quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
6. Meu malvado favorito
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
The lights are so bright …
sábado, 24 de janeiro de 2015
Tamo rezando, vó.
Avós tem conexão direta com o divino, certeza. Não sei se é por tempo de vida, se é por merecimento ou se é o santo que é forte mesmo, mas o fato é que elas tem. Aprendi desde pequena que se houvesse alguma coisa que eu quisesse muito na vida era só pedir: vó, reza?
“Rezo, filhinha, e se for pro seu bem, vai acontecer”, responde ela. Então reza logo, vó, porque vai ser pro meu bem sim e vai acontecer, mas Deus te escuta melhor do que a mim. Quero passar no vestibular vó, reza? Quero tirar carteira vó, reza? Quero arrumar um namorado vó, reza pro Santo Expedito, protetor das causas impossíveis? Vó, pelo amor de Deus reza porque fiz exame de sangue e tô morrendo de medo do resultado. Esse tipo de coisa.
Não dá, é claro, pra ficar pedindo pra vó rezar pra gente ganhar na mega sena. Tudo tem limites. Vó só pode rezar pra coisa séria, senão queima o cartucho. Minha avó tem muito filho e muito neto, e ela reza, tá? Todo santo dia. Entra no quarto depois do banho, com os cabelos molhadinhos, toda perfumada, com um livrinho de orações e o terço na mão. Vó, reza? “Rezo, filhinha, todos os dias, por todos vocês”.
Antes de ontem minha avó teve um piripaque. Estou usando essa palavra porque acho que ela dá um tom de leveza para o assunto – que eu ando me recusando a levar a sério. Tem alguma coisa a ver com coração, ela está internada e vai ter que operar, mas graças a Deus está tudo aparentemente sob controle. Não que ela acredite nisso: a algumas horas de sua segunda noite no CTI, a bichinha não sossegou até que a enfermeira deixasse minha tia levar um terço pra ela lá dentro. Parece que consigo ler seus pensamentos: eu estou ótima, ruim vão ficar os outros lá fora se eu não puder rezar por eles. Tá certa, vó. Você tem créditos e mais créditos com Deus, vai ficar boa rapidinho. A gente é que vai estar em maus lençóis sem a senhora pra pedir por nós.
Mas olha só, fica quietinha aí e acalma seu coraçãozinho pra ele ficar bom logo. Vai ficar tudo bem com você, porque tá na nossa vez de rezar, e nós tamo rezando, vó. Não temos o seu crédito, mas somos muitos. Vai ficar tudo bem com a senhora. E está tudo muito bem conosco, porque temos você.
Livremente inspirado nesse texto aqui, que não parou de martelar
minha cabeça desde que soube que vovó estava internada.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
The best is yet to come
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Aquele com o dedinho
Se tem uma coisa com a qual nós, mulheres desse século XXI e mais precisamente de 2008 pra cima, nos preocupamos, essa coisa é: calo no pé por culpa da sapatilha.
Tudo isso porque um dia desses, em algum momento desses últimos 7 anos, o cosmos decidiu acordar afim de emplacar (aparentemente para sempre) a moda das sapatilhas. Eu acho é ótimo: sapatilha é super meiguinha e orna com quase qualquer look. O único problema é o que os olhos veem não combina muito bem com o que o nosso pezinho sente. Pelo menos 80% desses sapatinhos angelicais são, na verdade, demoninhos: comem os nossos calcanhares, ou a lateral dos pés, ou os dedinhos lá na frente, ou tudo isso junto, incluindo a nossa alma, que no meio do passeio já está exaurida de sentir dor e passa o resto do tempo se lamuriando por não ter uma caixa de bandaids na bolsa.
Euzinha, que muitos apertos já passei nessa vida, decidi que em 2015 seria uma pessoa prevenida: comprei uma nécessaire que anda comigo dentro da bolsa. Posso esquecer de pentear o cabelo ao sair de casa, mas não esqueço a nécessaire. Segundo a minha prima, minha pequena bolsinha com desenhos de monstros é nada mais nada menos que a bolsa da Hermione. Tudo isso porque um dia ela me pediu absorventes e eu tinha. E remédio pra dor de cabeça, e eu tinha. E se você precisar de bandaid, remédio de nariz, creme para cutículas, elástico de cabelo, pasta de dente, um desodorantinho, enfim, tudo isso vai ter. Só não vai ter mais o sabonete de rosto, porque ele não coube.
