sábado, 13 de agosto de 2011

Pois eu prefiro os biscoitos!

Eu li esse post aqui da May, e pensei que eu também tenho autoridade pra falar desse assunto, porque estou morando no meu 3º estado e tenho família em mais outros, o que significa que posso dizer que entendo de sotaques e palavras próprias. E acho isso uma delícia.

Nasci numa cidade com mar em todos os lados, muito calor, e palavras com R aberto. Uma cidade onde o que é legal é “massa” e o que estoura “poca”. E aí, aos 7 anos, chegando em São Paulo, fui descobrindo aos poucos que além do R fechado, “bola de soprar” era bexiga, “fecho eclér” era zíper, “vaso” era privada e “Nossa, bicho!” era “Nossa, meu!”.

Em Curitiba, descobri que estojo é “penal”, salsicha é “vina” e garoto é “piá”. Minhas amigas viraram “gurias” e “emprestar” virou um verbo de mão dupla.

O que fazer com tudo isso? Um intercâmbio delicioso. Eu adoro. Pego um tiquinho de cada vocabulário, escolho minhas palavras favoritas e converso do jeito que eu quero.

De Vitória eu uso o “bicho” e o “massa” às vezes. O R aberto aparece de quando em quando, mas infelizmente o “bola de soprar” se foi sem que eu percebesse. Sim, porque eu ODEIO “bexiga”, mas sei lá porque, é a palavra que uso. Mas elas continuam “pocando”, porque estourar é sem graça. Uma que eu aprendi depois de grande é que capixaba não paquera, “arroiza”. E eu acho bem mais divertido que paquerar. ARROIZAR, gente. Muito mais inovador! Ah, capixaba também não vai pra night não. Vai pro rock. Mesmo que seja axé ou sertanejo. Eu prefiro ir pra night mesmo, embora vá bem pouco. E fresta, em Vitória, é “greta”, e eu uso até hoje. Agonia, pra capixaba, é “gastura”. E esse eu também uso até hoje.

De São Paulo a primeira coisa que eu peguei foi o zíper, porque “fecho eclér” NINGUÉM merece. A privada veio logo depois, porque VASO é lugar de flor, não de… dejetos. Ah, o meu eu peguei fácil também, e pra mim é a palavra símbolo de São Paulo, eu adoro, apesar de hoje em dia usar bem pouco, porque né, meio que passei da fase de usar gírias descabidamente, hehe. Ah sim, peguei o E aberto nas palavras com TE e DE. Porque em Vitória, teatro, por exemplo, se fala: tiatro, e derrubar se fala dirrubar. TEatro e DErrubar né gente, vamos combinar.

Em Curitiba eu ignoro o penal e a vina, porque gente! PENAL e VINA! Ninguém escreve com penas hoje em dia pra chamar estojo de penal, e vina pra mim é um nome muito sem graça pra salsicha, que sempre caía dos ditados da escola quando o tema era S/X/CH. Agora, piá e guria é bem mais interessante de falar do que menino e menina. Também acostumei com o fato de que aqui as pessoas não “te passam o tomate” e sim, “te alcançam o tomate”. No começo achava bizarro, mas agora eu uso. O verbo emprestar é que é engraçado.

Aqui quem empresta, empresta. E quem pede emprestado… empresta. Eu achei engraçado a primeira vez, porque minha colega disse: “Aninha, posso emprestar teu caderno?” e eu perguntei na hora: “Ué, pra quem?”. Mas na verdade ela estava me pedindo emprestado. É assim, você não pede nada emprestado, você pergunta se pode emprestar. Eu não me confundo mais, mas ainda prefiro pedir emprestado.

Enfim, acho uma delícia conhecer vários vocabulários pra entender todo mundo e usar o que bem entender, mas esse post inteiro foi só pra deixar claro que enquanto a Mayra gosta das bolachas, eu prefiro mil vezes os biscoitos. Amanteigados, ainda por cima.

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21 comentários:

  1. Aqui a gente também alcança o tomate e empresta o caderno.

    A gente usa meu, cara, véi, bicho e mano e privada é patente.

    E tiatro me dá uma agonia imensa. Mas a gente também usa gastura, aflição, arrepio e paúra.

    E quanto às bolachas, maringaense ainda não decidiu de come bolacha ou biscoito.

