quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Acabou, Jéssica?

Quem vê pensa que foi assim o ano todo

Chegou o dia 31 de dezembro e com ele aquela tradição de aparecer no blog para se despedir do ano que está indo embora e pedir pelo amor de Deus para que o próximo seja melhor. Na verdade, 2015 requebrou tanto a cadeira (?) e remexeu tanto na minha vida que resolvi me entregar à zoeira e até o título do post de fim de ano é um meme eu nem sei se a palavra correta do que espero para 2016 seja "melhor". Senta aí que lá vem história, afinal de contas, se eu tenho um resumo para fazer das linhas a fio que vou despejar aí embaixo, esse resumo é: 

2015 foi um dos piores anos da minha vida
2015 foi um dos melhores anos da minha vida

BA DUM TS. Se ficou confuso para vocês imaginem pra mim. Vamos por partes. Lembro que no fim do ano passado o Gregório Duvivier escreveu um texto dizendo que todos os anos passam rápido, mas alguns passam como um AVC e outros como uma andorinha. Eu sei, eu também citei esse texto no meu último texto do ano passado mas que que eu posso fazer se ele sempre parece cabível? Enfim. Acho que 2015 passou foi feito um elefante mesmo: não tão ruim quanto uma doença fatal, nem de longe tão leve quanto uma ave (#rainhadasmetáforas).

A verdade é que não dá pra dizer que esse ano não foi marcante. 2015 foi tudo nessa vida menos leve e fácil. O que foi ruim foi ruim demais - o que foi bom foi bom demais, também. Neil Gaiman diz em Um oceano no fim do caminho que não existe nenhum adulto sequer no mundo e eu acredito muito nisso. Mesmo assim acho que muitas das coisas que eu vivi esse ano foram as coisas mais adultas que já me aconteceram

Esse ano eu perdi meu avô e fui demitida pela primeira vez na minha vida. Não que uma coisa se compare à outra, mas eram duas coisas que eu tinha muito medo que acontecessem. A primeira porque meu avô, além de ser uma pessoa que eu amo muito, é (não consigo falar dele no passado) o maior alicerce da minha família. A segunda porque eu achava que ser demitida era uma situação totalmente terrível, que a gente devia morrer de vergonha, se sentir imprestável, querer se enfiar num buraco e coisa e tal. 

Perder meu avô foi a segunda coisa mais terrível que aconteceu na minha vida (por ordem cronológica mesmo, não de importância), mas isso me mostrou que a minha família é ainda mais sólida do que eu pensava. Ser demitida não foi nem de longe o bicho de sete cabeças que eu pensava que seria: tá tudo muito bem, obrigado, não fui linchada, não quis morrer de vergonha e continuo fazendo freelas para a empresa que eu trabalhava. (Isso tudo aí é ser meio adulto, não é? Ver grandes medos nossos se tornarem realidade e descobrir que somos capazes de enfrentá-los e que bola pra frente?)

As coisas maravilhosas que aconteceram nesse ano também foram bastante adultas. Em 2015 eu casei uma amiga (essa aqui!) e pouco tempo depois conheci o amor da minha vida. PAUSA: "Você não precisa amar uma pessoa como se ela fosse o grande amor da sua vida. Eu preciso.". DESPAUSA. 

Quero dizer para vocês que se vocês nunca organizaram um chá de pinto lingerie num apartamento alugado no Rio de Janeiro, nunca foi para o salão fazer folia com suas melhores amigas, nunca invadiu a suíte da noiva para cantar Beyoncé com ela (e se emocionar com ela sendo maqueada para o grande dia), nunca participaram de um cortejo segurando buquê, nunca fizeram um discurso no altar desejando que duas pessoas sejam felizes para sempre e nunca assinaram como testemunha de um casamento vocês não sabem o que estão perdendo. O dia em que eu casei uma amiga pela primeira vez foi um dos dias mais felizes da minha vida e também foi um dos dias mais felizes da minha vida o dia em que, pouco mais de 3 meses depois, eu fui dormir nas nuvens com uma sensação deliciosa que eu desconhecia: estar apaixonada e não ser platônico. (Tudo isso aí também é muito adulto, né não?)

2015 foi rápido como todos os outros anos... e longuíssimo, ao mesmo tempo. Ele teve tanta paulada e tanta coisa boa - e tanto as pauladas como as coisas boas foram sempre tão fortes que me fizeram perder o rumo de casa TANTAS VEZES - que parece que o que aconteceu, por exemplo, no começo do ano, já aconteceu há muito mais tempo do que só alguns meses. Pareceu um ano esticado e cheio de surpresas. Pareceu até que eu estava desafiando: quando acontecia algo muito bom e eu pensava "duvido que algo ainda se equipare a isso"; quando acontecia algo ruim, lá vinha, rápido e faceiro, o mesmo pensamento, com uma pequena variação "agora chega, né, Jéssica?" só que nunca chegava até que, como tudo na vida, aparentemente, chegou. Hoje é dia 31 de dezembro. Amanhã vai ser 2016.

Eu comecei 2015 me colocando à prova: morro de medo de agulha e estava com uma tatuagem marcada para o dia 5 de janeiro. Venci um medo grande, me senti maior e mais forte, mandei o ano vir porque eu estava pronta. Dado o resumo de tudo de importante que aconteceu durante esses últimos 365 dias, acho que concluo o ano com um grande e cansativo empate com vários gols. Daqueles que você leva um, fica triste, faz um, fica feliz da vida, leva outro, fica triste e assim vai indo. Vamos definir que o ano terminou no 3x3 - e bem feito pra mim, já que foi isso que eu pedi dele fazendo tatuagem no início de janeiro e gritando aos quatro cantos que o que me afogava é que me fazia ter vontade de flutuar.

No primeiro dia do ano eu sempre fico esperançosa e poética porque sim, eu sou esse tipo de pessoa clichê que cisma em acreditar que ano novo vida nova um livro de páginas em branco pronto para a gente aprontar o que quiser e blablabla. No primeiro dia de 2015 eu sentei feliz da vida para escrever no caderninho cor-de-rosa que eu tinha comprado porque decidi que ia levar a sério a história de fazer um journal (HAHAHAHA) que 2015 seria o ano da minha vida... mas só até 2016. Sabe aquilo que a gente cisma em tentar aprender, de aproveitar o presente porque ele é, na verdade, o único tempo que temos mesmo para viver? Então. Eu acho que eu já sei disso sem nem saber.

Fui dar uma olhada na minha retrospectiva de 2014 e vi que ela estava totalmente na vibe dessa: o que foi ruim foi ruim e o que foi bom foi melhor ainda. Talvez eu ande achando que todos os anos são muito intensos porque eu tenho aprendido a vivê-los de verdade, ou isso é só mais uma filosofia de boteco? Sei lá. Sei que eu já aprendi tem tempo de que eu sou uma pessoa que sente e que se não fosse assim não seria eu então vou continuar assim, sofrendo muito com o que for ruim, sendo feliz demais com o que for bom e que Deus me livre de um dia não ser realmente tocada pelo que acontece.

O que eu espero de 2016? Sei lá. Só sei que eu pretendo começá-lo tomando água de coco na praia, sossegada, de mãos dadas com o maior presente que 2015 ano meu deu, olhando a vida acontecer e as ondas baterem levinhas na areia - porque às vezes tudo o que a gente precisa é de um pouco de sossego bem acompanhado. Durante os outros 365 dias, sei que virão muitos outros sossegos e muitos sufocos também - mas dá para cruzar os dedinhos e torcer para que o saldo de gols seja positivo para o lado das coisas boas? Dá, né. E não me perguntem por que diabos eu encafifei com essa metáfora futebolística já que nem de futebol eu gosto. Feliz ano novo!

Nenhum post importante deste blog pode terminar sem gif da Taylor Swift

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

25 parágrafos sobre os livros do ano

Há quem diga que o ano não acaba se não rola o especial do Roberto Carlos na Globo. Eu já acho que o ano não acaba se não rola retrospectiva literária, então bora tratar de fazer de uma vez porque ficar presa em 2015 não é uma opção.

Pelo que eu percebi nos últimos anos eu faço um zigzag de retrospectivas: um ano me empolgo e faço em vídeo, no seguinte respondo um questionário criado pela Tary em, sei lá, 2012. Ano passado tivemos 40 minutos de abobrinhas audiovisuais – o que quer dizer que sobrou pra esse ano responder ao questionário da Tary. No entanto eu ando rebelde quando não sigo os demais e escrevendo tão pouco que decidi que vou é falar pelos cotovelos um cadim sobre os livros que me marcaram esse ano e vai ser isso mesmo.

Entrei em 2015 muito bem acompanhada da literatura. Tinha finalmente criado coragem de encarar Haruki Murakami em seus 1Q84. Devorei o primeiro, dei umas intercaladas, li o segundo, outras intercaladinhas, até que terminei o terceiro no começo de abril. Não vou me estender porque teve post na época. Leiam 1Q84.

Gostei tanto da experiência que quando descobri que a obra do Murakami era muito maior do que eu pensava saí correndo atrás de outros títulos. Li O incolor Tsukuru Tasaki e seu anos de peregrinação, Após o anoitecer  e Minha querida Sputnik e achei que são livros razoáveis. Até agora, para mim, a obra prima do moço é, de longe, 1Q84. Inclusive achei o da Sputnik superestimado: era o que eu mais ouvia falar e foi o que menos gostei dentre os três. O que eu mais quero ler, Do que eu falo quando eu falo de corrida, fica como meta para 2016 porque toda vez que eu resolvia procurar ele estava esgotado e/ou mais caro que os outros e aí eu fui deixando.

Um ano não é feito só de Murakami então vamos mudar de assunto. Esse ano conheci o primeiro livro da Rainbow Rowell que acho que posso dizer que gostei. Anexos é bem gracinha. Ainda assim não animei de ler Ligações porque achei até a sinopse chata. Estou curiosa para ler Carry On dela, que saiu esse ano e dizq é meio que uma paródia de Harry Potter (?) mas aposto que vou terminar de ler xingando, hehe.

