segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eleanor & Park

Eu disse, no post passado, que algumas estórias são maiores que outras. Sempre são. E o que é mais belo na arte é o fato de ela ser subjetiva e gritar a cada um de uma forma. Já costuma dizer a minha tia: O que seria do azul se todos gostassem do amarelo

Mesmo assim, acredito que seja da natureza humana ficar feliz quando as pessoas concordam com a sua opinião. Claro que existe aquela máxima de gente que não gosta de modinhas, e que só porque uma coisa vira modinha a pessoa simplesmente desiste de conhecê-la. Não julgo, exatamente, mas não sou dessas. Sempre imagino que se virou modinha, algum motivo tem. Não que isso significa que eu certamente vá atrás dela, mas pelo menos vou pesquisar o que é e ver se me interesso. Tenho amigas que nunca quiseram ler Harry Potter só porque era modinha, e tudo o que eu tenho a dizer é que lamento muito. Perderam uma experiência única por medo de parecer igual a todos. Mas o que eu ia dizendo no começo do parágrafo era que quando, afinal, decidimos nos adentrar em alguma coisa, achamos muito mais gostoso quando as pessoas concordam com a gente (ou a gente com elas) não? Ou alguém lê um livro que ama muito e fica torcendo para todo mundo odiar? Eu gosto quando concordam comigo; ou quando eu concordo com a máxima. Mas às vezes é inevitável, e foi isso o que pensei enquanto, hoje pela manhã, abria meu skoob e, respirando fundo, dava 2 estrelas para Eleanor & Park

Não pensem vocês que foi fácil: queria ler esse livro há muito tempo. Uma das pessoas cuja opinião literária eu mais respeito fazia propaganda dele a torto e a direito, falando da obra com um carinho que me fazia ter vontade abraçar o livro mesmo antes de lê-lo. Para completar a empolgação, a máfia resolveu ler o livro em grupo e seria a ocasião perfeita para passar horas destilando amor nos grupos da vida, e foi exatamente isso que aconteceu, excluindo o fato de que eu fiquei de fora do amor. Não gostei do livro e Deus sabe como eu quis amá-lo.

Ganhei ele em abril, de aniversário, de uma amiga ultra querida. Tem uma dedicatória linda, em folha cor-de-rosa. Coloquei na minha escrivaninha e fiquei admirando de longe, pensando no momento de lê-lo. Na hora de começar, toda uma felicidade clandestina: pegava, cheirava, ousava abrir rapidinho e tornava a fechar, antes que alguém notasse a abertura. Então, fechava os olhos, acariciava a capa e abria de novo. Meu Deus, vou ler Eleanor & Park! Primeiras duas linhas: Caraca, que coisa incrível, esse livro vai ser ótimo.

Primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto capítulos: tá... e aí? Sexto, sétimo, oitavo, nono: puxa, tá lento, né? e esse amor meio sem fundamento? que casalzinho estranho, não to botando fé neles... Décimo, décimo primeiro, décimo segundo: tá, era isso?

Acabou que no meio do percurso eu assisti o filme de A Culpa é das Estrelas, pirei, resolvi que nenhuma ficção me sustentaria mais do que a obra prima de John Green e larguei E&P para reler ACEDE. E reli em menos de 48h, rolando no chão com o livro, beijando capa e respirando fundo entre um capítulo e outro. Isso é que é história de amor, meu Deus, pensava eu. Terminei, coloquei na estante, me resginei: Nem tudo é ACEDE. Vamos lá, Eleanor & Park.

Peguei de novo e tudo se seguiu como tinha inciado: uma série de "tá bom, e aí?". Terminei o livro hoje cedo, pensando nos furos que ele claramente deixou (e que quem amou não vai aceitar, mas é a vida) e no que eu tinha feito de errado para não amar. Absolutamente não decreto que as pessoas amaram essa estória só porque os adolescentes são esquisitinhos, feinhos, o menino é afeminado e a menina é masculinizada. Não vou afirmar isso porque acho que é uma condescendência idiota e porque eu fico extremamente irritada quando dizem que as pessoas amaram ACEDE só porque tiveram pena dos adolescentes terem câncer. Amo ACEDE com todas as minhas forças e sempre quis matar quem diz isso, fato que me fez ficar com vergonha de pensar que a galera só amou E&P pela cota de personagens esquisitos e sofredores. Mesmo assim, acho que se os personagens fossem descritos como perfeitinhos e sendo os mais lindos da escola as pessoas não teriam gostado tanto: justamente porque para mim a estória dos dois não teve absolutamente nada demais. Prefiro mil vezes os muito menos estimados Vaclav & Lena e A probailidade estatística do amor à primeira vista. Não consegui colocar fé nenhuma na relação amorosa de E&P que nasceu do nada: acho que teria gostado muito mais se eles tivessem ficado só em uma linda (e bem construída) amizade. No primeiro dia o menino sentiu vergonha da menina nova sentar do lado dele no ônibus. No dia seguinte já queria pegar na mão dela e deixar ela ler seu gibi. Três dias depois eles estavam completamente apaixonados sem nem terem conversado? Ah não, Rainbow. Conseguiu convencer um número enorme de pessoas, mas em mim você não fez nem cócegas.

