quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Jornalista

Nem cheguei a tentar prometer para mim mesma que não ia inserir nesse post nenhum discurso clichê que ouse comentar sobre como o tempo passa rápido. Que bom que nem tentei, porque não consigo ver outro modo de começar esse texto senão falando que o tempo passa. E as coisas mudam um pouco, mas nunca de uma hora para outra. As definições, estas sim, mudam de repente. E eu estou pensando tudo isso porque terça-feira eu colei grau, e apesar de, até agora, continuar sem entender essa tal de expressão "colar" (?) grau, mudou o fato de que quando alguém me perguntar minha profissão eu não responderei mais "Estudante". E eu parei para pensar em toda a mudança que isso significava, e o que exatamente mudaria agora.

Eu já era jornalista quando enchi o saco da minha tia para aprender a ler aos 4 anos de idade. Já era jornalista quando preferi os livros que ganhei de aniversário ao par de patins que tanto pedia. Era jornalista quando era a criança mais pentelha curiosa de todas. Quando corria para atender o telefone antes de todo mundo. Quando ficava chateada se alguém desse uma notícia antes de mim, fosse ela boa ou ruim. Eu já era jornalista aos 6, quando bati a cabeça no parquinho e fiquei na sala dos professores ligando para a família inteira para contar detalhadamente como tinha saído sangue do meu cabelo, muito mais animada com a história do que chateada com a dor, de cuja qual eu nem lembrava mais. Já era jornalista também quando, aos 7, comecei a escrever minha primeira história. Aos 14, quando praticamente dei ideia para a professora de português de passar um trabalho em forma de jornal de televisão. E ao lembrar de tudo isso, acuso dizer que, mesmo tendo pensado um milhão de vezes que ~escolhi a profissão errada~, entendi que profissão a gente não escolhe. A gente é.

Ainda não sei que caminho eu vou tomar na minha vida. Não sei se vou aprender a falar alemão e ser correspondente internacional em Berlim para cobrir os eventos dos 50 anos da queda do muro. Não sei se vou escrever crônicas para a Folha de São Paulo, ter uma coluna na TPM, ou acabar escrevendo 2 parágrafos por semana para o jornalzinho de esquina do meu bairro. Ou se vou largar tudo isso e virar hippie. Não sei. Sempre fui romântica, meio século XIX, e nunca tive vergonha de falar para quem quisesse ouvir que o meu maior projeto de vida é um filho no colo e que meu sonho de carreira era um bebê estendendo o bracinho e me chamando de mãe. O que mudou foi que hoje, quando eu pensei que não mais responderia estudante e sim jornalista, é que eu finalmente entendi. Entendi que não escolhi. Que eu sou. E que apesar de qualquer coisa que eu faça na minha vida, qualquer coisa que eu venha a querer ser, eu sempre fui, antes de tudo, a menina de 4 anos que gostava de pegar uma revista no colo para tentar decifrar as letras; que gostava de saber, e de contar, tudo primeiro. O que mudou é que agora, quando me perguntarem "o que eu sou", eu posso responder o que eu sempre deveria ter respondido: Jornalista.


18 comentários:

  1. Arrepiei aqui. Juro. Amiga, que lindo. Senti tanto orgulho de você, das suas fotos da formatura, da sua felicidade. De verdade. Senti uma felicidade enorme por você. Person, te desejo muito sucesso daqui pra frente. E que você encontre um caminho novo e se apaixone por ele. Te amo! E parabéns, novamente!

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  2. Ai Bananíssima, que coisa bela.
    Amei a foto e acho esses trajes vermelhos uma coisa tão chique, solene e imponente que acho que quero ir pra PUC só pra colar grau, pode? Hahaha
    Muito orgulho e felicidade por você, espero que essa certeza, esse amor que você tá sentindo e essa determinação em seguir aquilo que você nasceu pra ser não te abandone, e que essa carreira maluca e esquizofrênica que a gente escolheu te dê muitos motivos pra sorrir e ter certeza que, apesar dos pesares, você fez a escolha certa.
    Não vou dizer que você vai ser ótima porque isso você já é.
    Eu só tenho amiga foda, aff.
    Te amo!