Mudando do saco pra mala, teve livro de crônica esse ano também. Li Paixão Crônica da Martha Medeiros porque comecei a folhear de bobeira na livraria e me encantei. A Martha tem um jeito delicioso de escrever e as crônicas são tão leves que de repente você percebe que já acabou o livro. Nesse livro ela fala de amor de um jeito tão bonito e tão sensato ao mesmo tempo que não tive como não favoritar.

A primeira bomba do ano veio (também logo em janeiro) com Não sou uma dessas, da Lena Dunham. Gente, que-livro-insuportável. Eu fui até procurar o link de um texto que fiz sobre o livro para colocar aqui mas não achei, será que eu sonhei que escrevi ou acabei falando dele em algum meme literário? Não me lembro direito, o fato é que achei o livro uma perda de tempo danada. É uma autobiografia de uma pessoa que nem tem 30 anos (sou totalmente contra biografia de gente que nem saiu das fraldas ainda) com um título estilosinho só pra enganar. Me senti lesadíssima, terminei querendo meu dinheiro de volta – mas a capa é tão linda, né? ¯\_(ツ)_/¯

Ao mesmo tempo que esse teve uma outra meio-que-autobiografia-de-gente-nova mas que eu gostei infinitamente mais: ao contrário de Lena, Katie resolveu escrever não para contar sobre sua vida de famosa-especial que já fez um monte de coisa que a gente com a mesma idade nunca conseguiu fazer – mas justamente o contrário. Não falei dele aqui, mas saiu um texto meu sobre o assunto lá na Revista Pólen, se tiver interesse corre lá #jabá.

Um livro de título bonito que foi uma questão na minha vida por ANOS foi Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Devia ter uns 3 anos que eu queria ler, finalmente li e fiquei chateada: achei um livro bonito, mas que não marcou, e eu sonhava muito um sonho de amar esse livro demais porque GENTE esse título, sabe? Isso não é título de uma obra que não se queira tatuar na testa.

Esse ano eu também li Garota Exemplar e fiquei besta com a loucura dos personagens. Acreditam que não vi o filme até hoje? Pois é. Eu sendo eu. Mas gostei bastante do livro; uma bela coleção de particularidades da mente doentia alheia para a gente analisar e se sentir psicólogo.

Em março eu resolvi que finalmente ia começar a trilogia Divergente. Li o primeiro e o segundo e, contrariando a minha mania de nunca deixar uma série inacabada, tomei a decisão de que não era obrigada a ler o terceiro. Achei a história muito fraquinha e má explicada. Minha sensação foi de que a Veronica Roth resolveu ir na onda das distopias YA que estava fazendo sucesso mas não conseguiu chegar nem perto de onde a Suzanne Collins chegou com seus Jogos Vorazes. Não comprei a ideia das facções (é assim mesmo que chama?) e ficou difícil acreditar no resto. Ainda tentei ver se o filme me animava mais mas não curti também não. Paciência.

Em abril eu li um grande candidato a melhor do ano, Americanah, da maravilhosa Chimamanda. Não vou falar dele agora porque também teve post na época, tá aqui para quem quiser. Foi em abril também que finalmente entrei em contato com meu primeiro Saramago, As Intermitências da Morte e, fora o sufoco de ler um livro inteiro de texto corrido sem divisão de capítulos e tampouco pontuação (rssss) digo que amei demais. Saramago é tão gênio que conseguiu resumir seu plot genial no clichê dos clichês e ainda assim me deixar batendo palma no final. Nunca vou esquecer essa história e no dia seguinte ninguém morreu.

Além do livro da Lena Dunham e dos Divergentes teve MAIS bomba ainda no primeiro semestre. Homens, Mulheres e Filhos me ganhou direitinho com um trailer muito interessante (de um filme que acabei nunca assistindo) e uma capa belíssima. Sério, o livro parecia tão interessante e tão cult que saí correndo pra ler e, sério, QUE BOSTA de livro que não sai e nem chega em lugar nenhum. Fala basicamente de futebol americano (ou era baseball?) e sexo. Uma perversão danada entre uns alunos de ensino médio americano e seus pais mal-sucedidos, basicamente. Posso repetir? Uma bosta.

Li também um dos famosos do ano: Por lugares incríveis, da Jennifer Niven. Ao meu ver um livro bom, mas não maravilhoso, e como disse minha amiga Tary, cheinho de adultos imprestáveis que dá vontade a gente sacudir a cabeça deles, sério. Às vezes eu acho que devia rolar faculdade que permitisse um ser humano resolver ser pai/mãe. Todo mundo brinca que os psicólogos falam que tudo é culpa da mãe mas gente, sério, muita coisa pode ser sim e essa narrativa é a prova da treta que pais relapsos podem acabar causando. Enfim (?), a história fala de depressão e suicídio na adolescência e sempre vale para a gente parar para pensar um pouquinho, né?

Em junho veio MAIS UMA BOMBA, dessa vez decepcionante. Na Praia é tão enfadonho e me deixou tão incomodada que rendeu esse texto aqui. Em julho eu li Nós, do David Nicholls, e gostei. Não é nenhuma maravilha mas limpou a barra que ele tinha sujado feio com Resposta Certa que eu queria jogar pela janela de tanto que achei ruim. Aí eu li também A Sociedade Literária e a torta de casca de batata, um romance epistolar leve e muito delicinha sobre gente que gosta de ler, ainda por cima. Livro que fala de livro dificilmente não me conquista.

Ainda em julho eu li Desde o primeiro instante que eu tive muito medo de ser ruim e acabou me surpreendendo positivamente, estou até curiosa para ler o outro livro dessa autora que foi lançado a pouco tempo, se não me engano Amor à segunda vista. Aí, AINDA EM JULHO (que mês produtivo) li Azul da cor do mar que é tão mas tão mas tão ruim que chega a ser bom, ao menos se você parar de levar a sério e começar a rir da quantidade de asneiras e clichês derramados sem dó nem piedade. Para finalizar o mês teve A Invenção das Asas, da Sue Monk Kidd, que rendeu texto também.

Em agosto eu me frustrei um pouco com Toda a luz que não podemos ver. Achei que seria maravilhoso e só achei ok. Falei sobre o assunto aqui. Aí eu li um livro fraquíssimo da Sophie Kinsella que também rendeu post. Sabe como é né, era época de BEDA e até respirar tinha que virar texto. No mesmo mês li outros dois da Sophie, o 3 e o 4 da série de Becky Bloom e só passei mais raiva (tá para nascer uma personagem mais chata que a Becky nessa vida). Na rabeirinha do mês teve Para Sir Phillip, com amor da Julia Quinn, porque eu já estava com saudade dos Bridgertons e seus romancinhos de época banhados nas intrigas e nos beijos secretos. Mais pra frente acabei lendo também O conde enfeitiçado. Engraçado perceber como a Julia foi ficando mais saidinha no decorrer da série: se no primeiro livro os personagens mal se beijaram antes do casamento, acho que no último a Hyacinth deve casar grávida porque o fogo-no-rabo pré matrimonial anda ficando cada vez mais ousadinho. Acompanhemos.

Outro grande livro do ano foi Deuses Americanos, do Neil Gaiman, eterna empolgada indicação das migas Gabriela Couth e Anna Vitória – que realmente valeu tudo o que elas diziam. A história mostra os “antigos” deuses, aqueles do Olimpo e companhia mesmo, querendo batalhar contra os atuais “deuses” da sociedade, basicamente essas novas obsessões humanas tipo televisão, computador e dinheiro. O livro é uma pira muito louca e é genial. Ao meu ver tem horas que dá uma engrenada e fica meio preguiçoso, mas quando fica eletrizante ele fica irresistível e quando eu percebia já tinha lido 100 páginas numa sentada.

Em outubro eu dei conta de uma pendência literária de ANOS vamos agradecer à miga Anna que me deu de presente: para Francisco, da Cristiana Guerra, livro de não ficção que todo mundo já ouviu falar nasceu do blog homônimo que na verdade são cartas da Cris para seu filho Francisco cujo pai morreu enquanto ela ainda estava grávida. Uma das coisas mais lindas que eu já li sobre o amor. Tinha que fazer pausas para voltar a respirar porque perdia o fôlego com os textos.

Aí eu reli A Redoma de Vidro, da Sylvia Plath, que eu tinha lido há uns dois anos, em inglês. Ele tinha transformado a vida das minhas amigas mas não tinha me marcado em nada e eu decidi que era porque eu tinha lido no original sem estar acostumada a ler em inglês. Não foi por isso, infelizmente. Quando reli eu gostei da leitura, mas já esqueci de muita coisa e realmente não foi uma obra que mudou a minha vida ou me fez ficar martelando passagens e pensamentos. Terminei outubro com Estação Onze, que amei demais. ESSE mexeu comigo. Teve texto.

Em novembro teve Fale!, outro que eu queria ler há muito tempo e acabei achando bem mais ou menos. O livro é um super sucesso, pelo que li, entre adolescentes de vários países e fala sobre estupro, enquanto incentiva os jovens a falarem sobre seus problemas. Não deixa de ser interessante e é com certeza um livro que eu indicaria para essa faixa etária, mas não me pegou muito não, achei a narrativa bem fraquinha.

Li também A Arte de Pedir, da Amanda Palmer, e achei genial. É tipo um livro de autoajuda autobiográfico: falando sobre sua vida e sobre as tretas em que já se meteu, Amanda passa seus ensinamentos sobre sua maneira de levar a vida: confiando nas pessoas e acreditando que elas podem ser gentis. Gostei demais.

O Pistoleiro (da série A Torre Negra) que também li em novembro, foi meu primeiro Stephen King. Não faz meu estilo, mas dentro do que se propõe é um livro interessante. Fica marcado pra mim porque é um dos livros favoritos do meu namorado – e foi o primeiro que ele me emprestou, com uma dedicatória linda linda e linda que ele fez no próprio livro para poder me emprestar. Me deixem ser ridícula.

