1º de janeiro, ano novo, vida nova, cabeça cheia de filosofias de botequim loucas para serem colocadas no papel. Esse é mais um daqueles textos que eu começo sem fazer ideia de onde vai dar e estou avisando desde já, portanto daqui em diante a leitura é por sua conta em risco, he.
O ano começou muito bem obrigado e cheio de poesia na alma quando encontrei uma mensagem de ano novo do Neil Gaiman – que depois eu descobri que é de um bocado de tempo atrás mas, vejam só, continua novinha. Em suma, ele diz que deseja a todos que cometamos muitos erros no ano novo.
Sim, erros. Erros simples, erros gloriosos, erros que ninguém cometeu antes. Porque cometendo erros a gente sabe que está fazendo alguma coisa. Se erramos, afinal, tentamos. Visto por esse lado, o erro é praticamente um acerto.
Ainda na mesma mensagem, Gaiman disse que se o que estivermos querendo fazer estiver nos dando medo, aí mesmo é que devemos fazer. Pensei na quantidade de medos adrenalísticos que eu já enfrentei na vida: o de montanha russa, o de subir no palco, o de dizer oi para um garoto na janela do chat.
Antônio Prata diz que a gente nunca sabe o que vai acontecer quando saltarmos, mas que a vida não faz nenhum sentido se não dermos o salto. Isso mesmo, o salto, aquele salto no escuro, onde a gente sai de um lugar seguro, com impulso e tremendo nas bases, sem saber onde vai dar.
Gritei muito na montanha russa e quando no meio do looping abri os olhos, a única coisa que vi foram meus pés – e o céu. O carrinho anda tão rápido que esse frame da minha vida deve ter durado 1 segundo, mas foi 1 segundo infinito. Subi no palco um punhado de vezes nessa vida – e em todos os momentos de gelo na coxia, antes de entrar e dar a primeira fala, eu me arrependi de ter inventado moda. Segundos depois, ao dar a tal da fala, era simples lembrar que era possível. A janela do garoto ficou muitos dias aberta enquanto eu não arranja força para digitar o O e o I. Até que eu o fiz. Não nos casamos – sequer nos beijamos ou marcamos um encontro – mas o papo foi divertidíssimo.
A gente não tem como saber se não tentar. Se a gente tentar e errar, tudo bem, afinal de contas, só erra quem tenta, só toma de 7 quem entra em campo. E se querem saber mais, o medo é o grande tempero da vida.
Porque que o Carrossel não chega aos pés da montanha russa? Dar voltas e voltas sentada no cavalinho não coloca pedras de gelo na barriga da ninguém. A única vez na vida que eu subi num palco sem medo, a peça não deu em boa coisa. E se abrir a janela da pessoa e chamar pra conversar não for, assim, uma grande questão, deve ser que a pessoa não tenha tanta importância.
O porquê da escolha do título? OneRepublic conseguiu teorizar a vida muito bem nesse verso, oras. É exatamente o que nos afoga que nos dá vontade de voar. Fosse a vida sempre muito cômoda e fácil, estaríamos todos com a faca e o queijo na mão o tempo todo e arrancar um pedaço para degustar não seria, assim, tão maravilhoso.
Fica registrado mais um desejo meu para 2015: que eu, que você, que nós, tenhamos muito, muito medo – e enfrentemos um depois do outro. Até quando o salto der errado e quebrarmos uma perna, até quando dermos com os dentes no chão, até quando errarmos e, talvez até, principalmente quando errarmos, estaremos acertando e muito.
Desejo a você: Que o ano te surpreenda e que você surpreenda esse ano novo. Feliz 2015!
ResponderExcluirAdorei! O que mais tenho em mente nesse ano é ser alguém destemido, que não tem medo de enfrentar os medos. Que possamos praticar juntos!
ResponderExcluirXará, tem dias que venho no seu blog, leio os textos sempre maravilhosos e deixo pra comentar depois porque sempre fico com a impressão de que não vou conseguir escrever nada que faça jus ao post e tal. Só que hoje, quando li o título do post no Bloglovin e vi que era seu, vim correndo com a certeza de que ia acabar comentando, mesmo que isso significasse escrever um monte de groselha e (pior) te fazer ler tudo. Essa música fala demais pra mim, sabe? Não no sentido de ser específica pra mim (tenho outras músicas pra isso), mas por ter significado tanto. Significou muito no ano (já) passado e não acredito que vá deixar significar em 2015 ou depois, porque essa é uma ideia que eu meio que quero levar pra vida. Que o medo é algo muito natural, mas que a gente não pode se acomodar; e que coisas ruins fatalmente vão acontecer nesse meio tempo, mas não é por isso que eu vou desistir e deixar as coisas como estão.
