Há quem diga que o ano não acaba se não rola o especial do
Roberto Carlos na Globo. Eu já acho que o ano não acaba se não rola
retrospectiva literária, então bora tratar de fazer de uma vez porque ficar
presa em 2015 não é uma opção.
Pelo que eu percebi nos últimos anos eu faço um zigzag de
retrospectivas: um ano me empolgo e faço em vídeo, no seguinte respondo um
questionário criado pela
Tary em, sei lá, 2012. Ano passado
tivemos 40 minutos de abobrinhas audiovisuais – o que quer dizer que sobrou pra
esse ano responder ao questionário da Tary. No entanto eu ando rebelde
quando não sigo os demais e escrevendo tão pouco que decidi que
vou é falar pelos cotovelos um
cadim sobre os livros que me marcaram
esse ano e vai ser isso mesmo.
Entrei em 2015 muito bem acompanhada da literatura. Tinha
finalmente criado coragem de encarar Haruki Murakami em seus
1Q84. Devorei o primeiro, dei umas intercaladas, li o segundo,
outras intercaladinhas, até que terminei o terceiro no começo de abril. Não vou
me estender porque teve
post na época.
Leiam 1Q84.
Gostei tanto da experiência que quando descobri que a obra do
Murakami era muito maior do que eu pensava saí correndo atrás de outros títulos.
Li O incolor Tsukuru Tasaki e seu anos de peregrinação,
Após o anoitecer e Minha querida Sputnik e
achei que são livros razoáveis. Até agora, para mim, a obra prima do moço é, de
longe, 1Q84. Inclusive achei o da Sputnik superestimado: era o que eu mais ouvia
falar e foi o que menos gostei dentre os três. O que eu mais quero ler,
Do que eu falo quando eu falo de corrida, fica como meta para
2016 porque toda vez que eu resolvia procurar ele estava esgotado e/ou mais caro
que os outros e aí eu fui deixando.
Um ano não é feito só de Murakami então vamos mudar de assunto.
Esse ano conheci o primeiro livro da Rainbow Rowell que acho que posso dizer que
gostei. Anexos é bem gracinha. Ainda assim não animei de ler
Ligações porque achei até a sinopse chata. Estou curiosa para
ler Carry On dela, que saiu esse ano e dizq é meio que
uma paródia de Harry Potter (?) mas aposto que vou terminar de ler xingando,
hehe.
Mudando do saco pra mala, teve livro de crônica esse ano
também. Li Paixão Crônica da Martha Medeiros porque comecei a
folhear de bobeira na livraria e me encantei. A Martha tem um jeito delicioso de
escrever e as crônicas são tão leves que de repente você percebe que já acabou o
livro. Nesse livro ela fala de amor de um jeito tão bonito e tão sensato ao
mesmo tempo que não tive como não favoritar.
A primeira bomba do ano veio (também logo em janeiro) com
Não sou uma dessas, da Lena Dunham. Gente,
que-livro-insuportável. Eu fui até procurar o link de um texto que fiz sobre o
livro para colocar aqui mas não achei, será que eu sonhei que escrevi ou acabei
falando dele em algum meme literário? Não me lembro direito, o fato é que achei
o livro uma perda de tempo danada. É uma autobiografia de uma pessoa que nem tem
30 anos (sou totalmente contra biografia de gente que nem saiu das fraldas
ainda) com um título estilosinho só pra enganar. Me senti lesadíssima, terminei
querendo meu dinheiro de volta – mas a capa é tão linda, né? ¯\_(ツ)_/¯
Ao mesmo tempo que esse teve uma outra
meio-que-autobiografia-de-gente-nova mas que eu gostei infinitamente mais: ao
contrário de Lena, Katie resolveu escrever não para contar sobre sua vida de
famosa-especial que já fez um monte de coisa que a gente com a mesma idade nunca
conseguiu fazer – mas justamente o contrário. Não falei dele aqui, mas saiu um
texto meu sobre o assunto
lá na
Revista Pólen, se tiver interesse corre lá #jabá.
Um livro de título bonito que foi uma questão na minha vida por
ANOS foi Eu receberia as piores notícias dos seus lindos
lábios. Devia ter uns 3 anos que eu queria ler, finalmente li e fiquei
chateada: achei um livro bonito, mas que não marcou, e eu sonhava muito um sonho
de amar esse livro demais porque GENTE esse título, sabe? Isso não é título de
uma obra que não se queira tatuar na testa.
Esse ano eu também li Garota Exemplar e fiquei
besta com a loucura dos personagens. Acreditam que não vi o filme até hoje? Pois
é. Eu sendo eu. Mas gostei bastante do livro; uma bela coleção de
particularidades da mente doentia alheia para a gente analisar e se sentir
psicólogo.
