segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pessoas

A vida e as relações interpessoais são muito engraçadas. Na maioria das vezes parece complicado: teria sido mais fácil se as pessoas viessem com manual de instruções. No entanto, quem sabe se tudo viesse pronto não seria tão interessante. Tudo bem que as pessoas, todas elas, insistem, desde que o mundo é mundo, em mudar todas as perguntas quando a gente pensa que achou a resposta mas, mesmo assim, as tentativas são divertidas.

Acho engraçada aquela frase que diz que "o ódio une mais que o amor". Chega a ser feia, aliás, mas é impossível descartá-la completamente, afinal de contas, o ódio pode até não consolidar relação nenhuma, mas que pode unir momentaneamente, ah isso pode. Minha sala da faculdade sempre foi uma desunião sem fim, mas tivemos um professor tão insuportável que era só alguém falar sobre ele para aquelas 30 cabeças tão diferentes parecerem se amar pelo período em que podíamos passar, sei lá, 10 minutos que fosse, malhando o Judas cara.

Eu e minha amiga de ensino fundamental e médio vivíamos brigando. Eram uns arranca rabos engraçados: começava com alguma coisa besta e de repente estávamos as duas gritando no meio da sala de aula. Acaba sempre do mesmo modo: ela espumando de raiva e eu chorando. Demorávamos 1 dia ou 2 para fazer as pazes. Acontece que 10 minutos depois de uma de nossas brigas, as meninas de quem não gostávamos aprontaram alguma coisa. Era claro que nós precisávamos conversar sobre o assunto. Cutuquei ela e perguntei: "Mari, trégua na briga pra fofocar?" Claro. 1 minuto depois já nem lembrávamos porque tínhamos brigado.

E eu fiquei pensando que as pessoas são curiosas porque tem um menino no meu trabalho que sempre chega atrasado. Sempre. Ele é legal e trabalha direitinho, mas tem um problema seríssimo com o relógio. Entre umas bufadas nossas e outras quando, em momento de caos, o moço ainda não chegou, uma amiga teve uma ideia brilhante: apostar com ele uma caixa de bombons. Claro que ele perdeu e eu aproveitei para roubar a ideia. Para este último sábado, imaginando um movimento alucinante na escola, apostei: Matheus, chegue 8h30. Se você chegar 8h31 quero uma caixa de bombons. Ele chegou 8h37, rindo e anotando na lista que me devia uma caixa de bombons. Decidi que como o atraso foi pequeno, ele podia me dar um bombom só, mas a questão não é essa. A questão é que broncas pelos atrasos não funcionaram. Mas apostar chocolate foi uma sacada sensacional.

Lidar com pessoas é complicado. Mas igualmente divertido.

11 comentários:

  1. Concordo com você, Analu.
    Às vezes me pergunto como seria se viéssemos com manual de instruções. Seria tudo mais fácil, sim, mas seria até mesmo fácil demais e... Não teria graça. Porque é divertidíssimo passar por essas - como do menino atrasado - e outras, é muito bom ter essas histórias cotidianas pra transformar em textos leves e gostosos de se ler, como esse aqui.

    palavras alienadas

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  2. Perguntaram pros Gringos durante a Copa do Mundo qual é a pior coisa nos brasileiros, e "impontualidade" foi unânime. Li em algum lugar. Rs
    Pessoas são complicadas mesmo. E indecifráveis. Mas eu acho que se elas não fossem assim, não daria pra criar expectativas em cima delas. E se eu conhecer uma pessoa pelo que ela é de cara, sem direito a criar expectativas ou a idealizar a perfeição, vou enjoar rápido demais pra criar qualquer tipo de relação.

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  3. Sou estudante de Psicologia e a cada final de semestre eu afirmo "Quero me formar em Psicologia para trabalhar com maquinas!" mas a graça do ser humano e trabalhar com eles é que não nascemos prontos, não existe manual de instruções ... e mesmo assim GOSTAMOS de trabalhar com esses seres pensantes e evoluídos... cof, cof

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  4. Amiga, por muito tempo concordei com você e acho que no fundo até concordo de fato, mas atualmente venho pensando que não seria nada mal um manual de instruções pra ajudar nas situações mais complicadas. A gente poderia ter acesso ao menos ao nosso próprio manual de instruções que já ia ajudar um bocado.
    E minha turma da faculdade era igualzinha à sua hahaha a gente só se unia pra falar mal de alguém ou arrumar confusão. Para todo o resto, a desunião reina.
    A gente é mesmo complicado...

