um bom lider =//
ResponderExcluirBeijo
Tenso isso aí de vilão, né? Umbridge destruiu o livro pra mim. Eu ficava com tanta raiva que tinha que parar a leitura [mas sem socos na capa] e quando saiu o filme eu me peguei fechando a mão de tanta raiva das cenas que ela aparecia.
ResponderExcluirMas se a raiva foi grande, o que falar da ALEGRIA quando ela se ferrou, hein? HAHAHA. Toma, puta! [desculpa o palavreado].
Tenho pavor a vilões. E esses do mundo moderno [lê-se: políticos] são os que mais tem me assustado.
Beijo Amor de Analu.
Ana, meu anjo,
ResponderExcluirminha família é composta por sobreviventes da Segunda Guerra e também da ditadura militar no Brasil. Imagine o que são as reuniões de família aqui em casa, relembrando esses momentos tristes, mas sempre fazendo questão de dizer que "muitos morreram, mas o massacre não ocorrerá novamente" e eu me pergunto: até quando?
Quanto a ficção, há um lado bom nisso tudo ser mostrado: Jogos Vorazes é de fato um filme agoniante (não sei do livro porque ainda não o li), mas a existência dessa história na ficção me deixa completamente aliviada dela não servir de exemplo para o que vivemos. Ela serve como crítica. Uma crítica social das boas. E de como a ditadura imposta nunca funciona verdadeiramente. Não somos servos.
Abraços.
Também não me conformo com a ditatura e a censura, com toda certeza isso é revoltande, certas leis e regras são absurdas tirando a liberdade dos outros. Eu sou como vc nesse ponto, fico me perguntando como uma pessoa consegue ter essa influencia sobre as outras? E vilões existe muitos e em varias situações, infelizmente :(. Beijos!!
ResponderExcluirAmiga, eu não consigo me imaginar vivendo numa ditadura, mas, se eu puder ser sincera aqui, posso só falar que até que gostei de estudar esse assunto? Porque, cara, tem muita merda no nosso país que deveria ser resolvida. E, querendo ou não, os militares resolveram isso. Não sou a favor da censura e da opressão absurda que eles fizeram, jamais seria. Porém, não dá pra negar as melhorias em áreas como saúde e educação. Eu vivo querendo que essas coisas aconteçam novamente, só pra dar uma "arrumada na casa", principalmente lá em Brasília.
ResponderExcluirMas, a Umbridge é bizarrinha mesmo... E a Capital, vish!
Beijos!
Eu acho ditaduras tão surreais, sabe? Graças a Deus nunca vivi em uma e espero jamais passar por uma situação em que elas se tornem palpáveis pra mim, mas sei que acho surreal. Exatamente pelos motivos que você falou: não é louquíssimo pensar que uma só pessoa pode arquitetar uma merda tão enorme que o resultado seja esses que hoje nós infelizmente conhecemos? E pior: uma pessoa não trabalha sozinha. Existe sempre uma personificação do totalitarismo, até mesmo pelo sentido de unidade, mas as pessoas, de um jeito ou de outro, corroboram pr'aquilo. Isso é que me deixa sem chão. Não gosto nem de pensar.
ResponderExcluirBeijos, Bananinha <3
Minha Flor, acho que para as pessoas que são muito cheias de vida como você (nós, e as pessoas que a gente mais ama, que são como nós), o maior medo é ter que se calar, não poder se expressar, não poder falar, dizer o que sente, fazer o que tem vontade. Tolher a liberdade de alguém é um CRIME HEDIONDO. Tirar a vida de alguém é um crime hediondo. Dizimar pessoas, é um crime hediondo. Seja pra onde aquele SER tenha ido (não gosto nem de dizer o nome dele), com certeza, ele NUNCA estará em paz.
ResponderExcluirPrecisamos usar nossas artes e nossa sensibilidade para LUTAR, do jeito que a gente sabe, para que isso não volte a acontecer. Eu também não sou uma revolucionária. Mas aquele texto que você leu e gostou, no meu blog, é uma das maneiras que eu encontrei de gritar as coisas que me fazem sofrer pela humanidade. Você já está fazendo o mesmo.
Um beijo com carinho.