sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre correr atrás dos sonhos

Eu estou lendo um livro que é mais interessante do que eu imaginava. O nome é A Lista de Brett e eu comprei totalmente despretensiosa, só porque curti o mote. Estou lendo para a Maratona Literária, e pretendo gravar um vídeo sobre as quatro leituras escolhidas, por isso não vou me estender muito ao falar dele. Direi somente que a história é sobre uma moça que, ao perder a mãe, descobre que só poderá receber a herança se realizar os 20 sonhos que ela (a moça) havia deixado registrados em uma lista quando era adolescente.

Ainda estou no começo do livro, mas ele me deixou matutando um tanto sobre meus sonhos de adolescência e sobre as reais influências que eles tenham ou não sobre mim. Na verdade, eu tentei fingir até agora que esse post era algo de cunho emocional e filosófico, mas não é. Eu só quis postar porque escritor tem mania de viver as situações já pensando em como elas podem virar um texto, e eu acabei de viver uma cena dessas que podia facilmente estar encaixadinha em algum filme.

Minha sala, no trabalho, tem 3 mesas. Teoricamente, trabalhamos em 3 pessoas nessa sala, mas ela vive cheia de gente transitando. Nesse momento, por exemplo, estávamos em 6. 6 pessoas com assuntos paralelos e 3 computadores ligados. Cada um prestando atenção no seu mundo. Eu mesma não sei exatamente dizer o que se passava com a pessoa do lado, porque nem piscava olhando para tela enquanto tentava fazer meu e-mail funcionar. Acontece que de repente, no meio do barulho das 6 pessoas E da secretaria, que fica logo na frente, escutamos, ao longe: É o carro dos sonhos! O carro dos sonhos!

Reza a lenda que esse tal carro dos sonhos passa sempre por aqui, mas eu nunca tive disposição para levantar da cadeira, acenar para o carro e comprar o tal do sonho. Só que meus colegas são animados. Na hora que esse alto falante soou, um deles gritou: MEU DEUS, O CARRO DOS SONHOS! O outro levantou se atropelando e começou a contar moedas, enquanto eu corria até o armário para pegar a carteira e minha outra colega abria sua bolsinha. Saímos jogando dinheiro no colo do primeiro a levantar, e eu corri animadíssima até a porta no maior estilo PAREM ESSE CARRO. Tá legal que minha atuação foi super desvalorizada, porque Rodrigo apenas me olhou como quem dizia "sua amadora" e disse: - Não precisa correr que o carro fica parado um tempinho. 


Lá foi ele, então, plácido e tranquilo, com todo o nosso dinheiro comprar sonhos. Não mais do que 2 minutos depois ele retornou com sacolinhas e saiu distribuindo: - Goiabada para a Eliane, Creme pra você, Doce de leite para mim, o Humberto não quis?

Fiquei pensando no conteúdo metafórico de todo esse movimento e concluí que, ai, quem dera os nossos sonhos custassem só 2 reais e viessem no sabor desejado. No entanto, o outro lado da história também apitou na minha cabeça: tenho 22 anos e nunca vi alguém levantar com tanta urgência de uma cadeira e sair correndo para realizar um sonho de verdade. Caso a se pensar.

12 comentários:

  1. Analu, isso me lembrou aquele velho ditado: "nunca desista do seu sonho. se não encontrá-lo em uma padaria, procure em outra".
    Mas existe sonho de goiabada? Deve ser uma delícia (a gula, olha ela lá).
    A história desse livro me lembrou, por alto, um filme, acho que com o Patrick Dempsey, chamado Lucky 7, só que a lista é, na verdade, um plano que a mãe da protagonista elaborou para a filha antes de morrer, e que a menina sempre segue à risca. Deu vontade de ler, parece ser o tipo de livro que me agrada bastante. Vou colocar na lista (pequena, ainda bem, porque sou uma pessoa lerda).
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. É por isso que eu amo o seu blog, Analu.

    ResponderExcluir
  3. Nossa, que legal, tanto a Maratona como esse livro *O*
    ;*

    ResponderExcluir
  4. Quando vc passa dos 25 anos... tu deixa de sonhar tanto e por ter os pés mais no chão as tuas realizações ficam muito mais "paupáveis"...
    Acredito aqueles que sonham ALTO e aqueles que não sonham realizam as mesmas coisas... em um período diferente de tempo mas, realizam.



    Sobre o seu comentário no meu blog; Faço Psicologia e eu fiz apresentação ano passado de Psicoterapia infantil sobre o filme vida de inseto e levei uma pedra e fiz o mesmo diálogo do Flick com a Dotti do "faz de conta que é uma semente - mas é uma pedra" os alunos ficaram apavorados...

