segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Histórias de Jacuzzi

A casa dos meus avós de Baixo Guandu sempre foi um parque de diversões. Varanda gigante, banhos de banheira, muitos primos, bicicletas, patins e patinetes. A gente armava aquela piscina de plástico de mil litros tudo trabalhado no luxo e se divertia horrores.

Já o apartamento dos meus avós de Vitória sempre seguiu mais a linha Museu. Eu e Helena somos as únicas netas. Enquanto na casa dos avós do Guandu todo mundo briga por um espacinho no mural de fotos, na casa dos avós de Vitória tem fotos minha e de Helena espalhadas pela casa inteira. Tem um sofá vermelho que minha vó adorava de paixão, um quadro do Preto Velho (?) e umas samambaias penduradas. E nada, nada, jamais, saiu do lugar. Eu tenho 20 anos e acho que as únicas coisas que mudaram naquele apartamento foram a cadeira de balanço e as televisões, que mudaram de cômodo. Fim.

Acontece que todo museu tem sua porcentagem de diversão. E no apartamento deles tinha uma máquina de escrever, um autorama velho de papai, e ela. A Jacuzzi. A Jacuzzi retangular e comprida, no meio do banheiro social. A Jacuzzi que eu e Helena mal podíamos chegar lá e já começávamos a ronronar na perna de vovó, feito duas gatinhas mimadas miando, até olhar com a maior cara de pidonas do mundo e bradar: –Vó… a gente pode tomar banho de banheira?

Claro que podia. Dona Aparecida podia se fazer de difícil nos primeiros 3 pedidos, mas nunca se fazia de rogada por muito tempo, e rapidinho estaria no fogão esquentando água. Sim, porque desde que me entendo por gente o aquecedor da banheira está quebrado. Ninguém nunca consertou aquele troço. E lá ia vovó, esquentar barriga no fogão para colocar água quentinha na banheira. E era sempre a mesma história.

Ela ligava a torneira fria, temperava com a água quente, pingava algumas gotas de óleo pra fazer espuma e fazia que ia levar embora pra gente não colocar mais e fazer bagunça. A gente sempre fazia cara de santa, pedia pra ela deixar ali apenas para casos de emergência (vai que a espuma toda some, vó?) e era só ela virar as costas que a gente virava meio litro de óleo na banheira e pronto. Nos transformávamos nas abomináveis meninas das neves. Nós e o banheiro. Tudo embaixo de espuma. E ficávamos horas ali. A glória era quando papai entrava junto! Como era gostoso brincar naquela banheira!

O apartamento continua lá, a banheira também. Vovó, infelizmente, não. Mas fica o amor e ficam as histórias. As duas mais engraçadas, obviamente, foram sobre o dia em que eu resolvi mergulhar na banheira achando que estava no próprio Oceano Atlântico. Dei com o supercílio no “chão” da banheira. Abriu e começou a sangrar. Só tinha homem em casa. Calculem 3 homens desesperados, uma criança sangrando e a mais nova sozinha na banheira. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, e quando mamãe e vovó chegaram eu já estava com remédio e gelo no machucado, nem sangue saía mais, e papai se sentia orgulhosíssimo de seu papel como consolador de filha & enfermeiro. A segunda vez engraçada foi o dia que o aquecedor da banheira explodiu. Sim, aquele troço nem funcionava, mas resolveu explodir no meio de um banho nosso. Foi um barulho absurdo, vovó e vovô saíram correndo, o banheiro ficou todo preto e cheio de fumaça, mas nós, graças a Deus, terminamos a aventura sem nenhum arranhão.

