terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ode ao portão azul.

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Na verdade, é uma ode ao mundo que fica ali, atrás daquele portão azul. Mas ele é como se fosse o “portal”, então nada melhor do que deixá-lo no título.

O portão azul parece um simples conjuntos de… barrinhas azuis com pontinhas que espetam. Mas ele é muito mais do que isso. Ele separa o mundo todo do meu paraíso particular: A casa da minha avó.

Desde que eu me conheço por gente, aquele portão é azul. E eu lembro de pensar, desde pequeninha, que o nosso portão era muito mais legal que o portão cinza da vizinha (Oi, Iracema!). Porque assim, todo mundo pode ter um portão cinza. Mas o da minha avó é azul.

Além de ser azul, ele abre. Ele abre o MEU mundo. Quando eu era criança, eu chegava de Vitória, sentava no chão da sala e ficava olhando em volta e me beliscando, pra saber se era verdade que eu estava mesmo ali, na casa da vovó. E olha que Vitória era pertinho! Depois que eu mudei pra longe então, quando eu estava lá eu nem acreditava que o dia de estar ali tinha chegado. Eu cresci. Cresci e não me belisco mais por está ali. Não fico olhando em volta e tocando nas paredes para ter certeza de que eu estou ali. Nem brinco de Felicidade Clandestina, fechando os olhos e fingindo que estou em casa, para então abrí-los e “descobrir” que eu estou na casa da vovó. Mas a casa da vovó continua sendo a casa da vovó. E eu continuo sentindo um arrepio gostoso quando cruzo aquele portão e piso naquela varanda de ladrilhos retangulares.

Quando eu era criança, eu gostava de me pendurar no começo do portão e chegar até o outro lado sem cair. Também gostava de me pendurar na porta dele, e ficar balançando, o que deixava meu avô irritado. Mas TODOS nós tivemos a fase de nos pendurarmos na porta. E eu confesso que até hoje quando eu fico parada muito tempo perto dali fico com vontade de me pendurar para balançar.

Também já prendi meu dedo nele, e entrei em casa chorando e pedindo pra mamãe colocar gelo. MUITOS de nós também prenderam o dedinho na porta, pelo menos uma vez. 

O portão também já foi pseudo-rede-de-vôlei. Lembro do João Gabriel de um lado e Matheus do outro, jogando bola. Já tentei brincar disso com o Daniel, mas eu nunca conseguia segurar a bola.

Lembro das fases onde o portão ficava amarrado em cima, para as crianças pequenas não conseguirem abrir. Não que hoje não tenha mais criança, porque sempre tem. Mas é que antes tinha mais criança que adulto, e aí eles tinham os seus meios de nos impedir de fugir. Lembro também da minha felicidade quando eu consegui, na pontinha dos pés, alcançar essa tranca improvisada e abrir o portão. Era quase o ápice da independência abrir a tranca do portão sozinha!

Eu amo a casa da minha avó, e com certeza, chutando baixo, 90% das minhas melhores memórias de infância foram vividas naquela casa. E todo final de ano, quando eu vou pra lá e redescubro tudo o que tem lá dentro, eu tenho vontade de ajoelhar e agradecer a Deus por ter me dado tudo isso de presente. Alguma coisa de muito bom nessa vida eu fiz, pra ganhar a casa da vovó e todas as pessoas  que vieram dentro dela.

Por isso a minha ODE vai para o portão azul! O portão azul que dificilmente fecha, mas sempre abre. (Menos para as crianças que querem fugir sem ter idade para isso.)

29 comentários:

  1. Casa de vó me lembra casa do meu avô. Claro, lembra minha avó também, mas como ela sempre morou em prédio e nunca me deixou brincar no parquinho, não gosto muito de lembrar disso. Ah, mas a casa do meu avô também tem um portão azul, e também é cheio de crianças, até hoje. Porque pra mim, meus primos vão continuar sendo crianças.. Mesmo eles sendo 4 anos mais novos que eu, e mais altos (o que não é tão difícil assim, né.) Portão azul me lembra família, que me lembra felicidade, que me lembra amor e união. *-* Sua linda, amei o texto (:

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  2. Sim! Um muitas portão azul pode mesmo guardar muitas memórias, ainda mais as da infância. Vida longa ao portão azul e que os teus bisnetos tenham oportunidade de conhecê-lo também. :)

    Beijos!

