quarta-feira, 6 de junho de 2012

Batom vermelho, o tabu.

Oi, meu nome é Ana Luísa e minha boca é grande. Desde pequena que minhas tias olhavam pra mim recitando a piada do pobre compadre jacaré, que não poderia ir à festa do céu porque tinha a boca grande demais. Eu vejo minhas fotos de neném e morro de rir: Certamente, a boca já era do tamanho atual. A criança cresceu em volta.

Então eu tenho a boca grande, é isso. Sendo assim, eu aprendi a vida toda que eu tinha que disfarçar a coitadinha. Festa de casamento, balada, baile de formatura? Maquiador, realça os olhos e dá um jeito de sumir com essa boca! E lá ia eu, saltitante, com delineador, sombra, 2 quilos de rímel, e um batonzinho bem do básico. Os olhos aumentavam, a boca ficava menorzinha, e eu ficava contente.

Mas a gente sempre guarda umas vontades da infância dentro da gente. E quando eu era mais novinha e não entendia nada sobre tamanhos de boca, meu sonho era passar batom vermelho. É óbvio que minha mãe não deixava. E quando eu cheguei na idade onde eu poderia decidir sozinha a cor do meu batom, eu já tinha encafifado que a pobre da minha boca grande jamais poderia ser pintada de vermelho, e assim era a vida.

Até que uma vez eu brinquei de Marilyn Monroe na aula de maquiagem e o professor tacou um vermelhão naquela boca. Meu racional ficava gritando: Tire isso daí que está ridículo! Mas no fundo eu tinha gostado de olhar no espelho. Uma outra vez, para se vestir de rockeira em um LipDub, minhas amigas tacaram um vermelho na minha boca e eu fiquei com a mesma sensação: “Preciso tirar essa coisa logo mas até que está bonitinho”. Em uma outra tarde comum, minhas amigas de teatro decidiram fazer um motim do batom vermelho. Eu fingi que passei. Enquanto elas abusaram do vermelhão eu passei de leve, e deixei só vermelhinho. Mas a pulguinha da vontade já estava enorme atrás da orelha.

Aí, numa inocente quarta-feira, uma colega que vende AVON veio empurrar a revistinha pra cima de mim, e eu comecei a folhear com a maior falta de espírito do mundo. Até que achei. Um batom vermelho chamado maçã-do-amor. E custando 6 reais. Sim, porque gente. Eu não ia me arriscar de cara num Make B. da Boticário e gastar meu rico dinheirinho num batom vermelho pra deixar encostado no armário. Comprei o batom.

Na sexta-feira, dia de balada marcada para comemorar o aniversário da amiga, peguei o batom. Abri, olhei a cor, e ri na minha própria cara: “Ana Luísa, você é uma fraude! Comprou esse batom só pra fazer graça. Nunca vai ter coragem de usar”.

E eu vim pra casa com 3 amigas e o batom na mão. É claro que a primeira parte das festas sempre começa aqui no meu quarto, onde todas nós nos arrumamos juntas, jogando 1928193 roupas no chão, testando 102813 pares de sapato, trocando perfumes, decidindo brincos e ouvindo música na maior altura mesmo depois das 22h. E então, já vestida, pronta pra cair no sertanejo, com vestido de renda, bota, unhas douradas e rímel, segurei na mão o meu rosinha brilhante de sempre e o tal do batom vermelho. Já estava prestes a amarelar, mas a Letícia falou logo: “Então me empresta isso aí que se você não tem coragem uso eu”. Ah, agora tinha virado questão de honra. Eu comprei o batom vermelho e eu ia usar. Passei. Bem de leve. Ficou um vermelho escondido, eu achei bonitinho, e passei o batom pra Letícia. Que passou bem forte. E pra Rafaela, que fez a mesma coisa. E então eu olhei pra cara das duas, mais novas que eu, e decidi que se elas podiam eu também podia e não ia ser uma boca grande que ia me impedir. Passei a mão no tal do maçã-do-amor e tasquei na minha boca. Não olhei muito no espelho pra não me arrepender. Já no carro, peguei o celular na mão e resolvi tirar uma foto inocente, usando o retrovisor do carro pra guiar a câmera. Afinal de contas, eu ainda não passei dos 15 e desde que escutei “Velha e Louca” da Mallu Magalhães que estou morrendo de vontade de postar uma foto com a legenda: “Que hoje eu passei batom vermelho”. E assim eu fiz. Tirei a foto, postei, e caí no sertanejo.