Em março eu resolvi que finalmente ia começar a trilogia
Divergente. Li o primeiro e o segundo e, contrariando a minha
mania de nunca deixar uma série inacabada, tomei a decisão de que não era
obrigada a ler o terceiro. Achei a história muito fraquinha e má explicada.
Minha sensação foi de que a Veronica Roth resolveu ir na onda das distopias YA
que estava fazendo sucesso mas não conseguiu chegar nem perto
de onde a Suzanne Collins chegou com seus Jogos Vorazes. Não comprei a
ideia das facções (é assim mesmo que chama?) e ficou difícil acreditar no resto.
Ainda tentei ver se o filme me animava mais mas não curti também não.
Paciência.
Em abril eu li um grande candidato a melhor do ano,
Americanah, da maravilhosa Chimamanda. Não vou falar dele agora
porque também teve post na época, tá
aqui
para quem quiser. Foi em abril também que finalmente entrei em contato com meu
primeiro Saramago,
As Intermitências da Morte e, fora o sufoco
de ler um livro inteiro de texto corrido sem divisão de capítulos e tampouco
pontuação (rssss) digo que amei demais. Saramago é tão gênio que conseguiu
resumir seu plot genial no clichê dos clichês e ainda assim me deixar batendo
palma no final. Nunca vou esquecer essa história
e no dia seguinte
ninguém morreu.
Além do livro da Lena Dunham e dos Divergentes teve MAIS bomba
ainda no primeiro semestre. Homens, Mulheres e Filhos me ganhou
direitinho com um trailer muito interessante (de um filme que acabei nunca
assistindo) e uma capa belíssima. Sério, o livro parecia tão interessante e tão
cult que saí correndo pra ler e, sério, QUE BOSTA de livro que não sai e nem
chega em lugar nenhum. Fala basicamente de futebol americano (ou era baseball?)
e sexo. Uma perversão danada entre uns alunos de ensino médio americano e seus
pais mal-sucedidos, basicamente. Posso repetir? Uma bosta.
Li também um dos famosos do ano: Por lugares
incríveis, da Jennifer Niven. Ao meu ver um livro bom, mas não
maravilhoso, e como disse minha amiga Tary, cheinho de adultos imprestáveis que
dá vontade a gente sacudir a cabeça deles, sério. Às vezes eu acho que devia
rolar faculdade que permitisse um ser humano resolver ser pai/mãe. Todo mundo
brinca que os psicólogos falam que tudo é culpa da mãe mas gente, sério, muita
coisa pode ser sim e essa narrativa é a prova da treta que pais relapsos podem
acabar causando. Enfim (?), a história fala de depressão e suicídio na
adolescência e sempre vale para a gente parar para pensar um pouquinho, né?
Em junho veio MAIS UMA BOMBA, dessa vez decepcionante.
Na Praia é tão enfadonho e me deixou tão incomodada que rendeu
esse
texto
aqui. Em julho eu li
Nós, do David Nicholls, e gostei. Não
é nenhuma maravilha mas limpou a barra que ele tinha sujado feio com
Resposta Certa que eu queria jogar pela janela de tanto que
achei ruim. Aí eu li também
A Sociedade Literária e a torta de casca de
batata, um romance epistolar leve e muito delicinha sobre gente que
gosta de ler, ainda por cima. Livro que fala de livro dificilmente não me
conquista.
Ainda em julho eu li
Desde o primeiro instante
que eu tive muito medo de ser ruim e acabou me surpreendendo positivamente,
estou até curiosa para ler o outro livro dessa autora que foi lançado a pouco
tempo, se não me engano
Amor à segunda vista. Aí, AINDA EM
JULHO (que mês produtivo) li
Azul
da cor do mar que é tão mas tão mas tão ruim que chega a ser bom,
ao menos se você parar de levar a sério e começar a rir da quantidade de
asneiras e clichês derramados sem dó nem piedade. Para finalizar o mês teve
A Invenção das Asas, da Sue Monk Kidd, que rendeu
texto
também.
Em agosto eu me frustrei um pouco com
Toda a luz que
não podemos ver. Achei que seria maravilhoso e só achei ok. Falei
sobre o assunto
aqui.
Aí eu li um livro fraquíssimo da Sophie Kinsella que também rendeu
post.
Sabe como é né, era época de BEDA e até respirar tinha que virar texto. No mesmo
mês li outros dois da Sophie, o 3 e o 4 da série de Becky Bloom e só passei mais
raiva (tá para nascer uma personagem mais chata que a Becky nessa vida). Na
rabeirinha do mês teve
Para Sir Phillip, com amor da Julia
Quinn, porque eu já estava com saudade dos Bridgertons e seus romancinhos de
época banhados nas intrigas e nos beijos secretos. Mais pra frente acabei lendo
também
O conde enfeitiçado. Engraçado perceber como a Julia foi
ficando mais saidinha no decorrer da série: se no primeiro livro os personagens
mal se beijaram antes do casamento, acho que no último a Hyacinth deve casar
grávida porque o fogo-no-rabo pré matrimonial anda ficando cada vez mais
ousadinho. Acompanhemos.
