domingo, 24 de maio de 2015

Como conseguir o beijo que você quer

Esse post é quase um oferecimento desse daqui, da Anna Vitória. Na verdade é uma continuação. Na verdade é sobre o que eu pensava em quanto eu lia, porque eu estava junto na situação da festa que ela citou e fui eu a menina que tive a coroa quebrada por um babaca que eu não estava afim de beijar.

Calcule a situação: você tá ali dançando, de boa, com suas amigas. Era só isso que você queria: se divertir, tava perfeito assim, você não estava à caça no momento, você só estava sendo feliz. Aí chega um homenzinhodemerda (ô raça) e antes de tentar te dizer um oi já te puxa pelo braço e fala que quer te beijar. Você diz não. E ele diz, de novo, que quer. Afinal de contas, no maravilhoso mundo dos homenzinhodemerda, aquela raça maravilhosa, basta que só eles queiram para que a coisa aconteça. Eu neguei, de novo, puxando meu braço mais uma vez. Terminei com um soco de leve na minha coroa, que quebrou em 3 pedaços e ainda machucou minha cabeça de raspão. Ele queria conseguir, com isso, UM BEIJO. Seria cômico se não fosse trágico.

Pausa para procurar a lógica

A Anna elencou no texto dela uma série de coisas que pode querer dizer que uma mulher está afim ou não está afim. Achei curioso que um dos itens do “está afim” diz que a mulher beija primeiro. Morri de rir, porque na minha vida isso é muito verdade. Na ~vida real~ eu sou bem palermona, fico esperando o cara me beijar quando quiser. Na balada, se ele deu o sinal e foi educado chamando pra conversar, é bem provável que eu seja a responsável pelo primeiro beijo.

Vamos recapitular o que eu acabei de dizer ali em cima: se ele deu o sinal e foi educado. Não vou mentir não. Já teve vezes que o cara me olhou, eu olhei, dei a entender com o olhar, então ele me puxou e me beijou e nos divertimos em meia hora de beijos que terminaram com a troca de nome, telefone e nem mais meia palavra foi dita. Acontece. Mas no geral, é de outra forma que eles conseguem o beijo. E falo isso não só por mim: minhas amigas pensam muito igual. Mas vou ilustrar um causo vivido por mim pra que todo mundo entenda.

Era uma balada de sertanejo. Tinha acabado de chegar e um carinha veio me tirar pra dançar. Ainda não estava na vibe e, na verdade, estava tentando mirar em um outro. Neguei a dança e agradeci. Horas depois eu estava no meio de minha amiga e sua prima, encostadas na cerca do camarote. Do nada, dois homens desceram do camarote e cada um deles beijou uma delas. Eu fiquei parada, no meio, observando a cena e com muita raiva (recalque é humano e os dois eram lindos). Acontece que eles beijaram elas e desapareceram. Elas foram correndo atrás dos caras no meio da balada pra ver qual era. Me enchi de razão e fui atrás também para avisar que estava indo embora. Foi quando fui interceptada pelo carinha lá do início, que me perguntou, mais uma vez, se agora eu gostaria de dançar. Olhei pra cara dele, pensei melhor na vontade de ir embora e disse que sim, eu dançaria com ele, mas seria só isso. “Nem tente me beijar”, disse eu. “Pode deixar!” disse ele, com um sorrisão.

Não tinha 5 minutos que estávamos dançando e eu beijei o menino. Por que? Porque ele me respeitou. Porque ele aceitou o primeiro não, porque foi carinhoso e simpático quando, horas depois, tentou de novo. O primeiro não era não mesmo, não era talvez. Naquele momento eu não queria dançar com ele, mas depois me deu vontade. E ele quis dançar comigo mesmo quando eu disse que não ia ter beijo. E ele me fez rir, porque se apresentou, perguntou meu nome, falamos da vida. E ele tinha um sorriso tão doce e era tão legal que ele conseguiu o beijo que ele queria – e muitos outros beijos a mais.

Minhas amigas, no fim das contas, deram com os burros n’água porque os homens do camarote eram daquela raça maravilhosa citada lá em cima e tinham, ambos, namoradas. Mas elas sacudiram as perucas e foram dançar e se divertir lá pra perto da pista, enquanto eu fiquei pelo menos mais umas 2 horas conversando sobre a vida e beijando um cara que me divertiu pelo resto da noite. Não demos em nada depois disso e nem era a intenção, mas foram 2 horas deliciosas.

É assim que se ganha um beijo – mas ainda não é garantia, tá? Às vezes você pode ser simpático, ela pode dançar com você, ela pode bater altos papos sobre a vida com você e o beijo não vai rolar. Ninguém tem a obrigação de beijar ninguém se não quiser. É isso que está faltando ser entendido na cabeça de muitos, aparentemente. Nós, mulheres, não estamos sempre caçando. Não são vocês que farão a diferença na nossa noite. Nessa festa citada pela Anna, eu acabei beijando um cara. E ela beijou um também. E sabe o que aconteceu? Paramos de beijá-los quando tocou uma música muito ótima que queríamos muito dançar. Eles ficaram assistindo enquanto a gente se divertia e depois voltamos a eles, porque queríamos. E porque eles entenderam que nossa diversão entre amigas estava em primeiro lugar. É assim que você pega uma mulher na balada: se ela quiser ser pega e se você souber se comportar.

Estamos todos entendidos? Fico orgulhosa.