CHEGAMOS EM DEZEMBRO, finalmente. Já estou sem fôlego e vocês também, se é que alguém chegou vivo até aqui. Nesse mês eu li Um mais um, da Jojo Moyes. Ele não é ruim, mas foi o que menos gostei da autora. Estava ansiosa para ler e amei ganhá-lo da minha amiga, mas acabou com 3 estrelinhas só. Aí li MAIS UM da série da Becky Bloom, o quinto, e só passei mais raiva. Não sei como Sophie Kinsella insiste em escrever esse troço e achar que os dramas são ao menos levemente verossímeis. Alguém aí lê Becky Bloom e está afim de debater o romance entre a Becky e o Luke? Sério, nunca conseguirei levar esses dois a sério. Nunca.

Semana passada eu terminei de ler A Amiga Genial e gostei bem menos dele do que gostaria de ter gostado. Milena fazia a maior propaganda e eu fiquei MESES vigiando o preço dele na Amazon até que finalmente baixou e eu comprei. É uma tetralogia, então ainda vou insistir, mas foram poucas as partes que me empolgaram. A história tem como centro duas amigas (Elena e Lila) e é narrado por Elena, que é obcecada por Lila e vive sua vida em função da dela. Para lembrar a galera que também existe relacionamento abusivo em amizade e etc. Em volta delas estão as pessoas que moram em seus arredores e seus dramas, fofocas e intrigas de uma cidade de interior há algumas décadas. Vai ter um punhado de machismo, mais outro punhado de machismo e um monte de machinho saindo no soco por motivos questionáveis. Peguem a pipoca. Pronto. Agora a gente só volta a falar de livro no ano que vem. Prometo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O amigo secreto nunca é amigo e raramente é secreto

Vou fazer a egípcia, fingir que nada aconteceu e nem comentar o fato do meu 1282º sumiço do ano e nem sobre a furada do projeto das anedotas. Também não vou comentar o fato de que voltei para falar da novela das 7 de novo, mas dessa vez o assunto é mais sério, sigam-me os bons.

Lá na semana que a novela começou eu fiquei indignadíssima assistindo aos primeiros capítulos. No caso de alguém estar perdido eu contextualizo: Marina Ruy Barbosa era constantemente assediada/perseguida pelo seu padrasto. Não, ele nunca chegou a estuprá-la, mas esse não é o ponto – ou ao  menos não deveria ser, né? Como eu disse, fiquei super indignada assistindo, porque o assédio para cima da menina (não só por parte do padrasto, mas também por parte dos frequentadores do boteco dele, onde ela trabalha) acontecia o tempo todo e totalmente às claras como a mãe dela ora fingia que não via ora implorava para que ela evitasse a situação parando de usar roupas tão curtas.

Em um primeiro momento confesso que já fechei a cara e fiquei mareando aquela vontadinha filosófica de sair na rua com cartazes pedindo para a Globo parar com o desserviço social. Depois eu fiquei pensando melhor e decidi que se eles juntarem esses fatos todos para problematizar aos poucos durante o enredo será uma ótima ideia – afinal de contas, mentindo eles não estão. A novela está é jogando na cara de todo mundo a dura realidade: assédio é encarado com muito mais naturalidade do que deveria… e a mulher ainda acaba com a culpa. Seja pelas roupas curtas (?) ou, pausa para nos pasmarmos de lembrar, por reagir violentamente para se defender.

A vontade de escrever esse post veio do capítulo de hoje, quando, NO MEIO DE UMA FESTA BADALADA, repito, no meio de uma festa badalada, a menina foi claramente assediada por um comendador, na pista, na frente de um monte de gente. Ela tentou escapar de forma discreta e ele continuou na insistência, puxando-a pelo braço, quando então ela gritou e o empurrou… se tornando a piada da festa. Para completar o acontecimento, enquanto caía ao levar o empurrão, o cara segurou o vestido dela, rasgando-o completamente, fazendo com que ela ficasse de lingerie no meio da pista.

Vamos ignorar um pouquinho o exagero porque afinal de contas é um ~folhetim novelesco~, mas para frisar o que importa: a menina foi assediada covardemente na frente de um monte de gente E da imprensa E ficou com toda a culpa porque “deu um barraco” ao se defender. Só uma outra moça, no fim do capítulo, cogitou abrir a boca rapidinho para falar que “epa espera aí ela foi assediada” e foi rapidamente cortada pelas pessoas mais importantes. O que mais dói? Admitir que a novela não está mostrando nada mais que a realidade.

Esse meme do “amigo secreto” que fez barulho na internet nesses últimos dias só deixa claro, ironicamente, que o amigo nunca é tão secreto assim. Na maioria absoluta das vezes, inclusive, é alguém que todo mundo vê e prefere fechar os olhos. É sempre mais fácil colocar um escândalo nas costas da “menina/mulher barraqueira que está sempre na defensiva” do que arrastar um filho da puta para a delegacia de uma vez e acabar com a conversa. Assédio sexual é crime – mas a maioria das pessoas já viu acontecer e a maioria das mulheres já teve que enfrentar.

A novela ainda está no primeiro mês e, repetindo o que disse lá em cima, espero de verdade que eles problematizem melhor a questão ao invés de apenas mostrar – afinal de contas, “apenas mostrar” talvez seja um perigo maior do que não mostrar: as pessoas podem usar como exemplo, principalmente esse friso em cima do fato de que o assediador nunca é o culpado, e tudo o que não precisamos nessa vida é de MAIS EXEMPLO na cabeça de quem não deve, mas enfim. É um grande looping de indignação pensar que: 1) a novela me indignou antes de eu lembrar que 2) peraí ela só está mostrando a verdade, a sociedade indigna mesmo 3) me indigna ainda mais pensar no tanto que a sociedade segue nos indignando.

E ainda tem quem não entenda/seja contra o tema da redação do ENEM de 2015. Tem que saia por aí falando que acredita de verdade que existe igualdade de respeito entre os gêneros e que as mulheres já estão “querendo demais”, “sendo radicais demais”, “se fazendo de vítimas demais”, tudo demais. Essas pessoas de certo nunca foram mulheres sozinhas numa rua escura e deserta.

“Eu entendo o feminismo quando estou numa rua escura e deserta
e percebo há alguém atrás de mim. E quando olho para trás e percebo
que esse alguém é uma mulher, meu coração para de palpitar e eu sei
que ela também está feliz em me ver”
(autor desconhecido)

sábado, 14 de novembro de 2015

Alguma coisa acontece no meu coração...

... quando aparecem cenas da Lapa na televisão.

Confesso que não é muito condizente com os meus princípios repetir nome de post, ainda mais nome clichê com trecho de música, mas não tive como. Não tive como porque quero ser vendida o suficiente a ponto de usar O MESMO título que usei para me declarar para São Paulo para falar do Rio de Janeiro - mas não se preocupem que não vai ser uma declaração gigantesca, só um chorinho de saudade, até porque embora eu tenha furado o ishquema ontem, ainda estamos em semana de anedotas por aqui. 

O fato é que começou uma novela nova das 7 e eu, que estava órfã desde o fim de Verdades Secretas (um mês e meio sem novela nenhuma é muito gente, acreditem) resolvi me agarrar à novidade com unhas e dentes - até porque ela tem total uma vibe Malhação, um passatempo diário dos meus 13 anos do qual eu sinto profundas saudades. ENFIM.

Sei que no segundo capítulo menina Marina Ruy Barbosa fugiu de casa pegando carona com um caminhoneiro e foi parar no Rio de Janeiro, mas não apenas no Rio de Janeiro e sim no olho da Lapa, onde mora menina Paloma, que foi minha anfitriã por dez dias em setembro. 

Nesses dez dias eu aprendi que os cariocas (pelo menos os jovens) andam muito à pé por aí, mesmo de noite, e têm bem menos medo de violência do que eu pensava. E isso porque eu saracoteei com ela de cima pra baixo - e curti altos passeios turísticos na Lapa. Me senti totalmente inserida no processo de carioquização quando, assistindo uma novelinha inocente e observando Marininha perdida-da-silva, pude olhar em volta e pensar "olha ali os arcos da Lapa", "olha ali a escadaria Selarón", "olha ali a rua Riachuelo finada Mata Cavalos onde tudo juro começou"!

E só tenho a dizer que ao mesmo tempo que fiquei feliz por me sentir pertencendo ao contexto fiquei boladona de saudades de tudo e louquinha para voltar um milhão de vezes até o dia em que eu possa ir de vez. 

quem nunca foi turista né gente

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Aquele em que puseram a gente na mesa de um aleatório

Essa foi tipo um brinde do destino que sabia que eu estava sem assuntos para anedotar e me jogou um acontecimento bizarro no colo. Tudo aconteceu ontem, quando eu e duas amigas resolvemos dar uma passada no barzinho para colocar o papo em dia e tomar umas caipirinhas.

Acontece que o ambiente estava fervido. Nos colocaram na lista de espera e pediram que aguardássemos nos banquinhos do balcão, de forma que lá estávamos sentando quando veio um garçom cheio das más intenções e disse:

- Sentem na mesa com aquele cara ali, que tá sozinho e já me falou que está indo embora. 

Eu e uma delas fizemos cara de WHAT, enquanto a outra, mãe da primeira (sim, eu tenho uma amiga de 64 anos que é fabulosa) se dirigiu sambando até a mesa do moço, sentou e começou a bater papo com ele. Seguimos, fazer o que.

Em 5 minutos Eliane já tinha feito um interrogatório com o moço, que já devia estar na quinta caipirinha e desistiu de ir embora. Pouco tempo depois minha mãe chegou também e foi adicionada à mesa sem entender nada - enquanto o moço, de tanto que já tinha passados dos limites no álcool, já estava tentando até beber no gargalo da cerveja dela. 