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  3. Ai que texto legal! Essas lembranças causadas por coisas mínimas são tão lindas! Acredito ter sido um ode muito bem merecido, viu?
    Quero ver o que vai ser o meu ode hehehe
    Fiquei imaginando voce pequenininha tentando fugir de casa haha e brincar de felicidade clandestina num caso desses seria bem vindo, viu?
    Beijos Analuzinha linda <3

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  4. Tem lugares que são especiais desde que conseguimos nos lembrar, e vão sempre continuar sendo. Os lugares que eu cresci não são mais os meus, mas vão sempre ser especiais.
    Achei seu portão azul o máximo!
    Beijos

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  5. Ia escrever o nome e saiu Garu... Eu te entendo...
    Enfim, acho que todos temos o "portão azul", que é a nossa mais doce lembrança da infância, da felicidade simples. Eu tinha dois "portões azuis" o primeiro é la no interior, antes eu ia todos os finais de semana, mas só virava "portão azul" quando juntava tantos primocos que mal cabia gente dentro do chalé. O segundo "portão azul" era o meu apartamento, quando juntava toda essa galera antes de irmos para o chalé no interior, e como sempre, mal cabiamos. O mais legal é que por maior que seja o espaço, quando junta o povo todo, não sobra espaço, na verdade até falta. Mas, ainda assim, é muito melhor...

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  6. Casa de vó é uma coisa inexplicável, mesmo!
    Lembro de uma vez, quando eu era pequena, que meu vô decidiu pintar a casa e pediu pra eu escolher a cor, duas semana depois a casa estava rosa! :D

    Beijo

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  7. Coisa mais linda! Casa da vovó é uma delícia, e eu também me sentia muito independente quando conseguia abrir portões assim! HAHAHAHA, Linda a sua ode, ana! Beijos :*

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  8. Casa de avó, para mim, é sempre sinônimo de doçura e boas lembranças! *--*

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  9. Essa sensação de chegar na casa da vó eu nunca tive, porque minha vó é minha vizinha. Mas lá também sempre foi meu paraíso. Minha vó é uma senhora muito fechada, nunca foi uma daquela velhinhas de comercial, mas a casa dela tem aquele cheirinho de vó e sempre tem um abraço bom envolvido. É mesmo tudo de bom *-*
    :*

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  10. Me leva pra casa da sua avó? AHAHA
    sério, seu texto me envolveu tanto que tive a sensação de estar lá... que delícia!

    Um beijo

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  11. Quanto amor Lu! *-----*
    LInda linda linda tua Ode e faço das palavras da Rafa as minhas, sortuda és tu por ter uma vó que tem um portão azul <3

    A minha já se foi faz tanto tempo que nem me lembro mais. Também quando meu avô se foi nunca mais pisei na casa deles )':

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  12. Fiquei com invejinha desse portão azul, porque, né, vai dizer. ^^

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  13. Ah, que graça! Quando eu era pequenininha, minha avó também morava numa casa com um portão azul! Daí depois ela se mudou pra apartamento e tudo o mais... Mas, casa de vó é SEMPRE casa de vó, não importa muito qual, ao menos pra mim. É sempre aquela sensaçãozinha gostooooosa... haha :)

    Beijos, Analu!

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  14. Casa de avó é sempre um lugar mágico, situado um outro mundo, entre o Mundo do Faz de Conta e o Paraíso, tendo um pouco de cada lado. Também tive muitas aventuras e brincadeiras nas casas das minhas avós, não chegam a ser 90% das minhas lembranças, como no seu caso, mas uns 40% devem ser.
    Avós são personagens místicas que aparecem nas nossas vidas e as encantam da forma mais encantadora possível (nossa, que redundância...) e tornam nossas vidas mais alegres e vívidas. Um brinde às avós!

