Fiquei pensando cá com os meus
botões e concluí que esses 31 dias podem servir também para uns textos
atrasados, de assuntos que eu já devia ter falado há muito tempo e não falei. Deixa
eu contar para vocês então (é possível que alguns muitos já saibam): eu
escrevi um livro.
Escrevi um livro em 2013, no meu
último ano de faculdade, junto com quatro amigas, para o nosso TCC. Esse livro
foi publicado em setembro do ano passado. E eu fui empurrando com a barriga a
vontade de vir falar dele aqui, sei lá por quê. Todo evento interessante ou
desinteressante da minha vida, hora ou outra, acaba registrado aqui e é uma
vergonha que “Contando os Dias” nunca tenha sido prestigiado. Pois bem, galera,
“Contando os Dias”, é esse o título do livro – e ele é uma das coisas mais interessantes
que eu já fiz na vida.
Não tem absolutamente nada a ver
com a linha editorial que vocês conhecem da minha pessoa por aqui. Nesse
cantinho eu cuspo borboletas e marimbondos na mesma proporção, poetizo,
filosofo, reclamo, martelo, me declaro, essas coisas. E eu faço isso porque um
dia eu descobri que seria legal usar minha voz (e um espaço na internet) para
gritar o que eu quisesse. E olha só, foi mais ou menos nessa linha de
subconsciente que eu e minhas colegas decidimos o tema do nosso projeto
experimental de jornalismo literário: queríamos dar voz a quem aparentemente
não tem.
Na verdade, a ideia nem foi
originalmente nossa. Tínhamos que fazer um produto jornalístico e eu sugeri pedi
pelo amor de Deus que fosse um livro, porque meu sonho era trabalhar com jornalismo
literário e ter a chance de ESCREVER for real, coisa que fiz bem menos do que
gostaria durante o curso todo. As meninas toparam e começamos a pensar em
temas, mas quem sugeriu a pauta escolhida foi a orientadora mesmo: “Meninas, já
que vou orientar o projeto, gostaria de sugerir algo com o qual eu também tenha
muita vontade de trabalhar, então que tal um livro sobre mulheres que são
presas grávidas e tem os filhos dentro do ambiente prisional?”.
Confesso que minha primeira reação
foi um susto, um bico, um preconceito e uma declaração parecida com a seguinte:
“não vou ficar me enfiando em cadeia para fazer meu TCC”. Perdoem-me, eu não
sabia o que estava dizendo. Tanto não sabia que menos de 10 minutos depois eu
já estava rendida, ajoelhada em cima da carteira, ansiosa para começar.
A ideia acabou não rolando
exatamente do jeito que foi proposta, porque os presídios-creche, onde ficam
essas mães que têm filhos lá dentro, são regados de muito mais burocracia do
que os comuns. Tudo que envolve criança tem muito mais burocracia mesmo, na
realidade. Se fosse um projeto de vida nosso, sem tempo limite de faculdade com
prazos de banca, teríamos insistido. Mas como não era o caso, precisamos nos
render a adaptações e foi aí que nasceu o “Contando os dias – Relato de
Mulheres que vivem atrás das grades, distantes de seus filhos”.
No livro, contamos a história de
10 mulheres. Ou melhor: deixamos que elas contassem. Preciso ser justa, foi
isso que aconteceu. Porque no dia reservado para as entrevistas, confesso,
pouquíssimo precisei usar meu faro de apuração para pensar em boas perguntas ou
arrumar um jeitinho de convencê-las a falar o que eu precisava ouvir. Se tem
uma coisa que eu aprendi com esse trabalho é que a melhor coisa do mundo é se
predispor a ouvir quem precisa falar. Mais realizada que eu e as minhas
colegas, naquela tarde, por estarmos finalmente conseguindo o material do nosso
trabalho, só estavam aquelas 10 mulheres, que tanto queriam contar suas
histórias e nunca tinham se deparado com gente realmente interessada em ouvir.
Falem o que quiserem sobre anti-profissionalismo
e falta de distanciamento: abracei, chorei junto, queria conhecer as crianças
de quem tanto falavam, queria muitas coisas – mas sobretudo, finalmente, nesse
dia exato, tive certeza de que queria, e queria MUITO, que mais gente escutasse
o que eu escutei. Queria que a voz delas chegasse muito além do meu ouvido.
Para a apresentação do trabalho,
fizemos poucas cópias. Presenteamos família, alguns poucos amigos, e enfim. Em
setembro do ano passado nós lançamos o livro oficialmente, pela editora Íthala,
com direito a noite de autógrafos (!) e umas tacinhas de champanhe. Um glamour
engraçadíssimo e eu, morrendo de vergonha: ninguém vai, ninguém nunca vai
querer comprar isso, por que alguém iria pagar por uma coisa que 5 aleatórias
(?) escreveram. Aparentemente foram sim, compraram sim, continuam comprando sim
e a editora disse que teve livraria de São Paulo que pediu remessa porque teve
procura! Adorei saber disso. Um tanto porque, cara, eu escrevi, né? Mas ainda
mais porque cada uma dessas pessoas que foi, comprou, pediu, se interessou, é
mais uma pessoa que se dispõe a escutar, através das nossas palavras e releituras
fiéis, o que aquelas 10 mulheres tanto precisavam dizer. E essa é a história do
livro que eu pari. Agora ela finalmente está registrada aqui.
#pausaparaojabá se você se
interessou, tem na venda online de algumas livrarias e no site da própria
editora tem também.
Você escreveu um livro MARAVILHOSO que eu li, chorei, abracei e indico pra todo mundo. Tenho muito orgulho de você, meu amor. Por ter escrito um livro, mas principalmente por ter escrito ESSE livro. O mundo devia ler esse livro.
