A hora de dormir faz coisas com a cabeça das pessoas. Tenho uma amiga que sempre diz que o sono é o
soro da verdade. Eu acho que a noite em si é um conjunto de soros poderosos e,
no mínimo, dignos de atenção.
Levante a mão (e venha me ensinar
como) aquele que nunca teve uma noite de insônia medrosa. Aquela que não te
deixa dormir, e, aparentemente, nem viver. É naquela noite que você fica com
medo de tudo: do que fez e do que não fez. Elenca um milhão de coisas que você
fez de errado e que podem ter estragado sua vida para sempre (!). Pensa em tudo
o que você vai fazer nos próximos dias e elenca mil formas terríveis de você se lascar fazendo cada uma delas. Foi numa noite dessas que quase desisti
de ir ao Rock in Rio, por acreditar piamente que ia ter manifesto (?) dentro da
área do show e que eu acabaria sendo pisoteada. Minha imaginação não tem
limites. Há anos atrás, foi numa dessas, também, que eu quase desisti de ir ao
show da Avril Lavigne, porque jurava que teria tiroteio (!!!) no estádio. Já
quase desisti também de inúmeras viagens, porque era óbvio que o avião iria
cair. Enfim. Detesto especialmente esse tipo de insônia.
Outro tipo, uma que eu gosto
mais, é a insônia sonhadora. Geralmente quando ela me assola eu estou tentando
dormir e liguei o IPod para acalmar meus ânimos. Só que aí eu esqueço da razão
principal pela qual liguei o IPod e, em meio minuto, estou quicando na minha
cama ao som de Beyoncé e imaginando coisas que até Deus duvida. Nessas insônias
a minha vida é sempre linda, eu realizo todos os meus sonhos e estou correndo
feliz na praia pensando em como tudo deu tão certo. Amo. Mas dá aquela ressaca
moral quando você sofre o choque de realidade de lembrar que não só aquilo tudo
não é real como o despertador é bastante real, tocará daqui há parcas horinhas,
e você não está nem perto de ter sono.
Existe também a insônia das
resoluções. Essa toma conta de mim quando estou rolando de um lado para outro da
cama, incomodadíssima, sem música, nem sonhos, nem medo. E então, de súbito,
resolvo mudar minha vida. Decido que tomarei um copo de água em jejum por dia,
que comerei brócolis, que nunca mais tomarei refrigerante e nem comerei doces
durante a semana. Decido também que vou começar a escrever um livro, ou pintar
meu cabelo ou qualquer outra coisa da qual o sucesso da minha vida dependa. Nem
preciso dizer que no dia seguinte, só de pensar na possibilidade de tomar um
copão de água assim que acordo, enjoo e lembro que a Analu das madrugadas
resolutas é toda a personificação possível da fraude em um alter-ego.
Parando de falar da insônia,
vamos falar do sono. Eu quase nunca bebo, e nunca dei um PT. Mas o sono, gente,
o sono. Ele tem uma capacidade de me deixar loucamente bêbada que é muito
engraçada. Eu começo a rir de tudo, falar coisas que não condizem com a
conversa e reza a lenda, inclusive, de que uma vez eu comecei a falar em inglês.
Por último mas não menos
importante, existe aquele sono que é o soro da coragem. São aqueles 10
minutinhos em que você está aninhada no travesseiro, mais pra lá do que pra cá,
e pensa em um modo perfeito de resolver alguma questão pendente. Pensa na forma
perfeita de terminar aquela coisa no trabalho, ou na melhor maneira de iniciar
uma conversa com determinada pessoa. Você chega a pensar em pegar o celular e
resolver a questão, já que a ideia é tão brilhante. Mas o que te resta de
consciência te acalma e te diz que resolver de manhã é muito melhor. Então você
se entrega e adormece, feliz, pensando que amanhã você dará conta do recado. Só
que quando você acorda, é óbvio que a coragem passou e com ela foi-se a
certeza. Minha pergunta é: Devemos obedecer à coragem e agir enquanto a temos,
ou devemos procurar adormecer bem longe do celular para não corrermos o risco
de darmos ouvido às nossas ideias erradas? Eis um caso a se pensar.
Me encontrei em cada um dos tipos de sono, mas o que eu detesto mesmo é aquele que vem justamente quando estou tendo uma ideia mirabolante para algum projeto, e o sono vem tão de supetão que sequer consigo anotar a ideia genial e adormeço. Dia seguinte eu não consigo lembrar da ideia e nem de como cheguei lá, é frustrante. Essa insônia do medo eu tenho também, e já me fez desistir de muuuitas coisas nessa vida - e eu até tento me policiar, e fico repetindo que é só coisa da minha cabeça, mas em certos momentos esse medo maluco me domina e já era. Desisto dos planos antes do amanhecer. E pensar muito não é exatamente uma coisa positiva nesses momentos, quando o corpo está exausto pedindo, pretty please, me deixa dormir, e o cérebro lá, pensando coisas além da aleatoriedade. XD
ResponderExcluiro único tipo de sono que eu não gosto é aquele que eu deito na cama e tenho que procura-lo... Adoro dormir e "capotar" ferrada no sono hehehe
ResponderExcluirDentre os vários tipos de insônia me identifico com a sonhadora. Simplesmente é a melhor, eu poderia viver na realidade que crio nesses momentos de sonho. Faria tudo que queria e seria tudo o que desejo. Mas sempre caio na realidade e tento dormir. Mas respondendo a sua dúvida, acredito eu, que devemos obedecer a coragem. São esses surtos que movimentam a vida.
