sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sobre o tal do trabalho de conclusão de curso

Que eu sempre fui ansiosa e quis que "a vida passasse depressa" não é novidade para nenhum dos leitores costumazes. Envelhecer eu não quero, claro, mas sempre quis chegar logo no que eu julgava ser a parte boa da vida. Hoje eu sei, claro, que isso não passa de uma réles tentativa de se livrar dos incômodos do tempo presente, e que ele, óbvio, também é uma parte boa, e que a próxima que vier também virá recheada deles. Enfim, não foi disso que eu vim falar. Só fiz essa introdução pra dizer que sempre lembro de um intervalo de aulas na minha 5ª série onde eu faria prova de geografia depois. Geografia era meu desespero, e naquele dia eu fechei os olhos e rezei baixinho para o último dia de aula do terceiro colegial chegar depressa.

Entre trancos e barrancos, meus 3 anos de colegial foram os melhores da minha vida e eu sinto muita, muita falta deles. E naquela época, claro, já sentia que sentiria falta deles, mas julgava que a faculdade seria um mundo mágico, onde a gente tinha liberdade, e o melhor de tudo: Passaria anos, no meu caso 4, estudando somente o que gostávamos! Ah, que felicidade.

Não é assim. Pra mim, faculdade é terra de ninguém. Eu, toda acostumada com as regras, demorei séculos pra absorver que poderia levantar para ir ao banheiro sem pedir permissão ao professor. Na inquietude de simplesmente levantar e sair sem das satisfações, desisti de fazê-lo e passei a ir ao banheiro só em casos desesperadores. Mas ainda não é sobre isso que eu vim falar.

Como eu dizia, a faculdade é terra de ninguém e eu, que nunca dei a sorte de estudar numa sala unida, só encontrei mais uma. Com um agravante: estarão todos brigando no mesmo mercado de trabalho quando saírem dali e têm certeza absoluta de que precisam competir e se degladiar desde sempre, em qualquer aspecto possível de se comparar. No início do primeiro ano eu era deveras animada, mas não demorou muito para que minha ficha caísse e eu passasse a ter uma preguiça absoluta daquele hostil cenário. Pra não dizerem que não falei das flores, o ambiente da minha faculdade é incrível. Enorme, cheio de árvores e flores, com uma biblioteca incrível. Quando passei no vestibular jurei que passaria tardes lendo naquele câmpus. É óbvio que não fiz isso, mas ok, prossigamos, porque ainda não é disso que vim falar.

Vim falar sobre o TCC. Isso porque quinta-feira eu e meu grupo apresentamos o nosso e naqueles longos e intermináveis minutos entre os pareceres dos avaliadores e o recebimento da nota eu nunca quis tanto uma nota Dez na minha vida. Não tiramos. Tiramos um 9,5. Duas das avaliadoras deram Dez, mas a terceira resolveu tacar um 8,3 que estragou tudo. Tudo bem, fazer o que. O que não tem remédio, remediado está, já costuma dizer a minha avó. O fato é que eu rezei tanto para o último dia de aula do terceiro colegial (!) chegar logo, e agora estou sentada com um TCC avaliado e um livro reportagem no colo. Quando eu estava no primeiro ano da faculdade eu vi um grupo chegar desesperado à secretaria, protocolando o tal do trabalho de conclusão de curso, com um milhão de papéis encadernados e CDS, e eu cansei só de pensar e torci praquilo demorar a chegar. A intenção não é ser clichê, nem piegas, mas não há como não pensar: A vida realmente passa, que engraçado. Tudo chega, e tudo passa, quer a gente torça pra acontecer logo, quer não.

10 comentários:

  1. Bom, vamos lá. Sei nem por onde começar.

    Quando eu vejo no meu blogroll que tem post novo seu, é sagrado, instantaneamente sinto uma onda com cheirinho de café sendo passado - um cheiro que me remete à boa leitura - me envolver. Já me ajeito na cadeira/cama/sofá para poder apreciar suas palavras. É sempre assim. Não sei se quando li seu primeiro post eu estava sentindo esse cheiro e por isso me lembro, ou sei lá. Com esse não poderia ser diferente.

    Li o texto todo com aquela sensação de "caramba, é exatamente assim que eu me sinto, já aconteceu isso comigo, como eu não consigo expressar minhas emoções tão bem assim? Enfim...

    Quando eu estava no ensino fundamental, nós tínhamos 3 aulas de ed. física por semana. Para cada aula, eu rezava em silêncio, pedindo que chovesse (porque a quadra era descoberta e assim não precisaríamos jogar nada lá) ou que caísse uma árvore bem no meio do pátio onde as torturas, ops, aulas de ed. física eram realizadas. Aí hoje eu lembro de tudo isso, olho pra trás, eu formada no terceirão já, e tudo passou num piscar de olhos. Parece que foi ontem que eu fiquei durante a aula no banheiro com duas amigas que compartilhavam do mesmo desgosto e a diretora pegou nós no flagra e chamou nossos pais. Nós ficamos conhecidas como "as meninas que gazeiam aula de ed física", nós eramos aberrações. E hoje eu continuo sem praticar nenhum tipo de esporte, não encontro mais com minhas amigas e nem com as outras pessoas. O tempo passou e levou consigo esse problema que eu tinha, mas trouxe vários outros. É bem como você diz no texto.

    onlyb13.blogspot.com

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  2. Estou me sentindo basicamente assim!Além de estar concluindo o colegial,apresentei também o tão temido TCC,que eu pensava que seria um bicho de sete cabeças acabou sendo somente de uma rs! E também sou dessas que quer que a vida passe rápido,mas ao mesmo tempo não quer que ela passe!