Ele bebeu mais umas 5 caipirinhas antes de levantar da mesa e não conseguia conversar sem pegar no braço da minha mãe, que acabou ficando sentada do lado dele (amém que não era eu) e ainda ameaçou dar um sermão porque ele insistia em dizer que ia voltar pra casa dirigindo. 

Depois que cansou do nosso falatório ainda ficou vagando pelo barzinho, batendo papo por aí com pessoas de outras mesas E enquanto pagávamos a conta ele estava no balcão pedindo uma dose de whisky. Não sei no que deu. Espero de coração que ele não tenha voltado dirigindo. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O dia em que a cidade de vovó foi parar no noticiário

Cês sabem que eu nasci no Espírito Santo (ELE EXISTE) mas só morei lá até os 7 e pouco, né? Então. Agora pensem numa criança de quase 8 anos que se muda pra São Paulo e tenta explicar, para os coleguinhas e para as professoras que passa todas as férias em Baixo Guandu. TEMPO NO VÍDEO.

- Baixo Guandu.
- Como?
- Baixo Guandu.
- Que que é isso?
- Interior do Espírito Santo, onde a minha avó mora, 29 mil habitantes blablabla.
- Humn

Anos e anos assim. No imaginário das pessoas eu passava as férias escolares em uma cidade fantasma. Um dia uma coleguinha teve a pachorra de me perguntar se lá tinha televisão e telefone. Mas hein? É só interior, não é fim do mundo. E a vida seguia: as pessoas ouviam falar da cidade através da minha boca, faziam cara de espanto e a vida continuava. Até que segunda-feira uma amiga me disse:

- Lembrei de você! Estava ouvindo falar sobre Baixo Guandu no noticiário, sua família está bem?

E pouco depois eram outras duas janelas do whatsapp subindo com a exata mesma frase. Sou hipócrita e egoísta o suficiente pra dizer que, antes daquele segundinho de consciência onde eu lembrava o porquê da cidade de vovó ter virado notícia, eu sorri em cada uma das vezes que as pessoas me perguntaram. Agora Baixo Guandu existe, está legitimado. Mas aí logo depois do sorriso o motivo cai feito uma bomba no meu colo, né.

Se você não estava passando a última semana em Nárnia sabe do causo da lama maligna que foi derramada em Mariana, invadiu o Rio Doce (já estão constatando, inclusive, a morte do rio, gente, muito triste) e está causando o maior tumulto nas cidades por onde ele passa ou deságua, sendo Baixo Guandu uma delas. A família está bem, graças a Deus, mas o abastecimento de água da cidade foi cortado e ouvi boatos de que vovó está tomando banho de bacia, tadinha, a essa altura da vida, porque obviamente não sai mais água do chuveiro e está todo mundo em modo hard de economia gastando o que restou no reservatório da caixa d’água.

Ansiosa para que Baixo Guandu desapareça dos noticiários de novo porque ficou tudo bem. E que os responsáveis por essa palha assada (NÃO FOI ACIDENTE) deem logo um jeito de consertar a situação.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Abaixo ao conservadorismo das cores

Estava meu afilhado feliz da vida com um copinho azul da Peppa, bebendo sua água, enquanto seu pai, também feliz da vida, comenta:

- Que bom que acharam um copo azul da Peppa, já não aguentava mais esse menino andando por aí com corpo cor-de-rosa na mão.

Silêncio. Até que de repente a Nina, minha priminha de 3 anos, resolve se meter na conversa:

- Mas a minha pofessola disse que menino e menina pode usar azul e rosa que não tem poblema nenhum, que todo mundo pode usar todas as coles.

E eu, com o peito estufado de orgulho:

- TOCA AQUI NINA!

Criança mal saiu das fraldas e já é mais esperta que muito marmanjo que eu conheço.

É rosa
É azul
É rosa
SÃO SÓ CORES GLR ACEITA QUE DÓI MENOS

Fica no ar, inclusive, a vontade de dar um abraço na professora e dizer que ela tá fazendo o serviço dela direitinho. 

>Você estranhou o tamanho desse "texto"? Acha que entrou no blog errado? É, eu também estranhei. É, também acho que to no blog errado. Mas quase tudo nessa vida tem justificativa, eu juro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Se não for pra brincar direito nem desça pro play (oi?)

Quando eu tinha 7 anos e era uma criança pedante ligava o computador para escrever textos ao invés de rabiscar no Paint, a minha primeira estória demorou meses para ser escrita e tinha 10 páginas. Dez. Acho que nem meus pais aguentaram ler – mas a minha tia tinha muita paciência e até me deu toques narrativos: “querida, não use tanto ‘aí’ na hora de começar as frases”.

Uma vez, quando eu estava na 7ª série e minha professora de redação entrou de licença maternidade jogaram uma outra no lugar que não tinha a menor paciência pra coisa. Acostumada que estava com a disposição da Alessandra para ler qualquer coisa que eu escrevesse, cheguei faceira e orgulhosa para a substituta, no dia da entrega de uma lição, com minha mais nova obra de 4 páginas. Qual não foi o meu choque quando ela se recusou a ler. Me empurrou o caderno de volta e disse para eu aparecer com algo de tamanho decente no dia seguinte. Poucas vezes me senti tão humilhada na vida e isso poderia ter me afetado profundamente mas curiosamente não afetou: fiquei boladona, fiz uma porcaria de 1 página pra entregar pra ela na outra aula e voltei a escrever meus textões numa boa depois.

pergaminhoPodia ser o seu papel de trouxa mas é só a minha redação

Curiosamente, nunca tive problema em me enquadrar nas dissertações de vestibular: o povo sofria pra chegar nas 20 linhas, mas eu dava conta numa boa (diminuindo um tanto a letra porque ninguém é de ferro, afinal de contas). Tenho pra mim que é mais fácil lidar com o que sobra do que com o que falta. Reduzir uma argumentação ou outra não tirava o brilho (poética) do que eu queria dizer; difícil seria ter que encher linguiça.

De redação gigante em redação gigante chegamos até aqui: um blog que eu cismo em atualizar só de textão em textão, me sentindo uma fraude completa quando posto algo com menos de seis ou sete parágrafos grandes e deixando passar batido assuntos que não renderiam tanto mas poderiam ficar registrados. Um diálogo engraçado? Legal, mas não dá texto, né? Então não posto.

O problema é que esse vício de colocar ~sustança~ no texto (mesmo que às vezes seja um punhado de abobrinhas) acaba dando aquele atraso na vida. Sabe a mania do perfeccionista de não fazer nada se não for pra fazer direito e aí… acabar não fazendo nada mesmo? Então. É tipo isso: só desço pro Play se for com 5 amiguinhos e eu não tiver hora pra voltar, senão não tem graça. Pra que descer se eu só puder escorregar uma vez? Pra que deitar no sofá se eu só puder cochilar 10 minutos?

Acontece que cochilar 10 minutos pode sim dar uma revigorada na tarde e uma escorregadinha só já é capaz de diminuir o tédio do dia, né? É. Eu e minha eterna companheira de textões e ciladas, Anna Vitória, decidimos que íamos tentar, ao menos por um período de tempo, aprender a “ser dessas”. Aprender a brincar mais. Aprender que nem sempre precisa ser postão pra valer a pena.

É assim que nasce, hoje, a nossa famigerada Semana de Anedotas. De amanhã até segunda-feira que vem faremos um post pequeno por dia, falando rápido sobre alguma coisa, contando alguma situação, anyway, o que passar pela cabeça. Se vai dar certo? Não fazemos a menor ideia. Eu tenho 0,5 ideia e ela até onde sei não tinha nenhuma. Mas vamos que vamos. Quem quer anedotar com a gente?

domingo, 8 de novembro de 2015

Alguns animais são mais iguais que outros

ou ainda: a sátira das richinhas da internet que imitam a vida

Eu nunca li “A Revolução dos Bichos”, mas esse é um daqueles livros que todo mundo sabe do que se trata antes de abrir para ler. Isso porque se trata de uma sátira política que, se a gente colocar em perspectiva, analisa fielmente a sociedade como um todo.

O ser humano, por definição, é viciado numa panelinha hierárquica. Vai dizer que não? Quantas vezes não se criam grupos dentro de grupos que surgiram dentro de grupos e assim por diante? Pode até parecer que é por afinidade (o que as pessoas mais alegam), mas não deixa de existir ali no fundo, assombrando, a ideia de que “vamos nos reunir aqui só nós porque somos melhores”.

Tá confuso né? Eu sei. Essa fagulha de texto saiu de mais uma conversa com a minha irmã gêmea (me jogo aos leões mas levo as colega junto) onde a gente debatia mais uma vez a questão da blogosfera, as confusões que rolam e talicoisa. Essa quote do Orwell veio como uma lâmpada na minha cabeça enquanto discutíamos porque, cara, faz todo o sentido.

Não é necessário dar nome aos bois mas vamos conjecturar: a blogosfera estava lá, agitadíssima e muito diferente daquela coisa deliciosa e pacata que ela era há alguns anos. Virou uma onda de comércio gigante, tem mais blogueiro de publi e blog monetizado que qualquer outra coisa. Nada contra, inclusive, que tudo isso role – só que não é o que EU gosto de ler.

Aparentemente mais gente começou a pensar assim e um belo dia surgiu um grupo que pregava a blogosfera oldschool. EBA, pensei, empolgadíssima. Tem gente tipo eu, que só quer ler sobre o que o amigo comeu no almoço, que bacana. Grupo de blogueiros vintages era o novo “os animais são todos iguais”.

Não demorou muito e o negócio superinflou. Eram centenas de pessoas agitadíssimas, links de posts para todos os lados e lá ia eu, inocente, conferir. O triste é que para a minha surpresa a grande maioria dos blogueiros presentes fazia tudo muito parecido com o que “não era para se fazer” na tal da blogosfera das antigas. Oi?