ResponderExcluirMinhas insônias de medo são, normalmente, fruto da ansiedade, bem como as minhas insônias sonhadoras. Sabe deus por que a minha cabeça resolve, à meia noite, que é uma boa hora para pensar sobre toda e qualquer coisa que um dia pode acontecer, ou que eu gostaria que acontecesse, ou que está tão perto que quase dá pra sentir. Já cheguei a perder um dia de aula porque, quando o despertador tocou de manhãzinha, eu nem havia posto o pijama e ainda estava pensando sobre faculdades. O desespero não tem limites, hahaha.
ResponderExcluirQuanto à coragem, costumo cantar pra mim mesma que "the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day" (<3), então, quando surge a ideia genial ou a vontade muito grande ou a solução perfeita, procuro aproveitá-la. Claro, sempre existem aqueles momentos em que dá tudo errado e eu me arrependo e a noite deixa de ser boa para se transformar numa reunião de perguntas e esporros da minha consciência sobre os meus impulsos, mas, no geral, prefiro o risco à dúvida, porque só assim evito mais noites acordadas imaginando como poderia ter sido. É tudo um grande ciclo, não é? hahaha.
Beijos!
Ai, essa insônia do medo é a pior. Sou a pessoa mais medrosa do mundo e sempre, quase todo dia, preciso ficar até altas horas estudando daí, quando esse medo bate, corro loguinho pra cama e rezo ao anjo da Guarda, juro! PelamordeDeusnãoapareenenhumfantasma. hahahahha Sou dessas. :p
ResponderExcluirE é batata. Deitei a cabeça no travesseiro, tenho uma ideia brilhante. Deixo pra annotar depois e adormeço. Noutro dia? Nem me lembro de como fui parar na cama.
Beijo Analu, estava com saudades daqui, but, tem um monstro chamado monografia assombrando minhas noites e dias e tardes e enfim. Voltarei mais. Bjs :*
HAHAHAHAHAHAAHAHAHAHAHA
ResponderExcluirAmiga, adorei a proposta e me identifiquei bastante.
Acho que não existe nada pior que essa insônia do medo, sabia? Eu não fico pensando em tiroteios ou manifestações em shows (HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA), mas sempre fico pensando que as pessoas que eu amo vão morrer. E isso é muito assustador, é um medo paralisante, porque não é uma coisa absurda, sabe? As pessoas que eu amo vão morrer um dia. Aí eu fico lá gastando minha noite pensando nisso e sofrendo. Também sempre penso nas minhas burradas. Aquela vez que bati o carro eu ficava imaginando a polícia chegando aqui em casa, eu dando depoimento, etc, etc. Super saudável.
Insônia das resoluções também é totalmente minha cara. Sou mais eficiente que a Tary quando não consigo dormir, dou jeito nos meus problemas que é uma coisa linda de viver e queria até saber como seria a vida se eu resolvesse metade do que eu decido à noite. Mas com relação ao impasse entre o impulso e a reflexão, eu juro que não sei de que lado que eu fico. A vida inteira eu fui dessas que acredita que qualquer decisão importante precisa ser dormida pra ser vista com clareza, mas acho que um bocado daqueles 2s de coragem e insanidade também ajudam vez ou outra. Ultimamente eu sou mais a favor do fazer, mas tenho pavor de impulsividade. (??)
Por fim, 01 dúvida: nossos churrascos são uma insônia sonhadora?
Tipo, just asking.
hehe
(mesmo que sejam, não me arrependo de nenhum e amo você por viver essas loucuras sonhadoras comigo)
Só te peço que providencie um "botão sem palavras". Como assim? Tu deves saber: quando a gente lê algo e se identifica muito, muito mesmo, as palavras fogem e ficamos sem saber o que comentar...Caraca...
ResponderExcluirO soro da coragem! Amiga, você foi gênia em tirar essa carta da manga. Parece que pertinho da hora de dormir eu me sinto tão dona da minha vida, tão forte e capaz de resolver tudo.
ResponderExcluirIncontáveis as vezes que levantei da cama pra escrever uma to-do list completíssima que caiu por terra na manhã seguinte.
E sobre a insônia sonhadora... essa é a que mais dói pra mim. Queria que o meu mundo fosse um bocadinho como a minha imaginação pinta. Sdds.
Te amo <3
Amiga, esse post é a minha vida. Aliás, estou lendo quando deveria estar dormindo. Tenho todos esses tipos de insônia, mas acho que a sonhadora é meio que o tempo todo, o que torna a queda maior ainda. Mas tudo bem.
ResponderExcluirTem uma música do Arctic Monkeys que você deveria ouvir que diz: "we both know that the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day". Assim, como não se identificar, né?
Mas de todos os tipos de sono, o que eu mais gosto é aquele que vem sem a gente conseguir controlar e resiste até o último minuto porque acha que a amiga ao lado quer continuar brincando. <3
Te amo.