Mas esse texto não é sobre sapatilhas. Nem sobre nécessaire. Eu só enrolei vocês até aqui com essa trela toda porque eu adoro fazer isso, hehe. Prossiguemos.
O cosmos que manda na moda, esse mesmo que um dia inventou o salto alto que acaba com a gente nas festas e moda das sapatilhas que comem a nossa alma, resolveu que seria um pouco parceiro. Pensou, pensou, pensou e pluft: lançou a moda das alpagartas.
Que maravilha na Terra são as alpagartas. Extremamente confortáveis e descoladinhas, com milhares de estampas disponíveis, as alpagartas ainda carregam a dose certa de grau hipster que todo ser humano anda querendo ter, ultimamente. Alpargatas: calce uma e você nunca vai querer calçar mais nada. Não estou recebendo pra fazer esse post, mas se algum alpargateiro quiser me patrocinar, estamos aí.
Infelizmente não tão coringas quanto as sapatilhas, elas não combinam com qualquer look. Algum defeito elas tinham que ter, mas nunca se esqueça da vantagem de serem totalmente confortáveis. A regra geral é que uma alpargata NUNCA SOB HIPÓTESE NENHUMA vai te machucar. Você calça ela de manhã e assina um compromisso com você mesmo de que, mesmo que percalços aconteçam no seu dia, você permanecerá pisando em nuvens.
Qual foi a minha surpresa, portanto, quando ontem, indo almoçar com o pessoal do trabalho, comecei a sentir o meu dedinho arder muito. Segui andando e pensando o que diabos estavam acontecendo ali e tentando ignorar o fato. Enquanto isso, o pobre do dedinho fisgava pedindo atenção. Entrei no restaurante e pensei que podia almoçar e depois pensava no assunto. Almocei. Mas cada vez que eu ousava mexer o pé embaixo da mesa, o tal do dedinho berrava. Imaginei que tivesse estragado ele com alguma sapatilha anterior e não tinha percebido ainda. Enquanto isso a dor aumentava.
Mal terminamos de almoçar e já decidimos ir embora, de forma que preferi não ir ao banheiro. Repeti mentalmente, então, a mensagem: “calma, dedinho. Assim que chegarmos na empresa eu ponho um bandaid em você. Isso já vai passar”. Cheguei na minha sala com o coitadinho pegando fogo de tanto que doía. Calmamente peguei a nécessaire, separei o bandaid e tirei a alpargata do pé.
Eu juro pra vocês que visualizei o medo dedinho com muitos tipos de estrago. Um corte? Uma bolha estourada? Um calo gigantesco? Minha criatividade é fértil e milhões de atrocidades se passaram pela minha cabeça. Acontece que eu me deparei foi com isso aqui:
É. Meu dedinho estava meio que grampeado. E eu só topei postar essa foto horrorosa porque minha amiga me jurou que tudo isso daria um post incrível pro blog. E eu digo meio que grampeado porque o grampo estava posicionado ali, e furado nos dois cantinhos, mas não tinha se prendido completamente, amém, né? Enfim.
Agora, imaginem vocês sentirem dor, abrirem o sapato e darem de cara com seu dedo grampeado? Eu não sabia se ria ou se morria de susto. Como um grampo foi parar dentro da alpargata ainda é um mistério. E como ele se auto-grampeou em mim é um mistério ainda maior. A gente morre e não vê de tudo.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Uma tatuagem e muita história
- É que eu tenho muito medo de agulha.
- Você já viu uma máquina de costura?
- Claro.
- Saiu correndo?
- Claro que não.
- Entraria numa fábrica de costura?
- Sim?
- Lá é o lugar que mais tem agulha no mundo.
- Humnnn…
- Você não tem medo de agulha, tem medo de seringa.
Podia ser ficção, ou um papo com a psicóloga, mas foi o diálogo que rolou hoje, por volta das 14h30 da tarde, entre eu e o tatuador, enquanto eu dava gritinhos e ele marcava a minha perna.
Eu sempre tive pavor de agulhas, mas eu resolvi que queria fazer uma tatuagem. Aí eu resolvi que eu não queria só querer, eu queria fazer. E quando a gente para de querer e faz, vocês sabem, a gente faz tudo o que quer. E foi assim que, depois de passar semanas ouvindo todo mundo achar que eu ia amarelar, eu levantei, tatuada, da cadeira do estúdio, às 14h43 da tarde, desse 5 de janeiro de 2015. Mais um dia em que eu superei a mim mesma.