10 comentários:

  1. Amiga, sabe que por muito tempo eu me achava ~difícil~. As pessoas falavam "nossa, Anna, mas você é exigente, você é difícil, você é muito brava, noooossa" e eu meio que achava que era assim mesmo. O problema tava em mim. Levou um tempo pra eu perceber que não era eu a difícil, mas o nível dos caras que era ruim demais demais demais. Porque se o cara for educado, eu vou ser legal com ele, ainda que não queira nada. Vou sorrir, fazer gracinha, falar sobre signos, às vezes até beijar. Tudo começa com ele sendo EDUCADO. Gente, decência faz milagres, não é mesmo? E mesmo assim os caras não conseguem ser decentes. A gente nem devia celebrar os educados, ninguém devia ganhar parabéns por ser uma pessoa razoável, mas esse é o mundo em que vivemos.

    E amei muito você recordar nosso episódio da Mariquinha, pois que momento maravilhoso em nossas vidas, né? Jamais vou esquecer a gente de braço dado, numa performance muito emocional, sendo as mais retardadas do rolê, e os moços encostados na parede, observando. A gente <3

    Por mais noites de Mariquinha e menos coroas quebradas!
    Te amo!

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  2. Tô achando o máximo esses textos ainda mais porque só vejo verdades ali. Eu quase nunca saio de balada e nas poucas vezes que fui não peguei ninguém, nem porque eu não queria, mas porque realmente não tinha ninguém que valesse a pena. Graças a Deus nunca passei por nenhuma situação horrível como a de vocês e a parte mais triste é saber que isso é mais comum do que a gente pensa!

    Mas tá certinha, por mais que existam mulheres que gostem de caras mais "chucros" acho que até eles tem que se comportar como gente pra ganhar essas minas né?
    Enfim...

    Cê é foda, apenas <3

    beijo!

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  3. Eu sei que não sou lá a pessoa com mais experiência nesse sentido, e talvez eu tenha ficado um tanto surpresa com a quantidade de coisas que eu vi nessa festa. Eu sabia, obviamente, que homens conseguiam ser babacas como ninguém e também conseguia imaginar o que as mulheres tinham que enfrentar quando saiam de casa pra dançar. Só que eu nunca imaginei que numa mesma balada eu veria a coroa de uma amiga sendo quebrada, outra sendo ameaçada e seguranças sendo chamados porque BABACAS. NÃO. TÊM. LIMITES. É absurdo que eu veja tão pouco disso quando saio acompanhada, e é muito errado também, porque outros homens não deviam respeitar a gente só porque tem um macho do lado. Nós também somos pessoas e, veja só, também merecemos respeito e ver que isso é, aparentemente, uma coisa difícil de entender me assusta demais. Mas enfim, vida que segue.

    te amo <3

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  4. Falou tudo e falou lindamente <3

    Eu, em geral, só me deparo com babaca em festa e por isso tenho o hábito de terminar a noite no zero a zero ou com ressaca moral. O zero a zero é muito melhor, então adotei como resultado desejável da noite na minha vida. Mesmo porque normalmente minha intenção geralmente é me divertir com as companhias que eu levo de casa e eu não costumo ter muita paciência pra papos longos meio nada a ver com gente aleatória. Mas aí sábado... hehehe. Acabei conversando um tempão com um guri muito bacana (que também me esperou enlouquecer em uma música com as amigas no meio do caminho) e foi ma-ra-vi-lho-so. Nem trocamos contatos, mas valeu a noite e me fez reformular a política do zero a zero obrigatório na balada. Tô feliz da vida até hoje.

    Amo você <3

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  5. Não sou muito de ir em balada, mas quando vou sempre acontece alguma coisa nesse nível. É incrível como ~ozomi~ não conseguem se situar, ficar de boa! Se não tô com vontade de beijo, não vai ter beijo e pronto, não adianta ficar com raivinha, tentando me forçar. E COMO ASSIM era você a mocinha da coroa no outro post! Gente, que mundo é esse onde a noiva e as amigas não podem festejar de boa, na tranquilidade? UGH, me ferve o sangue.
    Um beijo!

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  6. And that's how it works... That's how you get the girl! HAHAHAHA, você como sempre, escrevendo textos maravilhosos!

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  7. Sabe o que mais gostei nesse post: o fato de que tive o privilégio de ouvir essa história da balada sertaneja pessoalmente contada por você lá no nosso apê! Que saudade!!!

    Mas falando do post, eu acho tão difícil arrumar gatinhos na balada. Sei que é esquisito dizer isso quando a maioria das pessoas beija nas baladas, mas sei lá...acho que normalmente está escuro, a gente não vê a pessoa direito, na maioria das vezes os caras estão bêbados com cheiro de cerveja...acho que sou muito fresca mas, na maisor parte das vezes, vou pra baladinha só pra curtir mesmo. E né, #saudadescoroadeAnalu

    Saudades! Beijos

    Te amo!

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  8. Um texto até didático hehe. Fica difícil não entender a diferença depois destes exemplos vividos por você. Eu sei que na balada ninguém está procurando o príncipe encantado (algumas sim vai), mas temos o direito de não beijar alguém, porque por mais incrível que isto pareça, algumas pessoas vão pra noite só pra curtir mesmo e não pra pegar alguém. Infelizmente é muito difícil que os homenzinhos de merda entendam isso. Por isso, mas não somente por isso, eu não curto baladas "tradicionais", e nos ambientes que frequento as chances disso ocorrer são bem baixas.

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  9. É tão triste como ainda somos tratadas como as que têm q aceitar apenas pq o homi quer e se ele quer nooossa temos muita sorte.

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