E eu resolvi lembrar de tudo isso hoje porque eu e a Anna Vitória estávamos dissertando no FaceChat sobre como todos deveriam ter banheira em casa. Porque banhos são momentos tão nossos, não? Eu adoro entrar de cabeça no chuveiro e me desligar do mundo. E uma banheira certamente me deixaria com um bocado de peso na consciência a menos, porque eu estaria imersa em água parada ao invés de estar vendo toda aquela água se esvair do chuveiro para o ralo enquanto eu canto a música do dia pela 10ª vez, ainda antes de ter tido coragem de passar o shampoo. Uma banheira me faria muito bem no fim de um dia. Eu apagaria as luzes, acenderia um incenso, ligaria uma música baixinha e provavelmente morreria afogada, porque acabaria dormindo durante o processo e viveria todo um momento de relaxamento em meio a água quente e sais de banho. (Pois sim. Pelo menos na primeira semana. Porque na segunda eu certamente nem lembraria da pobre da banheira).

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Se o telefone for pra mim, pode dizer que eu morri

7 comentários:

  1. Banheira também me lembra casa de vó, Analu. Quando eu era pequena eu só tomava banho na banheira, e tinha toda essa história de ter que esquentar água no fogão porque o aquecedor de lá também não funciona! Quando eu ia brincar na banheira sempre retirava a tampa de TODOS os potes e vidros que ficam em cima da pia (são MUITOS) e ficava brincando de barquinho ou então brincava de simplesmente enchê-los de água e jogar na minha cabeça ou algo assim.

    Olha, tive que rir da cena de você sangrando e seu pai todo desesperado! Deve ter sido um terror, coitado! hahahaha

    Beijos!

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  2. Sempre tive vontade de ter banheira em casa e concordo com vocês que todo mundo deveria se presentear com esse luxo. Lembro que banheira só tinha na chácara que a gente visitava uma vez por ano. E era pequena e quadrada, meio sem graça, mas a gente se divertia à beça mesmo assim. Gostei de saber suas peripécias de infância, adoro posts assim.

    Beijos!

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  3. Concordo com você! Um banho de banheira é tudo o que preciso para terminar os meus dias estressantes! E a economia de água ajudaria também, né? hehe

    Gostei bastante do seu texto! Parabéns!

    Quando puder, dê uma passadinha lá no blog que tem um selo para você, tá?

    Beijos,

    Michas

    http://michasborges.blogspot.com

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  4. Teve banheira na minha casa uma vez, mas não tinha aquecedor também e a gente tomava banho na água fria, não importa o frio que fizesse. Nunca aconteceu nenhum acidente, mas desperdiçamos quantidades invejáveis de shampoo pra fazer espuma, porque mamãe até desistiu de comprar espumantes decentes! Meu sonho sempre foi uma banheira com uma prateleira que desse preu colocar o notebook em cima, ou um livro. E uma tv na frente preu assistir filmes enquanto estava de molho na espuma. Ai, deve ser tão bom!!
    E é legal como até lugares aparentemente chatos nas mãos das crianças tornam-se brilhantes!
    Abraços <3

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  5. Amiga, que desespero essa história de você ter se machucado ali na banheira! Gente!
    Mas, enfim, eu adoro banheiras. Lá no antigo apartamento, tínhamos uma que era daquelas retangulares, pequena mesmo. Ficava na suíte dos meus pais, mas só eu e meu irmão usávamos. O negócio era minúsculo, mas entrávamos os dois juntos. HAHAHAHA!
    Aí nos mudamos pro atual apartamento, que tem uma banheira bem igual a essa da foto aí, na suíte dos meus pais, de novo. Mas, pasme: em 5 ou 6 anos que moramos aqui, NUNCA usamos aquela banheira. NUN-CA! É, eu sei. Dói. Mas, seu post me deixou na vontade. Vou ver se arrumo um jeito e coloco-a pra funcionar nesse fim de semana especial <3

    Te amo!!

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  6. gente, que delícia ler o teu blog. super inspirador, adorei o título. grande abraço e passarei aqui mais vezes.

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  7. genial ir de cara no fundo da parada hein...AHAHAHAHA loirice sempreee néé...ahahahaha <3

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