quarta-feira, 15 de junho de 2011

Faltou falar de você.

Cheguei em junho de 2011, parei para pensar, e descobri que tenho 3 grandes gurus. Tá, talvez guru não seja bem a palavra, mas foi a única que eu consegui pensar. São 3 pessoas que me inspiram, muitas vezes. Em outras, simplesmente colocam em palavras aquilo que eu não consigo dizer. Algumas vezes, me fazem sorrir, por coisas tão belas. Em outras, me fazem expressar aquele olhar de cumplicidade. Em outras, até mesmo chorar.

Reparei também, que coincidentemente, eles se combinam. Um era bem amigo do outro, que era fã de carteirinha da outra, e coisa e tal. Já falei especificamente de Cazuza e de Caio. Portanto, estava em dívida com você, Clarice.

Até o terceiro ano, você era um mero nome no meu livro de literatura. Aliás, me arrependo amargamente de não ter levado muito à sério as aulas de literatura. Não sei se eu estava com a cabeça onde não devia, ou se as professoras não sabiam chamar atenção para aquilo, mas enfim. Não prestei a menor atenção na aula, e ignorei o seu nome nas páginas da apostila.

Lembro que tinha um trecho de um texto seu, no livro. Eu li rapidinho para fazer o exercício, fiz e ignorei. Talvez isso tenha sido bom. Talvez eu ainda não estivesse preparada para te entender.

Um belo dia, não lembro como, eu seguia o twitter de suas frases. Não porque era modinha, juro. Mas porque eu comecei a me identificar realmente com aquilo ali. E então coloquei na cabeça que iria ler um livro seu, e comprei “A Hora da Estrela”. E comprei. E olhei. E acarinhei. Mexi dali, mexi daqui, virei de ponta cabeça, abri. E quando abri, dei de cara com a frase inicial da obra: Tudo no mundo começou com um sim.

Sim. Tudo no mundo começa com um Sim. Que bom que eu disse SIM de vez para você, Clarice. Te ler me faz leve e tensa ao mesmo tempo. Me faz doce e forte, ao mesmo tempo. Me faz pensar e respirar.

Com você eu aprendi que um pesadelo pode não ser tão ruim quanto o fato de que acordar dele pode mostrar uma realidade ainda pior. Aprendi também que podemos ir dormir cansados de tanto chorar, mas que um dia também iremos dormir tão felizes a ponto de mal conseguir fechar os olhos. Aprendi que os melhores ideias são as mais insanas, e os melhores sentimentos são os mais fortes. Aprendi que enquanto houverem perguntas e não houverem respostas, eu posso continuar a escrever.

Por sua causa, coloquei na cabeça de uma vez que por mais que a vida nos faça passar por muita coisa, um dia precisamos levantar a cabeça e estar dispostos a encarar o que quer que venha. E pensar nisso é fantástico, Clarice. Portanto, obrigada.

clariri

Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

18 comentários:

  1. Bom, eu sou super suspeita pra falar. Adorei o seu post. Amoo a Clarice. Ameii o livro que vc me deu (ainda estou lendo). Embora seja curto, ainda não terminei de ler. Clarice deve ser lido com muita atenção, aliás para sentir. Clarice, a gente sente!

    Eu também não dei importância pra ela no colegial. Me identifuqie muito com tudo que vc escreveu. Sou super fã de Clarice suspeita pra falar, vc sabe, rs.

    Beijos!

    PS: Não esqueci sua carta não. Aguarde! As novidades vão crescendo. Aguarde uma carta compriiida, rs.

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  2. Nunca tive professoras de Lingua Portuguesa/Literatura que me despertassem o desejo/curiosidade pela nossa literatura. Sempre tive um certo "preconceito", o que me fez ler bem menos do que eu deveria, ou seja, só livros para o vestibular. Não tenho vergonha ao assumir que nunca li Clarice Lispector na vida. Assim como eu nunca tinha lido Dostoievski, que eu só fui conhecer mês passado, lendo Crime e Castigo. Com ele eu quebrei uma barreira. Se eu consegui encarar a narrativa puxada dele, talvez eu me encante com a Clarice. Em breve eu devo visitar a estante da minha sogra...

    Beijos,
    Madi.

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  3. E engraçado, por que é sempre mais fácil gostar da literatura internacional, né? Na realidade temos uma literatura rica e cheia de beleza que às vezes supera qualquer outra e nós mesmos não sabemos valorizar... (to com vergonha agora, haha!)

