Na verdade o dia não começou nada bem e tampouco resolveu ficar. Era pouco mais de meia noite quando, saindo do banho, decidi que o meu cansaço era maior que minha fome, escovei os dentes e deitei embaixo de várias cobertas. Era pouco mais de meia hora depois disso que resolvi que não, a fome era maior e foi por isso que levantei morrendo de frio e fui jantar um macarrão que devia estar maravilhoso, mas não estava, porque a pasta do dente recém escovado deixava tudo com gosto amargo. E falar que era só a pasta a razão da comida ruim é eufemismo. Eu estava era arrasada mesmo.
Assim como no ano passado, a narrativa que a vida me concedeu ao 4 de maio depende totalmente do que veio a partir de 30 de abril. Talvez, até, a partir de 15 de setembro de 2011 onde a minha vida mudou para algo muito melhor do que eu sonhava imaginar. Mas vamos no ater a 2015 mesmo. Passei a noite do dia 30, o dia 1º e o dia 2 inteirinho e meio dia 3 colada nas minhas amigas – que vejo tão pouco e amo tão muito.
Dentro desse pequeno infinito teve de tudo: apartamento carioca, chá de lingerie, canudos peculiares, homens pendurados em paredes, I was enchanted to meet you (too), praia, balada de coroa, castelo ra-tim-bum, a melhor coreografia de abre a porta mariquinha que esse mundo já viu, um cara me pedindo em namoro antes mesmo de me beijar, sol nascendo, Sparks Fly, picanha, livros, lanche sem abacaxi, muito choro e um punhado de lágrimas, aquelas que sempre vem na hora de dizer tchau. Nunca aprendi a dizer adeus e possivelmente nunca aprenda. Mas é maravilhoso ter a certeza de como sou sortuda por ter algo que torna as despedidas serem tão difíceis.
E foi por isso que o dia 4 começou dolorido e terminou igualmente ruim: porque eu passei o dia com a cara inchada e uma ressaca de saudade que insiste em não largar do meu pé. Aquela ressaca que vem abraçada na gente quando somos obrigados a voltar de onde não queríamos ter voltado. Aquela ressaca que aparece sempre que A Gente é partida ao meio.
Passei a vida inteira escutando – de uma grande amiga minha! – que o melhor amigo da mulher é o homem. “Mulher disputa, não existe relação sincera!”. Tenho um pouco de pena dela de se ater tanto aos falsos paradigmas da sociedade e pouco aos fatos verdadeiros: sempre fomos e continuamos sendo grandes amigas, à parte das disputinhas de adolescência que rolaram. Amizade feminina existe sim e é uma das coisas mais bonitas que venho experimentando na minha vida. Se eu boto fé em algo nessa minha jornada, esse algo é A Gente. Tenho muita fé nA Gente. Vencemos o mundo pra nos encontrarmos, isso já explica muita coisa.
Mal falei do dia 4, mas acho que consegui explicar que o dia foi, inteiro, um grande vazio. De vozes, de risadas, de gritos, de abraços, de cantar Taylor Swift acompanhada e não sozinha, dos ares do Rio de Janeiro. Mas não se enganem: foi vazio só disso aí que citei. Todo o resto continua sempre presente, porque longe é um lugar que não existe, e se você quer estar com um amigo, já está.
Obrigada por estarem. Sempre.
It’s a good life.
It’s a good life.
"Amizade feminina existe sim e é uma das coisas mais bonitas que venho experimentando na minha vida. Se eu boto fé em algo nessa minha jornada, esse algo é A Gente. Tenho muita fé nA Gente. Vencemos o mundo pra nos encontrarmos, isso já explica muita coisa." Nossa, SIM, isso, 100% isso. Queria muito que todas as pessoas, principalmente as mulheres, tivessem a chance de experimentar esse vínculo feminino, que não existe igual. A cumplicidade, a compreensão, a completa ausência de julgamento. A gente ter se encontrado e ter feito essa loucura dar certo, cada vez mais certo, me faz acreditar mais em mim. E pra não sofrer tanto, vamos levar a magia da gente pra vida real e todos os momentos, né? Que não existe impossível a gente já sabe.
ResponderExcluirTe amo!
Cara eu acho essa idéia muito mágica! Nem lembro se fiz o meu da primeira vez quando eu ainda tava com vocês hahaha acho uma puta oportunidade a gente olhar pra trás e poder ver o que mudou e o que continuou o mesmo! E a beleza que são esses encontros né? Dá até saudadinha da nossa folia na Bienal, ou ano retrasado na casa da Rê! O depois é sempre mais triste, mas logo logo tem outro! ;)
ResponderExcluirBeijo Nalu!