    Beijos, Aninha. E por que não, beijos pra sua avózinha da casa do portão azul

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  15. Hey Ana!!
    Fiquei MUITO feliz com seu carinho, e seu comentário não menos querido pra mim hahaha
    Acho que nunca é demais conhecer pessoas boas que podem te deixar feliz com coisas simples :))

    E falando em simples felicidade, veja só seu post! Acho que uma vez mais quase todos podem ler esse texto e começar a pensar no mundo que viveu atrás do portão da própria avó! E isso é bem emocionante, dependendo das memórias!
    E pelo menos por minha parte eu tenho as melhores possíveis! Tanta coisa...
    Há 9 anos meus avôs se mudaram. E parte da minha infância ficou pra trás numa casa que hoje é habitada por um estranho :( MAAAS... acho que você vai sentir minha alegria ao saber que, esse ano mesmo, meus avôs anunciaram que estão com planos de se mudar de volta pra lá!!
    Você deve imaginar a minha emoção e a de meu primo, 3 anos mais novo que eu, que tbm viveu muito lá dentro! hahaha

    Analu, um beijo, até mais! ^^
    Continue vivendo a vida como nos palcos, com paixão :))
    (sim, eu tbm fiz teatro)

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  16. Ai, que amor de post! Seu texto me fez lembrar da casa da minha avó e da parede sempre cheia de joaninhas que eu adorava contar .__. Eu não acho que você tenha crescido amiga ;) Prova disso é se encantar tanto com algo que seria banal para os adultos,seu querido portão azul.
    Beijo!

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  17. este portão tem realmente muitas histórias, e o vovô com certeza ja brigou com muitos de seus netos que la se penduraram, mas você esqueceu de um fato muito importante desse portão, a vez que o tio Eraldo pediu para você abrir o tal portão porque tava calo e ele queria o vento, e você como pequena criança foi la e abriu, ate que ele te faz muita raiva e você saiu correndo para fechar e ainda falo "agora vai ficar com calor também", rsrsrsrsr

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  18. Lindo do início ao fim, com cheiro de magia e gostinho de infância.

    Adorei.

    =*

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  19. Ana Lu,
    Lindo o texto. Traduz bem tudo o que vc sempre falou sobre a casa da vovó.
    Falei para ela sobre o seu texto, e como não poderia ser diferente, ficou muito feliz.
    Ele continua azul, como sempre, e a espera de sua chegada.
    Bjs

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  20. Não acredito que não tinha lido a sua ode ainda, é tão linda. Não tenho nenhuma das minhas avós, mais, e acho que por isso me deu uma saudade tão grande. Não tenho mais um portão azul pelo qual passar, um mundo para se revelar a mim. Não tem coisa melhor do que estar em um lugar diferente do seu e ainda assim se sentir tão bem, né? Seu portão azul deve ser lindo.

    Beijo, Aninha!

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  21. Que texto lindo, Aninha! {posso te chamar assim? (: }
    E que lembrança gostosa que você tem da sua infância, mais gostosa ainda é essa sua forma de contar tudo.
    Minha vó faleceu quando eu era muito bebê, então nunca tive essa "casa de vó" pra recordar, mas essa possível lembrança foi substituída pela casa das tias (que tinha sido da vovó), e tenho certeza que são lembranças tão gostosas quanto.

    Eu já comentei o quanto a sua escrita é encantada? Bem, não me canso.

    Bisous.

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  22. Você sempre tem muitas lembranças boas, e sempre transforma em belos textos, que envolve, que encanta.
    beijo

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  23. Casa de vó em um sonho, né?
    Eu vou na casa da minha praticamente todos os dias, e mesmo assim nunca deixo de me sentir bem e profundamente acolhida.
    Encantador o post, como todos os seus que falam de memórias e lembranças queridas.
    beijo

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  24. Impressionante o que você conseguiu fazer de um simples portão azul. Me serve como confirmação do quanto a nossa curiosidade e percepção sobre algumas coisas que aos olhos dos outros são banais (ou desimportantes) é humanizadora. Gostei.

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  25. Sinto saudade até do portão da casa da minha avó. Não tinha lugar melhor no mundo...

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  26. Que lindo! Quantas lembranças boas e gostosas de se lembrar!
    Preciso fazer o meu "ode a...." também. Mas ainda não sei, rs. Meu blog anda tão desatualizado....

    Beijos!

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  27. Pra mim, balançar no portão é uma das coisas mais gostosas da vida! Mas o portão daqui de casa é preto, e eu nuca fui na casa da minha vó (porque ela mora comigo), então.... Ah, é, tenho outros avós, mas na casa deles nem portão tem :(
    Amo posts que falam de vovôs ^^

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  28. Nossa, nessa fota ainda tinha grama na canteiro. Como dizia na plaquinha, a casa da vovó é realmente o paraíso dos netos.

    Bjos prima

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