E foi por tudo isso que dei 2 estrelas, sofrendo muito: como eu queria ter amado, dado 5, favoritado para a vida. Minhas amigas estão vivendo momentos de paixão pelo casal bizarrinho enquanto eu coço meus miolinhos e penso: mas, hein, gente? Que coisa. Opinião é mesmo algo impressionante.

14 comentários:

  1. Estou morrendo de vontade de ler este livro, mas realmente, depois de ACEDE todos os livros de amor estarão no ''saco''. ;)

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  2. Analu, OBRIGADA!

    Obrigada por colocar em palavras tudo o que eu pensei enquanto lia e depois que terminei de ler Eleanor & Park! No fim, é um livro fofo e para por aí.

    Fechei o livro e fiquei justamente pensando "tá, mas...e aí?"; juro que não entendi esse amor todo. E também fiquei com uma sensação de que a autora queria criar um draminha, sabe? Com o padrasto e tal. Tipo, a menina tem 16 anos e NUNCA pensou em falar com qualquer adulto sobre o que sofria em casa? E os vizinhos, que sabiam de tudo e não faziam nada? Sei lá...

    Claro, houve muita expectativa de minha parte, mas ainda assim, né? É difícil não ficar pensando se só fez sucesso pelos personagens esquisitinhos e pelas referências nerds.

    Ainda penso em reler daqui uns anos. Quando li ACEDE não entendi todo o amor pela história, aí, só depois da releitura que fiz recentemente é que mudei de opinião. Veremos. A vida é curta e tem muito livro para ler, né? hehe

    Adorei o texto! Sincero e direto ao ponto!

    Beijos

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Michas, desculpa responder, mas estudo Serviço Social e não consegui me controlar com teu comentário hahahah.

      Olha, é muito difícil a criança/adolescente - e até mesmo a mulher casada - fazer a denúncia em caso de violência em casa.
      E não é qualquer pessoa que tem coragem de fazer a denúncia, ainda mais se aquele bairro já existe várias formas de violência.
      A autora simplesmente retratou o que é, infelizmente, a realidade de muitas pessoas. E ah, não pense também que a violência só acontece com as famílias que são mais vulneráveis. Nas famílias ricas/classe média isso ainda é muito pior, porque quando o CREAS recebe a denúncia e vai verificar, elas - não se sabe como - já estão em casa te esperando com o advogado ao lado.

      Enfim, só queria explicar isso :)

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  3. Eu não caí de amores pelo livro, mas gostei pela simplicidade dele, sabe? Confesso que também tiveram algumas partes que fiquei meio "hein, é isso?", mas em geral foi uma leitura relaxante pra mim. Talvez você ter pego ACEDE no meio do caminho não tenha ajudado também porque, né, ACEDE.
    Mas respeito sua opinião, Analu. Só fiquei chocada com as duas estrelas HAHAHA eu fiquei: WHAT, NEM PRA SER 3? KKKKKKk

    Beijos :D

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  4. Eu também achava que esse livro deveria ser tão bom e ok eu nunca li, mas aqui estou lendo confiando (genuinamente) na sua opinião mesmo que tenhamos gostos um tanto diferentes! hahaha Mas é que gostei tanto de Rainbow Rowell com Fangirl, me decepcionei um pouco com Attachments e não queria ficar completamente desiludida depois de ler Eleanor & Park. Então por enquanto vou passar essa leitura, beijocas!

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  5. É tudo muito pessoal mesmo. Acontece que pra ter uma opinião sobre este livro eu tenho que ler, coisa que eu ainda não fiz. Mais A Culpa É Das Estrelas eu já li, e O.K é legal e emocionante, dá raiva até, mais depois de O Morro Dos Ventos Uivantes, esses outros romances só são os outros...
    Boa noite, bjos...

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  6. Olá!

    Sabe que eu também tô com vontade de escrever sobre Eleanor & Park?

    Como eu já disse, discordo muito dessa história de que foi de um dia pro outro que as coisas aconteceram entre eles. Achei que até demorou e os dois foram se descobrindo aos poucos. Mas né. Você não vai admitir isso, nem eu vou mudar de ideia.

    Opinião é coisa engraçada mesmo. Você chama de furo, eu chamo de verossimilhança, hahaha!

    Notei que você falou mais sobre o romance. Tem outros aspectos que o livro aborda e eu acho relevantes também. Isso a gente discute no book club :)

    Não vou nem comentar o 'casal bizarrinho', hahahahaha!

    E, amiga, nós somos mesmo muito diferentes, porque toda vez que eu leio um YA, torço pra não se parecer com ACEDE. E é aí que eu te entendo: expectativa frustrada é uma droga.

    Beijos!