Já disse pra vocês que 2015 é o ano de ter medos – e superá-los um a um. A melhor parte disso é que além de dizer isso pra vocês eu consegui dizer pra mim também.
Latitude e longitude. Acho que a única vez que ouvi essas duas palavras e levei a sério foi no ensino fundamental, quando a gente estuda essas coisas. Lá, a gente aprende que a latitude é a posição de determinado local de acordo com a distância dele em relação à linha do Equador, e que a longitude, por sua vez, é distância em relação ao Meridiano de Greenwich. Ou seria o contrário? Nem sei ao certo.
Latitude e Longitude. Um número para cada uma dessas posições, em qualquer lugar no mundo que você esteja. Lugar. Esse conceito tão vago. O que é um lugar? O que é um casa? Quanto de cada lugar podemos carregar conosco?
O fato é que cada um precisa de um lugar no mundo. Alguns lutam mais para encontrar, outros menos. Alguns tem sempre certeza de onde querem estar, outros querem ganhar o mundo. Eu gosto da ideia de ganhar o mundo. Sem nunca deixar de carregar comigo o lugar em que sempre sei que serei feliz.
A casa da minha avó sempre foi meu melhor lugar do mundo. Meu retorno. Minha origem. O canto para onde eu sempre gostarei de ir – e de retornar. Pessoas não são pra sempre. Construções talvez também não sejam. O fato é que não importa o que aconteça (e olha que coisas sempre acontecem), toda vez que entro naquela casa, geralmente uma vez por ano, sinto cheiro de lar. De memória. De pão saindo do forno. De criança correndo ao redor das janelas. De “não faça barulho, tem bebê dormindo no quarto do bequinho”.
Foi na calçada da minha avó que eu ralei tantas vezes o meu joelho que ele mal tinha tempo de se cicatrizar. Foi naquele portão que prendi o dedinho algumas vezes. Foi naquela varanda que tomei alguns escorregões. Foi na sala que dei tantas risadas. Foi no quarto que tive tanto medo do escuro com o soar das doze badaladas do relógio.
Latitude e longitude. Dois números extensos, medidos em graus, minutos, segundos, norte/sul, leste/oeste. Poderia, um punhado de números, representar tudo o que o coração guarda sobre as casas que fazemos pelo mundo?
Não posso estar sempre na casa da minha avó, mas decidi que ela pode estar sempre comigo. Tatuei os dados geográficos do endereço que mais amo no mundo no meu tornozelo. Tornozelos são interessantes. Mexemos nele quando queremos ficar na ponta de pé, prestes a dar salto. Da mesma forma que ajudam no salto, os tornozelos estão, também, bem pertos do chão. Eles nos ajudam a ter asas... e a nos lembrar das raízes. Asas e raízes. Os dois legados mais importantes que podemos carregar nessa vida.
Agradecimentos especiais à Rafa, minha prima-irmã, companheira de jornada, que abraçou e ideia junto comigo.
domingo, 4 de janeiro de 2015
Eu e o mar
Pra quem não sabe, eu nasci em Vitória. Vitória é uma ilha. Uma ilha é um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Eu morei em Vitória até os meus 7 anos e meio e passei a vida toda ouvindo que piscina era muito melhor que praia – tudo isso porque minha mãe odeia areia e água gelada.
Praia, em Vitória, é um tanto e areia e um tanto de água muito gelada. A gente, quando é criança, tem mania de repetir o discurso dos pais sem nem pensar muito a respeito. E foi assim que eu cresci dizendo que piscina era muito melhor que praia – e que a gente nem precisava ficar 2 horas no chuveiro tentando tirar a areia do útero depois.
Se durante os 7 anos que morei em Vitória eu fui 5 vezes na praia, é muito. Imaginem então o que aconteceu depois que eu me mudei pra São Paulo: minha vida praiana foi ladeira a baixo. Morando longe de qualquer possibilidade de praia e com pais que nunca gostaram do assunto, não foi àtoa que eu demorei um bocado de anos para perceber e resolver assumir publicamente o meu estado de espírito rebelde: Eu amo o mar – e eu acho que eu o prefiro às piscinas.
