quinta-feira, 11 de outubro de 2012

There’s no life without a midnight swim

Depois de um dia com prova na faculdade (incluindo pérolas do Gustavo, falando que a URSS ficava na “Rússia” e não na Europa), dois ensaios no mesmo horário, trabalho do estágio sendo feito fora de hora por falta de tempo, e um trabalho gigantesco de teatro sendo feito com as amigas em casa em meio a pratos bem servidos de um macarrão *estiloso* que minhas amigas insistem em chamar de Massa, estava eu no Tumblr.

Sim, porque eu ainda tenho 12938913 trabalhos pra fazer, incluindo repassar texto para as duas estreias dessa semana, dar umas boas lidas nos textos das peças que estreiam no fim do ano, escrever 8 resenhas, procurar inspiração para escrever uma matéria e correr atrás de fontes que  tomam chá de sumiço. Mas eu não tenho vergonha na cara, e, portanto, estava mesmo no Tumblr. Aí achei essa imagem:

E fiquei satisfeita ao descobrir que minha vida é mais completa do que poderia, simplesmente porque já nadei à meia noite. E então acabei lembrando cuidadosamente do curioso acontecimento. Era véspera de Natal.

Véspera de Natal é uma parada tradicional na minha família. Porque vovô faz aniversário brilhantemente no dia 24 de dezembro. E então sempre tem a nossa festa, onde todo mundo se junta depois do ano todo longe. Pra mim, véspera de Natal sempre foi apenas aquilo. Aquilo que sempre foi o meu tudo. Comer salgadinhos, roubar docinhos, trocar presentes, rir no amigo secreto (que no Espírito Santo a gente chama de Amigo X), e depois continuar papeando com os primos mais resistentes, na varanda da vovó, já de pijamas, até então, resolver deitar no chão da sala para dormir, debaixo do ventilador, agradecendo pela noite linda e desejando uma próxima ainda mais especial.

Acontece que adolescente inventa moda. Já havia uns 2 anos em que minha prima saía logo depois do parabéns do vovô para ir à uma tal de To a toa, uma festa “tradicional” da cidade, sempre na madrugada da Véspera de Natal. Ela resolveu me chamar pra ir e chalenge accepted eu resolvi aceitar, porque devia ser extremamente cool sair da casa da vovó para ir a outra festa na véspera do Natal. Ana Luísa, you’re doing it wrong.

Muitos erros porque eu já aceitei o convite com um peso no coração de “saber que eu estava arrumando coisa errada pra fazer”. Muitos erros porque na hora de sair da casa da vovó pra ir na festa deixando meus tios e outros primos fazendo farra no quintal, meu coração apertou em dobro. Muitos erros porque pegamos as amigas da minha prima e ela tinha muitos papos com eles, e embora tentasse exaustivamente me incluir, eu me sentia por fora. E o erro principal, gente, caso vocês ainda não tenham notado: O nome da festa é TO A TOA. E ficar à toa na festa de Natal é tudo o que eu definitivamente não faço, porque se tem uma certeza que eu tenho na vida, essa certeza é a festa de Natal da casa da minha avó. Mas eu fui na festa.

Reclamei de dor no pé o tempo inteiro, enquanto pensava, saudosa, que deveria estar sentada nas cadeiras de plástico do quintal da minha avó, com os pés no colo de algum primo. Comi pequenos saquinhos de pipocas em quando lamentava, esfomeada, que poderia estar comendo quilos de docinhos na casa da vovó. Ouvia o som de um tal de DJ MOISÉS enquanto pensava que o Léo provavelmente estaria tocando violão lá na varanda da vovó. Fiquei perdida nas conversas dos amigos da minha prima enquanto chorava internamente a vontade de estar quieta no meu ninho.

Tesei tanto a paciência da pobre da Rafaela que ela acabou indo embora “cedo” da festa por minha causa, e se tem um peso na consciência que eu guardo até hoje, é esse. Porque eu resolvi fazer a besteira de ir na festa e ainda por cima estraguei a festa dela. Mas tudo bem. Fomos embora por volta das 2h30. Chegamos na casa dela e olhamos de rabo de olho para a piscina.

Só pra constar que entre eu e a Rafaela, eu sempre fui a animada da relação quando, obviamente, não estão incluídas na conversa festas aleatórias na minha noite de Natal. Eu passei a minha vida inteira sugerindo um milhão de atividades aleatórias, tipo apresentações de danças para os nossos tios, gincanas em volta da casa, ou mesmo brincar de casinha, e a Rafaela fazia muito doce para aceitar minhas propostas. Gato escaldado tem medo de água fria, e pelo que eu me lembro, não fui eu que ousei propor um mergulho àquela hora. Acho que simplesmente nos olhamos e decidimos. Portanto, tiramos os vestidos e saltos e ao invés de colocar pijamas, colocamos biquínis e fomos pra piscina.

Se eu já tinha achado a festa o maior programa de índio da história dos meus Natais, tentem imaginar o que foi aquele banho de piscina de madrugada. A água estava fria. Eu botava a cabeça pra fora dela e batia o queixo. Rafaela, idem. Para completar o cenário, passavam morcegos voando sobre as nossas cabeças. E eu tremia de medo e frio. Acredito que tenhamos ficado no máximo 10 minutos curtindo essa aventura do mergulho zoombie, para então, subirmos e passarmos muito mais tempo embaixo de chuveiros para tirar o cloro desnecessário no qual tínhamos tido a impulsiva ideia de mergulhar nossos cabelos devidamente escovados e preparados para a festa de Natal. E foi assim. Pelo menos eu sei que minha vida é mais completa depois dessa experiência. E que eu tive alguma história bizarra pra contar.

