Livremente inspirado nesse blog genial aqui
Passarinha teve a ideia de entrar
na dança das 1001 pessoas e acabou me dando uma ideia com seu primeiro texto.
Eu sempre gostei de porteiros. Sou conversadeira desde pequena e filha de uma
pessoa que vira melhor amiga de qualquer um que fique 5 minutos em sua
frente na fila do pão, de modo que nunca me abstive de bater papo com os
porteiros com os quais convivi nessa vida.
Quando eu era pequena, ainda no
prédio em que nasci, lembro de subir correndo a escadaria para abraçar o
porteiro vovozinho Juscelino que tinha ficado um tempo sumido. Agora nem
consigo me lembrar se essa é uma lembrança normal ou construída, mas que eu me
lembro, me lembro.
Um pouco maior, em São Paulo,
ficava todos os dias pelo menos uns 15 minutos sentadinha numa cadeira, ao lado
da portaria do meu prédio, esperando a perua ir me buscar para ir para a escola. Era praticamente
madrugada (a perua me pegava pontualmente às 6h18, tempos sofridos) mas
qualquer que fosse o porteiro do dia, geralmente ele estava animadíssimo para
batermos papo. Morei quase 8 anos nesse prédio e ó, foram anos incríveis.
E daí que no maior
#firstworldproblem que esse mundo já viu, me mudei para Curitiba e no meu prédio pequenino não tem porteiro. Olha, endosso aqui meu piti de burguesinha-de-primeiro-mundo-que-não-sabe-o-que-é-problema
porque odeio lidar com chaves, com visitas chegando e eu tendo que abrir a
porta e com a correspondência: se não tem ninguém em casa, ela volta para os
correios, olha que coisa. Mas sinto falta mesmo é de um porteiro sorrindo
quando eu entro no prédio e me perguntando como vai a vida. Tem o Sr. Ademir, o
zelador, que vive com sua vassourinha pra cima e pra baixo e vira e mexe me
pergunta se eu estou indo fazer uma reportagem, mas não é a mesma coisa.
De modo que cheguei até aqui para
falar do Seu Antônio, o ex-porteiro do prédio dos meus tios. Seu Antônio, gente
finíssima, cabelinho todo branco. Seu Antônio que, em um prédio de padrão econômico
elevado e que deveria ter uma preocupação exacerbada com segurança, nunca na vida interfonou nos meus tios para perguntar se eu poderia
subir: “Pode ir, mocinha, e que Deus abençoe!”. Sempre tive a sensação de que
Seu Antônio foi padre em outra vida, ou que talvez tenha sido seminarista
nesta. Nunca entrei nem saí daquele prédio sem que Deus me acompanhasse, graças
ao lembrete do porteiro.
Minha tia um dia comentou que ele
tinha uma vida difícil. Se eu não me engano, seus 2 ou 3 filhos tem graves
problemas. A luta de Seu Antônio é
enorme e eu nunca vi aquele homem sem um sorriso no rosto. Não me enganava: o
olhar era melancólico. Mas o sorriso estava sempre lá e, junto com ele, a fé. E quem tem fé, vocês sabem, têm muita coisa.
A história está no passado porque
ele não é mais o porteiro, tá? Graças a Deus até onde sei ele continua vivo,
mas já estava cansadinho demais para porteirar dia após dia. Sinto falta dele toda vez que entro no prédio.
O porteiro atual é bem curitibano e nunca o vi sorrindo, mas tudo bem, bola pra
frente. A voz do Seu Antônio ainda ecoa naquele portão e eu espero que ele
esteja muito abençoado, fazendo o que quer que seja.
Ai amiga. Eu fico encantada com as histórias que vocês contam dessas pessoas incríveis.