Se o propósito era reunir uma galera que ~rompia~ com esses padrões, POR QUE a maioria não era dessa vibe? Os animais já não eram tão iguais assim. Repito: nem melhores, nem piores, cada um bloga do jeito que quer, eu só não conseguia entender POR QUE estavam ali se não se encaixavam na proposta.

Enquanto eu morria de preguiça dessa metade dos links que não tinham a ver com o que eu gostava de ler, aparentemente a diretoria do tal do grupo começou a achar que “alguns animais eram, sim, mais iguais que outros” e decidir que mandavam na blogosfera. Essa blogosfera LEVE, que era pregada, deixava assim de ser leve, porque de repente tinha regras. E tinha donos.

kiding

Era um tal de “EU inventei elementos cor de violeta no layout do blog e ninguém pode fazer igual” ou ainda “EU postei sobre cachorrinhos e na semana seguinte fulana postou também”. Sabe uma vibe errada estilo Tati Feltrin que inventou a booktúbia (mas já respondeu TAG que eu criei no youtube SEM ME DAR OS CRÉDITOS)? Então.

really

A gota d’água pra mim foi a história do BEDA, movimento do qual eu já tinha ouvido falar há pelo menos dois anos e que DE REPENTE tinha sido “idealizado e patenteado” pelo grupo. Aham, Cláudia, sentem todos lá. O pior de tudo era ver MUITO blogueiro MUITO legal e verdadeiramente ~oldschool~ que estava lá, postando todos os dias de agosto… e ostentando o selinho do grupo que de criador do evento não tinha nada.

bye

Metáfora da vida, portanto, vamos repetir rapidão: tá tudo errado nesse mundo, vamos criar uma panela, gerir a coisa toda e transformar numa grande repetição do que era – mas agora somos nós que mandamos e tudo vai ser melhor. Aquela história do “ditadura é quando mandam e eu tenho que obedecer; democracia é quando eu mando e todo mundo obedece”. Ai, o ser humano. Gente, que tal se começássemos a ser melhores?

Assinado Ana Luísa
Blogueira underground que mal aparece no blog
e resolve botar álcool numa fogueira que já estava quase apagando.
Cavei minha própria cova?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sobre mais uma teoria de caos

Mas cara, foi “só um vírus”, como é que TUDO parou?

Foi essa a pergunta que eu me fiz (ingenuamente) repetidas vezes na cabeça antes de chegar mais ou menos na metade de Estação Onze, da Emily Mandel, indicação da sempre maravilhosa Mimi.

Se você já começou a torcer o seu nariz desde já e pensar que o livro é só mais uma distopia YA sobre o fim do mundo eu vou dizer que sim, é só isso mesmo, se você quiser pensar assim. Não tenho nada a dizer que rebata isso além do fato de que algumas distopias são melhores e mais inteligentes que outras e essa é certamente uma delas.

Na obra de Emily o apocalipse não acontece por tragédias naturais. Não é a água que acaba, nem cai um meteoro, nem os dias de repente começam a ter mais horas do que deviam. O que acontece é um vírus novo, da “gripe da Geórgia”, altamente transmissível e capaz de matar em questão de horas a pessoa infectada. Foi através dessa pandemia incontrolável que a maior parte da população do mundo foi dizimada e tudo deixou de ser como era “antes”. Absolutamente tudo.

Se você está no mesmo barco, se perguntando como é que tudo parou por causa de um vírus, vou elucidar a questão através do texto da Emily e colocar o causo em debate aqui. Se você prefere receber esse soco no estômago apenas enquanto estiver lendo o livro, esse é o momento de parar de ler esse post, ok? Depois não digam que eu não avisei.

“Nós reclamamos de como o mundo moderno é impessoal, mas isso é mentira, era o que lhe parecia; nunca tinha sido impessoal, nem de longe. Sempre houve uma sutil e sólida infraestrutura de gente, todos trabalhando à nossa volta, sem serem notados, e, quando as pessoas param de trabalhar, todo o sistema emperra e para. Ninguém fornece gasolina aos postos de combustível ou aos aeroportos. Os carros ficam parados, abandonados. Os aviões não podem voar. Os caminhões continuam nos pontos de origem. Os alimentos nunca chegam às cidades; os mercados fecham. As lojas ficam trancadas e depois são saqueadas. Ninguém vai trabalhar nas usinas de energia nem nas subestações, ninguém remove as árvores caídas nas fiações de eletricidade.”

Esse foi meu trecho favorito de um livro que me encheu de trechos favoritos. E isso porque a bomba caiu tão grande no meu colo que eu fiquei sem reação e tive que lê-lo pelo menos mais umas três vezes. Pareceu fácil, para você, concluir tudo isso? Pra mim não pareceu. Não  pareceu porque na minha cabeça ainda era só um vírus que tinha matado MUITA gente, mas que poder ele tinha de acabar com a eletricidade? Não pareceu porque aparentemente eu sou mais uma dessas ignorantes que está tão acostumada com as coisas do jeito que são e com essa suposta impessoalidade que nunca fiquei parando para pensar na quantidade de gente que está envolvida com o fato de eu apertar um botão dentro do meu quarto a luz acender ou o fato de eu digitar uma mensagem no celular e minha amiga recebê-la no mesmo segundo.

É sempre uma epifania confusa e exaustiva essa de lembrar que SEMPRE tem pessoas envolvidas em qualquer coisa que a gente queira fazer. Sempre um incomodozinho extra na vida lembrar que se você está curtindo um feriadão no parque ou se divertindo nas suas compras de natal em cima da hora é porque tem uma penca de gente trabalhando para que a montanha russa esteja funcionando e a loja esteja aberta.

Óbvio que tudo acabou quando um vírus detonou a maior parte da população mundial: porque não tinha ninguém vivo para estar por trás de nada – quem sobrou teve que se reinventar para cuidar da própria sobrevivência de uma maneira nunca antes imaginada. Foi a teoria de apocalipse que mais fez sentido na minha cabeça até então, mesmo que eu tenha passado metade o livro sem entender como tudo tinha acontecido.

Além desse cerne da questão a autora ainda aborda temas como o perigo do fanatismo, o que seria o inferno de cada um, o que cada pessoa é capaz ou não de fazer para garantir o seu lado e ainda nos faz queimar o cérebro de tanto pensar se, numa situação dessas, seria melhor não ter conhecido o mundo como era antes ou ter conhecido sim; se no fim das contas é melhor lembrar ou não lembrar. Um dos personagens conclui que quanto mais você lembra, mais você perdeu. Não deixa de ser um apelo verdadeiro. Leiam esse livro, por favor. E venham me contar onde foi que ele pegou mais para vocês.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

O dia em que minha amiga queria subir uma hashtag para eu voltar

Eu já falei por aqui algumas vezes que muito antes de resolver ser blogueira eu era uma ávida leitora de blogs. Uma ávida leitora fantasma que não perdia um post sequer dos cantinhos que eu gostava de ler e ficava furiosa quando os autores simplesmente desapareciam sem deixar vestígios. A esperança sempre foi a última a morrer, dizem, e então eu confesso que cheguei a ficar 2 anos entrando em blog desatualizado com aquele fiozinho de fé de que VAI QUE o blogueiro voltou?

Eis que então, querido leitor (fantasma ou não) deste empoeirado e quase finado blog, que eu aqui estou, cogitando comprar um vidro de óleo de peroba para passar na minha cara de pau e ver se as coisas voltam a funcionar. A verdade é que nesses longos dias em que eu passei sem aparecer mesmo tendo prometido que tinha voltado (e tentado levar a promessa a sério) eu fiz uma coisa que eu não deveria ter feito: eu me acostumei.

Em todas as outras vezes da vida em que eu dei uma sumida do blog (de no máximo 10 dias!!!!), acreditem, eu era capaz de passar todos esses dias angustiada, nervosa pensando no blog vazio, tentando forçar minha cabeça a escrever alguma coisa pelo amor de Deus. Dessa vez não. Dessa vez eu cheguei a esquecer que eu tinha blog – e quando eu lembrava, eu pensava: já está sem texto há um monte de dias mesmo, outro dia não vai fazer mal.

Eu perdi o peso na consciência, perdi a vergonha na cara e perdi a moral. Depois de amanhã o MVCEE completa 8 anos. 8. OITO. E curiosamente, nessa mesma semana, eu me deparei com um snap da minha amiga querendo promover um apelo coletivo para que eu voltasse a postar. Eu. Que nunca fiquei 10 dias sem atualizar o blog e sempre estive do lado contrário da briga; do lado das que imploram para as amigas tomarem vergonha na cara e voltarem a postar pelo amor de Deus.

medo

Que que eu podia fazer? Só abaixar minha cabeça de vergonha e tentar me retratar – dessa vez sem prometer nada porque vocês nem devem acreditar mais nas promessas. Será que eu voltei? Será que eu consigo me reacostumar com o blog? Será que eu volto a lembrar que tudo, tudo mesmo, pode virar texto se eu lembrar de exercitar a fórmula e usar o pozinho mágico? São questões.

Enquanto eu fico me perguntando essas coisas (e compartilhando as dúvidas com vocês), melhor colocar o bolo no forno e começar a encher os balões, afinal de contas, depois de amanhã são 8 anos e não se completa 8 anos todo dia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O final feliz não foi o final

A primeira vez que eu assisti Friends eu era relativamente nova. Devia ter lá meus 15/16 anos e uma fé cega em relações amorosas na ficção que, por sinal, mexiam comigo de uma maneira que não era de Deus. Já passei noites sem dormir nessa vida pela angústia direcionada a um casal de novela que NUNCA ficava junto – e assisti a cena do reencontro vezes a fio para sentir o peito ardendo tudo outra vez. Quem é mais sentimental que eu?

Enfim. Por essas e outras, nada mais óbvio concluir que eu passei, sim, todas as dez temporadas da série comemorando cada cena feliz de Ross & Rachel e ficando contrariadíssima cada vez que eles brigaram. Sempre tive certeza absoluta de que eles eram suas lagostas e que estavam, desde sempre, destinados a ficar juntos no final e eles ficaram. Ficaram?