O mar é gelado sim, mas depois que você dá o primeiro merguho, já acostumou. O mar tem movimento, ele te mostra que a gente nunca fica parado na vida ou que, pelo menos, não deveria. O mar te trapaceia, te dá uns caldos, é mais sujinho que a piscina da casa da tia, mas o susto tem sempre gostinho de sal. Até isso, no mar, nos aproxima mais da sensação de estarmos vivos. Sal na pele (e na língua) tem muito mais gosto de vida do que o cheiro do cloro que impreguina na nossa mente (isso sem falar no cabelo).
O mar tem toda a ambientação do caminho de areia fofa e da linha do horizonte. O mar nos aproxima de nós mesmos. O mar me parece um daqueles presentes da natureza que nem merecemos ter, mas temos, e além de tudo isso, não deve ter dor de alma que um banho de mar não ajude a amenizar – e a gente nem precisa ficar 2 horas no chuveiro tentando tirar o cloro do cabelo depois.
O mar é imenso e… azul!
NEMO, peixinho.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
Everything that drowns me makes me wanna fly
1º de janeiro, ano novo, vida nova, cabeça cheia de filosofias de botequim loucas para serem colocadas no papel. Esse é mais um daqueles textos que eu começo sem fazer ideia de onde vai dar e estou avisando desde já, portanto daqui em diante a leitura é por sua conta em risco, he.
O ano começou muito bem obrigado e cheio de poesia na alma quando encontrei uma mensagem de ano novo do Neil Gaiman – que depois eu descobri que é de um bocado de tempo atrás mas, vejam só, continua novinha. Em suma, ele diz que deseja a todos que cometamos muitos erros no ano novo.
Sim, erros. Erros simples, erros gloriosos, erros que ninguém cometeu antes. Porque cometendo erros a gente sabe que está fazendo alguma coisa. Se erramos, afinal, tentamos. Visto por esse lado, o erro é praticamente um acerto.
Ainda na mesma mensagem, Gaiman disse que se o que estivermos querendo fazer estiver nos dando medo, aí mesmo é que devemos fazer. Pensei na quantidade de medos adrenalísticos que eu já enfrentei na vida: o de montanha russa, o de subir no palco, o de dizer oi para um garoto na janela do chat.
Antônio Prata diz que a gente nunca sabe o que vai acontecer quando saltarmos, mas que a vida não faz nenhum sentido se não dermos o salto. Isso mesmo, o salto, aquele salto no escuro, onde a gente sai de um lugar seguro, com impulso e tremendo nas bases, sem saber onde vai dar.
Gritei muito na montanha russa e quando no meio do looping abri os olhos, a única coisa que vi foram meus pés – e o céu. O carrinho anda tão rápido que esse frame da minha vida deve ter durado 1 segundo, mas foi 1 segundo infinito. Subi no palco um punhado de vezes nessa vida – e em todos os momentos de gelo na coxia, antes de entrar e dar a primeira fala, eu me arrependi de ter inventado moda. Segundos depois, ao dar a tal da fala, era simples lembrar que era possível. A janela do garoto ficou muitos dias aberta enquanto eu não arranja força para digitar o O e o I. Até que eu o fiz. Não nos casamos – sequer nos beijamos ou marcamos um encontro – mas o papo foi divertidíssimo.
A gente não tem como saber se não tentar. Se a gente tentar e errar, tudo bem, afinal de contas, só erra quem tenta, só toma de 7 quem entra em campo. E se querem saber mais, o medo é o grande tempero da vida.
Porque que o Carrossel não chega aos pés da montanha russa? Dar voltas e voltas sentada no cavalinho não coloca pedras de gelo na barriga da ninguém. A única vez na vida que eu subi num palco sem medo, a peça não deu em boa coisa. E se abrir a janela da pessoa e chamar pra conversar não for, assim, uma grande questão, deve ser que a pessoa não tenha tanta importância.
O porquê da escolha do título? OneRepublic conseguiu teorizar a vida muito bem nesse verso, oras. É exatamente o que nos afoga que nos dá vontade de voar. Fosse a vida sempre muito cômoda e fácil, estaríamos todos com a faca e o queijo na mão o tempo todo e arrancar um pedaço para degustar não seria, assim, tão maravilhoso.
Fica registrado mais um desejo meu para 2015: que eu, que você, que nós, tenhamos muito, muito medo – e enfrentemos um depois do outro. Até quando o salto der errado e quebrarmos uma perna, até quando dermos com os dentes no chão, até quando errarmos e, talvez até, principalmente quando errarmos, estaremos acertando e muito.