Dizem que minha memória é
assustadora de tão boa, e eu não me lembro de, em temos mais remotos, ter
ficado numa maternidade esperando um bebê nascer. Em 2011, com a chegada da
Marina, curti bastante essa novidade. Domingo passado, com o nascimento do
Rico, repeti a experiência e, durante a semana, ao invés de fazer algo útil
tipo a minha monografia, fiquei parada pensando sobre a avaliação antropológica
do que acontece do lado de fora dos berçários.
Tudo começa quando a mãe entra
pra sala de parto e a gente fica do lado de fora em cólicas. Todo mundo
apreensivo, uma família começa a encarar a outra, e cada chorinho que se escuta
são sorrisos que se abrem, e logo as falas: “É o meu”.
Quando a Nina nasceu, tinha um
bebê no berçário antes dela chegar, e ficamos olhando e pensando que logo
chegaria a nossa. Na hora do nascimento do Rico, não tinha nenhum, e então,
como não tínhamos nada pra olhar, ficamos andando em círculos e fazendo
comentários afoitos, enquanto oferecíamos pão de queijo pra senhorinha que
estava sozinha esperando o nascimento do seu netinho Lorenzo.
Como o primeiro chorinho foi o
nosso, esquecemos de tudo o mais que havia na vida e nos voltamos praquele
embrulhinho chorão que o Gui mostrava pra nós através do vidro, e apenas meia
hora depois que minha mãe reparou que Lorenzo não tinha aparecido ainda e
começou a ficar com pena da senhorinha. Thanks God, foi só um atraso técnico e
o menino dela apareceu logo depois, e éramos muitos no vidro pra olhar aquilo
tudo. Não muito depois apareceu um Davi, e a família dele chorava muito. E
aquele aglomerado de pessoas se acotovelando na frente de um vidro pra ver um
monte de recém-nascido, que, aos olhos de pessoas sãs e não tombadas pelo
momento, são todos iguais com a mesma carinha de joelho.
Depois que todos nascem e a
ansiedade nervosa muda para a ansiedade afoitamente alegre, começa aquele boom
de máquinas fotográficas, as ligações, e as comparações entre quem está lá, do
lado de fora do vidro: “Olha ali o meu, ele não para de se mexer, que
espertinho”, enquanto a outra diz: “E o meu nem abre o olhinho, vai ser
bonzinho!”, e ainda: “O tem 50cm e 3kg, vai ser alto quando crescer”, e o outro
retruca: “E olha o cabelinho preto do meu!”. É uma delícia.
Pessoas apaixonadas e emocionadas
exibindo suas pequenas criações como se ninguém na vida nunca tivesse visto um
bebê. É o momento chave da vida de muita gente, é a hora que a gente realiza um
sonho e inicia outros tantos. Nasceu saudável e tá tudo bem? Ok. É a hora dos
outros detalhes. Caraca, é um meninão! Ain, é uma princesinha! É a cara da mãe!
Tem o nariz do pai! Olha que pezinho comprido!
E olha ali, mal nasceu e já está com o olhão aberto.
E todo mundo fica ali. Sonhando e
se debatendo com os sonhos dos outros, olhando para aqueles pequenos corpinhos e
pensando que, meu Deus, como a natureza é maravilhosa, e como a vida é
incrível!
Minha cena preferida de "berçário" na ficção
Que delícia de post, amiga!
ResponderExcluirEu não tenho muita experiência de berçário, fiquei com inveja das suas! Quando a Mariana nasceu eu tinha oito anos, né. Lembro de ir lá visitá-la no hospital e me apaixonar por aquele bebê bochechudo que ela era, mas logo tive que ir pra casa porque minha mãe diz que criança não tem que ficar zanzando em hospital. Já o Gustavinho não nasceu aqui em Uberlândia, e quando eu cheguei pra vê-lo ele já estava em casa. Acho que meus tios já fecharam a fábrica, de modo que agora maternidade de novo só mesmo quando a Rê for ter seus rebentos, hahaha
beijos <3
Ah, e esqueci de comentar duas coisas:
ResponderExcluir1 - que amo quando a Meredith e o George fogem pro berçário quando precisam desopilar um pouco;
2 - que os episódios de berçário em Friends são os que eu mais choro na série toda, vide parto da Rachel.
Ai que coisa mais delícia esse texto. Quando minha afilhada nasceu, ficamos esperando muito tempo por ela, ficamos muito nervosos, demorou mais do que o normal, por isso, talvez, não consegui aproveitar esse clima de espera. Tinham duas famílias lá, mas eu nem prestava atenção nelas, só queria saber da minha Manuela. Mas realmente, depois da primeira vez que a gente vê o bebê, não tem como não ficar comparando, analisando cada pedacinho pequeno e delicado daquele serzinho. <3
ResponderExcluirAmiga,
ResponderExcluirEu amei esse post! DEMAIS! Dos meus priminhos todos, a unica da qual o nascimento eu me recordo é a Larissa. Fiquei com meu pai e meus tios no bar do hospital aguardando noticias e, quando a pequena foi pro berçario, a gente só conseguiu ficar em silencio encarando o vidro.
Essa cena de Friends ACABA comigo. Eu choro de soluçar no episódio inteiro (principalmente quando a Rachel e o Ross se beijam logo após o parto), mas essa cena, em especial, faz meu coraçao derreter todinho. O Ross falando "Are you kidding? She's gorgeous, it's all Rachel" (consigo ouvir a voz dele na minha cabeça) me deixa babando, amiga. É amor demais que ele sente pela Rachel, ele a coloca num pedestal e, pra ele, ela é tao perfeita que aquela coisinha no berçario, por ser tao incrivelmente linda, só pode ter saido mesmo da Rachel. Essas pequenas coisas me fazem ajoelhar e pedir aos céus por um amor desses.
Te amo!
Beijos <3