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  5. Amiga, acredita que eu sonhei que estava te mimando? E no meu mimo eu contava sobre um filme antigo da Audrey Hepburn, que chama "Como roubar um milhão de dólares". Nesse filme, a Audrey precisa roubar uma estátua de um museu, por um motivo x, e um ladrão que ela conhece vai ajudar ela. Aí eles ficam escondidos lá depois que o museu fecha, e o cara começa a jogar um frisbee na direção da estátua, pra acionar o alarme. Ele faz isso, o alarme dispara, os guardas chegam, não é nada. Ele repete esse processo umas três vezes, e quando a Audrey não entende nada, ele diz que está esperando as "normal human reactions". O que acontece é que lá na quarta vez que o alarme dispara por causa do frisbee, os guardas enchem o saco e desligam o alarme. Resultado: eles vão lá e roubam a estátua.

    Além de ser uma instrução bem minuciosa sobre como roubar uma estátua num museu (se bem que hoje, com câmeras esse plano seria impossível - droga), acho genial isso de ele agir com base no pressuposto de que uma hora os guardas vão cansar daquela palhaçada e simplesmente desligar a caralha do alarme, porque ninguém é obrigado a ficar indo lá de cinco em cinco minutos por conta de um alarme que provavelmente deu piti sem maiores motivos.

    Não sei se isso tem realmente a ver com seu post, mas quis reproduzir o mimo que eu sonhei.

    Outra história que eu lembrei é que tem esse cara na minha sala de francês que sempre chega 10 minutos atrasado. E ele sempre bate na porta e espera a professora abrir, enquanto o resto já vai entrando mesmo. Aí um dia minha professora falou pra gente fazer um bolão pra ver que horas ele ia chegar, e se ele ia bater na porta. Cada um apostou numa variação de minutos, em escadinha, e ficamos as bestas lá esperando e morrendo de rir.

    E não é que o Gabriel chegou 15 minutos depois, entrou correndo na sala sem bater e disse que o trânsito estava horrível, que ele achou que não chegaria? Aí a professora deu pra ele um pacote de jujubas e ele não entendeu nada. E nós ficamos rindo.

    As pessoas, elas são imprevisíveis.
    Beijos

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  6. Na melhor do que o ódio por alguém fazer amizades. hahaha Realmente, o ódio une também.
    Sério, que temática diferente e que texto maravilhoso, Analu. Vou começar apostar caixa de bombons também. ahah

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  7. Sabe, deveria ter um manual de instruções que só pudesse ser usado em situações de emergência. Seria mais fácil.
    Mas concordo que lidar com as pessoas pode ser altamente divertido!
    Vou adotar para o meu trabalho essa técnica da caixa de bombom, mas em vez de bombom vou pedir recarga para caneta de quadro #professorsofre
    Beijo! <3

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  8. Ah, não! é a segunda vez que eu vou comentar hoje que eu sumo com a birosca do comentário, sem saber como. Jesus! Mas let's go, sou brasileira e não desisto nunca!

    Aqui em casa minha mãe e irmã dizem que eu inventei um bordão. É o "Ah, as pessoas..". Eu digo sempre que alguém me conta sobre algo estapafúrdio que um ser humano cometeu, ou quando vejo alguma pessoa sendo especialmente difícil.
    Eu deveria ganhar um bombom para cada pessoa difícil que eu encontrar - eu me daria um por dia! hahaha

    PS: Saudades mimar você! ♥

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  9. (Eu chego atrasada em qualquer coisa que aconteça pela manhã tão seguido que sinceramente queria que alguém resolvesse apostar chocolate comigo. Talvez assim eu parasse com esse hábito horrível).

    Às vezes ter um manual de instruções de como lidar com pessoas seria a melhor coisa do mundo, seria tudo que eu queria, deixaria a vida tão mais fácil. Só que, por outro lado, se pessoas pudessem vir com um manual de instruções simples e em algumas páginas, acho que tudo perderia a graça. As tentativas realmente são divertidas.

    Beijo!

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  10. Amiga, manual de instruções seria ótimo só pra eu aprender a lidar com meu orientador que nunca sabe o que quer e aposta que eu, uma mera orientanda, vou adivinhar sem pista nenhuma. Pode pedir manual seletivamente, assim, pros casos mais críticos?

    Mas eu concordo com você. Não seria tão interessante. Nem tão divertido. Porque eu gosto da descoberta, de viajar no "magical mistery ride" alheio e tudo mais. Se eu fosse você, da próxima vez, apostaria uma passagem pro Rio pra vir me visitar e badalar comigo nas festas temáticas que distribuem chocolate. Aposto que você ia ganhar.

    Te amo muito (e tô com saudade, as always) <3

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  11. Eu tenho uma dificuldade imensa em lidar com as pessoas! Acho fascinante, mas acho muito cansativo, Analu. Às vezes, por pura preguiça, eu preferia a chatice do manual de instruções, viu.

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