sexta-feira, 9 de abril de 2010

Debaixo dos escombros

Agora estão partes de quem ainda ontem estava aí. Rindo, chorando, vivendo.
Estão enterrados muitos 'serás'. Será que vai ser médico? Será que vai casar?
Estão escondidos corações que já não batem.

Fora da terra, estão os outros corações. Muitos que ainda não tem muita certeza de que deveria ter mesmo escapado. Corações com dor ao ver, ou pior, NÃO VER, o filho. Os pais. Os namorados.

Um pouco longe disso estamos nós. Que assistimos ao telejornal. E passa tudo na cabeça. Raiva, indignação, tristeza, compadescência, um alívio meio egoísta, e até, porque não, um pouquinho de felicidade? Eu consegui ficar feliz vendo uma menininha falando ontem. Laura, seu nome. Deve ter uns 8 aninhos. Ela contou em palavras simples: Primeiro foi o banheiro, quando eu olhei pra trás o banheiro estava caindo em cima de mim! Mas Deus me protegeu.
Deixei escorrer uma lágrima, e fiquei contente por Laurinha ter escapado.
Mas essa sensação logo passou.
Quantos como Laura não ficaram de baixo dos restos?
E quantos ainda não estão correndo o risco de ficar?

7 comentários:

  1. Eu não sei comentar assuntos assim. Enfio os pés pelas mãos e comento sobre tudo, quando na verdade nada podemos dizer - deveriamos sim, fazer, agir!

    Beijos e bo final de semana

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  2. Sabe, não tenho conseguido ver jornal esses dias. O Jornal Hoje de quinta foi tão terrível que, nossa, só Deus mesmo.
    Onde o mundo vai parar?
    Beijos

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  3. ei ana lu!
    é, infelizmente estamos vivendo tempos dificeis... só nos resta ter compaixão por eles e gratidão pela vida que temos né?!
    obrigada por ter passado no seu blog, adorei o seu.. estou te seguindo!
    até o próximo post!
    beijos!

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  4. Nunca sei o que dizer, mesmo. É algo tão fora da minha realidade - no Maranhão nunca chuve, só pra constar - que pra mim ainda é tudo muito surreal. Mas a gente reza, né? É tudo que podemos fazer.

    Beijos.

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  5. É de cortar o coração e quiçá gerar uma certa revolta por ninguém ter agido a tempo...


    Beijo, Ana!

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  6. O começo do seu texto muito me tocou, pela forma de começar a escrever, por essa reflexão da vida, que somos feitos de serás..e já escutei muitos pais chorando a morte dos filhos porque ele ia ser...porque imaginou que ele seria...

    Ana, você traz a profundidade da vida com uma leveza na escrita, que sempre me impressiona. E me emociona, pelos temas, e por você.

    Lá no meu blog, tem uma coluna que é de um jornalista de Brasília que gosto muito de ler, pela forma que ele escreve, pela sensibilidade, e como vc está fazendo jornalismo pode querer conhecer. (Matéria)

    abraço

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  7. Triste mesmo. Fico feliz pela menina, tão pequena mas com tanta fé. E pelos outros que restaram, só mesmo nossa oração...

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