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  7. Amiga,

    Eu só não sinto tanto desgosto lendo esse post quanto senti quando a Tary escreveu sobre ACEDE, juro, porque também não gostei taaanto assim de E&P. Digo, eu gostei, mas não amei. Não faz nem cócegas em ACEDE. Ainda assim, tu sabe que discordo completamente dos seus motivos de não ter gostado, e os meus são bem diferentes. Acho simplesmente que a autora se perdeu, e detestei o final sem pé nem cabeça que ela deu pra história. Mas, quando tive feels, foram feels muito gostosos. Admiro muito a forma como ela narra e metaforiza os sentimentos, extremamente bem construídos e, pra mim, verossímeis.

    Enfim, opiniões, heheh.

    Ainda te amo.

    Beijos.

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  8. Eu acredito que as pessoas gostaram de E&P por, justamente, ter uma "cota" de personagens que fossem 'reais, que é possível sentir e se identificar, se reconhecer etc. E, sem querer fazer comparações, mas ACEDE também possui sua cota - enorme - de personagens sofredores, e o que sempre falam da história é que ela vai além de adolescentes com câncer :)
    Eu não senti o amor deles crescendo do dia para a noite, sofri com isso foi em Romeu e Julieta (mas pretendo reler, pois li aos 14 anos e posso ter percebido as coisas de forma errada).

    Mas né, gostar/desgostar depende muito da subjetividade de cada =)
    Beijos!

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  9. Ainda não li - nem comprei - este livro, mas tava morrendo de vontade de ler por causa daquela foto deusa que vocês da Máfia postaram. (que qualquer dia desse copiarei, beijos).
    Opinião é igual nádegas mesmo. :p
    Achei a capa fofa-fofa, mas agora, não tô lá com tantavontadeassim de ler, porque nossos gostos de leituras são até parecidos. (e de novelas).

    Beijoca Anitcha! :*

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  10. Vamos aos trabalhos.
    Depois de uma semana em que defender o direito de gostar e desgostar das coisas foi necessário, preciso dizer que é assim que a gente se entende. Seria chato que amássemos só os mesmos livros. Você amou Coisas que ninguém sabe com fervor, em mim ele não teve o mesmo efeito. E agora Eleanor & Park.
    Engraçado, a primeira coisa que eu gostei foi justamente o fato do relacionamento deles não ser sem explicação. Achei o fato de ele ter vergonha dela no começo essencial pro personagem dele. O Park quer ser invisível sobreviver a esse ambiente em que ele não se encaixa e sofre uma pressão horrível de vários lados pra ser de determinada maneira ou sofrer retaliações. Escola, pai, etc. Aí chega a Eleanor e: ELA SÓ FAZ CHAMAR ATENÇÃO. Ela é tipo uma reunião de tudo que ele teve medo de ser a vida toda. E depois senti que eles vão se apaixonando bem aos poucos, observando e sentindo a presença do outro, deixando o outro perceber que quer se aproximar com muita relutância.
    Quanto a eles serem esquisitos, acho que eles são só pessoas normais. Nunca fui a menina mais popular do colégio, nem a mais bonita, nem a mais simpática. E eu via um monte de meninas como a Eleanor por perto, além de meninos como o Park. A questão é que até então nunca tinha visto personagens como eles sendo os protagonistas de uma história pra adolescentes. Foi justamente isso que gostei, porque senti que eles eram bem reais.
    Também amei o fato da Rainbow ter questionados papéis de gênero, coisas "de menino" e "de menina". Amei os problemas que ela colocou na vida deles, principalmente da Eleanor. Enfim, acho que gostei justamente das coisas que você não gostou. E ainda bem, porque assim temos mais o que compartilhar.

    Te amo <3

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  11. Eu li o título do post, li o primeiro parágrafo e já estava achando que você estaria no meu time, o daqueles que curtiram muito Eleanor e Park.

    Gosto é uma coisa engraçada mesmo, né não? Eu não achei nada demais em ACEDE. Achei "okay", fazendo piadinha. Mas não entendi o motivo de tanto auê. E quer amor mais de repente que esse da Hazel e do Gus? Tipo amor à primeira vista? Foi bem mais de repente do que o de Eleanor e Park.

    Eu não curti EeP por causa dos personagens "esquisitos". Nem acho que são esquisitos. Eles são normais, como a gente. Eles fogem do estereótipo comum de adolescente da mídia, super descolado, lindo e maravilhoso. Eu ouvi o livro em áudio e a narração é sensacional. Eu amei a estrutura dos capítulos alternados, amei como a relação deles vai desenvolvendo aos poucos. Amei também a época em que se passa a história. Eu fui uma criança dos anos 90, então me identifiquei um pouco sim com vários aspectos do livro.

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  12. Eu também me senti assim! FINALMENTE ALGUÉM QUE ME ENTENDA, quando eu li achei muito sem graça e não teve nada de relevante. As vezes, no meio da leitura, eu parava e pensava: "espera um minuto, eles realmente são adolescentes?" Porque tinham algumas atitudes bem estranhas e infantis. Bom, cada um tem sua opinião né?

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