Lindo Post. Passei o feriado em Florianópolis em presença de amigos e estou me senti igual a você. Parabéns...
ResponderExcluir"Nunca aprendi a dizer adeus e possivelmente nunca aprenda. Mas é maravilhoso ter a certeza de como sou sortuda por ter algo que torna as despedidas serem tão difíceis"
ResponderExcluirSabe, quando você me disse que seria tão difícil dizer adeus, eu acreditei sim, mas não achei que fosse tão tão difícil desse jeito. Porque toda vez que eu volto pra casa de alguma viagem, por mais triste que seja, sempre rola aquela empolgação por estar subindo num avião de novo (amo viajar de avião e possivelmente fui um piloto ou um pássaro em outra vida) e a vontade de voltar pra casa depois de alguns dias fora é sempre gigante. Ai que saudade da minha cama, ai que saudade da minha rotina, ai que saudade saudade saudade. Mas aí vem vocês, essa viagem incrível, esse feriado que jamais vou esquecer, e de repente, pela primeira vez na vida, eu não senti a mínima vontade de voltar pra casa. Mamãe achou um absurdo quando eu cheguei chorando, dizendo que não não eu não queria voltar, mas por mais que eu ame muita gente aqui em Brasília e ame a vida que levo aqui, eu não queria mesmo voltar porque eu não ia ter A Gente aqui, e isso dói demais, mas ao mesmo tempo é incrível saber que vivemos essa eternidade tão linda dentro dos nossos dias numerados.
te amo <3
Ah como eu queria que todas as pessoas entendessem que sim, existe amizades entre mulheres. Tenho tanta raiva desses achismos e machismos da sociedade... Tenho amizades que cultivo desde o jardim, tenho amigas que tenho à 17 anos, ou seja, toda minha vida. Dizer adeus nunca é fácil, e venho observando isso agora, quando estão todas na faculdade, e aos poucos vamos nos afastando, mas nunca, jamais, pude dizer que amizade feminina fosse falsa. Ou talvez seja só porquê, nós vemos amizade de pessoas, e não amizades rotuladas por sexo, e isso talvez seja uma sorte enorme. Adorei seu texto, como sempre, tão carregado de sentimentos <3
ResponderExcluirDesfocando Ideias
Sei perfeitamente do que você tá falando!
ResponderExcluirMorei dois anos em um Colégio interno, cheio de adolescentes da minha idade (na época) e a gente curtia tanto os momentos.. Mas, apesar disso, como sofremos ao nos ver longe do nosso mundo, longe uns dos outros!
Meu Deus! Não dá nem pra lembrar sem que o coração aperte.
Desejo que passe logo a sensação de vazio.. E creio que ela só passa mesmo quando houver um reencontro que compense a ausência!
Bjs
O Coração do Menino
Sofri tão imensamente lendo seu texto (e o de Sharon e o de Chica). Eu sei e lembro todos os dias o quanto é bom ter gente na minha vida que torne o adeus tão dolorido, mas o quanto seria bom se a gente não precisasse dar adeus AT ALL. Quero vocês aqui sempre e todos os duas, porque algumas vezes eu acho que só vocês me entenderiam. Estou morrendo de saudades dos seus abraços e da sua concha. Te amo infinitamente infinito.
ResponderExcluirE precisamos nos beijar, porque somos foda. E furar as orelhas porque minha visão anda muito cagada.
Te amo, de novo e pra sempre <3
Ah que delícia de post! Delícia sentir saudade o tempo todo dA Gente né? Tem uma frase que eu amo que é: "dessa vida só se leva a vida que se leva" e bom, acho que estamos mesmo levando a vida da melhor forma quando estamos juntas, seja virtual ou pessoalmente! E esses momentos todos farão sempre parte de nós, da nossa história e da história que contaremos aos nossos filhos, netos e etc. Amei estar com vocês todas nesses dias cariocas, e que venham muitos outros pela frente!
ResponderExcluirTe amo!
beijos
Vocês são muito fofas! De certo modo é ótimo ter um motivo pra sentir saudade, mesmo estando longe delas saber que existem pessoas amigas. E olha, amizade feminina é totalmente possível e acho q quem disse o contrário só queria que a força da amizade entre mulheres não existisse <3
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