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  3. Analu, esse texto é lindo e nada clichê. Achei muito original, muito belo. Aliás, meus sinceros parabéns pela sua formação, sucesso na carreira é o que lhe desejo, sobretudo porque você escreve MUITO bem e sabe disso.
    É isso: você é, você sempre esteve nesse status, nessa profissão, você apenas cumpriu a formalidade de ter o seu justo diploma. Mas você sempre foi jornalista.
    Abraços.

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  4. Bananinha, meu orgulho de você é do tamanho da alegria que eu imagino que você sentiu nesse dia. Lembro direitinho do que aconteceu dentro do meu peito naquela colação. Foi tão bonito os capelos no alto e os sonhos dentro da gente explodindo nos nossos gritos <3 Eu te amo muito e meu sonho era participar desses momentos. Mas pode ter certeza que quando o seu maior sonho acontecer, eu não vou perder por nada. Quero dar um beijo estalado na sua testa e na da Clara.
    Te amo DEMAIS!

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  5. Primeiro devo informar que ainda estou embestiada com a beleza do seu vestido do baile e CHATEAÍSSIMA por não poder comparecer, ainda mais agora que eu sei que a Giu vai. Segundo devo dizer que estou muito orgulhosa desse post, porque por muitas vezes eu tive a sensação de que você nem curtia o jornalismo e era só porque tinha que fazer algo mesmo. Eu achava que era "ah, ok, eu faço jornalismo" e nunca tinha visto você realmente empolgada por fazer jornalismo. Ao ler esse texto eu entendi que você nunca precisou demonstrar empolgação nenhuma, justamente porque você só estava aprendendo os métodos jornalísticos e ganhando mais experiência, não estava se tornando algo, apenas aparando as arestas e para isso você não precisava ficar falando "uhul, estou estudando jornalismo!" porque, por mais incrível que isso fosse, era só você sendo você, o que é incrível por si só. Enfim, provavelmente nada disso faz sentido porque estou no meu estágio acabei-de-acordar-e-vim-pro-trabalho e não consigo pensar, mas o que eu realmente quero dizer com tudo isso é que, mais uma vez, eu estou muito orgulhosa da sua pessoa!
    Te amo e espero que o sonho do filho no colo também se realize!
    Abraços!

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  6. Que orgulho que sinto de você hoje, minha amiga! Você não tem nem ideia! É incrível quando a gente lembra da nossa ~jornada~ até o dia da colação. Na minha também fiquei super emocionada, mas não tive essa sua catarse. Amei tanto saber que você nasceu jornalista, e meu coração se encheu todinho ao imaginar você bem pequenininha falando no telefone. "Aí, vó, desceu um sangue da minha cabeça" que coisa foooofaaaa, nhom nhom! Quero muito estar do seu lado quando você tiver filhas, porque tenho certeza que todas vão ser iguaizinhas a você.

    Te amo, muito! Tenho certeza que você vai ter uma carreira maravilhosa, já que agora você simplesmente protocolou o que já era desde sempre. Estou aqui na torcida, sempre!

    E como disse a Anna, só tenho amiga foda!

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  7. Parabéns por ter se formado!
    E estou sentindo quase tudo isso que você escreveu!Acabei de começar na faculdade,em jornalismo também e estou com todas aquelas expectativas se vai dar certo ou não!E talvez sejamos colegas de profissão algum dia desse!
    Beijos

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  8. Que bom que você encontrou algo pra fazer que corresponda ao que você é, Analu. Nem todo mundo tem essa sorte na vida. E mesmo que nem sempre você goste muito do que faz, isso vai ser a única coisa que vai te fazer (profissionalmente) feliz. Mil parabéns e toda a felicidade do mundo nessa nova fase da sua vida. <3

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  9. Que lindo esse seu pensamento! E acho que se eu for ir pelas mesmas análises, posso dizer que também nasci arquiteta, sempre rabiscando casinhas e montando coisas malucas com Lego. E parabéns por essa conquista, Analu! O momento da colação foi o que mais me marcou, foi lindo e emocionante (até curti mais do que o baile, acredite).