    ResponderExcluir
  5. Amiga, sabe que quando você começou a contar a história do carrinho dos sonhos eu comecei a pensar: olha essa Banana infamine enganando todo mundo com um trocadilho! E já tinha adorado, porque sou super a favor dos trocadilhos, melhor ainda se são infames. Aí você me veio com esse final que me fez perder o rumo de casa.
    Obrigada por isso.
    Te amo <3

    ResponderExcluir
  6. Fiquei muito interessada na história desse livro. Pare de aumentar minha lista, sua creiça.

    Enfim, acho que a gente sempre tem a ilusão de que a vida é longa e a gente tem todo o tempo do mundo pra alcançar os sonhos (aqueles que não são comida - porque o estômago sempre fala mais alto). Só que não é verdade. As oportunidades passam, os sonhos mudam, a vida (sem aviso prévio) acaba e os sonhos morrem com a gente.

    Acho que esse é o comentário mais deprimente que eu já fiz. Desculpa. Por favor não me odeie porque eu te amo, bananica <3

    ResponderExcluir
  7. Adorei o texto, lindinha. E, puxa, o carro dos sonhos! Isso daria um bom conto ;) A crônica você já fez; por que não tenta o sonho, ops, o conto?
    Bjs

    ResponderExcluir
  8. Que legal essa história de carro dos sonhos <3 Quero um desses por aqui, urgente.

    Eu ando meio cética, talvez um pouquinho amarga e com raiva da vida, mas os sonhos eu não abandono jamais. Acho que alguns deles vão sendo construídos ao longo da vida, mas claramente não caem no colo.

    Você ainda não tinha me convencido até agora sobre o livro, hahaha. Achei a capinha meio desmotivadora. Vou lá marcar no skoob.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  9. Sabe, acho que taí a grande diferença: realizar sonhos exigem certo esforço. E mesmo odiando generalizar, vou ter que fazer isso aqui, porque pelo que vejo todo dia, a maior parte das pessoas sempre encontra uma desculpa. Dinheiro, trabalho, outras prioridades, e vai jogando os sonhos pra frente como se nosso tempo fosse eterno. Não é. Claro que alguns sonhos mudam ao longo da vida, mas acho que às vezes a gente devia pensar menos e agir mais. Parar de encontrar desculpas e viver.

    Não sei se consegui me expressar direito porque a única vontade que eu tinha era de dizer que o texto é maravilhoso (♥), que já quero ler esse livro e que nunca comi sonho de goiabada na vida e já tô imaginando que deve ser uma coisa muy deliciosa. Sonhos de goiabada na minha vida, por favor. Mas como eu odeio comentários genéricos do tipo "amei seu blog, passa no meu", tentei acrescentar alguma coisa. Mas sério, que texto maravilhoso esse. Ficarei matutando sobre o assunto por dias, aposto.

    beijos, Ana!

    ResponderExcluir
  10. Sabe que quando eu li que "carros dos sonhos", por um momento, me perguntei que pira era essa. Um carro que passa por aí realizando seus sonhos? Tipo um daqueles desejos do make-a-wish foundation? Pra você ver. Eu só penso em significados metafóricos e esqueço dos doces que a vida realmente tem.
    Ontem à noite, conversando com uns amigos, percebi o quanto a gente foge dos nossos sonhos. A gente corre atrás deles enquanto sabe que é impossível, quando nada que fizermos vai adiantar. Quando a coisa fica séria e tudo passa a depender de você, bate aquele pânico tão total que te paralisa. É esse medo que eu mais temo. Porque afinal de contas, eu quero mais é ser capaz de correr atrás do carro do sonho como se minha vida dependesse disso, independente na racionalização de que vai esperar por mim.
    Beijo <3

    ResponderExcluir
  11. Carro dos sonhos aí, mulher das trufas aqui, o que importa é que a cota de gordices do dia seja sempre preenchida decentemente. <3

    Mas, sobre o assunto do post (e sobre o livro, que acho que surpreendeu positivamente a nós duas): é realmente uma coisa a se pensar, esse negócio da nossa disposição para tomar as rédeas dos nosso destino e fazer as coisas acontecerem. Acho que uma parte dessa nossa preguiça são as eternas incertezas que acompanham um desejo. Eu, particularmente, sempre sou travada pelas dúvidas. Será que é isso mesmo que eu quero? Será que a minha vida desse jeito será melhor? E se tudo der errado?

    É aquela velha história: penso, logo não faço.

    Beijinhos!

    ResponderExcluir
  12. Ana, ótima metáfora, ótimo texto, ótima reflexão.
    Gosto de livros para fazer a gente pensar por dias, e se odiar e querer se mover, levantar da cadeira. Vou esperar seu vídeo e vou procurar este título. Nesta fase da minha vida, ia me dar uma animada :)

    ResponderExcluir