    Beijo

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  2. Hahahahahahah! ADORO seus posts, Ana!
    Sou de Sorocaba, bem pertinho de São Paulo, mas aqui falamos bolacha! Despois dos quatro anos em São Paulo, por conta da faculdade, também adotei o "biscoito" para meu vocabulário... No começo eu achava divertido, porque pra mim, biscoito era aqueles de polvilho, sabe?! Então ouvir um "biscoito de chocolate" soava engraçado, até que acabei pegado gosto pela palavra, e pelos biscoitos ;D
    De todo o resto meu vocabulário é quase todo paulistano, inlcusive o "sotaque", até porque morei lá até os 3 anos, quando vim para Sorocaba me recusei a falar com o sotaque do interior! Hahahah
    Um beijo!

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  3. AMEI o post, Analu! Eu sou muito fã de sotaque e regionalismos e amo conhecer vocabulários de lugares diferentes. Como eu nunca saí de Minas, fica meio difícil dizer o que é propriamente daqui e o que é entendido do mesmo jeito em todo o Brasil, mas acho que o "trem" é clássico, né? Toda vez que vou pra São Paulo e uso "trem" pra designar qualquer coisa que não seja um trem, as pessoas me olham estranho. Aqui também a gente fala "tiatro", "futibol", eu acho feio pra caramba, mas é muito difícil falar "futêbol"! Teatro eu até que falo certo, mas futebol nem rola. Outra coisa que meu primo paulista diz que nós falamos é "quemar" ao invés de queImar. Depois fui reparar que é verdade mesmo. E como vocativo universal aqui a gente usa o "ou", que eu acho feio pra caramba. Sou mais "meu", haha.
    Aqui tem diferença entre biscoito e bolacha, sabia? Biscoito são aqueles de polvilho, redondinhos com um furo no meio (isso: http://www.gratisonline.com.br/wp-content/uploads/2011/05/biscoito.jpg) e bolacha é tipo Bono, Passatempo...
    Beijos

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  4. Ana!!!! Esse post ficou muito legal, rachei muito, sou paulista e concordo com você quando fala do "meu", puts! deve ser mesmo muito legal conhecer "várias línguas" dentro de um só país, obrigado pelas curiosidades dos estados que eu não conhecia! até mais...

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  5. Gostei bastante desse texto, pô, deve ser muito legal conhecer vários lugares daqui, e essas girias unicas de cada região. É tanta dferença dentro da mesma lingua, muito bacana isso.

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  6. Oi Ana!!!
    que bom que gostou da invasão!! me sinto mais em casa agora! hahaha
    acabei de ver que vc nasceu exatamente um dia antes que eu, no mesmo ano! :D (sempre acho isso divertido, não sei pq, as vezes parece até que eu fui o único do mundo que nasci dia 15 de abril de 92 ou próximo disso :p)

    Ah, quanto aos sotaques, enquanto vc tem autoridade eu tenho o oposto disso, tipo uma não-autorização pra falar do assunto, pq nunca saí de São Paulo!!! Tá, saí uma vez pra Minas com a Ruvis, e já convivi com pessoas de Curitiba (do lugar que trabalhei ou até mesmo da minha familia), mas não dá pra absorver um sotaque só por isso. No máximo um "tu" ou um "guri", que acho divertido hahaha

    mas pelo menos conheço o sotaque paulista como um perito, uso "meu" pra tudo! hahaha

    beijos!!!

    ps: seu blog já está na minha blogroll ^^
    ps2: precisei postar 3 vezes pq errei nas outras duas ¬¬ desconsidere haushaus

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  7. Ah eu prefiro bolacha, guria. Ai que legal, eu adoro gírias, até peguei umas da Ari, como catota e vira e mexe fala uai.São vários Brasi's em um só e isso faz do nosso povo muito interessante. Adorei o post e obrigada pelo teu comentário, me fez sorris. Beijões.

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  8. mas que diabos é bolacha? ahahahaah pra mim bolacha é vc dar um tapa bem dado em alguém! e Nunca biscoitos! ahahaha
    tambem falo ZÍPER, e nunca falo POCAR, porém, arroizar, não é paquerar, é ficar dando em cima de alguém e não pegar NUNCA, tipo "só acompanhar", tipo arroz, que nunca é prato principal, só acompanhar! =]

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  9. Adorei o texto! Moro em BH e aqui bolacha é o mesmo que a Juliana pensa haha e nunca ouvi ninguem chamando Biscoito de bolacha por aqui! Privada também é vaso e bexiga é balão. O engraçado mesmo é o "trem". Mineiro usa o trem pra TUDO! trem é = qualquer coisa, quando você não se lembra o nome de algo, logo vira trem. "Pega esse trem pra mim?" "Que trem é esse?"
    É mil e uma utilidades :D