Essa foi uma pergunta que começou a ecoar de leve na minha cabeça nas vezes em que me aventurei a assistir à série novamente. Calma, não mudei de lado. Apesar de achar o Joey incrível quando ele se apaixonada pela Rachel, nunca seria capaz de torcer para que os dois ficassem juntos de fato. Eu continuo sendo team Ross. Só acho que eles são só mais um casal que a ficção usou para nos ensinar, a duras penas, que nem todo grande amor tem que ser eterno; que nem toda grande paixão funciona, de fato, a longo prazo. Às vezes as pessoas se amam demais, mas não conseguem ficar juntas para sempre porque acaba que quando estão juntas não se gostam tanto assim.

one-day-emma1Um rápido oferecimento de David Nicholls

Ross e Rachel se amam, ao menos diz a lenda. Ele então jura que ama desde muito, desde sempre. Só que todo mundo que já viu a série de cabo a rabo sabe (por mais que seja difícil admitir) que eles se amam mais quando estão separados. Se amam quase que platonicamente. Talvez amem mais a ideia que fazem um do outro do que a realidade. Se doem de amor quando aparece um novo parceiro na vida do outro. Se amam com voracidade no início de cada nova tentativa de ficarem juntos… para rapidamente se desentenderem e alguém concluir, entre trancos e barrancos mais uma vez, que não dá. Talvez eles não tenham reparado nisso, mas a gente reparou.

É por isso que depois de ter assistido inúmeras vezes à Rachel entrar naquela sala dizendo que saiu daquele avião que, mesmo com o coração saindo pela boca, me dá uma sensação de melancolia. Porque eu não consigo mais pensar que FINALMENTE eles ficaram juntos de vez como eu pensava antes. Eu só consigo pensar que eles vão tentar mais uma vez, com mais uma retomada estonteante, e que vai dar merda em questão de dois meses. I can see it hapenning, sabe? A única diferença é que dessa vez foi o fechamento da série e quando eles começaram a arrumar treta pouco depois a gente não podia mais ver. O fato, mais uma vez, é aquele velho conhecido dos amantes da ficção: nunca conseguimos puxar uma cadeira e pegar uma bacia de pipoca para acompanhar o tal do final feliz.

Talvez existam amores que sejam assim mesmo, feitos de grandes momentos e não de grandes histórias; não de grandes continuações. Talvez existam vários casais exatamente como eles: que ficarão dando murros em pontas de facas vezes a fio tentando fazer a coisa funcionar. Talvez até o para sempre deles seja exatamente isso: as tentativas. Ou talvez pouco depois que eles se separarem de novo eles encontrem cada um um novo rumo e remoam até os 100 o fato de se amarem tanto e “não terem dado certo”. Talvez aos 80 eles ainda debatam se estavam on a break, inclusive. Talvez.

domingo, 13 de setembro de 2015

Polícias abaixem as armas

e troquem carícias que a gente voltou etc.

Na verdade (e sei que vocês já desconfiam) eu só estou aqui agora, me forçando a escrever nessa madrugada de sábado, porque a Anna Vitória apareceu com um post e a água bateu na minha bunda. Brinquei que só acordaria o blog quando setembro acabasse, mas aparentemente meu subconsciente levou a história mais a sério do que devia e ficou tudo aqui pegando poeira. Voltei.

Voltei, mas voltei sem assunto. Lembram que eu disse que o BEDA me ensinou que a gente consegue sim escrever sobre qualquer coisa se parar de xurumelar™ e de fato sentar parar fazer o serviço? Então. Esqueci rapidinho que a regra era essa. 12 dias inteiros se passaram e, ao mesmo tempo que parece que nada aconteceu, tenho a sensação de que passou um tufão pela minha vida – deixando muita coisa pelos ares (alô estrutura emocional) e pouquíssimos pingos em cima dos respectivos Is.

Esses 12 dias foram meus primeiros 12 dias na vida como uma pessoa dentro ~das estatísticas~, ou seja, desempregada. Passei agosto inteirinho cumprindo o aviso prévio, e está tudo muito bem, obrigada, mas dormir a primeira noite de domingo sem ter absolutamente nenhuma perspectiva de responsabilidade e horários para a próxima semana (e nem a próxima e nem a próxima) foi uma sensação esquisitíssima. Se vocês querem saber, consegui acordar em torno das 9 e decidi que ia começar a fazer Blogilates (um oferecimento da Anna novamente) e tudo deu tão certo que hoje já consegui subir na headstand e se vocês não acreditam eu tenho provas.

IMG_7050Glamour e dignidade em forma de colchonete velho e um par de meias xadrez

Também aproveitei esses dias para fazer bastante amizade com meu casal de vizinhos e, com isso, joguei uma partida de WAR de mais de 7 horas (saudades), duas de Banco Imobiliário, uma de Jogo da Vida, uma de Duvido, comecei uma maratona de Harry Potter e troquei um punhado de fraldas da nenezinha de 1 mês deles.

No primeiro dia do mês eu postei uma foto do calendário no Instagram, me sentindo super piadista, com a legenda: Setembrochove? Chalenge Accepted, disse Curitiba, porque a sensação que eu tenho é que a única coisa que aconteceu nesse mês do lado de fora da minha janela foi a chuva, de modo que passei grande parte dessas horas debaixo do edredom com um livro ou com meu novo vício, que se chama Verdades Secretas e é assinada pelo Walcyr Carrasco. Se vocês querem saber, a Grazi está trabalhando bem demais.

No feriado eu cambaleei entre a diversão e a ruína emocional: num dia eu estava radiante, no outro não tinha forças para levantar da cama – e assim sucessivamente. Talvez se eu fosse menos louca se eu não fosse quem soca desesperadamente sem parar um travesseiro branco e tals. Fica aí a dica para vocês que acham que ser eu é fácil: a grama do vizinho nem sempre é mais verde, às vezes é só filtro do Instagram ou um monte de palavras bonitas enfileiradas. Já costuma dizer sabiamente o Antônio Prata: escrever é transformar ressentimento em graça e, olha só, é isso que estou tentando fazer agora, mais uma vez. Entre a felicidade e o desespero, o fato é que todo carnaval tem seu fim e, que coisa não, os dias da Independência tem fim também – e ainda sobra uma dosezinha de ressaca, já que aqui em Curitiba dia 8 também é feriado.

Do dia 9 em diante eu tive uma noite de insônia, fiz exame demissional, descobri que perdi quilos e saí da casa dos 50 onde estava há tempos, comecei a ensaiar para uma peça nova e brindei caipirinhas gigantes com duas (ex) colegas de trabalho que jamais serão ex amigas.

Mas hoje já é dia 12. A poeira baixou um pouco na vida e eu vim espanar um pouco a do blog já que me senti pressionada. Médicos nas UTIs larguem seus bisturis que a gente voltou, eu acho. Como foi a primeira quinzena de setembro de vocês? Fiquei com saudades.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Acordem a blogosfera quando setembro acabar–31/31

Muito provavelmente eu deveria começar esse texto em cima de um pódio, com as minhas migas tudo, tomando um belo banho de champanhe para comemorar o campeonato vencido, a glória alcançada, o título adquirido: CUMPRIMOS O BEDA. Mas como acabei falando sobre esse assunto antes e a Couth, hoje, fez isso muito melhor que eu (LEIAM!), hoje vou fazer só um parágrafo de resumo geral e curtir a minha link party!

Bom, como foi? Foi escrevendo todos os dias durante 31 dias, isso vocês já sabem. Foi martelando a cabeça e tentando tirar água de pedra para colocar algo decente aqui, acontecimento que nem sempre se concretizou: foi colocado algo aqui todos os dias, se foram decentes já é outra história. Teve texto que eu odiei antes de publicar, teve lista que eu não queria fazer, teve mixtape que já ouvi rumores de que ficou pela metade porque eu tive preguiça de conferir música por música. Teve de tudo. Teve, inclusive, muita disposição e muita paciência no início e muita falta de vontade no final, mas acho que cada sentimento foi importante para eu fixar que dá pra escrever mesmo quando eu acho que não dá, e que às vezes um texto feito meio nas coxas é, sim, melhor que texto nenhum. Como costuma dizer a Anna, uma linha escrita já é melhor que uma folha em branco.

A melhor parte disso tudo além de eu mesma ter conseguido? A oportunidade que tive de acompanhar de perto um monte de blogs que também acreditou que era uma boa ideia essa história de BEDAr e que encheu o meu feed por 31 dias com um monte de textos ótimos. Cilada só tem graça quando a gente está bem acompanhado. Uma andorinha só não faz verão e uma doida só não faz BEDA, e é por isso que eu agradeço às minhas amigas que estiveram coladas comigo em todos esses dias, à Passarinha que sugeriu a loucura toda, e às outras blogueiras que eu já conhecia ou conheci esse mês e que, atualizando seus cantinhos diariamente e passando aqui para dar um alô também tornaram o sonho possível. Acordei piegas, vamos às fias de fato.

mafia

A Anna provou de uma vez por todas que já saiu do útero escrevendo quando conseguiu manter assustadoramente a qualidade de seus textos MESMO escrevendo todos os dias no meio da correria e praticamente por obrigação. Se vocês não acreditam, deem uma olhada aqui, onde ela fala sobre ser da Corvinal. Ou aqui, onde ela esmiuçou a long list of ex-lovers de nossa melhor amiga famosa com direito a análise dos relacionamentos e fotos dos casais com os rostos trocados. Aqui ela falou sobre gente que escreve e, aqui, me convenceu a começar a fazer Blogilates (se eu não levantar da cama amanhã de tanta dor muscular podem botar na conta dela). Aqui ela falou sobre o casamento da Couth e sobre A Gente e aqui respondeu a uma entrevista de emprego sincera. Se ainda falta um dedinho de prosa para que você esteja apaixonado tudo o que ela escreve assim como eu é só clicar aqui e descobrir porque ela foi o melhor texto de abertura possível para o BEDA.