    Um beijo,Mariana.

    http://almanaquedeoutono.blogspot.com.br/

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  3. Oi, Analu, olha eu aqui de novo, haha.
    Vim pra dizer que te indiquei numa tag lá no blog <3 Se puder dar uma olhadinha, o link está aqui http://onlyb13.blogspot.com.br/2013/11/uma-tag-diferente.html

    Beijão!

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  4. Amiga, sou o total oposto de você nesse sentido. Sinto saudade de coisas que nem aconteceram ainda e choro os fins logo no começo. Nasci banhada em nostalgia. E por isso que hoje, na metade do meu curso, eu já acho que está acabando e fico muito deprimida. Daria tudo pra voltar pro primeiro período, quando eu também achava estranhíssimo poder sair da sala quando eu bem quisesse. Eu gosto bastante da vida universitária, tive a sorte de cair numa turma querida. O geral é desunido, mas fiz bons amigos e eu sofro por pensar que um dia estaremos jogados nesse mundão de meu Deus e que nossa vida de passar doze horas por dias juntos falando besteira tem data marcada pra acabar.
    A única coisa que me impulsiona pro futuro é que sonho com meu TCC. Tenho certeza que vou pirar e sonhar com o fim dele também, mas tenho muita vontade de fazer um trabalho super aprofundado, sou dessas. Tô super orgulhosa de você e do seu trabalho e não esperava nada menos que isso. Foi 9,5, mas no meu coração é 10.

    Beijos, Bananinha
    Te amo!

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  5. Ainda não passei pela fase da faculdade. Que venho atrasando. Ando atrasando quase tudo na minha vida, Analu. Não quero "chegar lá", não me sinto pronta, quero ser Peter Pan, mas tá ó: impossível.
    A ficha do crescimento ainda não me caiu.
    No colegial, tive de apresentar um TCC. Eu fazia informática, era um curso técnico péssimo, aliado ao ensino médio. Tirei a mesma nota que você, mas detestei os quatro anos daquele curso.
    Que hoje, não habita meu currículo. Faço questão de esquecer que sou técnica em Informática.
    Mas enfim, a terra de ninguém uma hora vai embora.
    Outros caminhos estão por vir. Que sejam melhores então.
    Um grande beijo!

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  6. Ai, que estranho. Li o post todo sentindo que apesar de ser uma situação de transição, você tá bem calma. Apenas afirmando, não reclamando ou se desesperando. Mas olha, me deu uma agonia. Acho que dei um jeito de atrasar essa parte da minha vida, mas impossível não me imaginar correndo pra entregar TCC daqui a não sei quantos anos.
    Tô muito orgulhosa, Nalu. Muito mesmo. Quero muito ler pra poder falar que meu dez vocês já tem.
    Beijo <3

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  7. Mas que bom que essa fase passou! Bem sabemos o quão difícil e desesperadora ela é! Mas tudo passa!

    O blog fez 5 anos! Depois dê uma passada lá.

    jj-jovemjornalista.com

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  8. Me deu uma nostalgia infinita ao ler teu texto. Faz dois anos que me formei e ainda sinto saudades da minha turma. Apesar da concorrência, éramos uma turma unida e nos ajudávamos, inclusive na hora da prova. O sonho (que não aconteceu) era que todos se formassem juntos, numa festa digna como todas as festas que fizemos juntos. Sei lá, engenharia tem dessas coisas de deixar as pessoas pelo caminho.

    A gente entra tão perdido nesse mundo de faculdade, tão sem ideias de como vai ser quando terminar que, sem que nos demos conta, a gente amadurece e já está de partida. Daí, colega, a vida chega. Derradeira, com força, fazendo cair todas as fichas e um tanto mais. Porque a responsabilidade chega junto da rotina e é, com perdão da palavra, foda driblar o despertador que toca todas as manhãs, o sinal que avisa horário de bater ponto, o salário (que nem sempre agrada) caindo na conta todo mês e o malabarismo para dar conta da vida. Sair debaixo da asa dos pais, criar uma família, fortalecer uma família.. E aí a vida acaba. E a gente, depois que se forma, se não tomar cuidado, passa a viver somente esperando a vida acabar.

    Beijos

    www.fernandaprobst.com.br

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  9. Que bacana, me peguei pensando a mesmíssima coisa (que a vida passa) semana passada, porém em outras circunstâncias. Tô no último ano do ensino médio (última semana, pra ser mais específica) e não sei o que pensar sobre os próximos 4 anos. Ah, e já te adorei só por conta de Geografia ter sido o seu desespero... hahaha.
    Beijão.

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  10. Eu torcia mto pra terminar a escola logo e depois senti falta demais. Na faculdade, eu nunca achei que seria melhor. Só queria meu diploma e não o processo até lá. Sempre me senti desencaixada naquele cenário. Agora no início de dezembro será minha banca e eu nem desejo um 10. Eu desejo um 7 pra passar sem DP, só isso. 7 me faz pegar o diploma tanto quanto um 10 e é só isso que quero, tô super cansada disso tudo :/
    Agora vem uma nova etapa e como foi bem refletido no texto, as coisas passam, acontecem, querendo ou não.

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