sábado, 14 de novembro de 2015
Alguma coisa acontece no meu coração...
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Aquele em que puseram a gente na mesa de um aleatório
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
O dia em que a cidade de vovó foi parar no noticiário
Cês sabem que eu nasci no Espírito Santo (ELE EXISTE) mas só morei lá até os 7 e pouco, né? Então. Agora pensem numa criança de quase 8 anos que se muda pra São Paulo e tenta explicar, para os coleguinhas e para as professoras que passa todas as férias em Baixo Guandu. TEMPO NO VÍDEO.
- Baixo Guandu.
- Como?
- Baixo Guandu.
- Que que é isso?
- Interior do Espírito Santo, onde a minha avó mora, 29 mil habitantes blablabla.
- Humn
Anos e anos assim. No imaginário das pessoas eu passava as férias escolares em uma cidade fantasma. Um dia uma coleguinha teve a pachorra de me perguntar se lá tinha televisão e telefone. Mas hein? É só interior, não é fim do mundo. E a vida seguia: as pessoas ouviam falar da cidade através da minha boca, faziam cara de espanto e a vida continuava. Até que segunda-feira uma amiga me disse:
- Lembrei de você! Estava ouvindo falar sobre Baixo Guandu no noticiário, sua família está bem?
E pouco depois eram outras duas janelas do whatsapp subindo com a exata mesma frase. Sou hipócrita e egoísta o suficiente pra dizer que, antes daquele segundinho de consciência onde eu lembrava o porquê da cidade de vovó ter virado notícia, eu sorri em cada uma das vezes que as pessoas me perguntaram. Agora Baixo Guandu existe, está legitimado. Mas aí logo depois do sorriso o motivo cai feito uma bomba no meu colo, né.
Se você não estava passando a última semana em Nárnia sabe do causo da lama maligna que foi derramada em Mariana, invadiu o Rio Doce (já estão constatando, inclusive, a morte do rio, gente, muito triste) e está causando o maior tumulto nas cidades por onde ele passa ou deságua, sendo Baixo Guandu uma delas. A família está bem, graças a Deus, mas o abastecimento de água da cidade foi cortado e ouvi boatos de que vovó está tomando banho de bacia, tadinha, a essa altura da vida, porque obviamente não sai mais água do chuveiro e está todo mundo em modo hard de economia gastando o que restou no reservatório da caixa d’água.
Ansiosa para que Baixo Guandu desapareça dos noticiários de novo porque ficou tudo bem. E que os responsáveis por essa palha assada (NÃO FOI ACIDENTE) deem logo um jeito de consertar a situação.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Abaixo ao conservadorismo das cores
Criança mal saiu das fraldas e já é mais esperta que muito marmanjo que eu conheço.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Se não for pra brincar direito nem desça pro play (oi?)
Quando eu tinha 7 anos e era uma criança pedante ligava o computador para escrever textos ao invés de rabiscar no Paint, a minha primeira estória demorou meses para ser escrita e tinha 10 páginas. Dez. Acho que nem meus pais aguentaram ler – mas a minha tia tinha muita paciência e até me deu toques narrativos: “querida, não use tanto ‘aí’ na hora de começar as frases”.
Uma vez, quando eu estava na 7ª série e minha professora de redação entrou de licença maternidade jogaram uma outra no lugar que não tinha a menor paciência pra coisa. Acostumada que estava com a disposição da Alessandra para ler qualquer coisa que eu escrevesse, cheguei faceira e orgulhosa para a substituta, no dia da entrega de uma lição, com minha mais nova obra de 4 páginas. Qual não foi o meu choque quando ela se recusou a ler. Me empurrou o caderno de volta e disse para eu aparecer com algo de tamanho decente no dia seguinte. Poucas vezes me senti tão humilhada na vida e isso poderia ter me afetado profundamente mas curiosamente não afetou: fiquei boladona, fiz uma porcaria de 1 página pra entregar pra ela na outra aula e voltei a escrever meus textões numa boa depois.
Podia ser o seu papel de trouxa mas é só a minha redação
Curiosamente, nunca tive problema em me enquadrar nas dissertações de vestibular: o povo sofria pra chegar nas 20 linhas, mas eu dava conta numa boa (diminuindo um tanto a letra porque ninguém é de ferro, afinal de contas). Tenho pra mim que é mais fácil lidar com o que sobra do que com o que falta. Reduzir uma argumentação ou outra não tirava o brilho (poética) do que eu queria dizer; difícil seria ter que encher linguiça.
De redação gigante em redação gigante chegamos até aqui: um blog que eu cismo em atualizar só de textão em textão, me sentindo uma fraude completa quando posto algo com menos de seis ou sete parágrafos grandes e deixando passar batido assuntos que não renderiam tanto mas poderiam ficar registrados. Um diálogo engraçado? Legal, mas não dá texto, né? Então não posto.
O problema é que esse vício de colocar ~sustança~ no texto (mesmo que às vezes seja um punhado de abobrinhas) acaba dando aquele atraso na vida. Sabe a mania do perfeccionista de não fazer nada se não for pra fazer direito e aí… acabar não fazendo nada mesmo? Então. É tipo isso: só desço pro Play se for com 5 amiguinhos e eu não tiver hora pra voltar, senão não tem graça. Pra que descer se eu só puder escorregar uma vez? Pra que deitar no sofá se eu só puder cochilar 10 minutos?