A Sharon arrasou elencando vilãs da Disney, mas mandou melhor ainda quando escreveu uma carta para ela mesma daqui a 10 anos dizendo que se ela colocar a cabeça no travesseiro no fim do dia e tiver certeza de que é feliz, então tá tudo bem. Ela contou também de quando fomos para a balada de coroa na cabeça e de quando um cara falou para ela que ela iria para o inferno por estar de shorts.  Mas nada superou o texto emocionante e sincero que ela fez para dizer que seu pai nunca foi um herói, mas é seu pai mesmo assim e ela o ama. Espero de coração que um dia ele tenha a oportunidade de lê-la.

A Couth comemorou o aniversário da filha canina mais amada desse mundo e encheu meus olhos de lágrimas mais uma vez falando do Tatau. Depois disso ela ainda arranjou um jeito de me matar de rir contando o causo da estante do Renne e me fez voltar a chorar quando falou da vovó. Também escreveu um desabafo sobre a fase da vida em que está e que se encaixa muito bem para todos nós, de 20 e poucos, chorarmos umas pitangas juntos. Lá no primeiro parágrafo do meu texto eu mandei vocês largarem o que quer que estivessem fazendo e lerem o texto que ela fez hoje para finalizar seu BEDA. Portanto, caso ainda não tenham feito isso, corrão.

A Passarinha viajou para Kansas no meio do BEDA e virou blogueira de viagem por um dia, eu adorei. Ela também usou seus 31 dias de texto para escrever coisas tipo uma ode às havaianas que eu acho que todo mundo deveria ler porque acho que o mundo seria um lugar muito melhor se todo mundo andasse só de chinela por aí. Ela ainda conseguiu deixar todo mundo com a pulga atrás da orelha achando que tinha errado a crase em algum momento (leiam os comentários e morram de rir) e pariu uma resenha belíssima para um livro que eu ainda não li,  mas lerei em breve por causa dela. Ah sim, ela também falou sobre a Po, sua cacatua de estimação que ela chama de pássaro mimado e que é um bichinho incrível.

A Iralinha presenteou a internet com várias pérolas durante esse mês, incluindo o melhor vídeo de resposta para a tag 50,5 que alguém podia ter feito, um texto sem pé nem cabeça onde ela não conseguiu explicar porque 29 é seu número favorito, uma bronca para os pais malucos de seus alunos e uma carta para a Gabriela de 30 anos pedindo que ela esteja viva. Endosso esse pedido com muito apelo porque não sei viver sem essa menina.

A Rafinha não chegou até o fim, mas foi até onde aguentou e nem por isso deixou por menos. Escreveu um texto lindo sobre seu pai, falou sobre representatividade usando uma selfie da Kim Kardashian como mote e chutou a cara da sociedade resenhando um livro que eu não faço ideia de por que ainda não li. 

A Alê falou sobre uma coisa que eu adoro: o pertencer. Ela também escreveu um conto lindo sobre um casal apaixonado e me fez rir um tanto com sua indignação direcionada às pessoas que não ligam em sair passando o CPF delas por aí – eu super sou uma dessas pessoas, ué. Quando perguntam nosso CPF para cadastro a gente não tem que passar? Segundo ela, não.

A Nana se declarou lindamente para a avó de seu marido, que ela adotou. Ela também escreveu uma carta para sua futura filha e inovou no projeto 1001 pessoas falando de alguém que ela não conhece assim, pessoalmente, mas que não deixa de ter marcado sua vida.

A Ana Cláudia mandou muito bem respondendo o meme das 5 coisas que ela nem tchu, escreveu uma ode às batatas (!!!!!) e lembrou à galera de parar com essa palha assada de dizer que mulher tem que ser rival de mulher. Somos amigas, não vadias.

A Amanda falou sobre Infinitos (outro assunto que eu amo), crises sem sentido que geralmente fazem todo o sentido na nossa cabeça e narrou sua primeira experiência com uma baladinha, já que recém completou 18 anos.

Para completar, a Yuu, fofíssima, que eu conheci durante o BEDA mesmo, nos apresentou à arte de “introduzir mesmo estando no meio”, escreveu uma carta para sua melhor amiga e falou também sobre seu amor aos seus felinos

FOI ISSO, galera. O BEDA acabou e foi ótimo e cansativo enquanto durou. Se sobrou fôlego de alguém para escrever em setembro é uma pergunta que eu não estou preparada para responder, mas podemos usar esses próximos dias para botar as pernas por alto e dar uma cochilada – outubro pode até tardar, mas não há de falhar. Até mais e obrigada a todo mundo que acompanhou!

domingo, 30 de agosto de 2015

As músicas que embalaram o BEDA - 30/31

Quando começamos a debater possíveis postagens coletivas para o BEDA, a Passarinha veio com a proposta de, dia após dia, anotarmos a música que estivesse em nossa cabeça para que no dia 30 postássemos essa coletânea musical de agosto. Acontece que foram pouquíssimos os dias em que eu lembrei de anotar e em muitos deles aparecia na minha cabeça uma música repetida, de forma que o que vou oferecer aqui é uma Playlist de músicas que eu me lembro de ter ouvido no mês, seja por que motivo foi.

Aviso de antemão que metade é Taylor Swift e que não completei 30 músicas porque o 1989 não está no Rdio e eu ouvi bastante música desse CD também durante o mês. Faltou também uma música da Colbie Caillat que não tinha no site, mas o que deu para fazer está a aí! Apertem o play e naveguem pelo que andou tocando durante agosto, mês em que eu passei escrevendo todos os dias




> Não se esqueçam de conferir também as playlists das migas Anna, Sharon, Palo, Iralinha e Couth!

sábado, 29 de agosto de 2015

Amiga dos texugos, sim senhor - 29/31

Quando eu comecei a ler Harry Potter eu era bem novinha. Aos 8 anos eu não entendia direito que poderia existir essa coisa de querer fazer parte de alguma história fictícia sem ser um dos principais. Se eu tivesse que ser dali, eu certamente gostaria de ser da Grifinória, a casa mais poderosa, a casa mais legal. Foi por isso que eu acabei passando boa parte da leitura enfiada no armário: eu sentia que não era da Grifinória, mas podia jogar para debaixo do tapete a vontade de ir para a cozinha comer brigadeiro com os elfos enquanto o povo ia para a floresta proibida perguntar para a Aragogue sobre a câmara secreta. Ninguém descobriria.

Ronald Weasley entende o apelo

Acontece que o tempo foi passando, os livros acabaram e eu ficava furiosa toda vez que via alguém falando por aí que a Lufa-Lufa era a casa dos bobalhões ou, pior, dos figurantes: "quando tem alguém que não vai ter importância nenhuma na série, jogam a pessoa na Lufa-Lufa". Nunca consegui me conformar com isso. Hoje, me conformo menos ainda, e penso que tendo como base esse tipo de comentário dá para a gente fazer uma rápida análise da nossa sociedade: sempre tem aquela galera que vai insistir em disseminar a ideia de que justiça, lealdade e amizade não são assim tão importantes. Melhor ser audacioso, ambicioso ou inteligente. Os lufanos só ocupam espaço... assim como ocupam espaço demais no mundo as pessoas que são adeptas desses valores.

Durante a adolescência eu devo ter feito por aí um milhão desses testes para saber de que casa de Hogwarts eu era e, como toda boa adolescente fazendo teste de revista, roubada horrores porque sabia bem onde me levaria qualquer coisa que eu falasse e eu queria ser da Grifinória. 

Até que um dia, depois de muito ouvir falar do Pottermore e nunca ter entrado, comecei a me sentir uma péssima fã. Sei que faz uns 2 anos, e já era madrugada, e não lembro direito como isso aconteceu, mas de repente eu e Iralinha estávamos abraçadas na cilada folia, comprando varinhas, corujas e livros no Beco Diagonal, ansiosíssimas para a noite da seleção. E quando eu abri a primeira pergunta do teste eu jurei solenemente não fazer nada de bom que dessa vez eu ia falar a verdade. E foi assim que eu caí na Lufa-Lufa (e ela também, caso vocês estejam mal informados). 

Se eu tive alguma dúvida até ali, esta se dissipou rapidamente quando eu li a carta e chorei em cima do teclado [caso você ache que no alto da minha segunda década de vida eu já devia ter "crescido" e parado de me importar com Harry Potter disque 1 o X vermelho no canto da tela é cortesia da casa]. Porque era eu. Era pra mim. Quando eu li aquela carta, não só eu senti que eu tinha encontrado mais um dos meus lugares do mundo como tive mais certeza ainda de quem eu era - e de quem eu podia ser. Querem um spoiler? Nunca na história desse país tivemos registro de um lufano das trevas. Concordo plenamente que eles não saiam todos da sonserina (acho esse pensamento bem infantil, inclusive), mas o fato é que podem sair de qualquer lugar, mas da Lufa-Lufa certamente não saem. 

Com isso eu não quero dizer que é a melhor casa de todas porém é rssss, mas somente que a gentileza e a lealdade podem levar as pessoas a lugares incríveis e que eu devo lembrar disso sempre que a grosseria falar mais alto e que eu cogitar resolver que a ambição é maior que qualquer relação humana que eu tenha construído. Tenho que honrar a casa na qual o chapéu seletor acreditou que eu merecia estar. 


"O que mais você precisa saber? 
Ah, sim, a entrada para a sala comunal 
está escondida em uma pilha de barris 
em um canto na ala direita 
do corredor das cozinhas." 

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O que eu aprendi em 28 dias de BEDA - 28/31

Inspirado no texto da Anna

Quando eu e minhas amigas resolvemos começar a brincar dessa história de BEDA eu deixei bem claro que acreditava piamente que a palhaçada não passaria do dia 5 de agosto. Mas o fato é que de vez em quando acontecem plots twists na nossa vida. Hoje é dia 28 de agosto. Faltam só 3 dias para acabar. E eu ainda estou aqui. Não está fácil.

