domingo, 2 de novembro de 2008

2 de novembro

Esse dia nunca teve um significado muito grande pra mim.. Aliás, não continua tendo muito.. Por isso eu não vou falar dele em si, vou falar de uma coisa que tem relação com ele..
Eu nunca tinha perdido alguém próximo, alguém que eu amasse muito.. Até ano passado, pra ser mais precisa, dia 3 de outubro. E posso dizer que foi a pior sensação de todas.. A hora que o telefone tocou, minha mãe começou a chorar, e eu, sem saber porque, já comecei a chorar.. Tendo uma pequena idéia do que poderia ser, mas no fundo, querendo acreditar que era qualquer outra coisa.. Mas não era. Então, ela falou: A vovó morreu, e aquilo era um fato. Eu me joguei na cama, e chorava alto, desesperada. Depois, vai parando, e voltando, e parando, e voltando... Na hora, você chora porque a pessoa morreu.. Mas depois você para pra pensar no sentido disso.. E ai você chora mais.. Mas é um choro diferente.. já não é de desespero, é de dor.. Pensar naquela pessoa, e que ela se foi pra sempre.. Eu nunca mais vou escutar ela me chamar, não vou mais escutar ela reclamar que eu não ficava muito na casa dela, não vou mais comer as batatas fritas que só ela sabia fazer.. Não vou mais deitar no colo dela.. É horrível. E, eu nunca tinha visto o meu pai chorando na vida.. Aquele dia ele sentou com tudo no chão, e chorou. Lógico, a mãe dele.. Quando eu imagino essa cena, eu só penso que eu nunca mais quero perder nenhum avô.. Primeiro porque eu vou sofrer.. Segundo porque eu não quero ver meus pais sofrendo daquele jeito nunca mais. O pior foi ir pra Vitória do nada assim.. Eu sempre amo ir pra Vitória, mas dessa vez, não foi feliz.. Eu não queria ter que ir pra Vitória em outubro.. Poxa, dezembrotava pertinho.. Foi duro ir.. Até hoje eu sinto um aperto no peito quando eu entro na casa dela, e sei que ela não vai estar sentada na cadeira dela, assistindo novela, como ela sempre fazia.. E no meu aniversário? Acho que foi um dos dias que eu mais senti.. Porque era o aniversário dela também, e eu esperava ainda que ela me ligasse, e nós cantássemos parabéns juntas, uma para a outra.. Não aconteceu.. Bom, eu não ouvi ela cantar do outro lado da linha, mas exatamente à meia noite do dia 14 de abril, foi com ela que eu conversei, e nós cantamos parabéns juntas.. Eu só consegui ouví-la no coração.. Mas sei que ela tá cuidando de mim, falando comigo, e que um dia, a gente vai se ver de novo..
As pessoas falam que o tempo cura o sofrimento.. Na verdade, não acho.. Ele transforma. No começo, a gente chora de tristeza.. Agora, quando chora, chora de saudade.. Chora sorrindo, lembrando de tudo que passamos juntas.. Chora feliz, por ter tido aquela pessoa, e triste, porque ela se foi. Mas, fazer o que.. Essa é a única certeza que temos na vida..

4 comentários:

  1. O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

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  2. Ai... são situações dificeis que agente tem que passar. Mas o tempo ajuda. :/

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  3. Já tive mais perdas do que você, Ana Lu! Todas são tristes, porque são pessoas queridas que se vão.
    Na primeira vez, foi meu pai. Que nem estava doente, foi um infarto fulminante. O que me tirou do sofrimento foi quando pensei se ele gostaria que eu vivesse feliz ou infeliz dali por diante.
    Como a resposta é óbvia, a dor foi sumindo. Hoje, anos depois, com outras perdas, existe saudade, mas sem sofrimento. Temos que entender que a vida funciona assim, as perdas virão.
    Obrigado pelo link. Ando numa fase muito difícil no trabalho, quase não tenho tempo de visitar os amigos blogueiros. Mas, daqui a umas duas semanas, creio, terei terminado o que faço agora, e poderei fazer mais visitas e uns ajustes no blog. Inclusive uma atualização em meus links.
    E um bjooooooooooo!!!!!!!!!!!

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  4. Minha florzinha...lembre-se que o mesmo vento que leva alguém que amamos trás alguém que aprendemos a amar! É o ciclo natural da vida...
    Amo você!

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