ResponderExcluirTe amo muito muito <3
Vou te dar umas livradas por nunca ter falado sobre seu livro aqui quando todo o processo estava acontecendo. Amiga, isso é MUITO LEGAL!!! Você tem um livro PUBLICADO!!! Um livro incrível, que eu li e chorei, e fico muito feliz de ter tido a chance de escrever a respeito e de ter te entrevistado sobre, do jeito sério e profissional que é só nosso. Fico muito feliz e orgulhosa de saber que ele tá vendendo bem, as pessoas merecem ler uma coisa tão legal e importante. Que venham outros (e depois uma editora inteira hehehe #AGente)
ResponderExcluirte amo!
Morro de orgulho por você ter escrito e PUBLICADO esse livro! E tô me sentindo a pior das amigas porque ainda não tenho e ainda não li. Plmdds, vamos melhorar isso. Achei incrível a história, incrível a garra de vocês de falar sobre isso (porque não é fácil né. Ir num presídio. Falar sobre isso. E tal), e hoje acho ainda mais incrível que ele esteja por aí, sendo vendido.
ResponderExcluirAguardo a nossa editora #AGente.
Te amo!
Eu juro que não acredito que você ainda não tinha falado do SEU livro aqui. Se eu soubesse já tinha ~encomendado~ esse post pra sempre.
ResponderExcluirAcho muito maluco que eu tenho amigas que escreveram livros porque né gente, LIVROS!11!1! Parece tão improvável. Ler esse post me faz ter mais vontade de ler o livro e conhecer a história dessas mulheres. Talvez eu cancele tudo e comece a ler agora.
te amo <3
Oi!
ResponderExcluirÉ muito legal você ter escrito um livro! Melhor ainda é a gente poder ler também, vou poder matar minha curiosidade. Que bom que está sendo bem procurado, é legal saber que algo que você trabalhou tanto está rendendo.
Abraço!
Ai amiga, o que eu posso dizer sobre esse fato maravilhoso da tua vida? O mínimo é que estou orgulhosa, óbvio. Tu já sabe disso! Eu morro de amores por ter amigas lindas que já escreveram e publicaram um livro porque deve ser um sentimento incrível, né? Eu, como Couth, ainda não tenho e não li :(((( mas pretendo mudar isso em breve.
ResponderExcluirTe amo! <3
Ana, tô acompanhando essa sua saga no instagram (estava né, porque já foi) e ficava morrendo de vergonha de te perguntar sobre (mas morrendo de curiosidade por dentro), vai entender!
ResponderExcluirQUE DEMAIS que foi publicado e QUE DEMAIS que as pessoas estão procurando, porque sim, deve ser incrível!
Mas aqui miga, cê não tem cópia em casa pra você dedicar lindozinho e me enviar?
Ou eu posso comprar, pedir pra entregar na sua house e cê me envia. Aí te pago o frete. Sei lá. Vamos ver isso. hahaa
Com toda certeza do mundo, é maravilhoso, como tudo que você escreve.
Beijo. <33
Que legaaaal. Quero ler! Amo temas assim, onde pessoas param para contar suas histórias! Meus parabéns pela conquista, achei o tema excelente!
ResponderExcluirAninha, acho que nem te contei, mas no meu desafio literário desse ano tem uma categoria "livro de não ficção" e seu livro ta lá, preenchendo essa categoria, ainda não comprei mas pretendo faze-lo muito em breve porque achei a temática incrível e acho lindo ter amigas que já tem livros publicados!
ResponderExcluirNão lembro se te parabenizei por esse feito na época que ele foi lançado, mas te parabenizo agora porque aposto que tá incrível!
Beijo! <3
Pois eu morro de orgulho sempre que pego meu Contando os Dias, que foi entregue em mãos <3 Acho incrível a ideia que vocês tiveram, essa de dar voz a quem não tem voz. Vocês foram maravilhosas e o resultado, é claro, ficou impecável.
ResponderExcluirParabéns, pela milésima vez, amiga. Tenho muito orgulho de ti!
Beijos
Te amo!
Não sei onde já tinha lido algo sobre o seu livro, mas fico muitíssimo feliz que você tenha falado dele aqui no blog, com detalhes e tudo o mais. Ainda não tenho, mas deixo anotado aqui pra comprar, porque é o tipo de história que REALMENTE precisa chegar na maior quantidade de ouvidos possível. Achei linda a proposta, achei lindo que deu (e ainda tá dando) certo e só consigo te enviar vários parabéns mentais porque você merece.
ResponderExcluirBeijo!
Oi, Nalu!
ResponderExcluirOlha eu aqui.
Tentei fazer o pedido do meu no Site da Editora (pois sei que vai ser uma ótima leitura, afinal, eu leria sua lista de compras. É sério. Sou um fã), mas tá dando algum problema na hora de fazer o login. Vou tentar mais tarde.
Mesmo assim, adorei conhecer um pouco dos bastidores do seu livro.
Me inspirou muito!
Espero que você tenha enviado uma cópia dele para as mulheres entrevistadas, hein!
Elas ficariam muito felizes se vissem a si mesmas em um livro.
Continuo por aqui.
Beijos
O Coração do Menino
Antes de mais nada: parabéns!
ResponderExcluirDeve dar um aperto no coração de emoção e adrenalina ver seu nome na capa de um livro. Eu acho que morreria de amores por dentro, explodiria em mil pedacinhos de felicidade.
Sinto que é preciso muita coragem e tato pra lidar com esses assuntos, tem que ser uma pessoa muito aberta a se dispor escutar quem vive pelos cantos da vida, gente de quem a gente nem tem ideia que coexiste, em partes, com nós. Então admiro muito a coragem tua e a de vocês em fazer isso.
Fiquei curiosa pra ler ele.
Beijos!