Acontece que cochilar 10 minutos pode sim dar uma revigorada na tarde e uma escorregadinha só já é capaz de diminuir o tédio do dia, né? É. Eu e minha eterna companheira de textões e ciladas, Anna Vitória, decidimos que íamos tentar, ao menos por um período de tempo, aprender a “ser dessas”. Aprender a brincar mais. Aprender que nem sempre precisa ser postão pra valer a pena.
É assim que nasce, hoje, a nossa famigerada Semana de Anedotas. De amanhã até segunda-feira que vem faremos um post pequeno por dia, falando rápido sobre alguma coisa, contando alguma situação, anyway, o que passar pela cabeça. Se vai dar certo? Não fazemos a menor ideia. Eu tenho 0,5 ideia e ela até onde sei não tinha nenhuma. Mas vamos que vamos. Quem quer anedotar com a gente?
domingo, 8 de novembro de 2015
Alguns animais são mais iguais que outros
ou ainda: a sátira das richinhas da internet que imitam a vida
Eu nunca li “A Revolução dos Bichos”, mas esse é um daqueles livros que todo mundo sabe do que se trata antes de abrir para ler. Isso porque se trata de uma sátira política que, se a gente colocar em perspectiva, analisa fielmente a sociedade como um todo.
O ser humano, por definição, é viciado numa panelinha hierárquica. Vai dizer que não? Quantas vezes não se criam grupos dentro de grupos que surgiram dentro de grupos e assim por diante? Pode até parecer que é por afinidade (o que as pessoas mais alegam), mas não deixa de existir ali no fundo, assombrando, a ideia de que “vamos nos reunir aqui só nós porque somos melhores”.
Tá confuso né? Eu sei. Essa fagulha de texto saiu de mais uma conversa com a minha irmã gêmea (me jogo aos leões mas levo as colega junto) onde a gente debatia mais uma vez a questão da blogosfera, as confusões que rolam e talicoisa. Essa quote do Orwell veio como uma lâmpada na minha cabeça enquanto discutíamos porque, cara, faz todo o sentido.
Não é necessário dar nome aos bois mas vamos conjecturar: a blogosfera estava lá, agitadíssima e muito diferente daquela coisa deliciosa e pacata que ela era há alguns anos. Virou uma onda de comércio gigante, tem mais blogueiro de publi e blog monetizado que qualquer outra coisa. Nada contra, inclusive, que tudo isso role – só que não é o que EU gosto de ler.
Aparentemente mais gente começou a pensar assim e um belo dia surgiu um grupo que pregava a blogosfera oldschool. EBA, pensei, empolgadíssima. Tem gente tipo eu, que só quer ler sobre o que o amigo comeu no almoço, que bacana. Grupo de blogueiros vintages era o novo “os animais são todos iguais”.
Não demorou muito e o negócio superinflou. Eram centenas de pessoas agitadíssimas, links de posts para todos os lados e lá ia eu, inocente, conferir. O triste é que para a minha surpresa a grande maioria dos blogueiros presentes fazia tudo muito parecido com o que “não era para se fazer” na tal da blogosfera das antigas. Oi?
Se o propósito era reunir uma galera que ~rompia~ com esses padrões, POR QUE a maioria não era dessa vibe? Os animais já não eram tão iguais assim. Repito: nem melhores, nem piores, cada um bloga do jeito que quer, eu só não conseguia entender POR QUE estavam ali se não se encaixavam na proposta.
Enquanto eu morria de preguiça dessa metade dos links que não tinham a ver com o que eu gostava de ler, aparentemente a diretoria do tal do grupo começou a achar que “alguns animais eram, sim, mais iguais que outros” e decidir que mandavam na blogosfera. Essa blogosfera LEVE, que era pregada, deixava assim de ser leve, porque de repente tinha regras. E tinha donos.
Era um tal de “EU inventei elementos cor de violeta no layout do blog e ninguém pode fazer igual” ou ainda “EU postei sobre cachorrinhos e na semana seguinte fulana postou também”. Sabe uma vibe errada estilo Tati Feltrin que inventou a booktúbia (mas já respondeu TAG que eu criei no youtube SEM ME DAR OS CRÉDITOS)? Então.
A gota d’água pra mim foi a história do BEDA, movimento do qual eu já tinha ouvido falar há pelo menos dois anos e que DE REPENTE tinha sido “idealizado e patenteado” pelo grupo. Aham, Cláudia, sentem todos lá. O pior de tudo era ver MUITO blogueiro MUITO legal e verdadeiramente ~oldschool~ que estava lá, postando todos os dias de agosto… e ostentando o selinho do grupo que de criador do evento não tinha nada.
Metáfora da vida, portanto, vamos repetir rapidão: tá tudo errado nesse mundo, vamos criar uma panela, gerir a coisa toda e transformar numa grande repetição do que era – mas agora somos nós que mandamos e tudo vai ser melhor. Aquela história do “ditadura é quando mandam e eu tenho que obedecer; democracia é quando eu mando e todo mundo obedece”. Ai, o ser humano. Gente, que tal se começássemos a ser melhores?
Assinado Ana Luísa
Blogueira underground que mal aparece no blog
e resolve botar álcool numa fogueira que já estava quase apagando.
Cavei minha própria cova?