quinta-feira, 7 de junho de 2012

Antes não doesse…

Os sentimentos. Eles mesmos, sabem. Aqueles que fazem um milhão de reviravoltas na nossa simples rotina diária. Aquele nervoso que faz gelar o estômago. A felicidade que faz encher o peito. A emoção que faz arderem (de forma bela) os olhos. E aqueles que fazem cortar o peito, como ciúmes, saudade e amor.

É isso mesmo. Depois de bancar a cara-de-pau e vir contrariar Sartre publicamente em pleno novembro, hoje, essa que vos fala, resolveu contrariar Camões. Porque, gente. Necessário. E não. Eu não estou sofrendo por amor. Porque se eu estivesse, ah, se eu estivesse, esse post sairia muito mais dolorido e rabugento.

A questão é que Camões foi lá e escreveu aquele poema maravilhosamente clichê, que todo mundo conhece, e que eu sempre suspiro só de lembrar dos versos. Porque amor é fogo que arde sem se ver. É contentamento descontente. É um não querer mais que bem querer, e sim, é querer estar preso por vontade. Agora. Não é dor que desatina sem doer. O amor definitivamente não é dor que desatina sem doer.

Dói, Camões. Dói. Dói de uma forma que não dá pra explicar. Dói de um jeito que te faz pensar e respirar fundo pelo menos umas 3 vezes antes de levantar da cama para mais um dia. Dói enquanto a gente rola no travesseiro madrugada a fora, momento onde se torna ainda mais insuportável e a gente jura por qualquer coisa que preferia uma enxaqueca. Pois no caso da enxaqueca, alguns comprimidos iriam resolver.

O amor dói sim. Quando é correspondido, dói a saudade da madrugada interminavelmente distante. Quando não correspondido, dói o desespero da falta do abraço verdadeiro. Tá bom, que o correspondido dói quilos a menos, e junto com a dor tem aquele calor aquecendo e acalmando. Mas quanto ao não correspondido, ah, gente. Dói e pronto! Parece que parte o peito ao meio, que nem mil sopros ou mil band-aids resolveriam. Sabemos que o remédio é o tempo, mas ao mesmo tempo parece que o tempo nunca passa e que nós acabamos náufragos dessa ilha de minutos doloridos que parecem infinitos.

A boa notícia? Um belo dia passa. Sem que percebamos. A gente acorda, e, de repente, vê que não está doendo. Sim, pode ser apenas uma oscilação momentânea. Pode voltar a doer em 1 dia ou 2. Mas entre idas e vindas, uma hora, não dói. Mas nem dá pra se animar: Esse tempinho de refresco são somente férias. Se você der sorte, de verão. Se não, de julho mesmo, das bem curtinhas. Mas nunca passam de férias. Porque assim que você se cura de uma, lá aparece o amor de novo, pra fazer tudo doer de volta. E aí, como diz uma amiga minha, só nos resta pedir pra ser recíproco, pelo amor de Deus!

E isso tudo foi só pra dizer que, mesmo com todos os meus suspiros e saltitos ao lembrar de cada centímetro do famoso poema de Camões, eu sempre vou franzir a testa ao lembrar do tal do trecho citado: “É dor que desatina sem doer?” Francamente, Camões! Sem doer? Sei que você quis dizer que a dor é metafórica, coisa de nossa cabeça, e que, fisicamente, não está ali. E racionalmente, até dá pra pensar que ela não está ali. Mas não tem como se pensar racionalmente falando de amor. Então, sendo assim, eu friso: Dói, Camões. O amor é dor que desatina e dói.

7

DÓI.

12 comentários:

  1. Eu super concordo, com você, e super discordo, do Camões. Acho que dói sim, e digo mais, se não doer é porque não é de verdade.
    E olha, digo mais: dói sim, mas em se tratando de amor, é sempre uma dor necessária e que depois faz bem. Explico: a gente nunca sai de um amor, correspondido ou não, da mesma forma que entrou nele. E se formos espertas (o que sei que você é e o que eu espero que eu seja), iremos absorver aquilo que a gente aprendeu e assim crescer. Crescer dói pra caramba mas é necessário, assim como amar.
    Com dorzinha é mais gostoso.
    beijitos

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  2. Poxa, é verdade. Apesar de ficar lindo no contexto do poema - amo esse poema e nem acho clichê! - a verdade é que a dor desatina e dói mesmo. E a dor até varia. Às vezes é aguda e intercala com o cair das lágrimas. E às vezes parece que cria um buraco no estômago. Quer saber? Dor de amor é física, sim.