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  10. Ana Lu,
    Preciso dizer que estou digitando, com lágimas nos olhos?
    Emocionada com vc, com seus textos, que sempre amei. Leio e fico sempre com o gostinho de quero mais.
    Você sempre foi jornalista de fato. E agora o é por direito.
    Bjs, te amo muito. Sucesso.

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  11. Chorei um pouquinho, hahaha.
    Parabéns pela formatura, Analu! Sempre choro lendo/vendo essas coisas, e fico pensando como vai ser quando (daqui a um bilhão de anos) chegar a minha vez... Acredita que, até agora, eu não me decidi? Não sei o que vou ser quando crescer. Quando me perguntam, eu respondo "adulta".
    Mas enfim, parabéns mesmo. Aposto que você será uma ótima ótima jornalista, correspondendo em Berlim ou escrevendo uma coluna na TPM. Você nasceu para brincar com as palavras, garota! Tenho certeza que se dará bem em qualquer lugar.
    Beijinhos!

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  12. Analu, que maravilhoso!
    Lindo! Me emocionei.
    Você nasceu jornalista mesmo. Muito sucesso nessa nova fase da vida.
    Beijos

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  13. Que coisa mais linda, Analu! Sempre ouvi dizer que Jornalismo não é profissão que se escolha por outro motivo que não amor, e, realmente, a gente não vira, a gente é. Pra mim, que quero fazer o mesmo curso e estou cheia de dúvidas e medo quanto ao futuro na profissão, é um conforto gigantesco ler um post assim. E parabéns pela colação e pela conclusão da faculdade! Beijos. (:

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  14. Concordo com a frase: "Profissão a gente não escolhe. A gente é." Tenh certeza disso. A gente nasce com o dom, Deus nos direciona o caminho e pronto! Resta-nos esperar o que o futuro nos reserva dali em diante. Que venha todo o sucesso do mundo pra vc, muita alegria em qualquer lugar que vc estiver! Beijos e que Deus a abençoe e guie com muita sabedoria!

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  15. Ai, meu deus. Esse texto só me deixou mais ansioso ainda por esse ano que tá começando, meu último ano de faculdade. Também tenho crises (mais do que eu gostaria) e às vezes passo noites pensando no que eu vou fazer da minha vida quando eu tiver meu diploma na mão e puder dizer pra todo mundo que eu sou um jornalista. Mas vamo ver, né?

    Só desejo que sejas feliz no caminho que seguires.

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  16. Analu! Que's palavras lindas de se ler. A gente vai lendo e imaginando você desde pequerruchinha uma mini jornalista. E que bom que agora você tem todo direito e DEVER de dizer o que é: jornalista!
    Parabéns pela formatura, por tudo que é e por tudo que aprendeu até aqui.

    (e quase morri com seu plano de carreira, porque, num passado nã muito distante, tivemos esta conversa e meu plano de carreira sempre foi igual ao seu. hahahahhaha - mãããããããiiiiiiiiiiiiiiiiin, acabei - tá, a parte legal né?)

    Um carinho. muito sucesso!
    Nana

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  17. parabeeens viu??
    muito sucesso *-*

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  18. Que postagem linda <333. Quem dera eu ter essa identificação como você. Saber quem sou e o que me faz feliz nesse mundo. Fico imensamente alegre de ler tudo isso. E inspirada a continuar buscando meu caminho, hehe. Ah, e de saber que tens um blog e há todo esse compartilhamento de coisas boas. De uma jornalista incrível.

    Parabéns, garota. Continua crescendo assim :))

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