quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sobre a dor de garganta que esperou 5 dias para doer

Era noite de segunda-feira. Eu tinha voltado de viagem de manhã, depois de 3 dias deliciosos no Rio de Janeiro na companhia dA Gente. Já no domingo a noite eu tinha começado a sentir minha garganta das uns repuxos, mas ignorei solenemente. Gosto dessa prática de ignorar a dor: se eu não dou bola pra ela, ela desiste. Às vezes funciona.

Como eu disse, era noite de segunda-feira e eu estava no jantar de fim de ano da firma quanto senti que a p**a estava em vias de ficar séria. Minha garganta parou de repuxar e começou a doer: “aé, vai fingir que eu não existo? Pois veja só o que sou capaz de fazer”, era o que ela bradava. Espirrei um spray anestésico (que pouco adiantou), e dormi, acreditando piamente que era só um susto pela diferença de temperatura e que no dia seguinte estaria tudo bem.

Acontece que o dia seguinte começou antes do que eu gostaria – e por motivos nada agradáveis. Acordei às 3h da manhã e eu não era uma pessoa com dor de garganta: era uma dor de garganta com uma pessoa. Rolei de um lado para o outro sem acreditar na dor que eu estava sentindo, mas consegui voltar a dormir. Eram pouco mais de 6h quando acordei mais uma vez, sem fazer ideia do que acontecia na minha garganta, mas com a certeza absoluta de que era terrível.

Um tanto antes das 8h eu larguei de mão essa história de dormir e, madura que sou, sentei na cama e comecei a chorar. Comecei a chorar porque eu nunca tinha sentido uma dor daquelas na minha vida. Eu não conseguia falar, eu não conseguia tossir, mas eu engolia toda hora e cada engolida parecia um manjar de cacos de vidro com toques de gilete. Com o pouco de coragem que me restava para falar eu consegui gritar a minha mãe, e quando ela disse que se eu não melhorasse me levaria de tarde ao médico eu só consegui responder: me leva agora, pelo amor de Deus.

Fui pro trabalho. Tinha um dito de um homem da calha que ia arrumar sei lá o que (talvez a calha?) no meu prédio e... minha mãe é a síndica. Passei duas horas no trabalho que pareceram a treva, até que o homem da calha não apareceu (fdp) e fomos ao médico. Ele perguntou o que eu tinha, e eu: estou engolindo cacos de vidro.

O moço ligou a lanterninha na minha garganta e quase jogou a bicha longe de tanto susto. Não demorou 5 segundos pra proclamar: Sua garganta está uma tragédia, era pra você estar sentindo dor há 5 dias. Me receitou anti-biótico, anti-inflamatório, me deu um atestado e me mandou pra casa dizendo que se a dor não melhorasse em 72 horas era pra eu voltar ao consultório.

Vocês entenderam o mesmo que eu? SETENTA E DUAS HORAS? Só podia ser um filme de terror. Mais 72 com aquela dor e eu me atirava na frente de um ônibus pra acabar com aquela palhaçada de vez. Cheguei em casa, tomei o remédio e apaguei. Acordei às 19h sem saber nem meu nome – e com bem menos dor.

Agora são quase meio dia e, uma dose de anti-biótico e duas de anti-inflamatório depois eu digo que fico ESTOU SEM DOR. Minha primeira infecção de garganta na vida me deu trégua em 24h e como se eu não pudesse estar bem agradecida só por isso... vou explicar o título.

Cês lembram que eu estava no Rio de Janeiro, né? Encontrei o Djavan e tudo. Mas então. O médico disse que era pra eu estar sentindo dor há 5 dias, lembram disso também? Se meu manjar de cacos de vidro tivesse começado há 5 dias eu teria, apenas, perdido uma das melhores coletâneas de momentos do meu ano.  E tudo bem que a folia pode ter deixado o acúmulo de dor bem pior: teve folia com as minhas pessoas, piscina o dia inteiro, umas boas doses de álcool, festa de formatura até 7h40 da manhã e um dos melhores beijos da minha vida inclusive moço desculpa se eu te passei dor de garganta, eu não sabia que ela já devia estar ali.

No fim das contas, minha gente, doeu e não foi pouco, mas passou e acho que os cacos de vidro (tô repetitiva mas juro, era essa a sensação) foram até um preço justo a se pagar por uma dor que topou se atrasar cinco dias para que eu fosse feliz. 


4 comentários:

  1. Ninguém é completamente ruim ou completamente bom, já diziam. Até a desgraçada da dor de garganta deu uma colher de chá pra gente poder se amar. E coitada, como sua garganta deve ter sofrido calada durante esses dias, porque a gente não foi nada bacana com ela. Que bom que você já tá melhorando, amiga, e que você veio.

    Muito obrigada por tudo e já estou com saudades. Te amo MUITO <3

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  2. Ai judiação! Mas ta melhorzinha mesmo Nalu? Dor de garganta é a treva, graças a Deus nunca tive uma tão ruim assim, mas acho que já cheguei perto! E eu acho, só acho, que a dor só não veio antes porque teu estado de espírito tava bom demais pra isso, aí de resto cê sabe.. Depressão pós-viagem/folia, segunda, trabalho, não tem quem aguente. Mas se cuida direito aí guria (:

    beijos

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  3. Pensa no lado da dor: ela tentou segura o máximo que pode só para vc ser feliz, tadica. Terça ela não aguentava mais. :(
    Mas fico feliz que todas nossas dores só tenham aparecido depois desse final de semana maravilhoso. Nosso amor é muito forte e encobre qualquer mal (brega i know, i don't care, i love it).
    Te amo, Bananica. Fica bem logo. <3

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  4. Era amidalite, não era? Já passei por isso. Foi um feriado emendado inteirinho chorando cada vez que tentava fazer uma refeição (o que é bem, bem chato, considerando que eu faço uma refeição a cada dez minutos). E também chorava quando tentava engolir saliva. E às vezes respirar também me fazia chorar.
    É bom a gente passar por essas coisas, porque... Não, não é bom. Mas fico feliz que tenha vindo com cinco dias de atraso, porque deu tempo de você aproveitar sua viagem! Vou até dar um desconto pra infecção, ela foi uma boa garota.
    Espero que você esteja melhor!
    Beijinhos ♥

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