    Beijinho =*

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  3. Ai, amiga. O amor. Tanto falamos dele, mas as vezes me pergunto se realmente o conhecemos bem. Acho que não. De qualquer forma... Todas as frases da Tati Bernardi sempre fizeram muito sentido pra mim, menos uma: "o amor é uma doença, eu sinto dores, náuseas, etc", não lembro bem. Eu não acreditava até sentir tudo isso. Até sentir a dor física que a dor sentimental pode trazer. Mas se não conhecessemos a dor, como saberíamos a delícia do amor? Te amo, sua linda!

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  4. Concordo, até essa metáfora de Camões não faz sentido. Todos os meus amores não são correspondidos e dói sim. Dói porque você sabe o que sente mas não pode tornar os seus desejos realidade, não pode fazer com que o outro lhe ame, afinal, o amor puro é aquele sentimento que vai acontecendo sem nem sentir.

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  5. Sempre usei dor para sinônimo de amor e para todos os tipos de amores, os correspondidos, os não correspondidos, os platônicos......... essa dorzinha psicológica que mexe com o ego de qualquer pessoa é tão complicada quanto tentar entende-la, e mais complicado ainda é ~tentar~ entender a gente que sempre tem uma pontinha dela, né não?


    Beijo

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  6. "se me dices no yo me parto en dos, prefiero decirte adios." jesse y joy

    lindo seu texto. E como dói não?! É como uma droga que somos dependentes.

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  7. Perfeito, Ana!!! Sem palavras....pq é perfeito!! Falou tudo!

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  8. Belo post! Tu tens facilidade de expressar o seu raciocínio.

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  9. Mas você tá boa pra me fazer ouvir Legião, hein, Naluísa?! E, eu preciso dizer, passei uns 3 dias querendo escrever sobre Monte Castelo, mas você foi mais rápida e mais eficiente do que eu. Lindo, lindo, lindo! Amei! Dói, dói pra caramba. E dói também quando a gente não tem quem amar. Que vidinha complicada, né?! Pff... :(

    Bisous bisous, amo você! <3

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  10. Mesmo metaforicamente, o amor dói sim! Ele não é invenção da nossa cabeça não! Minha cabeça dói, meu peito dói, sinto meu coração se desmanchando dentro de mim. Camões nunca sofreu de amor, só pode.
    Beijos ami.

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  11. Eu acho legal a metáfora de Camões poxa vida... Ele diz que o amor é dor que desatina sem doer, é ferida que dói e não se sente, é contentamento descontente etc, mas assim, ele sabe que o amor dói, não nega isso. Só está tentando dizer que é uma dor psicológica, no caso, que você pode morrer sofrendo por amor, mas se for a um médico e ele fizer uma análise clínica da sua pessoa dirá que está tudo bem, porque a dor de amor não é palpável, ela dói só para você e dói diferente para cada pessoa, é só isso que ele fala, que a dor de amor não é física, mas é tão loucamente forte que parece. E eu não consigo ler esse poema sem ouvir Renato Russo balbuciando-o em meu ouvido. Não dá.
    Mas olha... a dor de amor passa do nada mesmo e é esquisito, eu sou masoquista e toda vez que passa fico louca atrás de outra dor que possa substituí-la. Dói mas é bom. É loucamente bom.
    E enfim, ainda acho que o poema de Camões e o famoso soneto da fidelidade de Vinícius são os textos mais perfeitos sobre essa coisa bizarra e maravilinda chamada de amor.
    Sei que não é a mesma coisa, nem suficiente e que meus abraços sinceros nem chegam aos pés de um abraço sincero do famoso amor platônico, mas bem, para todos os momentos, estou aqui, eu te amo. <3

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  12. Dói, e concordo, não desatina sem doer, mas não prefiro enxaqueca à essa dor, não no meu caso, porque de enxaqueca eu já tenho de sobra, e sabe? A dor do amor até faz parte, dói, mas faz parte. Faz parte pra quando um, no caso amor correspondido vier, saber sentir a felicidade que toda aquela dor do não correspondido te trouxe.
    Então... ou nova por aqui em seu blog, e adorei a forma como você escreveu, tem gente que tem capacidade de te prender do começo ao fim em uma postagem, é "mal" de quem faz jornalismo neh? Porque a Taryne é outra!!
    Enfim, sempre que poder estarei por aqui!! Beijoos

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