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  4. Nossa, eu amo Clarice. Sempre amei, desde a escola, justamente porque eu nunca a entendia e aquilo foi meio que um desafio. O primeiro livro que li dela foi Perto do Coração Selvagem, que não é lá muito fácil. E na faculdade, trabalhei durante dois períodos com análises sobre A Hora da Estrela, esse livro é tão amplo que daria um blog só de comentários sobre ele.
    Se tripé é lindo, Aninha. Ótimos companheiros nos momentos de inspiração :)

    beijos, querida.

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  5. Acho que o dia que eu resolver dar uma chance pra Clarice, o mundo acaba, porque ó...

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  6. Amo Clarice!!! E sempre ofereço textos dela nas minhas aulas. Uns odeiam, outros adoram. Mas ninguém a ignora, pode ter certeza!!!
    Recentemente, lemos dois: "Esperança" e "Medo da eternidade". Se ainda não conhece, recomendo muitíssimo!
    Beijo.

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  7. Como toda amante de leitura, gosto demais de Clarice.
    Mas confesso que não é uma coisa fácil pra mim, tenho que estar no espírito certo, pq senão ela passa por mim me atropelando! rs.

    Beijinhos, Ana!

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  8. Ah, que lindo teu post! Também escolhi ler A Hora da Estrela pra conhecer a Clarice, e não me arrependi nem um pouco. Espero poder ler outro dela em breve. Alguma recomendação? haha
    Beijo!

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  9. Clarice <3
    Vou ler "A Hora da Estrela" semana que vem :)
    Bom saber que as pessoas que te inspiram são assim tão brilhantes!
    Beijos

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  10. Vou confessar que tenho certo preconceito com a Clarice x: Depois que virou moda do twitter e motivo de zoação, perdi completamente o interesse em conhecer.. Em todo caso, as citações que aparecem por aí são realmente bonitas. Mas sei lá se são todas dela mesmo, né.. Tem um povo que bota e não sabe se é real, tanto que já tá fácil encontrar gente zoando com "Vive num abacaxi e mora no mar - Clarice Lispector" ou qualquer coisa aleatória assim, sabe? heuheh mas é, assim caminha a humanidade. :/

    :*

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  11. Clarice é ótima!
    Eu gosto dela desde os tempos da escola, aliás, uma das poucas...
    Tem um escrita muito bela e uma maneira de traduzir aquilo que, muitas vezes, não conseguimos traduzir.

    beijinhos, ótima sexta! :)

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  12. Gosto de Clarice Lispector. Tem uns contos dela que são maravilhosos e que marcaram minha época de colegial (sim, porque me lembro mais dos textos dela do que de qualquer outro autor), mas não sou fanático.

    Não sei, uma vez li algo sobre Lispector e os professores de Literatura que não me agradou muito. E o pior: nem lembro o que é...

    Enfim, você já viu essa entrevista com ela? http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok Ótima.

    Beijo.

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  13. Só posso dizer: Sim,eu gostei, pra que me extender aqui?a simplicidade já demonstrou tudo ;)

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  14. Posso falar? Esse seu texto é lindo, emocionante e cativante. Clarice ficaria muito feliz!

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  15. Oi sua linda. Terminei esses dias de ler Felicidade Clandestina e eu adorei. Preciso de coisas introspectivas às vezes pra me achar, e a Clarice sempre encontra algo lá dentro de nós e liga tudo, ilumina o que não faz sentido. Que coisa ótima ter com você tantos gostos em comum. Beijões.

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  16. Aai, Clarice... sempre inspiradora! Li esse texto que é seu, mas só de falar dela já fiquei inspirada até não poder mais. Até hoje só li um livro dela e foi Laços de Família. Sempre ouço falar de A Hora da Estrela, morro de vontade de ler mas nunca li, ainda ;/ Gosto mesmo é dos textos dela que encontro soltos pela net. Tanto os dela quanto os do Caio, deste por sinal tenho um livro, o Morangos Mofados mas não sei se é porque a leitura é difícil ou sei lá, não gostei muito... continuo preferindo os textos soltos dele. De qualquer forma adoro os dois.

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  17. Acho super lindinho quem gosta de Caio, Clarice e etc mas eu confesso que não entendo muito o que eles escrevem! Já Cazuza fala a minha língua! Gosto muito! Beios

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  18. Eu ainda não tenho maturidade (nem condições) de falar de Clarice. Só queria dizer 'obrigada'.

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