ResponderExcluirDesde nossa mini conversa sobre tatuagem no twitter que eu tô pensando seriamente no que eu quero ter gravado pra sempre na minha pele, tanto porque eu quero mesmo (fundamental), como porque seria uma ótima forma de começar colocando essa filosofia em prática já que se eu deixar esse medo me tomar pra sempre, jamais farei uma e aí teremos uma filósofa de buteco deveras hipócrita. Eu queria muito ter uma frase na minha pele que tivesse um significado bacana pra mim e que ao mesmo tempo não fosse muito mainstream como algumas que amo, tipo "all you need is love" e "to infinity and beyond". E eu acho que encontrei minha frase.
Agora deixa eu ir ali caçar a coragem (e o telefone de um tatuador).
Beijo, amiga!
<3
É bem assim mesmo!
ResponderExcluirUma coisa que eu e minha irmã sempre falamos é que esses momentos ditos ruins, são muito bons pra nossa vida, porque a gente sempre aprende muito e começa a dar valor a muitas coisas que se a gente não tivesse passado não teria aprendido.
Espero que nesse ano a gente tenha muitos medos para enfrentar rs.
Beijo
http://www.deborabp.wordpress.com
Essa é exatamente minha filosofia de vida. Pra quem viveu boa parte da vida tendo medo, aprendi que ele é mesmo termômetro da vida. Todas as vezes que senti esse medo insano foram as vezes em que tomei decisões arriscadas. E é dessas que me orgulho até hoje, elas que me levaram aos melhores lugares.
ResponderExcluirQuero esse medo bom pra você, amiga. Pra gente. Quero erros e loucuras em 2015. Quero que arrisquemos.
Beijo <3
Esse texto do Gaiman é realmente sensacional. Sim, um 2015 destemido pra você e pra todos nós!
ResponderExcluirAnalu, que delícia ler esse texto! Deu até vontade de começar o ano, por aqui ainda sinto que estou em 2014 porque a família que veio pro natal ainda tá por aqui e ai parece que estou vivendo festas de fim de ano em looping infinito hahaha. Espero que a gente erre bastante esse ano e que tenha um salto bem bom guardado pra gente. Esse texto do Antonio Prata é apenas maravilhoso e morro um pouco toda vez que lembro dele <3
ResponderExcluirQue texto gostoso, Analu! Muitos erros pra você também, e que cada um deles te ensine coisas maravilhosas. Pensei muito sobre o que eu quero ser esse ano, e a única coisa que concluí é que não quero pensar demais. Sem medos pra mim, se o cosmos quiser! ahahahaha Beijo grande e boa sorte. :)
ResponderExcluirDesde que bati o olho no seu blog foi inevitável me apaixonar com você escrevendo TÃO maravilhosamente bem sobre diversas coisas, belo texto! Feliz ano novo e tudo de bom pra esse ano.
ResponderExcluirp.s: me encantei com o quadro de friends no titulo do blog.
Beijão,
www.garotaroyal.blogspot.com
Seria incrível se a cada erro nós contabilizássemos os aprendizados. Só assim a gente poderia ver de fato que os erros são as melhores coisas que podem nos acontecer.
ResponderExcluirTe amo, meu amor de Analu. <3
"Só toma de 7 quem entra em campo" vou imprimir e pregar na porta de casa para ver a cada vez que for sair ahah
ResponderExcluirMe lembrou um ditado japonês : ao acertar o alvo você erra tudo que fica ao redor. Texto ótimo e inspirador, como sempre.
Te desejo um 2015 cheio de alegria, de paz e de erros ;D
Eu sempre escrevo alguma coisa no meu ~journal~ quando o ano começa, na esperança eterna de que nesse ano eu finalmente vou conseguir mantê-lo durante os doze meses que vão se seguir. No fim das contas, meu caderno é uma coleção de começos de janeiro, e no começo desse janeiro, eu copiei essa mensagem do Neil Gaiman pra guardar pra mim. No começo de 2014, o texto era O Salto, acredita?
ResponderExcluirEstou feliz que, mais uma vez (NOVIDADE), estejamos sintonizadas na mesma vibe. Já disse que quando você vai junto eu fico mais tranquila, né? Que a gente erre, e acerte muito nesses erros, e faça todas as coisas que derem na telha, com muito frio na barriga e segundos infinitos.
Te amo <3