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  10. o que eu mais gosto dessas diferenças culturais é quando vou cumprimentar um carioca. dá um beijinho e.... OUTRO! socorro! sempre cria as situações mais constrangedoras do mundo, especialmente quando o carioca em questão é seu CHEFE! :D

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  11. Sou do Rio e falo "tiatro", "futibol" e acho incompreensível falar tEatro e futEbol, mas de vez em quando eu puxo um S que não sei da onde vem porque nunca saí daqui, nunca morei em outro lugar e acho o máximo essas histórias de choque cultural dentro do Brasil mesmo.
    Arroizar nós usamos aqui no Rio também, mas não como sinônimo de paquerar. Arroz é aquele amigo que vive alisando (arroizando) você, sabe? rsrs
    Bjs!

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  12. Bola de soprar nas terras em que passei se chama balão mesmo. Não gosto quando chamam de bexiga. hahaha Arroizar eu aprendi aqui em BSB, não conhecia não. Me dizeram que na Bahia também é assim. Gastura em Minas se usa também. Fecho écler para mim foi novidade. Uso vaso e privada. Sou team das bolachas, tá? haha
    AMEI seu texto. Foi muito divertido e interessante.

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  13. É realmente legal a gente descobrir esta diversidade das culturas, e mais ainda na maneira de falar. O sotaque é uma das coisas mais enfáticas e que caracterizam os grupos culturais. O Brasil, sendo imenso como és, e ter tido migração de muitos países de fora, sofreu uma miscigenação muito variada e isto fortaleceu vários modos, várias culturas. Acho fascinante também...

    Beijos!

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  14. biscoitos... auhauhsauhsuha adoro... na minha terra se fala bolacha... mas acho biscoitos mais sofisticados uhauhsauhshauhs =x
    beijos
    boa semana.

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  15. Aninha você esqueceu que capichaba fala que capichaba fala deiz e não dez, treis no lugar de três, entre outras coisas mas

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  16. AMEI o post. Da primeira até a última frase. Eu nunca saí do Estado onde nasci, por isso viajei longe com suas palavras. É lindíssimo conhecer esses nossos Brasis.

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  17. hahaha
    Que post divertido! =P
    Acho muito divertido tudo isso de palavras. Ver como em cada canto uma coisa só tem diferentes nomes. Sou do Ceará e muita expressão que você falou eu nunca tinha ouvido! Fecho écler?? Que é isso, caramba! kkkkk Sobre o emprestar, aqui se pede emprestado também, do outro jeito parece meio confuso xD

    Divertidíssimo! haha Adorei.
    Beijos ;*

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  18. geeeeente, posso dizer o quanto eu amei esse post? Sempre me divirto demais com as pessoas que vem de outros estados e me ensinam diferentes formas de chamar as coisas. Acho estranho, mas me divirto. Sério, amei esse post Ana

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  19. OI,
    vim lhe fazer uma visitinha,
    òtima semana.

    iasmincruz.blogspot.com

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  20. Li esse post da May e gosto muito de pessoas cosmopolitas. Queria ser assim também, mas nunca saí muito daqui de Salvador, ao ponto de me adaptar a outros sotaques.
    Beijos!

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  21. Afff acabei de escrever um comentário GIGANTE, mas não enviou --' Desculpa se ficar chato agora!
    Então, amei o texto e não me importo com o fato de você chamá-los de biscoitos, mas gostaria de te explicar que há uma enorme diferença entre biscoitos e bolachas. Quando não tem recheio envolvido (como é o caso dos amanteigados), o nome é biscoito, porque... né. "Bolacha amanteigada" nem faz sentido.
    "Bolacha" deve ser usado quando tem recheio envolvido, porque o "cha" da palavra, me lembra o "che" de recheio, então ao falar "bolacha" vou logo imaginando o recheio sabor chocolate alpino da deliciosa bolacha passatempo, entendeu?
    No caso, meu biscoito favorito é o de polvilho, mas os amanteigados nao ficam muito atrás não, são deliciosos!
    Há várias palavras aí no seu texto que eu uso também, as provenientes do ES, porque são parecidas com as provenientes do MA, acredita? Pois é.
    No fim das contas, sotaques continuam sendo algo divertido demais para que eu me contente em possuir apenas um.
    Então é isso, amei seu texto hehehe
    Beijinhos!

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