ResponderExcluirNos prédios que morei nunca teve porteiro, e eu acho isso uma pena porque adoraria passar horas conversando com um Seu Antônio da vida. :)
Beijos, amiga <3 amo você
Ah puxa vida...nunca tive um porteiro para chamar de meu pois nunca morei em prédio! Só me lembro com clareza do porteiro do meu colégio do segundo grau, era um gordinho que ficava sentado numa cadeira onde sua bunda mal cabia. Mas ele era gente finíssima! O tio da portaria! #saudades
ResponderExcluirTomara que seu Antônio tenha mudado de vida né, quem sabe ganhou na megasena? E que Deus o abençõe!!!!
Love you!
Beijocas
Eu quase chorei com esse post? Sei lá, tô aqui no trabalho, me segurando verdadeiramente, porque essas histórias me encantam demais. Não de porteiros em si (apesar de achar que eles são ótimos personagens sempre) mas porque acho tão incrível essas pessoas que mesmo com todas as dificuldades, estão sempre com um sorriso no rosto e saem desejando que Deus abençoe as pessoas por aí. Queria ser só um pouquinho assim, mas como ainda não cheguei nesse nível, fico satisfeita em esbarrar com tantos Seu Antônio quanto a vida quiser me presentear.
ResponderExcluirte amo <3
Esse seu Antônio, que nem conheço mas amo pacas. Gosto tanto de gente simpática e que se esforça para estar sempre de bem com a vida. Acho que isso acaba deixando a vida mais fácil, para a própria pessoa e para aqueles que estão em volta.
ResponderExcluirTomara que Seu Antônio esteja bem.
Beijos, te amo <3
Amiga, que post maravilhoso! Amei! Tanto!
ResponderExcluirAqui no Rio os porteiros são horríveis :(, mas em Fortaleza também tinha amigos porteiros. Sempre morei no mesmo prédio a vida inteira, e eles sempre trabalharam lá, olha só! O meu favorito é o Joaquim, que chama Dindi de Dindinha, e vira e mexe está com ela no colo, conversando. Quando Tatau morreu, o Joaquim pediu uma foto dele pra guardar, porque morria de saudades!
Odeio gente que não dá bom dia e não conversa com porteiros. São sempre pessoas incríveis.
Beijo no Seu Antônio! Tomara que um dia ele ache esse post só pra ele.
E te amo, né, óbvs.
Amiga, porteiros sempre são uma ótima inspiração! Ainda não escrevi sobre eles, mas sempre penso que eles rendem histórias maravilhosas. Até hoje só tive porteiros muito bacanas na minha vida, e sempre fui muito parceira de todos. Lembro do Jales, que trabalhava no prédio onde morei na minha infância, que ficava horas conversando comigo quando eu fugia das brincadeiras das crianças mais velhas do prédio (que eu odiava), e sempre que eu passava dizia "ó anninha!". Em outro prédio tinha o Seu Carioca, que obviamente era carioca e marrentíssimo, mas a gente se entendia. E hoje aqui tem o Seu José, que acha que eu sou idiota (lembra do episódio do fogão e das geladeiras?), mas nunca se negou a me ajudar e trata o Chico super bem.
ResponderExcluirUm beijo procê e pro Seu Antônio.
Te amo!
Amo esse projto, tô nele tbm <3. Assim como você eu sou dessas pessoas que fazem amigos na fila do pão rsrs e não é porque eu quero não, devo ter cara de psicologo! Bjo!
ResponderExcluirVocês todas com essa pilha de 1001 pessoas tão me deixando com vontade de começar a viajar (e tentar escrever) sobre isso também.
ResponderExcluirEu morei em casa até os quase 5 anos, depois me mudei pra outra cidade e moro no mesmo prédio, embora tenha mudado de apartamento, faz quase 17 anos (meu Deus!), mas como o prédio é pequeno não tem porteiro, então nunca lidei muito com isso na vida.
Claro que nunca tive problema com porteiros, mas tenho um problema muito ruim chamado timidez. Então eu sempre fico na minha, até que um dia o gelo derrete (risos) e consigo trocar umas palavras com o pessoal. Aqui onde que eu trabalho tem duas porteiras, e hoje em dia, depois de meses trabalhando aqui, elas já até fofocam pra mim. Então eu já considero um grande passo.
Beijos!