Quando voltei pra casa, às quase 6h da manhã, depois de ter dançando horrores e voltado pra casa sem batom nenhum porque eu também sou filha de Deus, passei o removedor nos olhos, escovei os dentes, me atirei na cama e fui dar aquela facebookeada básica antes de apagar os olhos. 34 pessoas tinham curtido a tal da foto. Tive que me render. Acho que o tal do batom vermelho, no fim das contas, funciona. Até na minha boca grande.

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Se a Angelina pode, eu também posso.

11 comentários:

  1. Prepare-se para um comentário lésbico:
    Eu sempre achei tua boca linda! Quando você se maquiou de Marilyn ficou a coisa MAIS LINDA DO MUNDO e olha, tu devia apostar mais nisso e se jogar MESMO, porque tu fica gatíssima, altamente diva etc e tal, ouviu? Ouviu bem??? E mais, tua boca não é aquele grande desproporcional, ela encaixa direitinho no teu rosto e faz com que ele seja angelical, diabólico e altamente lindo não importa a situação. Nunca se esqueça: você é LIN-DA.
    <3

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  2. Aninha,
    eu também tenho bocão, bem carnudo, desde pequena. Só não sou Jolie porque não é uma coisa evidente no meu rosto, mas enfim...
    Como eu disse lá no blog da Mayra, eu amo batom vermelho, apesar de estar na fase dos alaranjados. E não tenho tabu. Gosto muito dessa cor por influências latino-americanas e também francesas. Vermelho é minha cor para todas as estações.
    Mil beijos avermelhados!

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  3. Ah eu acho bonito quem tem a boca grande e - não sei se sou extravagante - se tivesse uma boca grande passaria batom escuro sim, hahaha.

    Garota de All Star

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  4. Ah, Ana, ainda bem que você se rendeu ao batom vermelho, pois além de você ter ficado linda, rendeu um ótimo texto :D.

    Fiquei com vontade de comprar um batom vermelhão também!

    Beijinho

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  5. Aah, mas tua boca é linda :)
    E teu texto maravilhoso!

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  6. Que texto mais gostoso de se ler! Ah vai, o batom vermelho ficou lindo em você, então nada de deixá-lo mofando *.*

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  7. Acho que o batom vermelho é uma das coisas que difere uma mulher (ou menina) decidida de outra insegura porque, olha, tem que ter muita coragem e ousadia pra usar o tal batom.

    Confesso que MORRO de vergonha de passar batom vermelho e quando o passo, vou tratando de tirar o excesso com o papel higiênico. Sou espalhafatosa no meu jeito, mas no meu visual prefiro uma coisa menos chamativa. E minha boca é pequena, também tenho meus dilemas do que cai bem ou não. Enfim, um dia espero ter sua coragem, Ana. :)

    Beijos!

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  8. Ai, amiga, acho que vai demorar uns tempos pra eu criar coragem de sair por aí divando na cara da sociedade! Sou muuuuito idiota e acho que as pessoas vão me achar a cara da Noiva Cadáver! Mas um dia eu escrevo um post assim, anote isso!

    E, CLARO, que você ficou linda e devia dormir e acordar de batom vermelho pelo resto dos seus dias.

    <3

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  9. ORGULHO <3
    Fico muito feliz quando vejo as amigas se libertando das paranoias de boca grande e medo de arrasar pra finalmente se jogar nos braços do batom vermelho. Eu também tinha muita neura com minha boca e morria de insegurança ao mesmo tempo que tinha uma vontade enorme de usar.
    Acho que você deveria adotar o visual pra vida, porque ficou toda linda e cheia de poder. <3

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  10. Ana Luísa,
    Desde aquela noite de 14/04/1992, em que vi você pela primeira veez, fiquei encantada com sua beleza. Mesmo que todos zoassem com sua boca, quando bebê, eu a achava linda.
    Como comentei no facebook, você ficou linda. Use, ouse e abuse do batom vermelho.
    Beijos.

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  11. 1 - "ouvindo música na maior altura mesmo depois das 22h."
    2 - "depois de ter dançando horrores e voltado pra casa sem batom nenhum"

    conte-me mais da sua rebeldia....HAAHHAAHAHHAAHAHHA =P eeeee lorinhaa caindo na gandaiaa, aí simmmmm...=D

    e cá entre nós um role sertanejo sempre é um dos melhores....=D

    alias, falando nisso, quando for pra curitiba precisamos fazer um role sertanejo heinnn *__* hahahahaha com direito a pipoca com bacon pra matar aquela larica de final de balada...AHAHAHAHAHA

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