Como bem disse a Anna no post dela, mais ridículo do que desistir na primeira semana só seria desistir agora, na última, a pouquíssimos dias de cruzar a linha vermelha gritando VITÓRIA CHUPA HATERS. Não se enganem: eu só estou aqui agora tentando escrever mais esse texto por esses minutinhos de glória que eu terei ao colocar minha cabeça no travesseiro depois que o post do dia 31 foi ao ar. Aí eu terei conseguido cumprir o primeiro BEDA da minha vida e nada paga o gostinho de champanhe que a gente sente na boca quando consegue fazer o que se propõe.

Durante todo esse mês eu e minhas amigas passamos juntas por diversas sensações e estados de espírito. Na euforia do começo chegava a ser melancólico quando eu já tinha lido e comentado em todos os blogs do dia. Queria logo que chegasse o dia seguinte para brincar mais. Na euforia do começo eu lembrei que eu podia SIM escrever sobre qualquer coisa que eu quisesse, e, com isso, cheguei a ter nove (eu disse NOVE) posts programados. Sabe a sensação de deitar para dormir tendo post pronto para os nove (eu disse NOVE) dias seguintes? Então, eu não sabia. Descobri.

Durante o meio do BEDA, enquanto os posts programados iam sumindo sem que novos ocupassem o lugar e eu ficava me varrendo à procura de ideias que não fossem resenhas nem memes nem listas pelo amor, eu refleti bastante sobre o assunto. E enquanto eu bufava por achar difícil demais escrever um dos textos que minhas amigas tinham encomendado foi que eu lembrei de “O Diabo Veste Prada” e internalizei uma frase que agora tenho usado para a vida: Ana, you’re not trying, you are whining. E foi refletindo sobre isso que eu percebi que eu passo muito mais tempo do que devia choramingando ao invés de tentar.

No caso desse texto, eu tinha passado mais de vinte (eu disse VINTE) dias de BEDA empurrando o para debaixo do tapete. Ia ser difícil demais escrever, eu não ia conseguir. Até a hora que eu resolvi que estava ridículo, abri o word, fiz umas caretas e, em meia hora tinha uma lauda e meia escrita.

Esse BEDA serviu para lembrar que choramingar nunca será a melhor das soluções, e que enquanto você choraminga, olha só que coisa, você não está escrevendo. Se eu tinha que manter isso aqui atualizado por 31 dias seguidos, era melhor eu abrir a folha em branco e tomar atitudes melhores do que pensar que “impossível que minha birra com a propaganda do Bombril renda um texto”. Rendeu.

Não só de experiências positivas se faz um BEDA: posso dizer para vocês que, na altura desse 28° dia, eu estou exausta. Parece que fui atropelada por um caminhão, não aguento mais ver um blog na minha frente e muito menos o meu. Amo ler o que as minhas amigas escrevem (leria até as listas de compras delas) mas cada hora que vejo MAIS um blog atualizado eu tenho vontade tacar o computador pela janela de tanta agonia. Isso é cansaço mental nível master. Nunca pensei que chegaria em um dia da minha vida em que eu torcesse para ninguém ter postado, e sei que isso vai passar logo, mas é nesse pé que eu estou agora.

Não vejo a hora de cumprimentar setembro e ver tudo entrando nos eixos, mesmo que não tenha nenhuma dúvida de que, quando o dia 1° chegar, vai ser muito esquisito não ter nada para ler. Vai sobrar alguém com fôlego nessa blogosfera quando o BEDA acabar? Espero que sim, mas por enquanto fica a dúvida.

O que eu aprendi em 28 dias de BEDA? Que é bom lembrar que a gente, geralmente, pode mais do que sabia que podia. Que qualquer coisa mesmo pode render tema para um texto se você sentar e escrever ao invés de resmungar. Que escrever todos os dias no estilo maratona é muito interessante no começo, mas que tudo o que é demais cansa e que não é bacana transformar texto (e hobby) em linha de produção, mas que é sempre bom experimentar.


Se eu, um dia, terei coragem de entrar nessa de novo? Provavelmente sim. Se antes de encarar pela primeira vez eu já achava que era cilada, agora que não sou mais principiante e tenho certeza absoluta disso estou com a maior vontade de ter uma segunda participação no currículo para ver como as coisas rolam – mas vamos esperar agosto do ano que vem ou de 2017. Um BEDA bienal deve estar bom para a cabeça, né?  

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Meme literário sempre vai bem - 27/31

Sexta-feira algumas das meninas da Máfia marcaram de postar coletivamente o meme sobre hábitos literários. Como a brincadeira já rolava na blogosfera há tempos, acabou que eu e a Anna já tínhamos respondido certa vez em vídeo, de forma que pulamos  fora dessa vez. Só que eu estava sentindo que não era justo postar todos os dias por 31 dias e não responder um meme literariozinho que fosse, já que né, sempre bom pelo menos para ocupar espaço e coisa e tal  indicar mais uns livros e/ou ser obrigada a pensar um pouquinho neles.

Acabei encontrando esse aqui no blog da Del. Ela respondeu em texto (e assim farei também) mas ele foi originalmente criado no YT, no canal Livro e Café. Trata-se da “Tag As Ondas” e cada uma das categorias é baseada na descrição de um personagem do livro homônimo da Virginia Woolf que eu ainda não li, hehe. Vamos lá.


1. Bernard sentia amor à literatura (Um livro sobre livros)
Pensei automaticamente em várias opções, tipo A Sombra do Vento, A Vida do Livreiro A. J. Fikry ou ainda A menina que não sabia ler, mas no fim das contas resolvi que vou de O clube do livro no fim da vida que é bem menos conhecido que os outros. Trata-se de um romance de não-ficção, no qual o autor fala sobre sua relação com sua mãe, o desenvolvimento da doença dela, e o combinado que eles fizeram de ler os mesmos livros e comentar sobre eles enquanto a mãe ainda estivesse viva. Bonito, emocionante, sincero, acaba nos dando dicas de vários livros e propondo reflexões interessantíssimas sobre a vida e as relações pessoais que construímos.

2. Susan sentia paixão pela natureza e a maternidade (Um livro que fale sobre ser mãe)
Ah não, né? DE NOVO não. Vem aqui que tem.

3. Rodha se sente diferente em relação aos outros (Um livro com um personagem diferente dos padrões)
Em Mar da Tranquilidade somos apresentados a Nastya, uma protagonista cheia de issues secretas e que tem infinitos problemas de relacionamento. Sabemos que algo aconteceu em seu passado e que ela nunca mais foi a mesma desde então, parando de falar, inclusive. Aos poucos vamos entendendo melhor sua cabeça e chegando perto de descobrir o que rolou, mas enquanto esses desdobramentos vão acontecendo o incômodo de lidar com a personagem é grande.

4. Neville tinha inquietações sociais e ideológicas (Um livro que após a leitura dá vontade de fazer algo pelo mundo)
Olha, não sei se ter vontade de fazer algo pelo mundo é a descrição exata dos meus feelings, mas Americanah virou minha cabeça de white people que enxergava o racismo como algo distante e me tirou totalmente do lugar comum ao me mostrar como ele acontece todo santo dia debaixo do meu nariz, o quanto atinge às pessoas que são vítimas dele e o quanto deveria indignar a sociedade mais do que indigna. Então, primeiro, eu queria que todo mundo no mundo lesse esse livro para levar na cara também. Aí, depois, todo mundo teria lido e entendido e não haveria, finalmente, mais racismo no mundo, que tal?

5. Jinny era uma mulher sensual, preocupada com a aparência e com namorados (Um livro chick lit)
Mais uma vez eu podia tirar várias cartas da manga e citar a estante inteira da Sophie Kinsella, mas vou apelar por um menos conhecido que talvez possa servir melhor aos interessados em dicas literárias. Desde o primeiro instante é um catatau da Novo Conceito com uma capa meio duvidosa, mas acabou me entregando mais do que eu esperava e eu guardei ele no coração por causa disso. Não é um livro maravilhoso e está cheio de erros de edição e revisão mas me diverti enquanto lia, acreditei nos personagens, me envolvi nos dramas e torci muito para tudo dar certo. Numa era onde todo mundo acha que é fácil escrever um livro e nos enfia guela a baixo um monte de personagens rasos com histórias completamente inverossímeis, acho que só de eu ter conseguido me relacionar empaticamente com eles já foi um grande ganho, com o bônus da protagonista ser jornalista e eu ter conseguido super entender os enroscos em que ela acabou se metendo por ser “mais ética” do que deveria ser e confiar demais nas pessoas. Rachel, toca aqui, miga.

6. Louis era inseguro por ser estrangeiro (Um livro de sua estante numa língua que você não entende)
Juro que acho curioso o fato de alguém conseguir responder a essa pergunta, porque a menos que fosse um livro onde as imagens importassem realmente mais que o todo eu jamais gastaria dinheiro com um livro que eu não entendesse o idioma. Por que as pessoas fazem isso?

7. Percival é o único personagem que não tem fala direta. Os outros apenas comentam sobre ele (Um livro que todo mundo leu, mas você ainda não)
Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos meus grandes tabus literários. Não vou nem dizer que nunca peguei no coitadinho, porque uma vez me deu 5 minutos, eu baixei e devo ter lido metade em uma tarde, mas depois nunca mais abri o arquivo, nunca terminei e já me esqueci de tudo que eu li, inclusive do nome dos personagens, OU SEJA. O fato é que eu já falei isso antes umas mil vezes li Dom Casmurro na época errada da vida graças ao nosso maravilhoso sistema educacional que quer empurrar classicões para adolescentes e peguei birra do Machado de Assis. Depois disso, mesmo que eu já tenha amadurecido e passado a me encantar com suas histórias quando ouço pessoas entendidas falando delas, criei um certo receio e morro de medo de pegar qualquer obra de novo para tentar ler e achar um saco. Um dia sei que vamos viver nosso momento, Brás brother