Claro que no natal seguinte eu tratei de deixar ela ir curtir a festa sozinha e fiquei bem de boa na calçada da minha avó até as 3h da manhã rindo de bobeiras e cantando com meus primos, com as pernas devidamente esticadas e já de havaianas ao invés do salto alto. E meu Deus, como eu estava feliz!

Festa errada no dia de Natal: Peso na consciência + R$30,00 no PapaiCard
Mergulho Zoombie: Medo, frio, e uns R$XX,00 de água e shampoo no PapaiCard
Ter uma vida mais completa e histórias para contar: Não tem preço.

8 comentários:

  1. Aaaaaa Anaaa q lindoooo...eu sempre choro quando leio textos seus, e ai se conta alguma coisa minha e sua ai ferrou msm ..kkkkkkk tbm dei altas gargalhadas com a nossa aventura na piscina..e vc confessando q me enxeu o raio do saco na festa...mas td bem, eu te amo msm assim...pelo menos vc tem um historia boa pra contar neh ..kk bjs

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  2. Ana Luísa,

    Assim como você, gosto muito do natal, justamente, por ser uma data de ser feliz que nem criança, sabe? Ficar junto com a família, comendo até explodir, rir de piadas e histórias de quando éramos pequenos, etc. Não troco isso por nada.
    Até porque, não sou aquilo que se chama de "baladeira". Odeio aglomerados humanos ahahaha, a não ser em um bom show. E só. De resto, prefiro minha casa, meu aconchego, meus amigos e familiares :)

    Lindo texto! Adoro a forma como você escreve :)

    Beijos e bom final de semana para você.

    Michas
    http://michasborges.blogspot.com

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  3. Risos desse desfeche da história, viu? Piscina a noite só dá certo em filme, é incrível. u.u

    Poxa, que inveja do seu Natal! É difícil eu estar reunida com meus primos nessa época. Mas no ano novo estamos todos juntos, quase sempre e eu não trocaria por nada também.

    Beijo :)

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  4. Seu natal sempre é lindo, né? Os meus eram, mas aí meu bisa morreu e, bom, hoje em dia eu sempre passo os natais com pelo menos uma choradeira de saudade...

    Mas, guria, MERGULHOS NA MADRUGADA: Rafinha approves! Lembro até hoje uma vez em que eu, meu pai, meu irmão e meus tios voltamos dos fogos em Camburi no Ano Novo e pulamos com tudo na piscina! De roupa e tudo! O prédio nos aplicou uma multa ridícula, mas foi sensacional! HAHAHAHA <3

    Beijos, amiga!
    Te espero no ES neste natal!

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  5. Ai, amiga, que agonia de te imaginar nessa "TO À TOA"! Que raio de nome é esse? Isso me faz lembrar que toda cidade praiana tem alguma lanchonete com esse nome, haha! Comigo é a mesma coisa lá em Fátima do Sul. Minhas primas de lá querem me arrastar pra praça da cidade pra ficar batendo perna sem parar enquanto a banda podre da vez começa a tocar e eu só quero estar com a minha família, ouvindo músicas de flashback, haha! Acho que somos pessoas família, Analu, não tem jeito! Ficar fora de casa no natal não é pra mim. Mas fiquei com muita vontade de conferir esses natais na casa da sua vovó, porque parecem muito divertidos.

    Beijo <3

    P.S: MORCEGOS, REALLY? O.O

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  6. Isso é muito história da minha vida, a parte de se meter numa festa lixo e odiar cada minuto daquilo e ainda acabar com a noite alheia por não suportar ficar naquele lugar. Só que eu jamais iria pro ~TO À TOA~ no Natal! HAHAHAHAHAHAHA
    E eu poderia jurar que você ia contar uma coisa super catártica e redentora sobre o pulo na piscina na madrugada e fui enganada! Eu já nadei MUITAS vezes durante a noite, teve uma época que aqui em casa a gente SEMPRE pulava na piscina na virada do ano, mas quase todo reveillon chove e fica friozinho, aí desistimos. Na minha viagem de formatura eu consegui a proeza de passar a noite INTEIRA dentro da piscina. Foi interessante.
    E realmente, essas peripécias rendem histórias, tenham elas final bom ou decepcionante.
    beijos <3

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  7. E sabe o que é melhor de tudo? É ter história pra contar, Analu! Agora eu ri com os morcegos bailando sobre as cabeças de vcs! hauahuaha
    Beijão!

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  8. Oba! Então a minha vida também é mais completa do que eu imaginava! Já nadei exatamente à meia noite de um ano novo. Eu devia ter uns 12~13 anos e estava passando o Reveillon na casa da minha tia, onde tinha uma piscina. Perto da meia noite eu e meus primos resolvemos colocar nossas roupas de banho e assim que o ano virou, nós pulamos na piscina. E essas são cenas que ficariam lindas em um filme alternativo, né?

    Beijinhos, Aninha.

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