Eu acreditava em você, MasterChef - 04/31

Tem coisas com as quais a gente sabe que não deve se envolver mas se envolve mesmo assim. Aquele tipo de ideia que você sabe que não vai dar boa, que vai magoar, que vai gerar stress, enfim. Mas o ser humano, ele é mestre em procurar sarna para se coçar e eu sou só mais um exemplar dessa espécie.

Minha cantora favorita é a Taylor Swift, que não faz show nem na América Latina quanto mais no Brasil. Meu segundo seriado favorito é Grey’s Anatomy, que mata todo e qualquer personagem pelo qual eu certamente acabei de me apaixonar. A maior parte das minhas relações humanas mais chegadas são cuidadas à distância, porque se fosse fácil não seria tão belo e... além de tudo isso eu resolvo, de quando em quando, acompanhar Reality Show.

Televisão, aquela maravilhosa falsiane que a gente já conhece há muitos verões. Como se não bastasse o jornalismo tendencioso e as novelas que mudam de foco e trama à medida que o público vai demonstrando sua reação, chegamos às manipulações dos Reality Shows que, vamos relembrar, deveriam ser, no mínimo, REAIS (?).

Com Big Brother eu já joguei a toalha tem tempo, mas depois de cansar de me sentir excluída da internet quando todo mundo parava o que quer que estivesse fazendo na terça-feira para falar de MasterChef, decidi que iria assistir também. Se você não pode vencer o inimigo, junte-se a ele. MasterChef, então.

Primeiros episódios são só alegria. Eu me divertia horrores, dava risada da grosseria dos jurados, amava o fato de que o programa dura duas horas e ficava chateadíssima por ter que esperar mais uma semana para ver o próximo. Logo depois do primeiro capítulo bombou nas redes um texto interessantíssimo falando que o programa era, na verdade, uma metáfora da vida. E meio que é, mesmo.

A gente sabe que acontece. A gente sabe que a menina que atua e canta bem pra caramba pode perder o papel em um musical para a outra que tem costas quentes – só que isso costuma a acontecer debaixo dos panos. Na televisão fica feio, Band, muito feio.

Vamos voltar para o Big Brother rapidinho. Aquela palhaçada é, estritamente, análise de convivência humana e joguinhos de concorrência e comida e que, muito provavelmente mesmo, só tem audiência se tiver um barraco ou outro. Agora, não consigo aceitar que, em um reality show de GASTRONOMIA, o público seja obrigado a aceitar, com cara de pastelão, gente que cozinha bem ser eliminado em detrimento de quem faz mais tipo.

Se você assiste, vai me entender. Não dá para acreditar que mais de metade das pessoas já foi embora e Sabrina e Aritana continuam ali. Uma tem rostinho bonito, a outra adora falar mais do que deve. Ambas vivem apresentando pratos ruins e estão sempre em cima da corda bamba, de onde, com toda a certeza do mundo, acabam salvas antes do fim do episódio. A cada bom cozinheiro que eu perco eu sinto mais raiva das duas e ter sido obrigada a me despedir da Carla na terça retrasada me deixou com o dobro de irritação. Carla era sensata, liderava bem as provas de equipe, cozinhava bem, não arrumava encrenca, geralmente acabava entre os melhores pratos do dia e... na única vez que ficou entre os piores, foi eliminada, mesmo com a Aritana tendo apresentado uma gororoba.

A gente sabe que televisão é uma grande mentira, mas o mínimo que se espera de um reality show de gastronomia é que permaneça na competição QUEM COZINHA MELHOR. O Fernando, por exemplo. Todo mundo sabe que ele é prepotente, egoísta e insuportável. Adoramos falar mal dele no twitter. Mas não consigo me irritar com o fato de ele ainda estar lá: o cara cozinha PRA CARAMBA e, vamos lembrar só mais uma vez, é um reality show de gastronomia. Eu aturo o Fernando não ser eliminado, por mais mané que ele seja. Ele é uma péssima pessoa, mas é um ótimo cozinheiro, fazer o que? O problema é, terça após terça, ter que aturar o tanto de injustiça que acontece. O tanto de gente boa que sai enquanto Sabrina e Aritana continuam por ali.

Eu sei que já saiu na mídia o nome dos finalistas, mas não fui atrás do spoiler e estou assistindo no escuro mesmo, então não faço ideia do que vai acontecer hoje. Mas aviso desde já que toda paciência tem limite e que se o Lucas sair no lugar de alguma delas eu não brinco mais de gastar energia mental com isso – vou desligar a televisão e dar conta dos meus livros. Eles não costumam curtir com a minha cara desse jeito.