Outro grande livro do ano foi
Deuses
Americanos, do Neil Gaiman, eterna empolgada indicação das migas
Gabriela Couth e
Anna Vitória – que realmente
valeu tudo o que elas diziam. A história mostra os “antigos” deuses, aqueles do
Olimpo e companhia mesmo, querendo batalhar contra os atuais “deuses” da
sociedade, basicamente essas novas obsessões humanas tipo televisão, computador
e dinheiro. O livro é uma pira muito louca e é genial. Ao meu ver tem horas que
dá uma engrenada e fica meio preguiçoso, mas quando fica eletrizante ele fica
irresistível e quando eu percebia já tinha lido 100 páginas numa sentada.
Em outubro eu dei conta de uma pendência literária de ANOS
vamos agradecer à miga Anna que me deu de presente:
para Francisco, da Cristiana Guerra, livro de não ficção que
todo mundo já ouviu falar nasceu do blog homônimo que na
verdade são cartas da Cris para seu filho Francisco cujo pai morreu enquanto ela
ainda estava grávida. Uma das coisas mais lindas que eu já li sobre o amor.
Tinha que fazer pausas para voltar a respirar porque perdia o fôlego com os
textos.
Aí eu reli
A Redoma de Vidro, da Sylvia Plath,
que eu tinha lido há uns dois anos, em inglês. Ele tinha transformado a vida das
minhas amigas mas não tinha me marcado em nada e eu decidi que era porque eu
tinha lido no original sem estar acostumada a ler em inglês. Não foi por isso,
infelizmente. Quando reli eu gostei da leitura, mas já esqueci de muita coisa e
realmente não foi uma obra que mudou a minha vida ou me fez ficar martelando
passagens e pensamentos. Terminei outubro com
Estação Onze, que
amei demais. ESSE mexeu comigo.
Teve
texto.
Em novembro teve Fale!, outro que eu queria
ler há muito tempo e acabei achando bem mais ou menos. O livro é um super
sucesso, pelo que li, entre adolescentes de vários países e fala sobre estupro,
enquanto incentiva os jovens a falarem sobre seus problemas. Não deixa de ser
interessante e é com certeza um livro que eu indicaria para essa faixa etária,
mas não me pegou muito não, achei a narrativa bem fraquinha.
Li também A Arte de Pedir, da Amanda Palmer, e
achei genial. É tipo um livro de autoajuda autobiográfico: falando sobre sua
vida e sobre as tretas em que já se meteu, Amanda passa seus ensinamentos sobre
sua maneira de levar a vida: confiando nas pessoas e acreditando que elas podem
ser gentis. Gostei demais.
O Pistoleiro (da série A Torre Negra) que
também li em novembro, foi meu primeiro Stephen King. Não faz meu estilo, mas
dentro do que se propõe é um livro interessante. Fica marcado pra mim porque é
um dos livros favoritos do meu namorado – e foi o primeiro que ele me emprestou,
com uma dedicatória linda linda e linda que ele fez no próprio livro para poder
me emprestar. Me deixem ser ridícula.
CHEGAMOS EM DEZEMBRO, finalmente. Já estou sem fôlego e vocês
também, se é que alguém chegou vivo até aqui. Nesse mês eu li Um mais
um, da Jojo Moyes. Ele não é ruim, mas foi o que menos gostei da
autora. Estava ansiosa para ler e amei ganhá-lo da minha amiga, mas acabou com 3
estrelinhas só. Aí li MAIS UM da série da Becky Bloom, o quinto, e só passei
mais raiva. Não sei como Sophie Kinsella insiste em escrever esse troço e achar
que os dramas são ao menos levemente verossímeis. Alguém aí lê Becky Bloom e
está afim de debater o romance entre a Becky e o Luke? Sério, nunca conseguirei
levar esses dois a sério. Nunca.
Semana passada eu terminei de ler
A Amiga
Genial e gostei bem menos dele do que gostaria de ter gostado.
Milena fazia a maior propaganda e
eu fiquei MESES vigiando o preço dele na Amazon até que finalmente baixou e eu
comprei. É uma tetralogia, então ainda vou insistir, mas foram poucas as partes
que me empolgaram. A história tem como centro duas amigas (Elena e Lila) e é
narrado por Elena, que é obcecada por Lila e vive sua vida em função da dela.
Para lembrar a galera que também existe relacionamento abusivo em amizade e
etc. Em volta delas estão as pessoas que moram em seus arredores e seus dramas,
fofocas e intrigas de uma cidade de interior há algumas décadas. Vai ter um
punhado de machismo, mais outro punhado de machismo e um monte de machinho
saindo no soco por motivos questionáveis. Peguem a pipoca. Pronto. Agora a gente
só volta a falar de livro no ano que vem. Prometo.